A segunda tortura de José Genoíno

Genoíno foi torturado na ditadura e seus torturadores seguem impunes, abrigados por decisões deste mesmo tribunal que condena sem provas militantes do PT.

Ernst Bloch, na sua crítica aos princípios do Direito Natural sem fundamentação histórica, defendeu que não é sustentável que o homem seja considerado,  por nascimento, "livre e igual", pois não há "direitos inatos, e sim que todos são adquiridos em luta".  Esta categorização, "direitos adquiridos em luta", é fundamental  para  compreender as ordens políticas vigentes como Estado de Direito, que proclamam um elenco de princípios contraditórios, que ora expressam com maior vigor as conquistas dos que se consideram oprimidos e explorados no sistema de poder que está sendo impugnado, ora expressam  resistências dos privilegiados, que fruem o poder real: os donos do dinheiro e do poder.
Esta dupla possibilidade de uma ordem política, inscrita em todas as constituições, mais ou menos democráticas, às vezes revela-se mais intensamente no contencioso político, às vezes ela bate à porta dos Tribunais. A disputa sobre o modelo de desenvolvimento do país, por exemplo, embora em alguns momentos tenha sido judicializada, deu-se até agora, predominantemente, pela via política, na qual o PT e seus aliados de esquerda e do centro político foram vitoriosos, embora com alianças pragmáticas e por vezes tortuosas para ter governabilidade.
Já a disputa sobre a interpretação das normas jurídicas que regem a anistia em nosso país e a disputa sobre as heranças dos dois governos do presidente Lula tem sido, predominantemente,  judicializadas. São levadas, portanto, para uma instância na qual a direita política, os privilegiados, os conservadores em geral (que tentaram sempre fulminar o Prouni, o Bolsa Família, as políticas de valorização do salário mínimo, as políticas de discriminação positiva, e outras políticas progressistas), tem maior possibilidade de influenciar.
Quando falo aqui em "influência" não estou me referindo a incidência que as forças conservadoras ou reacionárias podem ter sobre a integridade moral do Poder Judiciário ou mesmo sobre a sua honestidade intelectual. Refiro-me ao flanco em que aquelas forças - em determinados assuntos ou em determinadas circunstâncias - podem exercer com maior sucesso a sua hegemonia, sem desconstituir a ordem jurídica formal, mantendo mínimos padrões de legitimidade.
O chamado processo do "mensalão" obedeceu minimamente aos ritos formais do Estado de Direito, com atropelos passíveis de serem cometido sem maiores danos à defesa, para chegar a final previamente determinado, exigido pela grande mídia, contingenciado por ela e expressando plenamente o que as forças mais elitistas e conservadoras do país pretendiam do processo: derrotados na política, hoje com três mandatos progressistas nas costas, levaram a disputa ao Poder Judiciário para uma gloriosa “revanche”: ali, a direita derrotada poderia fundir (e fundiu) uma ilusória vitória através do Direito, para tentar preparar-se para uma vitória no terreno da política. As prisões de Genoíno e José Dirceu foram celebradas freneticamente pela grande imprensa.
Sustento que os vícios formais do processo, que foram corretamente apontados  pelos advogados de defesa  - falo dos réus José Genoíno e José Dirceu - foram  totalmente secundários para as suas condenações. Estas, já estavam deliberadas antes de qualquer prova, pela grande mídia e pelas forças conservadoras e reacionárias que lhe são tributárias, cuja pressão sobre a Suprema Corte  - com o acolhimento ideológico de alguns dos Juízes-  tornou-se insuportável para a ampla maioria deles.
Lembro: antes que fossem produzidas quaisquer provas os réus já eram tratados diuturnamente como “quadrilheiros”, “mensaleiros”, “delinquentes”, não somente pela maioria da grande  imprensa, mas também por ilustres figuras  originárias dos partidos derrotados nas eleições presidenciais e pela banda de música do esquerdismo, rapidamente aliada conjuntural da pior direita nos ataques aos Governos Lula. Formou-se assim uma santa aliança,  antes do processo, para produzir  a convicção pública que só as condenações resgatariam a “dignidade da República”, tal qual ela é entendida pelos padrões midiáticos dominantes.
