POLÍTICA - O Brasil teimoso.


O resultado do Ibope e o Brasil teimoso

O resultado do Ibope vai intensificar o alarido conservador que já ganhava contornos de uma operação de vida ou morte nos últimos meses.

por: Saul Leblon 


O resultado do Ibope desta 5ª feira vai intensificar o alarido conservador que já ganhava contornos de uma operação de vida ou morte nos últimos meses.

A um ano do pleito, é cedo para quem pode comemorar a perspectiva de vitória incondicional no 1º turno, como mostram as pesquisas.

Mas o cedo para a cautela é tarde para o desespero de quem uiva e ruge mas não avança.

Patina.

E vê a perspectiva da reeleição crescer  com consistência, sem dispor sequer de um nome definido para afrontá-la. Quanto mais de um projeto crível.

A operação ‘vale tudo’, velha conhecida de outros pleitos, está de volta.

Desta vez, com requintes de decibéis.

Sintomático, em primeiro lugar, é que nenhum espaço seja poupado na arregimentação de um poder de fogo que parece não ter mais nada a perder.

Tome-se o jornal Valor Econômico, uma sociedade entre os Frias e Marinhos.

O diário nunca ocultou  a natureza de um veículo feito para o  mercado.

Pautado por eficiente carpintaria informativa, indisponível nos demais noticiosos da mesma cepa, tornar-se-ia uma ilha de credibilidade no oceano ardiloso da chamada grande imprensa.

Não é mais assim. Infelizmente.

Desde que ficou clara a exaustão do linchamento petista na embutida operação AP 470, o jornalismo do Valor foi convocado a desembainhar armas.

A frequência com que o verbo ‘surpreendeu’  passou a frequentar suas manchetes é inversamente proporcional ao acerto da recorrente extrema unção ministrada  à economia brasileira em suas páginas.

Se não for hoje, de amanhã não escapa.

É o que resmungam os textos às seguidas contrariedades de indicadores cujo resultado ‘surpreendeu os mercados’, dizem as manchetes desenxabidas.

O jornalismo  novo-cristão do Valor foi o endereço do recado duro desfechado pela Presidenta Dilma Rousseff  contra a manipulação informativa  sobre o modelo de partilha, adotado na exploração do pré-sal brasileiro.

A segunda-feira (21/10) seria decisiva para o teste desse protocolo. Um fiasco no leilão de Libra poderia colocar tudo a perder .

Ademais de oferecer a retroescavadeira ansiada pela oposição e pelas petroleiras internacionais para enterrar o futuro da regulação do pré-sal, poderia sepultar junto o projeto de reeleição do governo Dilma.

Manchete garrafal na edição do Valor endereçada aos investidores horas antes do certame:

‘Modelo de Libra deve ser revisto’

Ora, se eu cogito investir bilhões num negócio com prazo de validade inferior ao de um pote de iogurte, melhor recuar. Melhor esperar as condições mais favoráveis aos ‘mercados’, veiculadas pelo Valor a partir de abalizadas inconfidências  de ‘fontes do Planalto’.

 ‘Não atribuam a nós uma dúvida que não existe no governo (assumam). Quem são essas fontes, por que não se mostram’, fuzilou a Presidenta depois do sucesso do leilão, que consolidaria um núcleo estatal, com 60% do consórcio (Petrobras, mais as chinesas), mas incluiria também as imprevistas (inclusive por Carta Maior) adesões da Shell e da Total, com os restantes 40%.

O episódio magnifica uma rotina que será intensificada em espirais ascendentes até a urna de 2014.

O conservadorismo pressente que a alavanca política na qual já apostou a eleição de 2006 – o dito ‘mensalão’— não lhe dará, de novo, o passaporte da volta ao poder.

As baterias  se voltam, assim,  para a trincheira econômica, de onde se vislumbra um flanco histórico para ressuscitar a velha e boa receita do lacto purga ortodoxo contra os males do país.

Existe algum chão firme nesse propósito.

O Brasil vive, de fato, uma transição de ciclo econômico. Como a viveu em 30, em 50, em 60 e em 2002.

