O STF, o júbilo e a hipocrisia

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Por Mauro Santayana, em seu blog:

O Ministro Joaquim Barbosa escolheu a data de 15 de novembro, Proclamação da República, para ordenar a prisão e a transferência para Brasília, em pleno feriado, e sem carta de sentença, de parte dos réus condenados pela Ação-470.


O simples fato de saber que os “mensaleiros” - como foram batizados pela grande mídia - viajaram algemados e em silêncio; que estão presos em regime fechado, tomando banho com água gelada, e comendo de marmita, encheu de regozijo parte das redes sociais.

É notável o ensandecido júbilo, principalmente nos sites e portais frequentados por certa minoria que se intitula genericamente de “classe média”, e se abriga nas colunas de comentários da mídia mais conservadora.
Parte da população, a menos informada, é levada a comemorar a prisão do grupo detido neste fim de semana como se tratasse de uma verdadeira Queda da Bastilha, com a ida de “políticos” “corruptos” para a cadeia.
Outros, menos ingênuos e mais solertes, saboreiam seu ódio e tripudiam sobre cidadãos condenados sob as sombras do “domínio do fato”, quando sabem muito bem que dezenas, centenas de corruptos de outros matizes políticos - alguns comprovadamente envolvidos com crimes cometidos anos antes desse processo – continuam soltos, sem nenhuma perspectiva de julgamento.
Esses, para enganar os incautos, já anteveem a queda da democracia. Propõem a formação de grupos de “caça aos corruptos”, desde que esses tenham alguma ligação com o governo. Sugerem que cidadãos se armem. Apelam para intervenções golpistas. Torcem para que os presos de ontem, que estejam doentes morram, ou que sejam agredidos por outros presos.
Ora, não existe justiça sem isonomia. Já que não se pode exigir equilíbrio e isenção de quem vive de manipular a opinião pública, espera-se que a própria população se manifeste, para que, na pior das hipóteses, o furor condenatório e punitivo de certos juízes caía, com a sutileza de um raio lançado por Zeus, sobre a cabeça de outros pecadores.
Há casos dez, vinte vezes maiores, que precisam ser investigados e julgados. Escândalos que envolvem inclusive a justiça de outros países, milionários e recentes ou que se arrastam desde a época da aprovação do instituto da reeleição - sempre ao abrigo de gavetas amigas, ou sucessivas manobras e protelações, destinadas a distorcer o tempo e a razão, como se estivéssemos em órbita de um buraco negro.

Seria bom, no entanto, que tudo isso se fizesse garantindo o mais amplo direito de defesa, no exclusivo interesse da Justiça. Ou a justiça se faz de forma equânime, desinteressada, equilibrada, justa, digna e contida, ou não pode ser chamada de Justiça.
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Barbosa e os black blocs midiáticos

Por Luiz Carlos Azenha, no blog Viomundo:

Assustada com o que leu nas redes sociais desde a prisão dos petistas condenados pelo STF, uma leitora desabafou no Facebook: “Fascismo social”. Confesso que também me assustei, tanto quanto me assustei naquela manifestação na avenida Paulista, em São Paulo, quando a multidão enfurecida expulsou militantes de esquerda e de movimentos sociais. Exultante, o repórter da TV Bandeirantes registrou na edição da noite seguinte: “Escorraçados”.


Que os condenados deveriam ir de carroça até a prisão, puxando uns aos outros; que deveriam ser fuzilados com um tiro de 7mm; que deveriam ser entregues aos black blocs, supostamente para linchamento. Li e tenho registro do que foi escrito por gente que se identifica abertamente, com foto e tudo. É mais que a tradicional arrogância da elite brasileira, mais que expressão da licença para dispor do corpo alheio — como em nosso escravismo fundador — ou demonstração de que o entulho autoritário da ditadura está vivinho por aí.

No ano que vem será comemorado um aniversário de dez anos. A década em que a mídia corporativa brasileira repetiu basicamente o mesmo discurso sobre “o maior escândalo de corrupção da História”. O “escorraçados” dito na TV pelo repórter da Band, sem qualquer tipo de reflexão ou contextualização, legitima, estimula e “naturaliza” o discurso que ecoa hoje nas redes sociais. Mas também estamos diante de um fenômeno original.

Há algo intrínseco às redes sociais — à comunicação instantânea, sem fronteiras — que potencializa a violência verbal que temos testemunhado.

No interessante The Age of Insight, o cientista Eric Kandel explora os mecanismos pelos quais o cérebro humano desenvolve sua capacidade para empatia, ou seja, para entender — ainda que sem concordar — a posição do outro. Entender que o outro possa ter uma posição diferente da sua — e sobreviver sem ser “escorraçado” — é essencial à prática política. Uma das condições essenciais para a empatia, diz o cientista, é a troca de olhares — definidora de qualquer contato humano.

