Marina pode abandonar Eduardo Campos

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Por Antonio Lassance, no sítio Carta Maior:

Ser vice para quê? Essa é a pergunta que começa a ser feita cada vez mais por membros do Rede Sustentabilidade, de Marina Silva.

Um integrante do Rede revelou à Carta Maior que a ideia de ser ou não ser vice de Eduardo Campos não está “sacramentada”; vai ficar para 2014 e será submetida ao “coletivo”. Esse é o compromisso que Marina teria assumido diante da perplexidade e, aos poucos, da insatisfação que tem sido gerada entre seus seguidores na relação com o PSB nacional e nos estados.

Segundo esse integrante, que participou recentemente da reunião em São Paulo que juntou dirigentes do PSB e membros do Rede, ambos os partidos estão ainda se conhecendo melhor, e as arestas a serem desbastadas são muitas.

A ideia de Marina ser vice não teria sido um compromisso. Foi simplesmente isto: uma ideia. Tendo sido proposta pela própria Marina, ela não estaria impedida de tirar o time de campo. O único acordo definitivamente selado entre os dois é o de que o candidato é Eduardo Campos. Marina, em hipótese alguma, disputará a cabeça de chapa do PSB.

Mesmo que quisesse romper esse acordo, o Rede sabe que não teria como derrotar a indicação mais que previsível do PSB. Além do controle de Campos sobre os diretórios estaduais, Marina Silva tem adversários à esquerda e à direita, no PSB, como, respectivamente, Roberto Amaral (primeiro vice-presidente nacional da sigla) e Márcio França (deputado federal e presidente do Diretório Estadual de São Paulo).

A chance de uma reviravolta na vaga para a vice-presidência não é o desejo pessoal de Marina Silva, que, como diria Vicente Matheus, entrou na chuva para se queimar. Por enquanto, também não é um assunto sequer cogitado por Eduardo Campos. Mas cresce, entre integrantes do Rede, a convicção de que não vale a pena estar na chapa presidencial.

Os argumentos contrários a se compor a vice do PSB são fortes e, paulatinamente, se tornam mais convincentes.

Até 2014, os pontos centrais da decisão vão depender, primeiro, do quanto Eduardo Campos conseguir receber de transferência de intenções de voto antes endereçadas a Marina. Segundo, de essa transferência ser capaz não apenas de provocar segundo turno, mas de fazer Campos superar Aécio. Por enquanto, o cenário atual, confirmado por pesquisas sucessivas, indica vitória de Dilma em primeiro turno, com Aécio em segundo, bem atrás de Dilma, e Campos em terceiro, bem atrás de Aécio.

Claro que eleições são ganhas ou perdidas durante uma campanha, assim como corridas são ganhas nas pistas, a cada curva, e não no grid de largada. Mas a estratégia precisa estar definida pelo piloto antes de ligar os motores.

A preocupação maior de setores ligados a Marina é a de que ela já fez demais por Campos e precisa se preservar para 2018. Esta seria a grande aposta, com uma candidatura “puro sangue”, com o Rede já constituído enquanto partido. Hoje, sendo inquilinos no senhorio do PSB, a parte que lhes cabe nesse latifúndio é considerada cada vez mais estreita, incômoda e constrangedora.

Marina Silva adoraria mostrar que transfere votos para quem bem desejar, mas a tarefa não parece tão simples. De todo modo, sem precisar estar na vice, ela poderia perfeitamente continuar fazendo campanha ao lado de Campos e aparecer de forma ostensiva no programa eleitoral, como aconteceu recentemente. E daria outra prova de desprendimento, dizem.

Além do mais, fora da chapa, estaria livre inclusive para associar sua participação em um eventual governo a um acordo mais amplo com o PSB, o que não pôde ser feito na filiação decidida atabalhoadamente, da noite para o dia.

Pensando em 2018, fora da vice, o Rede estaria livre até para se desvencilhar completamente de um governo Eduardo Campos. Em sua experiência como governador, Campos não tem um único traço da tal “nova política”. É adepto incontestável do presidencialismo de coalizão, ou seja, de coalizões grandes o suficiente para garantir maioria legislativa, e de equipes governamentais multipartidárias, contemplando todas as siglas de sustentação parlamentar.