Decisões estruturais são cobradas para pavimentar o passo seguinte do seu desenvolvimento.

Não há receita pronta; tampouco as  pedras do jogo podem ser alinhada em uma palheta bicolor.

Quem reduz a luta pelo desenvolvimento às escolhas binárias acredita no fabulário clássico que trata a economia política como ciência exata.
  
O Brasil é o desmentido eloquente desse charlatanismo.

Nos últimos doze anos, o país não fez tudo o que poderia ter feito.

Mas ampliou o investimento social do Estado; recuperou o poder de compra popular; gerou um novo ator político composto de 60 milhões de pessoas que ascenderam ao mercado de massa; retomou o papel indutor do setor público na economia; reservou entre 70% a 80% da renda da maior descoberta de petróleo do século 21 a uma redistribuição social capaz de redimir a escola pública e a saúde; afrontou a lógica da Nafta em busca de uma nova ordem internacional; fortaleceu a agenda progressista latino-americana.

Avançou.

Mas o país ainda flutua no leito de uma travessia inconclusa.

Carece, agora, de um salto de investimentos  que lhe forneça os trilhos, a coerência e a base sustentável à nova engrenagem em construção.

O Brasil tem no pré-sal  um poderoso vetor desse processo, capaz, ademais, de renovar sua planta  fabril estiolada em décadas de crise externa e desequilíbrio cambial.

Os encadeamentos intrínsecos  ao modelo de partilha destinam ao mercado doméstico brasileiro ao menos 50% dos R$ 200 bilhões em encomendas de equipamentos e serviços requisitados apenas no caso de Libra.

Os oligopólios mundiais cobiçam o apetite brasileiro.

Num planeta cujo principal problema é justamente a falta de demanda para sair da crise, há uma Nação que adicionou 60 milhões de consumidores à fila do caixa; tem plano de aceleração do crescimento que inclui 17 mil kms de estradas e ferrovias, ademais da construção simultânea de portos, aeroportos e hidrelétricas e, por fim, dispõe de 100 bilhões de barris de petróleo no fundo do mar. E sabe extraí-los de lá.

Não é pouco.

A chance de abocanhar mais do que interessa ao país ceder, pressupõe ganhar uma guerra: a guerra das expectativas.

O pulo do gato consiste em fazer o Brasil desacreditar da capacidade de comandar o seu próprio destino.

A isso se dedica com redobrada contundência o noticioso econômico nos dias que correm.

O episódio protagonizado pelo Valor é apenas a ilustração sôfrega do que vem pela frente.

Os exemplo  se avolumam.

O desemprego em setembro oscilou de 5,3% para 5,4%, em relação a agosto.
Uma diferença de 0,1%.

Foi o melhor setembro do mercado de trabalho desde 2002, diz o IBGE.

A renda real do trabalhador  cresceu 0,9% no mês e a  indústria liderou a criação de vagas: 68 mil novos empregos.

Manchete garrafal no site de O Globo na manhã desta 5ª feira: ‘Taxa de desemprego sobe para 5,4% ‘.

Não é um ponto fora da curva.

A Folha’ esquenta as turbinas para 2014 oferecendo sua manchete principal no mesmo dia  a ressuscitar as missões do FMI.

Aquelas que faziam furor em suas visitas imperais a um Brasil endividado e genuflexo.

O diário dos  Frias recorre à desacreditada gororoba  do diagnóstico fiscal do Fundo na tentativa de ofuscar a vitória do governo no leilão de Libra.

O Fundo aleijou a Europa com a mesma receita endossada aqui pela manchete da Folha.

A ponto de a Espanha hoje ter um déficit fiscal que é quase o dobro daquele anterior à crise.

A austeridade ministrada decepou a receita do governo.

A recessão autossustentável fez o resto.

Há seis milhões de desempregados no país (26% da força de trabalho).

O principal jornal espanhol, El Pais, criou  um espaço fixo para contar histórias da grande diáspora da juventude da Espanha, em busca daquilo que a austeridade lhe subtraiu: emprego, esperança e razão de viver.

O conservadorismo sabe as consequências do que busca.

Elas são funcionais ao jogo de quem considera que para um país ir adiante, é preciso fazer o seu povo andar para trás.