As redes sociais, onde as pessoas se escondem atrás da tela de um computador, algumas vezes no anonimato, são a antítese da “transparência” que pretendem representar. Ao mesmo tempo, o dinamismo oferecido pela comunicação instantânea nos afasta da reflexão e estimula respostas emocionais. É assim que se formam verdadeiras turbas eletrônicas, manadas virtuais dispostas ao linchamento, que em seguida transpõem para as ruas seu comportamento online.

Se por um lado as redes sociais permitem que todos se expressem — o que tem caráter altamente democrático, considerando que a liberdade de expressão sempre foi de muito poucos –, ao mesmo tempo contribuem para a atomização da opinião pública.

Alianças políticas sobre temas altamente emocionais, formadas em rede, nas quais internautas estimulam uns aos outros a agir, podem eventualmente transbordar para as ruas, como se deu nas manifestações de julho, mas se esvaziam com a mesma rapidez assim que a catarse se esvai.

Nos Estados Unidos, as alianças eventuais formadas em rede, a partir da reprodução de conteúdo midiático — especialmente da Fox News, de programas de debates em emissoras de rádio, mas também de blogs de direita como o Drudge Report — eventualmente se consolidaram num movimento intrapartidário, o Tea Party, que hoje dá direção ao Partido Republicano. É o melhor exemplo de casamento midiático-militante dos dias de hoje.

Dá para ouvir, no movimento, o eco das ideias simplórias e maniqueístas produzidas com didatismo pelas usinas midiáticas: o ‘peso’ e a ‘ineficiência’ do Estado; dar a vara de pescar, não o peixe; o sindicalismo corrupto; o multiculturalismo ‘esquerdizante’ e outros jargões de fácil apreensão e reprodução.

É possivel traçar um paralelo entre o Tea Party e o movimento neoliberal dos anos 70 e 80, que acompanhou a ascensão de Ronald Reagan à Casa Branca, as reformas internas nos Estados Unidos e a globalização a partir da plataforma econômica do consenso de Washington.

Lá atrás, os neoliberais se organizaram em torno de institutos, think tanks, bancados por grandes empresários direitistas, na capital norte-americana. A ideia era popularizar a produção intelectual de um grupo de neocons, o que foi feito através de revistas que circulavam junto à classe média. Reagan havia sido eleito ainda com sustentação da base tradicional do Partido Republicano, reforçada pelos cabos eleitorais da coalizão religiosa formada por evangélicos, católicos e judeus conservadores. Eram “os braços” de Reagan, a militância que o reelegeu em 1984.

Sob Reagan os neocons se instalaram em cargos-chave da burocracia, mas só assumiram o poder de fato muito mais tarde, através de George W. Bush, quando dispunham de uma grande massa de seguidores de diversas classes sociais, formada não apenas por revistas como Commentary e Weekly Standart, mas por programas de rádio de grande penetração, capazes de mobilizar milhões de pessoas, como os de Rush Limbaugh e outros.

Existe, porém, uma distinção importante entre os neocons, que se propunham e em certa medida revolucionaram o mundo, especialmente o Oriente Médio — deixando atrás de si um rastro de destruição — e o Tea Party. Este é um movimento claramente reacionário. Uma pesquisa recente com integrantes do Tea Party descobriu que ele é acima de tudo uma reação cultural à ascensão de Barack Obama, ou seja, tem uma forte base de racismo dissimulado, não apenas contra a cor da pele de Obama, mas contra a pregação multicultural “da elite de Harvard” (onde Obama estudou), que é vista como ameaça aos valores essenciais dos Estados Unidos.

Os que neste artigo eu chamo de black blocs da mídia brasileira (com o perdão dos anarquistas), que dizem nas redes sociais pretender fuzilar José Dirceu e José Genoino, também representam uma reação cultural à ascensão social promovida pelos governos Lula/Dilma, como escreveu aqui Gilson Caroni Filho. Mas não apenas.

Este movimento ainda amorfo e sem rumo expressa também os limites da política de alianças do PT, que garantiu vitórias eleitorais mas amarrou o partido a uma política econômica conservadora, que o impede de atender às enormes demandas da sociedade brasileira, que se tornaram ainda mais urgentes em regiões metropolitanas desiguais, violentas e carentes de serviços públicos essenciais.

Há muito mais que classe média aí.

Em certa medida, a despolitização do discurso cotidiano dos governos Lula/Dilma, associada ao intenso ativismo midiático, ajudou a gerar esta multidão de órfãos políticos, cuja expressão eleitoral mais recente foram os surpreendentes 20 milhões de votos de Marina Silva em 2010. Para as ruas, eles foram em julho. Agora, podem enfim conseguir quem os conduza.

