POLÍTICA - A lorota da polarização PT x PSDB

 


Muito papel e muita conversa da mídia oposicionista sobre as eleições de 2014. A primeira é sobre o fim da polarização PT x PSDB, que estaria ocorrendo agora por causa da candidatura Eduardo Campos-Marina Silva. Ora, essa polarização não existiu em 1989 e nem nas eleições de 2002 e 2010.
Só existiu na de 2006, quando no 1º turno Geraldo Alckmin (PSDB) obteve 41,6% e Lula (PT), 48,6%.  Em 2002, José Serra (PSDB) teve 23%; Anthony Garotinho (então no PSB) teve quase 18%, e Ciro Gomes (então PPS) chegou a 12%. Em 2010, Serra teve 32,6%  na 1ª etapa e Marina, 19%.
Essa conversa sobre a polarização, portanto, serve para esconder que, desde 1994, o que existe é a disputa entre dois projetos políticos para o país: um de centro esquerda liderado pelo PT, e o outro de centro direita sob a batuta do PSDB.
São projetos distintos sobre o papel do Estado, dos bancos e empresas públicas, sobre como crescer e a quem beneficiar, sobre a distribuição de renda, a educação e a saúde pública, a política industrial e a externa, a defesa comercial de nossa economia.
Aliados ao projeto derrotado
O fato relevante nesta eleição nacional de 2014 é que dois ex-aliados e responsáveis pelo projeto que levou o presidente Lula ao governo e o país a extraordinárias conquistas econômicas e sociais estão agora aliados ao projeto derrotado que vigorou lá nos anos 90, comandado pelo ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso, mas está derrotado desde 2002 pelos presidentes Lula e Dilma Rousseff.
Basta ver hoje na mídia e nos últimos dias a concordância entre Aécio Neves (PSDB), Marina e Campos (PSB-Rede) sobre o tripé macroeconômico, bem na linha do capital financeiro. E também alinhados em todas as outras críticas ao governo Dilma, com Marina “costeando o alambrado”, como dizia o ex-governador Leonel Brizola, rumo a se alinhar com a direita.
Fora o fato de que algumas críticas não passam de falácias ou hipocrisia pura, como a do aparelhamento do Estado e acordos no Legislativo – Marina falou em “chantagem”. Como se em Minas, São Paulo e Pernambuco não fosse igual, os governos tucanos e de Campos não administrassem mediante coalizão com partidos às vezes antagônicos entre eles.
Não passam de falácias e hipocrisias, também, essas críticas sobre os atrasos de obras ou essas mentiras como a que o país deixou de ser prioridade para o Investimento Estrangeiro Direto (IED). Ora, neste ano, somos o 4º maior destino desses investimentos. Resta ver, agora, se Marina-Eduardo Campos vão continuar sua caminhada rumo ao projeto de centro-direita…
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ECONOMIA - Más notícias para a oposição.



Para desgosto da oposição, a inflação cai, a indústria e o comércio reagem, a confiança do consumidor vai se recuperando e não haverá o fim do mundo nos Estados Unidos. Pelo contrário, houve acordo no Congresso sobre a dívida do país, evitando o calote. E há também a indicação de um pouso suave em 2014 nos estímulos monetários do FED (Federal Reserve).
A criação aqui no Brasil de 211 mil novas vagas com carteira assinada em setembro reforça a sinalização de uma demanda firme e um crescimento maior no próximo ano. Boas notícias para o Brasil, mas ruim para a oposição.
Ao divulgar os números, o Ministério do Trabalho avaliou que há uma “reação do mercado de trabalho” formal no país. Em julho, haviam sido criadas apenas  41.463 vagas. Já em agosto foram 142 mil. E agora esses 221 mil.
Para o ministério, o resultado foi positivo porque houve uma “expansão quase generalizada dos setores de atividade econômica”. A indústria de transformação gerou 63,2 mil vagas.
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OS EUA E A AGRICULTURA FAMILIAR.