A tal “nova política”, de que Marina muito fala, mas pouco explica, foi melhor esclarecida pelo deputado Márcio França (PSB-SP). Ele patrocina o acordo do PSB com o PSDB pela reeleição do governador Geraldo Alckmin, inclusive com a possibilidade de ser o candidato a vice. Contrário à ideia de candidatura do marineiro Walter Feldman e mesmo da correligionária Luíza Erundina (PSB-SP), ele explicou a Feldman, há poucos dias, que o acordo com Alckmin já estava fechado antes do Rede aportar nas praias do PSB.

Sua irônica exegese da bula marinada da nova política foi a de que, como Marina disse que é pra governar com os melhores do PT e do PSDB, está mais que confortável em apoiar Alckmin, que ele, por conta e risco, considera “um dos melhores” do PSDB. A nova política, assim, corre o risco de virar uma lista dos bons e dos justos escondida na cachola de Marina Silva, enquanto outros têm suas próprias listas guardadas no bolso.

Os sonháticos começam a perceber que seu partido barriga de aluguel, o PSB, e a candidatura a vice de Eduardo Campos estão mais para pesadélicos do que psicodélicos.

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“O implacável braço direito de José Serra” que tinha “ciência de tudo”

 Valor Econômico – 15/06/2010  



O implacável braço direito de José Serra


César Felício, de Manaus

Da Suframa à Fazenda paulista, Mauro Ricardo Costa bate de frente para impor mudanças, mas colhe resultados.

Durante os 15 anos em que trabalha com Serra, o atual secretário da Fazenda sempre foi designado para funções de enfrentamento com políticos e empresários.

Arrogante, implacável e eficiente. Essa trinca de adjetivos começou a acompanhar o funcionário público Mauro Ricardo Machado Costa, em 1996 quando atual secretário da Fazenda de São Paulo tinha apenas 34 anos. Nome certo para compor um eventual ministério do candidato tucano à Presidência, José Serra, Mauro Ricardo foi deixado naquele ano no comando da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) como uma herança de Serra, que se desincompatibilizava do Ministério do Planejamento para disputar (e perder) a eleição para a Prefeitura de São Paulo, ao sucessor Antonio Kandir.

Em três anos em Manaus, descritos posteriormente por Mauro Ricardo a interlocutores como “os piores da sua vida”, o administrador de empresas formado pela Fundação Getúlio Vargas do Rio, viveu um atropelo atrás do outro. Teve desentendimentos com dirigentes locais de empresas, a mídia amazonense, o então governador Amazonino Mendes, que estava no PFL (hoje DEM) e os trabalhadores do polo industrial.

O resultado é reconhecido por aliados e até por adversários do PSDB: nunca mais a autarquia foi a mesma, em termos de poder e de gestão de recursos públicos. Criada no governo Castello Branco em 1967, a Suframa começou a fomentar a produção industrial nos anos 70 e 80, em um modelo que previa cotas de importação, mercados protegidos e benefícios fiscais, tanto para importações quanto para qualquer compra de insumos fora do Amazonas. A Zona Franca tornou-se a produtora exclusiva no Brasil de diversos produtos, de motocicletas a relógios.

O superintendente era uma referência de poder no Estado que rivalizava com os governadores. Conta-se no Estado a polêmica entre Ruy Lins, um superintendente no governo Figueiredo, e o então governador José Lindoso (Arena), na década de 1980. Em uma solenidade, Lins não concedeu a palavra ao governador, que sentiu-se ofendido e pediu a demissão do técnico. Foi ignorado.

Com a redemocratização, a classe política local passou a controlar a autarquia. O primeiro superintendente dessa nova fase, Roberto Cohen, nomeado pelo então governador Gilberto Mestrinho (PMDB), foi demitido em meio ao primeiro escândalo, chamado à época, em 1985, de “crime do colarinho verde”. Tratava-se da manipulação do câmbio com a comercialização clandestina de cotas de importação fictícias. Funcionários de escalão inferior foram punidos. Em 1993, outro escândalo, o de vendas simuladas de açúcar para o Estado, levou à demissão do diretor de Mercadorias Nacionais e Internacionais, José Renato Alves, à época cunhado do então prefeito de Manaus, Eduardo Braga, hoje ex-governador e candidato a senador pelo PMDB.