É aquele que muitos chamam carinhosamente de Quincas, Joaquim Barbosa, o presidente do Supremo Tribunal Federal. Rodrigo Vianna escreveu um artigo interessante sobre o cálculo político que Barbosa talvez tenha feito ao decidir, de forma açodada, pela prisão dos réus do mensalão no feriado do 15 de novembro.

Hoje, nos bastidores da política, há os que acreditem que Barbosa é realmente um reformista togado, cujo primeiro objetivo foi punir o PT para em seguida fazer o mesmo com o PSDB e finalmente, no inquérito secreto 2474, chegar a um certo banqueiro.

Por outro lado, muitos estão certos de que o ministro vai se afastar do STF para ser vice de Aécio Neves ou lançar candidatura própria, em 2014.

O barbosismo traz consigo vários atrativos eleitorais: é centrado num outsider, um homem que veio de baixo, eleitor original de Lula e Dilma que poderia se propor a “corrigir” os erros do petismo e ao mesmo representar centenas de milhares de antipetistas que estão prontos para se unir à “revolta” contra o sistema. Tem classe média aí, sim, mas tem também uma grande dose de frustrados com o sistema político brasileiro, de todas as classes sociais, especialmente jovens.

Joaquim Barbosa seria uma espécie de John McCain, um cowboy tropical disposto ao acerto de contas com a “politicagem” de Brasília.

Sabemos muito bem o que esse tipo de “aventura” representou no passado e a elite econômica brasileira vai pensar algumas vezes antes de entregar o poder a alguém imprevisível, como fez com Fernando Collor diante do “mal maior”, Lula.

No desespero, nunca se sabe.

O ponto é que, mesmo que não tenha pretensões eleitorais, Joaquim Barbosa vai se tornando peça-chave nas eleições de 2014. Ele e sua imensa legião de black blocs midiáticos.
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Achincalhe, chicana e deboches do STF

Por Alipio Freire, no jornal Brasil de Fato:

O achincalhe, a chicana, o deboche do Supremo Tribunal Federal (STF), frente às leis que regem (ou, pelo menos, deveriam reger) suas decisões, parecem não ter limites. As prisões ilegais dos réus do processo conhecido — não por acaso incorretamente — pela alcunha de “mensalão”, além de um atropelo às leis vigentes, segue a batida das piores tradições golpistas da direita brasileira: foi decretada em vésperas de feriado prolongado, quando a dispersão das organizações e movimentos populares e democráticos impede toda reação contra o ato.


Assim foi com o Ato Institucional Número Cinco — AI-5 (numa sexta-feira de meados de dezembro — dia 13); assim tentou o fraudador da Constituição — doutor Nelson Jobim, então ministro da Defesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na passagem do ano de 2009 para 2010, contra o Terceiro Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), do também então ministro Paulo Vannuchi, hoje - com todo mérito - eleito membro da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA.

Toda vez que uma decisão importante e de interesse da maioria for tomada às vésperas de um feriado longo, em longínquos dias de dezembro, ou em qualquer momento de desmobilização, estejamos alertas: trata-se de um golpe contra os interesses da maioria da sociedade.

Aprendamos - mas jamais repitamos. Ou seja, método tipicamente da direita, tão velho quanto sonhar agachado - há quem confunda a serventia da posição e a use para seus devaneios, sendo que o presidente do STF - doutor Joaquim Barbosa e a maioria dos seus pares parecem especializados neste metier. Enfim, existem sonhos de todo tipo e qualidade...

Há os que sonham, por exemplo, com a impunidade - exatamente por isto se agacham céleres perante qualquer possibilidade de ascensão que vislumbrem, tornando-se muitas vezes vassalos mais realistas que seus senhores.

A Corte Suprema do país é isto. E não se trata apenas de mudar os nomes que a compõem, embora de imediato isto fosse o desejável. Quem sabe um impeachment. Por essas e outras, ou abrimos através de uma séria reforma política essa caixa-preta, ou as nossas conquistas democráticas retroagirão. Os venais devem ser punidos. Estejam nos executivos, nos legislativos ou nos judiciários - mas punidos na forma da lei.

E a independência dos Três Poderes jamais deve servir de pretexto para a omissão e a crítica de uns sobre os outros. Lembram-se das fanfarronadas do doutor Gilmar Mendes, quando presidente do STF, em seus comentários sobre decisões do Executivo e do Legislativo?

Aliás, assusta-nos a presteza com que o atual ministro José Eduardo Cardozo, da Justiça (PT), tem atendido e cumprido as ordens emanadas de certos setores da escancarada oposição de direita, ultradireita e de pusilânimes em geral. E não apenas no que diz respeito à disponibilização de forças federais frente aos mais tolos conflitos sociais.

No presente caso, é imperdoável a postura do ministro Cardozo frente à “fuga para a Itália” do ex-diretor do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, entrando imediatamente com o pedido de sua extradição junto ao governo de Roma. O caso Henrique Pizzolato (cidadão com dupla nacionalidade) é uma das maiores aberrações do processo em curso: todos sabemos (é mais que público) que o doutor Joaquim Barbosa ocultou cínica e despudoradamente as provas de inocência do réu, que constavam do processo.