Dr. Rosinha denuncia ofensiva dos EUA aos programas de apoio à agricultura familiar


Do PTnaCâmara  14/11/2013

O deputado Dr. Rosinha (PT-PR), em discurso na tribuna da Câmara na semana passada, fez duras críticas ao que considera uma “ofensiva” dos Estados Unidos sobre as políticas públicas do governo brasileiro. O petista cita o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), o Compra Direta e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) como alvos de ataque do governo de Barack Obama para favorecer o setor agrícola do seu país.

“O Ministério do Desenvolvimento Agrário e o Ministério do Desenvolvimento Social têm feito uma política de incentivo à pequena produção da agricultura familiar. Os Estados Unidos ameaçam, agora, levar o Brasil à OMC [Organização Mundial do Comércio], dizendo que isso é subsídio”, denunciou Rosinha.

“Nós sabemos que a União Europeia e os próprios Estados Unidos fazem subsídios de bilhões — não são milhões — de dólares ou de euros, na União Europeia, para a agricultura. E, no caso dos Estados Unidos, não é um subsídio para produção, é um subsídio para exportação, o que demonstra um favorecimento das grandes empresas”, lembrou o parlamentar, que preside a Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara. Rosinha ressaltou que o Compra Direta, por exemplo, é voltado para abastecer hospitais, escolas, entidades filantrópicas e restaurantes populares. “Ou seja, atendendo à economia popular”, disse. No caso do Pronaf, o deputado destacou que se trata de um instrumento de crédito cujos recursos são pagos pelos agricultores familiares.

Em relação ao PNAE, Rosinha frisou que o Congresso aprovou a lei que estabelece que pelo menos 30% dos alimentos do programa sejam fornecidos pela agricultura familiar. “São incentivos à produção e não subsídios à produção da agricultura familiar. Nós temos de condenar essa proposição feita agora pelo Barack Obama”, cobrou o petista. Conab – No pronunciamento, Rosinha também criticou a política do Ministério da Agricultura em relação à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). “Ele [o ministério] quer fazer da CONAB um instrumento do agronegócio e não um instrumento da agricultura familiar. E usa de vários métodos, de vários mecanismos, desde assédio moral a seus servidores até, inclusive, perseguição aos movimentos sociais”, protestou o deputado.
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EUA - O complexo de Sansão.