É  um velho divisor da política nacional.

Convém estar atento aos campos que  ele delimita, para além das aparências e divergências pontuais.

Nos anos 50, um pedaço das forças progressistas só foi perceber o seu lado quando o povo já estava nas ruas apedrejando os carros do jornal O Globo.

Getúlio, isolado pela esquerda e esmagado pela direita, dera um cavalo de pau na história com um único tiro.

Que até hoje alerta para o conflito de interesses intrínseco à luta pelo desenvolvimento brasileiro.


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POLÍTICA - A oposição se deu mal.

IBOPE mostra que oposição se deu mal ao antecipar debate sucessório



A pesquisa IBOPE/O Estado de S.Paulo, publicada hoje pelo jornalão da família Mesquita, recoloca no lugar o debate antecipado imposto pela oposição sobre a sucessão presidencial e os frutos que ela colhe dessa precipitação. A pesquisa nem altera os resultados de levantamentos anteriores mais recentes, pelo contrário, confirma-os, todos indicando que, mantido o quadro de hoje, a presidenta Dilma Rousseff se reelege no 1º turno na eleição do ano que vem.
O que essa pesquisa IBOPE/Estadão traz hoje de mais importante é que ela expressa a derrota da oposição em sua estratégia de antecipar a disputa eleitoral presidencial. Apesar de todo espaço dado pela grande mídia e de sua insistência atribuindo ao ex-presidente Lula essa antecipação planejada e deflagrada pelos adversários.
Lembram-se do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso lançando a candidatura do senador Aécio Neves (PSDB-MG) contra a pretensão do José Serra de ser candidato ao Planalto pela 3ª vez? FHC fez esse movimento ainda antes de o presidente Lula anunciar que a presidenta Dilma é candidata à reeleição…
Apostaram na crise e ficaram a ver navios
O fato é que os oposicionistas apostaram na crise e na paralisia do governo. E até mesmo na sua desestabilização, via perda da maioria na Câmara dos Deputados, mediante eventual corrida parlamentar para novas candidaturas presidenciais…
Mas a resposta do governo às manifestações das ruas, as sucessivas vitórias governistas no Congresso Nacional – a mais expressiva destas, a aprovação da Medida Provisória que instituiu o Programa Mais Médicos -, a estabilização da economia sem recessão, desemprego e corte de gastos públicos, e a firmeza e serenidade com que garante e mantém a inflação sob controle, o emprego e a renda levaram a oposição a naufragar em sua estratégia de antecipar a corrida presidencial.
Também a própria situação internacional, o pouso suave do governo brasileiro conjugando sua política econômica à de estímulos do FED (banco central americano), junto com a firme vontade política de enfrentar o debate e as críticas da oposição, estão aí, expressos nessa mais nova pesquisa IBOPE/Estadão. São resultados que indicam o acerto da estratégia do governo.
Dilma não perde para ninguém no 1º e no 2º turnos
A pesquisa ressalta ainda, sem deixar dúvidas, que a presidenta Dilma não perde para ninguém no 1º e muito menos no 2º turno, hipótese que, de acordo com este levantamento (e com anteriores), só ocorrerá se os candidatos da oposição forem a ex-senadora Marina Silva (PSB/Rede) e o ex-governador José Serra (PSDB).
Só nesta hipótese haverá haverá empate técnico no 1º turno, com os dois se aproximando da votação obtida pela candidatura Dilma Rousseff e a disputa vai para uma 2ª etapa.
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MÍDIA - Agora ficou jóia.

Agora ficou jóia













A Folha de São Paulo acaba de incluir Reinaldo Azevedo e Demétrio Magnoli em seu rol de colaboradores fixos. Tudo em nome do “pluralismo”, já que, como sabemos, o jornal é dominado por autores progressistas e radicais de esquerda.

Cáspite. Não havia gente mais reacionária e estreita disponível no mercado? Que tal Jair Bolsonaro? Será que ele não tem coisas muito profundas a expelir? E Diogo Mainardi, refugiado na Itália?