Ora, o ministro Cardozo teria feito melhor para a nossa democracia, se houvesse contestado o doutor Barbosa e - pelo menos - forçado o esclarecimento da questão. Mas, se for possível o julgamento do senhor Pizzolato por um tribunal italiano (como ele pretende), a desmoralização do STF, do doutor Barbosa e de seus parceiros de venalidade, ganhará dimensão internacional. E, junto com a caterva, irá água abaixo o nome do ministro Cardozo...

A rigor, o comportamento do STF (com as honrosas exceções de alguns juízes), coadjuvado pela grande mídia comercial, não é o da busca da Justiça - papel definido pela Constituição. Ao contrário: é a busca da estigmatização e linchamento dos réus do “mensalão” que, de fato, enquanto tal jamais existiu (*), embora outros atos ilícitos tenham sido cometidos, como admitem mesmo alguns dos réus. Em qualquer democracia ou república, o linchamento é o oposto de toda Justiça. E aqui, convêm algumas considerações e perguntas:

Exceto o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), que tomou atitude firme e pública durante seu Congresso no final da semana passada, onde andam as forças de esquerda, os partidos e demais entidades democráticas deste país? Pretendem ganhar eleições ou barganhar cargos à custa mesmo da injustiça e arbítrio das forças saudosas da ditadura? A manifestação da Executiva Nacional do próprio Partido dos Trabalhadores - ao qual pertenceram vários dos réus, foi pífia, de tão tímida.

Mas, deixemos de lado as instâncias formais e subalternas. Reportemo-nos diretamente ao poder de fato do PT, que migrou e se metamorfoseou ambulante e sucessivamente do grupo de “compadres sindicalistas”, para as Caravanas da Cidadania; destas para o Instituto da Cidadania; passeou em seguida pelos aparelhos da Presidência da República e, hoje, se manifesta através do Instituto Lula, onde senta praça.

Onde foi parar toda essa gente? Esperam se ver livres de companhias hoje “incômodas”, das quais fizeram todo tipo de uso e agora descartam? Temem se chocar com a direita que integra as bases de governabilidade dos seus sucessivos governos? Sim, realmente - com a política que desenvolveram acumpliciados com alguns dos hoje réus, fica difícil sequer se referir ao julgamento do ex-presidente Fernando Collor de Mello, cujo processo jaz em alguma gaveta há mais de 20 anos, “à espera de ser julgado”.

E as correntes do PT? Até o momento, exceto o líder de O Trabalho, Markus Sokol, os representantes das demais tendências não disseram a que vieram. Pensam se livrar de alguns camaradas que nas disputas internas se utilizam de métodos muitas vezes da direita para abater seus adversários? Vão agir como alguns deles que hoje criticam e até execram, mas aos quais já se aliaram em diversos momentos?

Algo precisa ser dito, sem rebuços. Independentemente de qualquer crítica que tenhamos (e temos muitas, algumas graves) ou venhamos a ter a qualquer dos réus petistas, todos eles se comportaram com uma dignidade exemplar: em nenhum momento hesitaram em assumir para si as responsabilidades perante as acusações pelas quais respondem. Jamais sequer cogitaram em lançar mão do espúrio direito da “delação premiada”, que transforma cada cidadão brasileiro num potencial dedo duro. Se há algum outro petista (dirigente ou não) envolvido no assunto, nunca saberemos — pelo menos, através desses homens presos.

Às vezes nos parece haver um certo júbilo de uns e outros, frente a essas prisões e linchamentos. Algo como alguns personagens de esquerda que comemoraram o fi m da antiga União Soviética — a Queda do Muro de Berlim, promovida pela direita... E vejam no que deu. Isto acontece sempre que nos aliamos ou nos omitimos perante o inimigo. Diria Dercy Gonçalves: a perestroika da vizinha está presa na gaiola. Mas, a omissão, a covardia, o permanente “senso de oportunidade” têm sempre um preço. Como escreveu em mensagem sobre o assunto, numa lista, a nossa companheira Eliete, “Àqueles que não se rebelam contra as injustiças: amanhã será tua vez!”.

Mais que Dirceu, Genoíno, Delúbio e outros, mais do que o PT, e muito mais que qualquer divergência política ou de métodos (estas últimas, as mais graves); mais que os resultados eleitorais de 2014 — ou a não conquista do tão almejado cargo de assessor de porteiro na Embaixada do Brasil em Uganda perseguido por tantos; mais que o fato de não petistas também estarem a ser igualmente punidos de forma arbitrária; o que está em jogo são conquistas democráticas conseguidas com o sangue e o suor de milhões de brasileiros. Silenciar neste momento é capitular. Perder uma eleição é uma derrota conjuntural. Perder conquistas democráticas é uma derrota estrutural. A defesa das nossas instituições democráticas é um dever de todo e toda cidadã.