Quando Serra assumiu o Ministério do Planejamento, teve que aceitar na Suframa a permanência de Manoel Rodrigues, um superintendente de confiança de Egberto Batista, que foi secretário do Desenvolvimento Regional no governo Collor. Uma das prioridades de Serra no ministério foi tentar conseguir a demissão de Rodrigues, sustentado pelo governador Amazonino Mendes.

Mauro Ricardo, um auditor fiscal, já começava a exercer o seu papel de interventor. Havia saído da coordenação de programação e logística da Receita Federal em 1993 para ser secretário de administração geral do extinto Ministério do Bem-Estar Social, no último ano do governo Itamar Franco. Caiu nas graças de Serra ao se tornar subsecretário de Planejamento e Orçamento do ministério em 1995.

Ao assumir o cargo, em abril de 1996 na Suframa, o fluminense de Niterói, que jamais trabalhou em seu Estado de origem, tinha um mandato claro: sua missão era acabar com a ingerência política na autarquia e condicionar a aprovação de Processos Produtivos Básicos (PPBs) – conjunto de regras que as interessadas em benefícios fiscais precisam cumprir, comprovando a realização de uma série de etapas da produção dentro do polo – a metas até então ausentes da Zona Franca, como o direcionamento para exportações. Desde 1991 o superintendente perdeu o poder sobre a concessão dos PPBs, que passou para uma comissão interministerial, mas sempre manteve sua influência.

O corte da influência política foi radical e hoje é elogiado até por opositores do PSDB. “Ele fez uma reforma adequada no mérito, exagerada na forma. Puniu o justo e o pecador”, comenta Eduardo Braga. A reestruturação levou Amazonino e seus aliados a uma grande pressão junto ao então presidente Fernando Henrique Cardoso pela demissão de Mauro Ricardo. Em maio de 1997 o governador estava prestes a conseguir o seu objetivo, quando a sua citação no escândalo da venda de votos a favor da emenda constitucional da reeleição fragilizou politicamente tanto Amazonino quanto o governo federal.

No processo eleitoral de 1998, houve um recrudescimento da pressão. A atuação de Mauro Ricardo tornou-se o pivô de uma divisão da base governista. A ala de Amazonino pedia a sua substituição e os tucanos o sustentavam. “Foi a única vez em que pensei em romper com Fernando Henrique”, diz um de seus defensores à época, o senador Arthur Virgílio Neto (PSDB-AM), que chegou a ser ministro da Secretaria-Geral da Presidência na gestão de FHC.

Mauro Ricardo – o primeiro superintendente a mandar cercar a área do distrito industrial, para impedir invasões – moveu uma ação de reintegração de posse para expulsar ocupantes de terras vinculados a políticos simpatizantes de Amazonino. Cortou a conversa também com o empresariado. “Ele dizia que só recebia em sua sala representantes de empresas que assinavam cheque”, relembra o ex-prefeito de Manaus Serafim Corrêa (PSB), colega de Mauro Ricardo em cursos de formação de auditor fiscal. Em outras palavras, Mauro Ricardo só conversava com diretores das empresas do polo com efetivo poder decisório, o que excluía muitos interlocutores.

“Ele era um homem sanguíneo, que dançava conforme a música. Se estava tocando valsa, era valsa. Se fosse rock and roll, ele ia para o rock and roll”, comenta o presidente do Centro da Indústria do Amazonas (Cieam), Maurício Loureiro, citando como exemplo a negociação em torno da cobrança de uma taxa da Suframa de 1,9% sobre o valor FOB das importações das empresas. No meio do processo, sindicalistas promoveram o enterro simbólico de Mauro Ricardo dentro do Distrito Industrial. O superintendente suspeitou que o protesto contava com o apoio das empresas e suspendeu o diálogo.

Nos seus três anos de Manaus, Mauro Ricardo teve pouco convívio social. “Ele não frequentava restaurantes, bares e festas. E raramente visitava”, disse Serafim, que era interlocutor do superintendente na ocasião. Um de seus apoios era Arthur Virgílio, que lembra do empenho de Mauro Ricardo em tocar violão entre seus raros amigos da época.

A profissionalização da Suframa foi uma das marcas deixadas pelo gestor. “Ele nos deu segurança para trabalhar. Criou a base que foi mantida e ampliada pelos superintendentes que o sucederam”, comenta o atual superintendente-adjunto da Suframa, Oldemar Iank. Seus sucessores, Antonio Sérgio Mello, Ozias Rodrigues e a atual superintendente, Flavia Grosso, também são eminentemente técnicos.