O Complexo de Sansão - Por Immanuel Wallerstein


Wallerstein sustenta: crise do sistema-mundo capitalista produz divisão rara entre poderosos e gera enorme instabilidade. Será preciso definir projetos alternativos
Na Bíblia, há a famosa lenda do herói Sansão. São muitas as interpretações sobre seu significado; mas Sansão, um israelita cuja força era originária de Deus, põe abaixo o templo os inimigos filisteus (também muito poderosos), morrendo no processo. Seu sentido, imagino, é dizer que um ato aparentemente irracional (Sansão morre) pode ser ao mesmo tempo heróico e inteligente, porque se converte na saída (possivelmente a única) para derrotar um inimigo forte e “salvar seu povo”.
Parece que temos um punhado de supostos Sansões, atualmente. Estão bloqueando, ou procurando bloquear, o que consideram ser “compromissos” perigosos com o inimigo. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, está dizendo que “um mau acordo é pior que nenhum acordo”. Ele refere-se ao que enxerga como o acordo entre os EUA e a Rússia, em torno da Síria; e a um possível acordo entre Washington e Teerã. Na Colômbia, o ex-presidente conservador [Alvaro Uribe] está investindo contra seu sucessor, também conservador [Juan Manuel Santos], porque este está em negociações com as FARC, sob os auspícios de Cuba e do Brasil.
E, é claro, temos as não-negociações maciças, em curso nos Estados Unidos. Nelas, os membros de ultra-direita do Congresso, em especial na Câmara dos Representantes, estão usando sua força para vetar qualquer comprimosso com as forças inimigas lideradas pelo presidente Obama e o Partido Democrata. Veem como “inimigo interno” todos os republicanos que buscam algum tipo de “compromisso”.
Não é difícil mostrar que todos estes Sansões estão botando a casa abaixo não apenas sobre seus inimigos mas também sobre si mesmos. Para eles, contudo, mesmo que isso seja verdadeiro, há um timing a considerar. Estão convencidos de que precisam agir agora, enquanto têm forças para fazê-lo. Do contrário, o inimigo vencerá e poderá institucionalizar – ou manter – o mal que estaria sendo cometido.
Este tipo de luta ideológia, impermeável ao chamado pragmatismo, não foi inventado nos últimos dez ou vinte anos. É tão velho quanto a socialização humana. Mas assumiu uma característica especial agora, precisamente porque estamos nos espamos de uma crise estrutural em nosso sistema-mundo capitalista. Numa crise estrutural, pode-se esperar dois grandes fenômenos: enorme confusão intelectual e, como consequência, mudanças selvagens de atitude, que conduzem, por sua vez, a guinadas ainda mais bruscas.
Como há cada vez mais grupos prontos para botar o templo abaixo, mesmo que sejam também esmagados, quem parece mais confuso e indeciso sobre o que fazer é o chamado Establishment. Foram-se os dias em que ele podia cinicamente manobrar e obter o que queria. Não é mais verdade que “plus ça change, plus c’est la même chose” – ou seja, que as mudanças são apenas aparentes.
Que podemos fazer, os que buscamos mudanças reais, um sistema-mundo distinto do que prevaleceu ao menos nos últimos 500 anos? A primeira coisa é não nos prendermos aos debates e guinadas selvagens entre os Sansões e os Establishments. Realmente não importa qual deles vença, no curto prazo.
A segunda coisa que deveríamos fazer é não disperdiçar toda nossa energia lamentando o fato de que quem deseja mudanças fundamentais (a chamada esquerda global) não parece estar unida, ou ter clareza sobre seus objetivos, ou envolvida em ações e organização urgentes. O fato é que ela própria está envolta na confusão, pelo menos no momento.
O fato de o templo estar caindo é algo muito além de nossas forças para contê-lo – mesmo que o desejássemos. Mas não somos obrigados a permanecer sob a avalanche das rochas. Precisamos tentar escapar. Podemos estar certos de que os membros mais poderosos do Establishment também estão tentando.
Mas como escapar, e com que objetivos? Também nós precisamos ter senso de timing, e lembrar a diferença entre o curto prazo (três anos ou menos) e o médio prazo (os próximos vinte a quarenta anos).
No curto prazo, as pessoas (os 99%) estão sofrendo. Precisamos lutar para reduzir sua dor, uma luta que deve assumir múltiplas formas. Podem ser pressões por leis, ou decisões de órgãos do Estado, que ajudem de modo imediato os necessitados, ou evitem danos maiores ao ambiente, ou protejam direitos de populações como os indígenas ou as chamadas minorias sociais.
Mas no médio prazo, precisamos tentar esclarecer a natureza das estruturas que queremos construir, se formos bem-sucedidos na encruzilhada que nosso sistema-mundo atravessa. Precisamos tentar entender não apenas os objetivos de médio prazo da direita mundial, mas a natureza de suas profundas divisões internas. A chamada esquerda está profundamente dividida, também. Precisamos trabalhar para superar isto.
Nada é fácil, neste tempo de transição de um sistema-mundo para outro. Mas tudo é possível – ainda que inteiramente incerto.
Imagem: Francisco Goya, Duelo com porretes (1823, detalhe) | Tradução: Antonio Martins
Fonte: http://outraspalavras.net/ 
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GEOPOLÍTICA - O Brasil e a América Latina.