* O termo “mensalão” foi criado pela grande mídia comercial, para designar um suposto crime de corrupção que implicaria em um pagamento mensal regular que seria feito por dirigentes petistas a diversos parlamentares federais, para que apoiassem/ votassem as propostas do Partido dos Trabalhadores no Congresso. Já foi sobejamente provado e aceito que tal prática jamais aconteceu. A insistência no uso da expressão faz parte de uma campanha de criminalização e difamação dos réus ora processados.

*****

Pedido de retificação:
Prezados leitores,

Pouco depois da publicação deste artigo da minha autoria, recebemos mensagem do companheiro Valter Pomar (que reproduzimos abaixo), líder da tendência Articulação de Esquerda - AE.

Infelizmente, só tivemos acesso a estas informações, com a mensagem do Valter. Chamamos a atenção, apenas, de que nosso texto não é uma reportagem ou um conjunto de entrevistas, e que por isso, não ouvimos os representantes da diversas correntes.

O artigo foi escrito com base em informações da grande mídia comercial e de tudo o que recebemos via internet e, em momento algum, nos chegou qualquer manifestação de outras tendências, que não a de "O Trabalho".

Alipio Freire

***

No dia 19/11/2013, às 17:54, Valter Pomar <pomar.valter@gmail.com> escreveu:

Alípio

Acho que no seu texto, com o qual temos vários pontos de acordo, voce fez uma cobrança despropositada as tendências do PT.

Explico: todos os setores do PT, cada um de seu jeito, condenaram publicamente as arbitrariedades cometidas durante a Ação Penal 470.

E todos os setores do PT condenaram, especialmente, a prisão sem transitar em julgado, sem respeito a pena determinada pelo próprio STF, com espetacularização etc.

Assim, tanto a AE, quanto TODAS as outras tendências, todo mundo se pronunciou. E o próprio PT se pronunciou.

É certo que a grande mídia destaca o Sokol, entre outras coisas porque O Trabalho resolveu transformar a denúncia da AP470 no centro de sua tática, antes, durante e depois do PED.
Mas nossa referência não pode ser a grande mídia. Claro que podemos discutir se a resposta dada foi eficiente, adequada, a altura etc.

Mas não é correto dizer que "não disseram a que vieram", como se nosso (tendências) papel fosse determinado única ou principalmente pela postura frente a AP470, especificamente frente as prisões ou pela forma como cada um se posicionou frente a isto.

Também não é correto sugerir que "não disseram a que vieram" por conta de querer se aproveitar do episódio para "se livrar" de alguns antagonistas. Este último raciocínio é particularmente ofensivo, especialmente se difundido na coluna de um jornal de esquerda.

Se o Brasil de Fato tivesse ouvido os representantes das tendências criticadas e a partir disto chegasse a esta conclusão, vá lá. Mas, pelo menos no caso da AE, não fomos ouvidos.

Logo, nos criticar desta forma é uma atitude similar ao comportamento irresponsável, arrogante, ignorante e simplificador que caracteriza boa parte da grande imprensa.

Uso estas palavras, porque como disse considero tremendamente ofensivo o raciocínio sobre "se livrar".

Claro que há um debate político de fundo, por exemplo acerca do como manifestar-se e com que conteúdo. E sobre a dimensão estratégica do que está ocorrendo. A respeito, recomendo ler o Página 13 de dezembro.

Abraços
Valter Pomar
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Valeu, Zumbi!