O que não surtiu efeito foi a tentativa de converter a Zona Franca do mercado interno para o externo. A meta de R$ 1 bilhão de exportações prevista para 1998 só foi atingida dez anos depois. “Ninguém exporta por decreto”, comenta Iank. O faturamento anual das empresas do polo, que era de US$ 11,7 bilhões em 1995, caiu para US$ 7,2 bilhões em 1999, ano em que Mauro Ricardo saiu da superintendência para assumir a presidência da Fundação Nacional da Saúde (Funasa). Em 2009, o faturamento foi de US$ 25,9 bilhões.

Em parte em razão do magro resultado econômico, em parte graças à campanha movida por Amazonino, Mauro Ricardo contribuiu para cristalizar a imagem contrária à Zona Franca de Manaus de que Serra até hoje tenta se desvencilhar. Atual prefeito de Manaus pelo PTB, Amazonino foi procurado pelo Valor, mas não quis conceder entrevista. Há dez anos, em conversa com o jornal, disse o seguinte: “O Mauro não tinha uma visão correta sobre o papel da Zona Franca, mas refletiu o pensamento do governo federal. Quando batia de frente com o governo, em relação às medidas econômicas que afetavam a Zona Franca, ele não sabia o que fazer, aguardava instruções”.

Ao sair da Suframa, a autarquia havia sido transferida do Ministério do Planejamento para o do Desenvolvimento, no segundo governo Fernando Henrique. Mauro Ricardo assumiu a presidência da Funasa, já completamente vinculado ao então ministro da Saúde, José Serra. O político tucano era ministro há um ano e o ex-superintendente da Suframa sucedeu a Januário Montone, outro homem de confiança de Serra. Não houve na Funasa o mesmo abalo sísmico que ocorreu em Manaus.

Mauro Ricardo permaneceu em Brasília até janeiro de 2003, quando o então governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), pediu a Serra uma indicação para a presidência da Copasa, a estatal mineira de saneamento. A intenção de Aécio era transformar a empresa em geradora de caixa para o Estado e atração no mercado de capitais. Serra, que não estava em nenhum cargo público, após a derrota na eleição presidencial de 2002, indicou Mauro Ricardo.

Em Belo Horizonte, o ex-presidente da Funasa assustou os empregados da Copasa com o estilo distante, a cobrança por resultados e a pouca disposição em colher sugestões de gestão da velha guarda da empresa. A Copasa em 2002 teve um prejuízo de R$ 89 milhões. No último ano de Mauro Ricardo na presidência da empresa, em 2004, houve lucro de R$ 253 milhões. A receita subiu de R$ 878 milhões para R$ 1,2 bilhão entre 2002 e 2004.

Ao chegar a São Paulo em 2005, quando Serra assumiu a prefeitura da capital do Estado, Mauro Ricardo comandou um processo traumático, ao lado do então secretário de Planejamento, Francisco Vidal Luna, e do secretário de Negócios Jurídicos da prefeitura, Luiz Marrey Júnior: alegando que a prefeita anterior, Marta Suplicy (PT), havia ordenado gastos da prefeitura sem a devida cobertura orçamentária, Mauro Ricardo suspendeu o pagamento a prestadores de serviço e fornecedores e estabeleceu, unilateralmente, um cronograma de sete anos para o pagamento da dívida. Foi a vez dos paulistas perceberem a pouca disposição de Mauro Ricardo em entrosar-se com empresários, já sentida pelos manauaras nos anos 90.

A receita de São Paulo cresceu 41,1% em termos nominais, entre 2007 e 2009, o tempo de Mauro Ricardo à frente da Secretaria da Fazenda. Novamente o braço direito de Serra chocou a classe empresarial ao recusar-se a receber, várias vezes, dirigentes e empresários antes da tomada de decisões. As mais polêmicas delas foram as substituições tributárias para diversos produtos, um mecanismo pelo qual uma determinada empresa ganha a incumbência de recolher o imposto de sua cadeia de fornecedores.