Em casos como este, no qual a grande mídia tritura indivíduos, coopta consciências e define comportamentos, mais além de meras convicções jurídicas e morais, não está em jogo ser corajoso ou não, honesto ou não, democrata ou não. Está em questão a própria funcionalidade do Estado de Direito, que sem desestruturar a ordem jurídica formal pode flexioná-la  para dar guarida a  interesses políticos estratégicos  opostos aos que “adquirem direitos em luta”. Embora estes direitos sejam conquistas que não abalam os padrões de dominação do capital financeiro, que tutela impiedosamente as ordens democráticas modernas, sempre é bom avisar que tudo tem limites. O aviso está dado. Mas ele surtirá efeitos terminativos?
Este realismo político do Supremo ao condenar sem provas, num processo que foi legalmente instituído e acompanhado por todo o povo - cercado por um poder midiático que tornou irrelevantes as fundamentações dos  Juízes - tem um preço: ao escolher que este seria o melhor desfecho não encerrou o episódio. Ficam pairando, isto sim, sobre a República e sobre o próprio prestígio da Suprema Corte, algumas comparações de profundo significado histórico, que irão influir de maneira decisiva em nosso futuro democrático.
José Genoíno foi brutalmente torturado na época da ditadura e seus torturadores continuam aí, sorridentes, impunes e desafiantes, sem  qualquer ameaça real de responderem, na democracia, pelo que fizeram nos porões do regime de arbítrio, abrigados até agora por decisões deste mesmo Tribunal que condena sem provas militantes do PT. José Dirceu coordenou a vitória legítima de Lula, para o seu primeiro mandato e as suas “contrapartes”,  que compraram votos para reeleger Fernando Henrique (suponho que sem a ciência do Presidente de então), estão também por aí,  livres e gaudérios.
O desfecho atual, portanto, não encerra o processo do “mensalão”, mas reabre-o em outro plano: o da questão democrática no  país, na qual a “flexão” do Poder Judiciário mostra-se unilateralmente politizada  para “revanchear” os derrotados na política. Acentua, também, o debate sobre o  poder das mídias sobre as instituições. Até onde pode ir, na democracia, esta arrogância que parece  infinita de julgar por antecipação, exigir condenações sem provas e  tutelar a instituições através do controle e da manipulação da informação?.
Militei ao lado de José Genoíno por mais de vinte anos, depois nos separamos por razões políticas e ideológicas, internamente ao Partido. É um homem honesto, de vida modesta e honrada, que sempre lutou por seus ideais com dignidade e ardor, arriscando a própria vida, em momentos muito duros da nossa História. Só foi condenado porque era presidente do PT,  no momento do chamado “mensalão”.
Militei sempre em campos opostos a José Dirceu em nosso Partido e, em termos pessoais, conheço-o muito pouco, mas não hesito em dizer que foi condenado sem provas,  por razões eminentemente políticas, como reconhecem insuspeitos juristas, que sequer tem simpatias por ele ou pelo PT.
Assim como temos que colocar na nossa bagagem de experiências os erros cometidos que permitiram a criação de um processo  judicial ordinário,  que se tornou rapidamente um processo político, devemos tratar, ora em diante, este processo judicial de sentenças tipicamente políticas, como uma experiência decisiva para requalificar, não somente as nossas instituições democráticas duramente conquistadas na Carta de 88, mas também para organizar uma sistema de alianças que dê um mínimo respaldo, social e parlamentar,  para fazermos o dever de casa da revolução democrática: uma Constituinte, no mínimo para uma profunda reforma política, num país em que a mídia de direita é mais forte do que os partidos e as instituições republicanas.
Tarso Genro, Governador do Rio Grande do Sul
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A segunda tortura de José Genoino



http://pigimprensagolpista.blogspot.com.br/ http://ajusticeiradeesquerda.blogspot.com.br/
Por Tarso Genro, no sítio Carta Maior:

Ernst Bloch, na sua crítica aos princípios do Direito Natural sem fundamentação histórica, defendeu que não é sustentável que o homem seja considerado, por nascimento, "livre e igual", pois não há "direitos inatos, e sim que todos são adquiridos em luta". Esta categorização, "direitos adquiridos em luta", é fundamental para compreender as ordens políticas vigentes como Estado de Direito, que proclamam um elenco de princípios contraditórios, que ora expressam com maior vigor as conquistas dos que se consideram oprimidos e explorados no sistema de poder que está sendo impugnado, ora expressam resistências dos privilegiados, que fruem o poder real: os donos do dinheiro e do poder.

Esta dupla possibilidade de uma ordem política, inscrita em todas as constituições, mais ou menos democráticas, às vezes revela-se mais intensamente no contencioso político, às vezes ela bate à porta dos Tribunais. A disputa sobre o modelo de desenvolvimento do país, por exemplo, embora em alguns momentos tenha sido judicializada, deu-se até agora, predominantemente, pela via política, na qual o PT e seus aliados de esquerda e do centro político foram vitoriosos, embora com alianças pragmáticas e por vezes tortuosas para ter governabilidade.

Já a disputa sobre a interpretação das normas jurídicas que regem a anistia em nosso país e a disputa sobre as heranças dos dois governos do presidente Lula tem sido, predominantemente, judicializadas. São levadas, portanto, para uma instância na qual a direita política, os privilegiados, os conservadores em geral (que tentaram sempre fulminar o Prouni, o Bolsa Família, as políticas de valorização do salário mínimo, as políticas de discriminação positiva, e outras políticas progressistas), tem maior possibilidade de influenciar.

Quando falo aqui em "influência" não estou me referindo a incidência que as forças conservadoras ou reacionárias podem ter sobre a integridade moral do Poder Judiciário ou mesmo sobre a sua honestidade intelectual. Refiro-me ao flanco em que aquelas forças - em determinados assuntos ou em determinadas circunstâncias- podem exercer com maior sucesso a sua hegemonia, sem desconstituir a ordem jurídica formal, mantendo mínimos padrões de legitimidade.

O chamado processo do "mensalão" obedeceu minimamente aos ritos formais do Estado de Direito, com atropelos passíveis de serem cometido sem maiores danos à defesa, para chegar a final previamente determinado, exigido pela grande mídia, contingenciado por ela e expressando plenamente o que as forças mais elitistas e conservadoras do país pretendiam do processo: derrotados na política, hoje com três mandatos progressistas nas costas, levaram a disputa ao Poder Judiciário para uma gloriosa “revanche”: ali, a direita derrotada poderia fundir (e fundiu) uma ilusória vitória através do Direito, para tentar preparar-se para uma vitória no terreno da política. As prisões de Genoíno e José Dirceu foram celebradas freneticamente pela grande imprensa.

Sustento que os vícios formais do processo, que foram corretamente apontados pelos advogados de defesa - falo dos réus José Genoíno e José Dirceu - foram totalmente secundários para as suas condenações. Estas, já estavam deliberadas antes de qualquer prova, pela grande mídia e pelas forças conservadoras e reacionárias que lhe são tributárias, cuja pressão sobre a Suprema Corte - com o acolhimento ideológico de alguns dos Juízes- tornou-se insuportável para a ampla maioria deles.

Lembro: antes que fossem produzidas quaisquer provas os réus já eram tratados diuturnamente como “quadrilheiros”, “mensaleiros”, “delinquentes”, não somente pela maioria da grande imprensa, mas também por ilustres figuras originárias dos partidos derrotados nas eleições presidenciais e pela banda de música do esquerdismo, rapidamente aliada conjuntural da pior direita nos ataques aos Governos Lula. Formou-se assim uma santa aliança, antes do processo, para produzir a convicção pública que só as condenações resgatariam a “dignidade da República”, tal qual ela é entendida pelos padrões midiáticos dominantes.