Por João Hermínio Marques*

O grito forte dos Palmares, que correu terras, céus e mares.
Influenciando a abolição.
Zumbi, valeu!
Somos todos Kizomba, somos todos a festa e a luta da raça. Dia 20 de novembro é muito além de uma data pela consciência negra. Dia 20 é a data do herói Zumbi, é a data simbólica da luta e resistência contra a escravidão e contra o racismo, a nossa herança maldita.
Todo dia deve ser tempo de consciência negra. Aliás, cabe salientar que a consciência social-humana é a desejável. No entanto, em período de preconceito, torna-se indispensável o corte étnico-histórico. Tivemos grandes avanços na luta pela igualdade étnica no Brasil. As cotas, em especial, são as grandes demonstrações de que o lamento triste, que sempre ecoou, começou a mudar de ritmo. Negros e indígenas entraram em processo de inclusão social, principalmente, por vias educacionais. A ampliação do acesso ao ensino superior é, indubitavelmente, o maior portal de transformações individuais e coletivas executadas no Brasil recente.
Todavia, a questão racial ainda encontra muito obstáculo a ser vencido. Em verdade, quase todos inerentes a uma sociedade capitalista. Talvez, o grande dilema brasileiro é que houve determinada naturalização do racismo durante o processo de formação do povo brasileiro. A democracia racial freyreana foi, por muito, festejada. E, justamente, naquele tempo de concepção do jeito brasileiro de ser.
A carne mais barata do mercado é a carne negra, e ninguém contesta isso! Os monopólios de comunicação produzem estereótipos, e reproduzem a tradição escravista, com tamanha naturalidade, que o escravizado pós-moderno aceita seja aquele o seu mecanismo de inclusão social. As mulatas do carnaval com uma espécie de caça-mulatas promovida por um programa dominical, de péssima qualidade, da rede Globo, é o melhor exemplo disso. Nesse mesmo programa, há uma espécie de concurso de miss, ao contrário do outro quadro, no tal concurso não se percebe qualquer beleza negra. Pior, a mesma emissora tem programas de “humor” (racismo é engraçado?) que abusam do preconceito. Isso são apenas algumas das exibições de horrores notadas na monopolizada televisão brasileira.
Por evidência, a quantidade de parlamentares de origem negra é ridícula. Porém, isso não é exclusividade negra, afinal, o Congresso Nacional caminha a passos largos à plena crise de representatividade. E, junho já denunciou… E, a reforma política, a verdadeira, naufragou… Existe um projeto que visa positivar ações afirmativas para as eleições ao legislativo. Parece interessante, contudo, válido frisar que a causa é sistêmica. É imperioso respeitar a vontade do povo que foi às ruas, lançar a Constituinte soberana para definir os novos rumos da política nacional. Nem a reforma gabinetizada por doutos vândalos do Congresso, nem mesmo essa proposta de cotas para negros, será a solução da quase nula representatividade do parlamento brasileiro.
Samba, por fim. Pois, nada é mais africano, nada é mais brasileiro, do que o diálogo musical. O samba uniu as raças. Fez valer a resistência negra, a solidez cultural afro-brasileira, consolidou a formação do nosso povo, junto com o futebol, ambos símbolos de pertencimento social negro, ou deveriam ser… Não se pode olvidar, lamentavelmente, da elitização e alta-mercantilização de ambos ícones da cultura popular brasileira: o samba (carnaval) e o futebol. É de fazer chorar aquela festa, que o rico ignorava e criminalizava nos séculos passados, e hoje ele quer tomar conta… Não conseguirão!
Finalmente, compartilho quatro grandes sambas, negro-conscientes, contra o racismo. Nada mais combativo ao racismo do que a beleza de nossa música popular.
Consciência negra é todo dia! Viva Zumbi! Viva João Cândido! Viva todos os negros e negras do imenso povo brasileiro! Viva a nossa luta por uma sociedade mais justa, igualitária, sem preconceito, sem racismo. Viva o Socialismo Popular Brasileiro!
Negro é terra, negro é vida,
Na mutação do tempo,
Desfilando na avenida.
Negro é sensacional! É toda festa de um povo! É dono do carnaval!
Ilu Ayê…”
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Darcy Ribeiro e o racismo no Brasil

Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:

Uma das maiores balelas do discurso anti-cotas no Brasil é que as políticas de ação afirmativa não se justificam porque “todos são iguais perante à lei”. Iguais como, se uns saíram na frente, com séculos de vantagem, em relação ao outro? As cotas vieram justamente para ser uma ponte sobre o fosso histórico entre negros e brancos. Para dar aos negros condições de alcançarem mais rápido esta “igualdade” que alguns insistem que já existe.


Ninguém melhor do que o antropólogo Darcy Ribeiro, grande inspirador deste blog, para explicar como esta “igualdade” de condição nada mais é do que uma falácia por parte de quem, no fundo, deseja perpetuar as desigualdades raciais em nosso país. Os trechos que selecionei são do livro O Povo Brasileiro (Companhia das Letras), cuja leitura recomendo fortemente. Deveria ser obrigatório em todas as escolas. Atentem para um detalhe: reconheçam no texto de Darcy os futuros meninos de rua. (Leia também o texto que postei ano passado, aqui.)

E viva o Dia da Consciência Negra!

*****

Por Darcy Ribeiro

CLASSE E RAÇA

A distância social mais espantosa no Brasil é a que separa e opõe os pobres dos ricos. A ela se soma, porém, a discriminação que pesa sobre negros, mulatos e índios, sobretudo os primeiros.

Entretanto, a rebeldia negra é muito menor e menos agressiva do que deveria ser. Não foi assim no passado. As lutas mais longas e cruentas que se travaram no Brasil foram a resistência indígena secular e a luta dos negros contra a escravidão, que duraram os séculos do escravismo. Tendo início quando começou o tráfico, só se encerrou com a abolição.