Mas não se limitou a isso: estabeleceu para os setores que gozavam de benefícios fiscais regimes especiais, que só permitem a inclusão de empresas que não tenham débito, de nenhuma forma com o Estado. Dessa maneira, em caso de um empresário se sentir prejudicado por uma medida e pretender recorrer, ele perderá a sua inclusão no regime.

Limitando seus contatos com a imprensa a temas técnicos, Mauro Ricardo destoou apenas em um episódio: quando comentou a decisão judicial que condenou a 94 anos de prisão a empresária Eliana Tranchesi, considerada culpada por sonegação. “Achei pouco”, disse ao jornal “Folha de S. Paulo”, propondo a seguir, em tom de brincadeira, a pena de crucificação para os considerados sonegadores. A declaração causa mal-estar até hoje nos meios empresariais de São Paulo.

Abaixo, extraído do Conversa Afiada, como a Folha fala de Mauro Ricardo e a Máfia do ISS: um homem sem rosto


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MP não descarta ouvir Kassab e Mauro Ricardo sobre fraude em SP


Promotor que investiga o caso afirma não haver indícios contra eles, mas diz que pode covocá-los, se necessário, para esclarecer denúnciais de servidor

08 de novembro de 2013 | 15h 14

SÃO PAULO – O promotor Roberto Bodini, que investiga a fraude na arrecadação do Imposto Sobre Serviços (ISS) na Prefeitura de São Paulo, disse na tarde desta sexta-feira, 8, que não descarta a possibilidade de convocar o ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) e seu então secretário de Finanças, Mauro Ricardo Machado Costa. Ambos foram citados pelo auditor fiscal preso Ronilson Bezerra Rodrigues em grampos obtidos durante a investigação.

“Nesse momento não há nenhum indício contra o ex-prefeito e o ex-secretário, mas no decorrer das investigações, se necessário for, poderei ouvi-los”, disse o promotor. Outra possibilidade é o Ministério Público (MP) interrogar o próprio Ronilson.

No grampo divulgado nessa quinta-feira, 7, no Jornal Nacional, da TV Globo, o fiscal dizia que a investigação deveria chamar o ex-prefeito e o ex-secretário, pois eles tinham “ciência de tudo”.

“Preciso perguntar para Ronilson o que ele quis dizer com ‘ciência’ e com ‘tudo’”, disse o promotor.

Prisão. Bodini disse que, por ora, não deve oferecer denúncia contra os três fiscais que ainda estão presos. Assim, ele não vai pedir a prisão preventiva dos fiscais, que devem ser liberados à 0h deste sábado, 9. O MP, no entanto, pedirá à Justiça a retenção dos passaportes dos investigados.

PS do Viomundo: E o Gerson Carneiro nos manda a página interna da Folha de S. Paulo, que usa “prefeito” no título (referência ao ex-prefeito Gilberto Kassab) e a foto de Fernando Haddad.


No Viomundo
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Lei da Mídia Democrática na Câmara

Do sítio do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC):

Deputados federais debaterão amanhã (12) a democratização dos meios de comunicação no Brasil e mais especificamente a Lei da Mídia Democrática, projeto de lei de iniciativa popular que propõe a regulamentação dos setores de rádio e televisão brasileiros.

A plenária acontecerá às 16 horas, em audiência conjunta das comissões de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática, Comunicação e Informática, da Comissão de Cultura e da Comissão de Educação, a pedido das deputadas Luciana Santos, Jandira Feghali, Alice Portugal (PCdoB), Iara Bernardi e Fátima Bezerra (PT) e do deputado Izalci Lucas Ferreira (PSDB).

O projeto de Lei da Mídia Democrática, um instrumento da campanha Para Expressar a Liberdade, foi lançado no dia 1º de maio por centenas de entidades do movimento social e da sociedade civil. Coordenado pelo Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), é uma proposta de regulamentação do setor de radiodifusão que busca garantir os direitos da liberdade de expressão e do direito à comunicação expressos na Constituição Federal Brasileira.

Propõe a regulamentação, por exemplo, dos artigos da carta magna que proíbem o monopólio dos meios de comunicação e daqueles que impedem que políticos sejam donos de rádios e TVs. Apesar da proibição expressa, menos de dez famílias concentram empresas de jornais, revistas, rádios, TVs e sites de comunicação no país. E centenas de parlamentares são proprietários de meios de comunicação. “Esta situação leva à ausência de pluralidade e diversidade na disseminação e acesso à cultura, à informação e ao debate público no país, assim como interfere no direito à voz, à liberdade de expressão”, explica Rosane Bertotti, coordenadora do FNDC, que participará do debate. O projeto já possui mais de 50 mil assinaturas e precisará de cerca de 1,3 milhão para ingressar no Congresso Nacional como vontade da população.