Depois da lamentável decadência no final do segundo governo Lula, a Folha parecia acomodada numa espécie de conservadorismo orgulhoso com espasmos sazonais de equilíbrio. A sensação era de uma busca lenta e gradual pela credibilidade perdida. Mas não adiantou ser otimista.
Pulando uma coluna aqui e uma página acolá, outra coluna cá e outra página adiante, logo chegaremos ao ponto de apenas constatar a existência da Folha, descartando-a em seguida. Leitura dinâmica é isso aí.
Fonte:

Guilherme Scalzilli

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POLÍTICA - Pesquisa IBOPE.

Dilma ganha de todos no 1º turno e a vitória se desenha, também, se houver 2º


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PETRÓLEO - "Fernando Henrique Cardoso está se sentindo pequeno"

Ildo Sauer: “Fernando Henrique Cardoso está se sentindo pequeno”



por Luiz Carlos Azenha
Foi tudo bem. Ganhamos! Partilha não é concessão, que não é privatização. Quem você pensa que somos? O Brasil é pobre e não tem dinheiro para fazer as coisas sozinho. Todos os que não concordam com o discurso oficial foram definitivamente hipnotizados pelo Plínio de Arruda Sampaio. O carioca nem ligou para o leilão e curtiu a praia, que esse negócio de petróleo é muito complicado para ele. A China vai nos salvar dos Estados Unidos! Só o black bloc quer estragar a festa. Todo mundo que não concorda é ressentido, tucano ou ultraesquerdista — menos o Arnaldo Jabor e a Miriam Leitão, que aplaudiram o leilão. Gabrielli? Fracassado. Metri? Sindicalista! Requião? Gagá. Petroleiros? Oportunistas. Comparato? Dinossauro.
Estes foram alguns dos argumentos brandidos nas últimas horas em torno do leilão de Libra. Mas, se tudo é tão simples assim e o leilão foi um grande negócio, por que o desespero, a tentativa de sufocar as opiniões contrárias? Será que foi mesmo um grande negócio, que nem merecia um amplo debate no Congresso Nacional e com os brasileiros, que são donos dos recursos “partilhados”?
O Viomundo insiste que seu papel é suscitar o debate e ouvir quem não tem espaço na mídia corporativa, cujos grandes patrocinadores foram contemplados hoje com uma fatia considerável do petróleo descoberto pela Petrobras no pré-sal.
Por isso fomos ouvir o professor Ildo Luís Sauer, diretor do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo, depois do leilão, que segundo o blog do Planalto foi um grande sucesso.
Ele tem um currículo que o qualifica, no mínimo, a ser ouvido:
Graduado em Engenharia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1977), possui mestrado em Engenharia Nuclear e Planejamento Energético pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1981), doutorado em Engenharia Nuclear pelo Massachusetts Institute of Technology (1985) e Livre Docência pela Universidade de São Paulo (2004). Servidor público desta instituição desde 1991, é Professor Titular e atual Diretor do Instituto de Eletrotécnica e Energia, tendo exercido os mandatos de Diretor da Divisão de Ensino e Pesquisa e Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Energia até 2011. Nesse Instituto, já exerceu os cargos de Coordenador de Pesquisas em 1994 e 1995 e Coordenador do Programa (Interunidades) de Pós-gradução em Energia, de 1999 a 2003, concomitantemente com a Presidência da Comissão de Pós-graduação. Esteve licenciado entre 31/01/2003 e 24/09/2007, para exercer o cargo de Diretor Executivo da Petrobras, responsável pela Área de Negócios de Gás e Energia. Nesse período, consolidou e expandiu os segmentos de gás natural, de fontes renováveis, de biocombustíveis e de geração e comercialização de energia elétrica. Ainda na Petrobras, exerceu os cargos de Secretário Executivo do CONPET, diretor da Petrobras Energía Participaciones S.A. e diretor da Petrobras Energía S.A. Representou a Petrobras nos eventos globais “IPCC Expert Meeting on Industrial Technology” (IPCC/UNEP, Tóquio, 2004) e “Meeting with Business Leaders on G8 Priorities” (WEF/UK Government, 