Sua forma era principalmente a da fuga, para a resistência e para a reconstituição de sua vida em liberdade nas comunidades solidárias dos quilombos, que se multiplicaram aos milhares. Eram formações protobrasileiras, porque o quilombola era um negro já aculturado, sabendo sobreviver na natureza brasileira, e, também, porque lhe seria impossível reconstituir as formas de vida da África. Seu drama era a situação paradoxal de quem pode ganhar mil batalhas sem vencer a guerra, mas não pode perder nenhuma. Isso foi o que sucedeu com todos os quilombos, inclusive com o principal deles, Palmares, que resistiu por mais de um século, mas afinal caiu, arrasado, e teve o seu povo vendido, aos lotes, para o sul e para o Caribe.

Mas a luta mais árdua do negro africano e de seus descendentes brasileiros foi, ainda é, a conquista de um lugar e de um papel de participante legítimo na sociedade nacional. Nela se viu incorporado à força. Ajudou a construí-la e, nesse esforço, se desfez, mas, ao fim, só nela sabia viver, em função de sua total desafricanização. A primeira tarefa do negro brasileiro foi a de aprender a falar o português que ouvia nos berros do capataz. Teve de fazê-lo para poder comunicar-se com seus companheiros de desterro, oriundos de diferentes povos. Fazendo-o, se reumanizou, começando a sair da condição de bem semovente, mero animal ou força energética para o trabalho. Conseguindo miraculosamente dominar a nova língua, não só a refez, emprestando singularidade ao português do Brasil, mas também possibilitou sua difusão por todo o território, uma vez que nas outras áreas se falava principalmente a língua dos índios, o tupi-guarani.

Calculo que o Brasil, no seu fazimento, gastou cerca de 12 milhões de negros, desgastados como a principal força de trabalho de tudo o que se produziu aqui e de tudo que aqui se edificou. Ao fim do período colonial, constituía uma das maiores massas negras do mundo moderno. Sua abolição, a mais tardia da história, foi a causa principal da queda do Império e da proclamação da República. Mas as classes dominantes reestruturaram eficazmente seu sistema de recrutamento da força de trabalho, substituindo a mão de obra escrava por imigrantes importados da Europa, cuja população se tornara excedente e exportável a baixo preço.

(…)

O negro, sentindo-se aliviado da brutalidade que o mantinha trabalhando no eito, sob a mais dura repressão –inclusive as punições preventivas, que não castigavam culpas ou preguiças, mas só visavam dissuadir o negro de fugir– só queria a liberdade. Em consequência, os ex-escravos abandonam as fazendas em que labutavam, ganham as estradas à procura de terrenos baldios em que pudessem acampar, para viverem livres como se estivessem nos quilombos, plantando milho e mandioca para comer. Caíram, então, em tal condição de miserabilidade que a população negra reduziu-se substancialmente. Menos pela supressão da importação anual de novas massas de escravos para repor o estoque, porque essas já vinham diminuindo há décadas. muito mais pela terrível miséria a que foram atirados. não podiam estar em lugar algum, porque cada vez que acampavam, os fazendeiros vizinhos se organizavam e convocavam forças policiais para expulsá-los, uma vez que toda a terra estava possuída e, saindo de uma fazenda, se caía fatalmente em outra.

As atuais classes dominantes brasileiras, feitas de filhos e netos de antigos senhores de escravos, guardam, diante do negro, a mesma atitude de desprezo vil. Para seus pais, o negro escravo, o forro, bem como o mulato, eram mera força energética, como um saco de carvão, que desgastado era facilmente substituído por outro que se comprava. Para seus descendentes, o negro livre, o mulato e o branco pobre são também o que há de mais reles, pela preguiça, pela ignorância, pela criminalidade inatas e inelutáveis. Todos eles são tidos consensualmente como culpados de suas próprias desgraças, explicadas como características da raça e não como resultado da escravidão e da opressão. Essa visão deformada é assimilada também pelos mulatos e até pelos negros que conseguem ascender socialmente, os quais se somam ao contingente branco para discriminar o negro-massa.

A nação brasileira, comandada por gente dessa mentalidade, nunca fez nada pela massa negra que a construíra. Negou-lhe a posse de qualquer pedaço de terra para viver e cultivar, de escolas em que pudesse educar seus filhos, de qualquer ordem de assistência. Só lhes deu, sobejamente, discriminação e repressão. Grande parte desses negros dirigiu-se às cidades, onde encontraram, originalmente, os chamados bairros africanos, que deram lugar às favelas. Desde então, elas vêm se multiplicando, como a solução que o pobre encontra para morar e conviver. Sempre debaixo da permanente ameaça de serem erradicados e expulsos.