Segundo a Agência Câmara, os parlamentares requerentes lembram que o Código Brasileiro de Telecomunicações, que regulamenta atualmente o setor, é de 1952, quando não existia internet, redes sociais, telefones celulares nem TV por assinatura. A revolução tecnológica e as mudanças sociais, políticas e econômicas, que aconteceram neste período, alteraram drasticamente a forma de comunicação. Por isso defendem uma nova legislação que contemple toda essa convergência tecnológica.

Foram convidados para a audiência o jornalista e editor do Blog Viomundo, Luiz Carlos Azenha; a Coordenadora Nacional do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), Rosane Bertotti; o presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, Miro Borges; o presidente da Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores da Comunicação (AlterCOM), Renato Rovai; e a presidente do Instituto Palavra Aberta, Patricia Blanco Belmonte.

Também foram convidados para o debate o presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Daniel Slaviero; o presidente da Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner), Frederic Zoghaib Kachar; e o presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Carlos Fernando Lindennberg Neto.

A coordenadora da Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e o Direito à Comunicação com Participação Popular, deputada Luiza Erundina (PSB-SP) e o relator do Marco Civil da Internet, deputado Alessandro Molon (PT-RJ) também farão parte da discussão do tema.

Serviço:

Audiência Pública Conjunta - "Debate acerca da democratização dos meios de comunicação, mais especificamente sobre o projeto de lei de iniciativa popular em fase de coleta de assinaturas"

Dia 12/11, às 16h

Câmara dos Deputados - Plenário 4
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Aécio é o FHC depois da lipo!

Por Paulo Henrique Amorim, no blog Conversa Afiada:

O PiG (*) cada vez menos cheiroso, o jornal Valor, publica uma síntese do pensamento (sic) econômico do candidato Aécio Never.

O problema começa no título: o economista que faz a cabeça do Aécio é o grande empresário Alexandre Accioly, amigo e compadre de Aécio.

Accioly é dono da rede de fisiculturismo Bodytech, na zona Sul do Rio (onde mais seria ?), e tem uma filosofia empresarial que replica a do amigo e compadre:

“Não cuido de nada: deixo tudo com os meus sócios”

Foi o que fez Aécio em Minas: deixou tudo com o Anastasia e a irmã.

O Valor omitiu esse grande pensador na lista dos que fazem a cabeça do Aécio.

Omite também o Príncipe da Privataria, o que substituiu Tancredo na posição de demiurgo do Aécio.

Como se sabe, depois de Ulysses tanto insistir, Tancredo ofereceu a Fernando Henrique o cargo de “Ministro da Articulação Sociológica do Governo no Congresso”.

O cargo correspondia a ter uma sala, uma secretária e um carro oficial – e poder nenhum.

Porque, como se sabe, “não se pode levar esse rapaz a sério”, na opinião do avô do Aécio.

Pois o Príncipe é hoje o patrono de Aécio, após abandonar o Cerra à beira da estrada.

Dentre os economistas notáveis que “fazem a cabeça” do Aécio há os suspeitos neolibelês (**) de sempre.

Armínio 40% de Juros, Edmar Bacha, que trocou a reputação de economista para ser banqueiro, e Gustavo Franco, que foi demitido pelo Fernando Henrique depois de levar o Brasil à bancarrota.

E Elena Landau, devotada conselheira do Daniel Dantas e, antes disso, privatista infatigável.

Ela só não vendeu a Petrobrax porque não teve tempo.

Há novidades na lista do Valor, mas são economistas cuja reputação ainda está por firmar-se.

Aparecem como “especialistas imparciais” no PiG (*), aqueles a quem o Requião chama de “nada sabem de tudo”.

Quais são as ideias que fazem a cabeça do Aécio (outras do Accioly não se conhecem) ?

O primeiro ano de Governo será de forte ajuste fiscal – ou seja, tome juros na veia !

40% à la Armínio !