Em casos como este, no qual a grande mídia tritura indivíduos, coopta consciências e define comportamentos, mais além de meras convicções jurídicas e morais, não está em jogo ser corajoso ou não, honesto ou não, democrata ou não. Está em questão a própria funcionalidade do Estado de Direito, que sem desestruturar a ordem jurídica formal pode flexioná-la para dar guarida a interesses políticos estratégicos opostos aos que “adquirem direitos em luta”. Embora estes direitos sejam conquistas que não abalam os padrões de dominação do capital financeiro, que tutela impiedosamente as ordens democráticas modernas, sempre é bom avisar que tudo tem limites. O aviso está dado. Mas ele surtirá efeitos terminativos?

Este realismo político do Supremo ao condenar sem provas, num processo que foi legalmente instituído e acompanhado por todo o povo - cercado por um poder midiático que tornou irrelevantes as fundamentações dos Juízes - tem um preço: ao escolher que este seria o melhor desfecho não encerrou o episódio. Ficam pairando, isto sim, sobre a República e sobre o próprio prestígio da Suprema Corte, algumas comparações de profundo significado histórico, que irão influir de maneira decisiva em nosso futuro democrático.

José Genoíno foi brutalmente torturado na época da ditadura e seus torturadores continuam aí, sorridentes, impunes e desafiantes, sem qualquer ameaça real de responderem, na democracia, pelo que fizeram nos porões do regime de arbítrio, abrigados até agora por decisões deste mesmo Tribunal que condena sem provas militantes do PT. José Dirceu coordenou a vitória legítima de Lula, para o seu primeiro mandato e as suas “contrapartes”, que compraram votos para reeleger Fernando Henrique (suponho que sem a ciência do Presidente de então), estão também por aí, livres e gaudérios.

O desfecho atual, portanto, não encerra o processo do “mensalão”, mas reabre-o em outro plano: o da questão democrática no país, na qual a “flexão” do Poder Judiciário mostra-se unilateralmente politizada para “revanchear” os derrotados na política. Acentua, também, o debate sobre o poder das mídias sobre as instituições. Até onde pode ir, na democracia, esta arrogância que parece infinita de julgar por antecipação, exigir condenações sem provas e tutelar a instituições através do controle e da manipulação da informação?.

Militei ao lado de José Genoíno por mais de vinte anos, depois nos separamos por razões políticas e ideológicas, internamente ao Partido. É um homem honesto, de vida modesta e honrada, que sempre lutou por seus ideais com dignidade e ardor, arriscando a própria vida, em momentos muito duros da nossa História. Só foi condenado porque era presidente do PT, no momento do chamado “mensalão”.

Militei sempre em campos opostos a José Dirceu em nosso Partido e, em termos pessoais, conheço-o muito pouco, mas não hesito em dizer que foi condenado sem provas, por razões eminentemente políticas, como reconhecem insuspeitos juristas, que sequer tem simpatias por ele ou pelo PT.

Assim como temos que colocar na nossa bagagem de experiências os erros cometidos que permitiram a criação de um processo judicial ordinário, que se tornou rapidamente um processo político, devemos tratar, ora em diante, este processo judicial de sentenças tipicamente políticas, como uma experiência decisiva para requalificar, não somente as nossas instituições democráticas duramente conquistadas na Carta de 88, mas também para organizar uma sistema de alianças que dê um mínimo respaldo, social e parlamentar, para fazermos o dever de casa da revolução democrática: uma Constituinte, no mínimo para uma profunda reforma política, num país em que a mídia de direita é mais forte do que os partidos e as instituições republicanas.

* Tarso Genro é governador do Rio Grande do Sul
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Joaquim Barbosa faz mal ao Brasil

Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

Joaquim Barbosa é grosseiro, vingativo, arrogante, presunçoso, antipático, impiedoso e deslumbrado: ele é, em suma, o antibrasileiro.