(…)

BRANCOS VERSUS NEGROS

Examinando a carreira do negro no Brasil, se verifica que, introduzido como escravo, ele foi desde o primeiro momento chamado à execução das tarefas mais duras, como mão-de-obra fundamental de todos os setores produtivos. Tratado como besta de carga exaurida no trabalho, na qualidade de mero investimento destinado a produzir o máximo de lucros, enfrentava precaríssimas condições de sobrevivência. Ascendendo à condição de trabalhador livre, antes ou depois da abolição, o negro se via jungido a novas formas de exploração que, embora melhores que a escravidão, só lhe permitiam integrar-se na sociedade e no mundo cultural, que se tornaram seus, na condição de um subproletariado compelido ao exercício de seu antigo papel, que continua sendo principalmente o de animal de serviço.

Enquanto escravo poderia algum proprietário previdente ponderar, talvez, que resultaria mais econômico manter suas “peças” nutridas para tirar delas, a longo termo, maior proveito. Ocorreria, mesmo, que um negro desgastado no eito tivesse oportunidade de envelhecer num canto da propriedade, vivendo do produto de sua própria roça, devotado a tarefas mais leves requeridas pela fazenda. Liberto, porém, já não sendo de ninguém, se encontrava só e hostilizado, contando apenas com sua força de trabalho, num mundo em que a terra e tudo o mais continuava apropriada. Tinha de sujeitar-se, assim, a uma exploração que não era maior que dantes, porque isso seria impraticável, mas era agora absolutamente desinteressada do seu destino. Nessas condições, o negro forro, que alcançara de algum modo certo vigor físico, poderia, só por isso, sendo mais apreciado como trabalhador, fixar-se nalguma fazenda, ali podendo viver e reproduzir. O débil, o enfermo, o precocemente envelhecido no trabalho, era simplesmente enxotado como coisa imprestável.

Depois da primeira lei abolicionista –a Lei do Ventre Livre, que liberta o filho da negra escrava–, nas áreas de maior concentração da escravaria, os fazendeiros mandavam abandonar, nas estradas e nas vilas próximas, as crias de suas negras que, já não sendo coisas suas, não se sentiam mais na obrigação de alimentar. Nos anos seguintes à Lei do Ventre Livre (1871), fundaram-se nas vilas e cidades do Estado de São Paulo dezenas de asilos para acolher essas crianças, atiradas fora pelos fazendeiros. Após a abolição, à saída dos negros de trabalho que não mais queriam servir aos antigos senhores, seguiu-se a expulsão dos negros velhos e enfermos das fazendas. Numerosos grupos de negros concentraram-se, então, à entrada das vilas e cidades, nas condições mais precárias. Para escapar a essa liberdade famélica é que começaram a se deixar aliciar para o trabalho sob as condições ditadas pelo latifúndio.

Com o desenvolvimento posterior da economia agrícola de exportação e a superação consequente da auto-suficiência das fazendas, que passaram a concentrar-se nas lavouras comerciais (sobretudo no cultivo do café, do algodão e, depois, no plantio de pastagens artificiais), outros contingentes de trabalhadores e agregados foram expulsos para engrossar a massa da população residual das vilas. Era agora constituída não apenas de negros, mas também de pardos e brancos pobres, confundidos todos como massa dos trabalhadores “livres” do eito, aliciáveis para as fainas que requeressem mão-de-obra. Essa humanidade detritária predominantemente negra e mulata pode ser vista, ainda hoje, junto aos conglomerados urbanos, em todas as áreas do latifúndio, formada por braceiros estacionais, mendigos, biscateiros, domésticas, cegos, aleijados, enfermos, amontoados em casebres miseráveis. Os mais velhos, já desgastados no trabalho agrícola e na vida azarosa, cuidam das crianças, ainda não amadurecidas para nele engajar-se.

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Assim, o alargamento das bases da sociedade, auspiciado pela industrialização, ameaça não romper com a superconcentração da riqueza, do poder e do prestígio monopolizado pelo branco, em virtude da atuação de pautas diferenciadoras só explicadas historicamente, tais como: a emergência recente do negro da condição escrava à de trabalhador livre; uma efetiva condição de inferioridade, produzida pelo tratamento opressivo que o negro suportou por séculos sem nenhuma satisfação compensatória; a manutenção de critérios racialmente discriminatórios que, obstaculizando sua ascensão à simples condição de gente comum, igual a todos os demais, tornou mais difícil para ele obter educação e incorporar-se na força de trabalho dos setores modernizados. As taxas de analfabetismo, de criminalidade e de mortalidade dos negros são, por isso, as mais elevadas, refletindo o fracasso da sociedade brasileira em cumprir, na prática, seu ideal professado de uma democracia racial que integrasse o negro na condição de cidadão indiferenciado dos demais.

Florestan Fernandes assinala que “enquanto não alcançarmos esse objetivo, não teremos uma democracia racial e tampouco uma democracia. Por um paradoxo da história, o negro converteu-se, em nossa era, na pedra de toque da nossa capacidade de forjar nos trópicos esse suporte da civilização moderna”.
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