2005). Realizou atividades de assessoria na empresa Tecsauer Consultoria Ltda., na área de projetos, ensaios e garantia da qualidade para o desenvolvimento de projetos de plantas térmicas e de equipamentos, entre 1989 e 1991. Entre 1986 e 1989, foi servidor público na Coordenadoria de Projetos Especiais do Ministério da Marinha, COPESP, exercendo o cargo de Gerente de Projeto de Desenvolvimento do Circuito Primário de uma planta nuclear protótipo tipo PWR de aproximadamente 48 MW. Nesse período, foi responsável pela coordenação técnica e administrativa dos projetos conceituais básicos e executivos, envolvendo áreas de termo-hidráulica, mecânica, análise estrutural, blindagens nucleares, instrumentação, arranjo e integração, interface com controle de planta e programa experimental. Publicou 17 artigos em periódicos internacionais, quatro livros, além de contribuir com capítulos em outros seis livros, de autores distintos. Concluiu até o momento a orientação de 36 dissertações de mestrado e onze teses de doutorado. Supervisionou também trabalhos de pós-doutorado e iniciação científica. Participou de mais de 130 bancas examinadoras e dez bancas de comissões julgadoras. Foi agraciado com cerca de 10 prêmios e títulos. Participou, como convidado, de algumas dezenas de eventos e concedeu inúmeras entrevistas. Em 2008 recebeu,  das mãos da Secretária Geral da Campanha  ”O Petróleo é Nosso”,  Maria Augusta Tibiriça, o título de “Membro Honorário da Associação de Engenheiros da Petrobras – AEPET”. É natural de Campina das Missões, RS, onde foi Presidente do Grêmio Estudantil Tiradentes, em 1969-70, Secretário Executivo do Sindicato de Trabalhadores Rurais 1971-74 e Goleiro do E.C. Cruzeiro, 1972-74, do qual é sócio-fundador, membro da Diretoria do EC Cruzeiro e do Clube Bela Vista.
Depois de falar à agência alemã Deutsche Welle, Sauer atendeu o Viomundo.
O ideal é ouvir a entrevista completa, logo abaixo.
ACHOU A GRAVAÇÃO? SÃO 30 MINUTOS DE ENTREVISTA?
Porém, em resumo, ele disse:
– Ninguém tem todo o dinheiro para bancar a exploração de Libra. As empresas Shell e Total vão ao mercado financeiro obter os recursos depois da certificação do petróleo existente em Libra, num papel que ele definiu como de “office-boy” da Petrobras. De fato, a Petrobras fará o trabalho pesado — tem tecnologia e conhecimento para isso. As parceiras terão, lá na frente, um lucro desproporcional ao investimento feito agora.
– O leilão foi um erro estratégico, pois junta num mesmo consórcio interesses antagônicos. Os chineses, assim como os norte-americanos, representam os interesses dos consumidores. Trabalham pelo menor preço possível do petróleo. Ao Brasil, segundo Sauer, não interessa uma produção acelerada que contribua para derrubar os preços, como está escrito na estratégia oficial de energia dos Estados Unidos.
– A ideia de que a presença dos chineses no consórcio protegeria o Brasil da IV Frota dos Estados Unidos é uma “piada”, segundo Sauer, já que os interesses de Estados Unidos e China, como grandes consumidores, são convergentes quando se trata do preço internacional do petróleo.
– Não dá para calcular, ainda, exatamente com quanto o Brasil ficará da produção de Libra. Por volta de 60%, segundo Sauer, quando o padrão internacional para empresas estatais é de 80% (no caso da PDVSA venezuelana e da Aramco, da Arábia Saudita). Seria diferente se, por exemplo, o governo tivesse optado por contratar a Petrobras diretamente, o que está previsto em lei. Na opinião de Sauer, houve um crime contra o Brasil, na medida em que o país buscou sócios para partilhar petróleo já descoberto. Em resumo, na opinião dele houve entreguismo equivalente à da venda da Vale do Rio Doce por Fernando Henrique Cardoso.
– Muito embora a juiza da ação tenha se negado a dar liminar, Sauer ainda acredita na possibilidade de cancelamento do leilão, na ação que move ao lado do professor Fabio Konder Comparato.
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