A mídia tentou transformá-lo no oposto disso, mas felizmente a verdade se impôs. Não faz tanto tempo, publicações interessadas em promovê-lo disseram que sua máscara seria um dos destaques do Carnaval de 2013.


Ninguém as viu nas ruas.

Na última pesquisa de intenções de voto para 2014, Joaquim Barbosa foi lembrado por 0,5% dos ouvidos. Repito: meio eleitor em cada 100 citou JB. Perto dessa miséria de intenções, até Aécio parece uma potência.

Barbosa era uma grande esperança para a direita brasileira. Mas ele não pegou, simplesmente. Não aconteceu. Porque ele é a negação da alma brasileira.

Compare Barbosa com o recém-eleito prefeito de Nova York, Bill de Blasio. Este é um fato novo. Esmagou seu rival republicano nas eleições com uma campanha em que ele disse que Nova York não pode mais viver com tamanha desigualdade social.

Metade dos novaiorquinos são pobres ou perto disso. Há 50 000 pessoas sem teto na cidade que era vista como a capital do mundo.

Blasio disse: “Chega”. Estendeu a mão aos desvalidos. Sorriu aos islâmicos, tão discriminados – e tão espionados — depois do Onze de Setembro. Fez tudo isso sorrindo, falando a linguagem do povo – bem ao contrário do pedante e carrancudo JB.

Blaise representa os 99%. JB é o 1% togado. Blaise é um fato novo, a esquerda dando sinal de vida nos Estados Unidos. JB é o fato velho, um neolacerdista que faz do moralismo uma arma para enganar aquele extrato da classe média retrógrado, reacionário, egoísta e preconceituoso.

Como lembrou a atilada Lulu Chan, JB é o nosso Javert – o sinistro personagem criado por Vítor Hugo em Os Miseráveis.

A posteridade haverá de dar-lhe o papel que ele merece. No presente, este antibrasileiro é o Homem do Meio por Cento.
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O apelo dramático de Miruna Genoino

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

No começo da tarde de domingo, fui procurado por amigos da família de José Genoino. Pediram-me ajuda para divulgar um drama humanitário que vai se formando por ação da prisão intempestiva dos réus do julgamento do mensalão.

A família do ex-presidente do PT teme por sua vida e, conforme matéria do jornalista Paulo Henrique Amorim em seu blog, um laudo médico apoia tal temor.

De posse dos telefones de Rioko e Miruna – respectivamente, esposa e filha de Genoino – escolho a filha, julgando que estaria, talvez, menos abalada do que a mãe. Ledo engano. Estava muito abalada, mas, assim mesmo, falou sobre a saúde do pai e mandou um recado à sociedade.

Miruna conversou comigo aos prantos, arrastando-me para o seu estado de espírito, o que me fez terminar a entrevista igualmente abalado. Mas falou muito bem. A professora paulista de 32 anos é uma moça de mente ágil e, apesar da emoção, conseguiu exprimir com clareza do que seu pai, sua família e seus amigos mais precisam neste momento.

Segue, abaixo, a transcrição da entrevista com Miruna Genoino.

*****

A imprensa está repercutindo o estado de saúde do seu pai, de que seria delicado e ele não estaria sendo mantido em boas condições, o que poderia gerar risco para a saúde dele. O que você pode dizer sobre isso?

No dia 24 de julho, meu pai contraiu a doença mais grave da cardiologia, uma dissecção da aorta, e teve que sofrer uma cirurgia de 8 horas, da qual tinha 10% de chance de sobreviver, mas ele sobreviveu porque é um guerreiro. Em seguida, porém, ele sofreu um micro AVC.

Meu pai está tomando cinco medicamentos diferentes em dois horários do dia. Até então, ele não tinha entrado em nenhum avião. O voo o fez passar mal, talvez a pressão da cabine. A médica que o acompanha nos informou que alguém que passou por tudo isso não poderia estar sendo submetido a tal pressão. Meu pai deveria ser hospitalizado.