(Nenhuma novidade: a Bláblárina já tinha defendido isso, para a incontida felicidade do Itaú, de novo, alvo da “ortodoxia tucana”…)

Os economistas neolibelês (**) pregam também uma revisão da rede de proteção social – leia-se o Bolsa Família -, responsável, segundo eles, por uma insuportável carga tributária.

Velha cantilena.

O que eles querem mesmo é realizar o sonho do Cerra: vender o Bolsa Família à Walmart.

Querem reduzir drasticamente as alíquotas de importação.

E dane-se a indústria nacional.

E abram-se as portas à indústria estrangeira.

Para isso, deverão jogar o câmbio às alturas para baratear as importações e levar o Cerra ao desespero (Cerra, como se sabe, tem uma fixação: o câmbio).

Os jenios do Aécio querem rever a Lei do Salário Mínimo, porque “vai obrigar o Governo a elevar impostos”.

Bingo!

Pau no salário mínimo!!!

Também não é novidade nenhuma.

Na entrevista coletiva que concedeu à Folha (***), o Dudu pregou a política do “pau no salário mínimo”!

Quem precisa de salário mínimo?, perguntava o Príncipe quando governava o Brasil e achatava o salário mínimo.

Os neolibelês do Aécio também querem “oxigenar” o mercado de trabalho.

Ou seja, rasgar a CLT!

(Esse pessoal tem um problema com o Vargas que não foi resolvido até hoje: salário mínimo, CLT, Petrobras…).

E, por fim, como não podia deixar de ser, “uma agenda de privatizações, concessões e parcerias público-privadas sem vedações (sic) ideológicas”.

“Vedação ideológica” deve ser essa praga do “nacionalismo”.

É a velha mania de vender a Petrobrax, agora revigorada pela necessidade de rasgar o contrato de partilha e realizar o sonho do Cerra – entregar o pré-sal à Chevron.

Clique aqui para ver que o Aécio voltou ao local do crime: a Petrobrax.

Esses tucanos são engraçados.

Não tem uma ideia original.

E pensam que conseguem formular velhas ideias com novas palavras e os parvos se deixarão enganar.

O Dudu, a Bláblárina, o Aécio e o Cerra não trazem nada de novo.

Eles são o que o Príncipe definiu com mordaz precisão: serve qualquer um deles, desde que não seja a Dilma.

É só isso o que eles são: o não-Dilma, o não-Lula !

Não precisam de ideias.

Nem novas nem velhas.

São as de sempre.

A menos que os sócios do Accioly tenham outras…

* Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

** “Neolibelê” é uma singela homenagem deste ansioso blogueiro aos neoliberais brasileiros. Ao mesmo tempo, um reconhecimento sincero ao papel que a “Libelu” trotskista desempenhou na formação de quadros conservadores (e golpistas) de inigualável tenacidade. A Urubóloga Miriam Leitão é o maior expoente brasileiro da Teologia Neolibelê.

*** Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é, porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.


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Haddad e os erros na comunicação

Por João Peres, na Rede Brasil Atual:

Não deixa de surpreender a afirmação do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), de que sua gestão é vítima do que classificou como monopólio da informação. “Nós não podemos ter uma sociedade monolítica em que só alguns falam. E esses alguns têm o pensamento único e só o pensamento deles que vale. Tudo que difere do que eles pensam está errado”, disse, na última sexta-feira (8), durante entrevista coletiva. “É o império da comunicação, querendo ditar a política pública em São Paulo. Mas comigo isso não vai funcionar.”

O que surpreende, no entanto, é a gestão privilegiar os tradicionais veículos comerciais – cuja credibilidade está em decadência – e explorar de pouco a nada as novidades possíveis do mundo da informação. Haddad está na vida pública há tempo suficiente para conhecer essa deformação da democracia brasileira. Como ministro da Educação, sofreu com campanhas anti-Enem. Como integrante da gestão de Marta Suplicy na mesma prefeitura que ora ocupa viu de perto o potencial difamador dos veículos tradicionais.

Ainda assim, apostou todas suas fichas naqueles que agora acusa de serem promotores do terrorismo da desinformação. Eleito "homem novo" há um ano, o petista imprimiu em seu primeiro ano de gestão uma política de comunicação que não deixa a dever à lógica de mão única do século 20. Todos os dias, deu de comer àqueles que agora o golpeiam.