Ele viajou ontem de manhã a Brasília e às duas horas da manhã deste domingo ainda não estava acomodado.

Estamos com uma grande preocupação com a saúde dele; é a nossa maior preocupação, agora. A nossa luta é para provar a inocência do meu pai, mas, neste momento, a grande preocupação é com a saúde dele.

Como está o emocional da sua família?

A gente está num momento muito, muito difícil. O meu pai, antes de sair de casa para ser preso, nos disse que já tinha ficado confinado muito tempo em cela forte [durante a ditadura] e que estava preparado para isso.

Ele tem dois netos, os meus filhos, e eles estão muito assustados…

As crianças estão com vocês aí em Brasília?

Eles ficaram em São Paulo.

Mas ele ter sido transferido para Brasília ainda nos causa um transtorno emocional ainda maior, porque a gente tem que ficar longe das crianças…

[Miruna chora]

É muito complicado o nosso estado emocional…

Miruna, você está abalada com tudo isso e, assim, não gostaria de prolongar esta entrevista. Mas como sabemos que você, com suas declarações, está ajudando a que as pessoas entendam que há seres humanos por trás de toda essa história, concluo perguntando o que a família de José Genoino tem a dizer à sociedade.

Pedimos que a sociedade se informe. Qualquer pessoa que se informar de verdade, que não assumir o discurso da Rede Globo, do jornal Folha de São Paulo, da revista Veja, de todos os grandes meios, ela vai saber que a única coisa que meu pai fez nesta vida foi colocar acima de tudo o ideal dele por justiça social…

[Miruna volta a chorar]

Ele saiu do sertão do Ceará para tentar melhorar a vida das pessoas. E a vida inteira ele se sacrificou em todos os sentidos porque essa sempre foi a única luta dele. Então, se as pessoas se informarem todo mundo vai saber o homem que ele é…

[Chora de novo]

Eu só peço isso….

[O pranto aumenta]

Que não assumam… O discurso… Dessa mídia… Que procurem saber a verdade, ouvir o outro lado, o que meu pai tem a dizer…

(…)

*****

Percebi, nesse ponto da conversa, que só me cabia deixar a família com sua dor e, em vez de continuar chorando do lado de cá enquanto essa menina da idade da minha filha maior chorava do lado de lá, vir escrever o clamor emocionado dessa família, que pode perder aquele que tanto ama.

Concluo, pois, exortando as autoridades judiciárias a que respeitem o direito, apenas o direito de Genoino. Não pedimos, os parentes, amigos e até os admiradores dele que tenha regalias que ultrapassem os limites da lei, mas que não seja retaliado. Ele tem direito de receber cuidados médicos como qualquer cidadão privado de liberdade.

Genoino deveria estar num hospital. Levem-no para lá. Quem lhe nega esse direito a um tratamento digno responderá pelo que vier a lhe acontecer. Essa é a promessa de muitos que não se deixaram enganar pelos inimigos dele e que estarão muito atentos a cada minuto da vida desse homem, a partir de agora.
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Nem os ministros do STF endossam a decisão de Barbosa que produziu presos políticos em plena Democracia

Mas gente! Nem o STF apóia Barbosa? E mais, segundo matéria de Wilson Lima até os pares de Barbosa  sabem que a ação do ministro é eleitoreira?“Nos corredores do Supremo, a execução de prisão dos réus do mensalão em pleno feriado de Proclamação da República soa como mais um capítulo a ser utilizado pelo presidente do STF em uma eventual carreira política no futuro. Barbosa nega veementemente qualquer pretensão, mas admitiu pensar sobre o assunto quando deixar o Supremo.”
Ministros do STF questionam decisão de Barbosa sobre prisões do mensalão
Por Wilson Lima - iG Brasília
17/11/2013
Alguns ministros, embora reconheçam a prerrogativa do presidente da Corte, levantaram dúvidas sobre a execução das penas. Dos 12 réus, apenas Pizzolato está foragido
A expedição dos respectivos mandados de prisão de 12 réus do mensalão durante o feriado e final de semana gerou algumas críticas de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) ao presidente da Corte e relator do caso, Joaquim Barbosa. Dos 12 mandados expedidos, apenas um não foi cumprido, o do ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, que fugiu para a Itália. Outros 11 presos, entre eles o ex-ministro José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino, o publicitário Marcos Valério, se entregaram à Polícia Federal (PF) em seus respectivos Estados e, em seguida, levados para Brasília.

ALAN SAMPAIO/iG BRASILIA
Ministros do STF em sessão que determinou primeiras prisões do mensalão
A medida tomada por Barbosa de expedir os mandados de prisão em pleno feriado foi vista com ressalvas por alguns colegas da Corte. Eles afirmaram a pessoas próximas que não ficou claro no julgamento de quarta-feira como ocorreria a prisão dos réus do mensalão nem mesmo se houve a proclamação oficial do resultado do julgamento.
No final da sessão de quarta-feira, quando ficou decidido que as penas seriam executadas imediatamente, o presidente do STF começou a proclamar o resultado, mas foi interrompido por colegas durante a discussão relacionada à execução das sentenças. No final da sessão, Barbosa apenas disse: “Eu trarei amanhã (quinta-feira), eventuais aperfeiçoamentos à proclamação (de resultado) sugerida pelo ministro Luiz Fux. Está encerrada a sessão”.
No dia seguinte, Barbosa frustrou as expectativas e não citou o resultado do julgamento do dia anterior, determinando apenas a aprovação da ata de julgamento. Em tese, conforme alguns advogados, essa falha na proclamação do resultado pode gerar questionamentos e embasar eventuais pedidos de relaxamento de prisão dos réus. Em caráter reservado, nem mesmo os ministros entenderam se houve ou não a proclamação do resultado. Ministros também admitiram que isso é passível de questionamento futuro.
Alguns ministros também levantaram dúvidas sobre a determinação de Barbosa para que os 12 condenados fossem presos em Brasília antes de encaminhá-los aos seus respectivos domicílios prisionais. Um trâmite considerado inédito em termos de execução penal no País, já que, normalmente, presos condenados seguem direto para as unidades prisionais onde vão cumprir pena. Além disso, há casos como o do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, que deverá inicialmente cumprir a pena em regime semiaberto e que está abrigado temporariamente em regime fechado. A defesa de Dirceu classificou isso como um “gravíssimo equívoco” e, assim como o advogado do ex-presidente do PT José Genoino, entrou com recurso.
Para pessoas próximas, o ministro Ricardo Lewandowski, por exemplo, classificou a prisão e a transferência dos presos para Brasília como um “mero espetáculo”. Do outro lado, o ministro Gilmar Mendes se disse “aliviado” por “finalmente chegarmos a um desfecho desse caso”. Apesar de não concordarem com os métodos, ministros contrários ao posicionamento de Barbosa admitem que é de responsabilidade dele a execução das prisões, independentemente da opinião do plenário.
Todos os ministros são favoráveis à execução de sentenças sobre as quais não cabe mais recurso, como as dos réus sem direito aos embargos infringentes, como é o caso de Henrique Pizzolato, e aquelas condenações que não foram alvo de embargos infringentes, como as de corrupção ativa de Dirceu. Mas eles acreditam que o presidente do STF poderia esperar mais uma semana para prestar melhores esclarecimentos de como seriam as prisões. “Não entendi essa pressa toda”, admitiu um ministro em caráter reservado ao iG.
Nos corredores do Supremo, a execução de prisão dos réus do mensalão em pleno feriado de Proclamação da República soa como mais um capítulo a ser utilizado pelo presidente do STF em uma eventual carreira política no futuro. Barbosa nega veementemente qualquer pretensão, mas admitiu pensar sobre o assunto quando deixar o Supremo.
Leia tudo sobre: mensalão • julgamento do mensalão

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Do Maria Frô.
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