O prefeito será homem novo se transformar em atos concretos a insatisfação recém-externada. Dois dias depois de ser sacaneado pela Folha de S.Paulo com a manchete “Prefeito sabia de tudo, diz fiscal preso em gravação” (o fiscal se referia ao ex-prefeito Gilberto Kassab), Haddad concedeu entrevista à mesma Folha – na qual é visível e risível o desinteresse dos entrevistadores nas apurações da Controladoria Geral do Município, obra do atual prefeito.

Há uma enorme gama de possibilidades, que inevitavelmente passa por imprimir uma política de comunicação do século 21. O prefeito não explorou em nada as redes sociais desde que se elegeu – repetindo Dilma, que só voltou a se valer destes canais recentemente, ainda sob o choque das manifestações de junho. A página da prefeitura na rede não comunica, é difícil de entender. Para piorar, é antiquada em termos de exploração de tecnologias. Na falta de cadeias nacionais de rádio e TV, vídeos seriam apenas uma das ferramentas capazes de quebrar o intermediário “terrorista”.

A onda de notícias contrárias ao reajuste do IPTU, medida que vai beneficiar com isenção mais da metade da população de São Paulo, piorou a avaliação pessoal do prefeito, mostrarão as pesquisas de opinião. Ao imposto veio se somar a distorção em torno da operação que resultou na prisão de quatro auditores fiscais que podem ter desviado R$ 500 milhões dos cofres da endividada administração municipal.

O esquema só foi descoberto porque a Controladoria Geral do Município (CGM) foi atrás de evidências que o antecessor ignorou. Mas Folha, Estadão e Globo, novamente, transformaram o prefeito em suspeito de tolerância com os desvios. E aí, sim, é de surpreender que Haddad tenha impresso em São Paulo, centro nacional de difamação da classe política, um projeto comunicacional tímido e antiquado.

Basicamente, o prefeito repetiu em sua gestão a marca comum de quase todas as administrações do PT país afora – Planalto incluído – ao acreditar que poderia, por dentro da mídia tradicional, disputar o discurso supostamente formador de opinião pública.

Não existe nada de "novidadeiro" na campanha que estes veículos adotam contra o IPTU, ainda menos na distorção de fatos investigados pela CGM. Não é preciso sentir na pele o "terrorismo da desinformação”" para saber que ele existe. Cada vez mais setores da sociedade se dão conta de que a mídia tradicional atende a interesses tradicionais, ou seja, de especuladores do mercado financeiro e de elites agrárias e industriais.

Haddad não é o primeiro a se desencantar. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva há algum tempo vem pregando a necessidade de criar novos canais de comunicação com a sociedade, entendendo que não adianta esperar dos atuais veículos massivos de imprensa uma conduta “republicana”.

Neste sentido, Haddad fará bem se olhar mais para o Sul e menos para o Centro-oeste. Quando a presidenta da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, decidiu enfrentar o poder dos donos das grandes extensões de terra em um país basicamente agroexportador, notou que seu amigo – a imprensa tradicional argentina, liderada pelo grupo Clarín – era mais fiel ao inimigo. E decidiu bancar o debate sobre a Lei de Meios Audiovisuais, aprovada e sancionada em 2009, e que apenas no último mês entrou plenamente em vigor, com uma decisão da Corte Suprema de Justiça que determina que o Clarín cumpra a legislação, considerada plenamente constitucional.

O prefeito não tem como fazer uma lei com esse alcance. Mas pode imprimir uma mudança de hábitos. Chegado novembro, nota-se que a diferença de tratamento entre mídia tradicional e nova mídia no Palácio Anhangabaú não sofreu mudança considerável. A desatenção não se restringe ao prefeito: é um defeito que alcança secretarias importantes. Que o diga esta RBA, representante da nova mídia com cobertura diária de temas municipais e não raras vezes prejudicada – e, por extensão, seus leitores – pelo déficit de atendimento que move algumas autoridades municipais.

Um déficit do qual não se ressentem Folha, Estadão ou a Globo, com seu SPTV, entre outros intermediários “terroristas”. Haddad deu um primeiro passo ao dizer que um império da comunicação quer ditar as políticas públicas em São Paulo. Falta agora fazer cumprir a segunda parte de sua fala: a de que, com ele, não vai funcionar. Faltam três anos de mandato. Dá tempo.
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