O Brasil e a América Latina, segundo Perry Anderson – por Marco Aurélio Weissheimer




O neoliberalismo segue aprofundando seu poder no mundo. Só na América do Sul a direção adotada tem sido a contrária, com maior ênfase no papel do Estado e no controle público e menos nas privatizações. A América Latina está no contrafluxo, sendo portadora de uma esperança que não existe em nenhum outro lugar do mundo hoje. E esse processo traz uma novidade importante. A maior nação do continente, o Brasil, não está na retaguarda como estava em 1820, mas sim na linha de frente. O Brasil foi o primeiro país latino-americano a cancelar uma viagem aos EUA, que costuma ser um tradicional exercício de humildade para os governos da região. Tudo isso ainda é uma obra em andamento, concluiu, mas é um processo no contrafluxo da ideologia mundial dominante que representa uma esperança para outros lugares do mundo.

A avaliação é do historiador marxista britânico, Perry Anderson, que esteve em Porto Alegre, segunda-feira (14), para uma conferência no evento Fronteiras do Pensamento. De 1815 a 2013: a América Latina e o concerto político das nações. Esse foi o tema abordado pelo historiador na conferência proferida no Salão de Atos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Perry Anderson partiu de uma sugestão básica: a coisa mais próxima do sistema internacional de estados que vemos no início do século 21 é a ordem política estabelecida na Europa, na primeira metade do século 19, com o Congresso de Viena, conferência entre embaixadores das grandes potências europeias de então, realizada entre 1814 e 1815, com o objetivo de redesenhar o mapa político do continente após a derrota de Napoleão. Essa conferência, assinalou o historiador, resulto em um novo concerto político entre as nações europeias que se estendeu até por volta de 1853, quando eclodiu a Guerra da Crimeia. Esse concerto instituiu uma frente política entre as cinco grandes potências da época – Inglaterra, Rússia, Prússia, Áustria e França - cujos objetivos principais eram evitar o surgimento de levantes revolucionários e de novas guerras no território europeu.

Os governos dessas potências formaram uma pentarquia com o objetivo de preservar a paz no continente e, é claro, defender seus interesses políticos e econômicos. Assim como ocorre em nossos dias, como nos casos do Iraque e do Afeganistão, os integrantes da pentarquia do Congresso de Viena enfrentaram tentativas de sublevações no território europeu. Essas tentativas vieram, indicou Perry Anderson, e foram reprimidas na Itália, na Espanha e na Hungria, por tropas da Áustria, da França e da Rússia, respectivamente. Estabeleceu-se uma forma de equilíbrio, uma coordenação estabilizadora, que a Europa até então não conhecia. Durante cerca de quarenta anos, até a Guerra da Crimeia, não houve qualquer guerra importante na Europa e nenhuma sublevação.

Esse período costuma ser apontado por historiadores como um avanço civilizatório, assinalou ainda Perry Anderson. Desde o Renascimento a Europa não conhecera um período de paz tão prolongado. Os países que compunham a pentarquia tinham, é certo, importantes diferenças entre si. A Rússia czarista estava numa categoria a parte, pois ainda era uma monarquia feudal. A Grã-Bretanha, por sua vez, era a única potência capitalista avançada. Esses dois países eram as duas potências militares da época: a Grã-Bretanha possuindo o maior poder naval, e a Rússia o maior poder terrestre. Esses dois poderes hegemônicos, destacou o historiador, expandiram seus impérios, enquanto os demais disputaram franjas na periferia (a França, na Argélia e na Indochina, por exemplo, os Estados Unidos no México e outros países europeus na África, especialmente).

O que vai acabar destruindo a paz de Viena são conflitos na periferia desses impérios, como ocorreu com o barril de pólvora dos Balcãs que detonou a Primeira Grande Guerra Mundial. A partir daí, instala-se um período de anarquia competitiva entre as grandes potências que resultará em duas sangrentas guerras mundiais, como se sabe. Depois, entre 1945 e 1989, o sistema político internacional será regido pela Guerra Fria, com dois blocos opostos disputando influência no mundo. Esse período chegará ao fim em 1991, com a desaparição da União Soviética. Hoje, destacou Perry Anderson, vivemos outra metamorfose do sistema político internacional com o surgimento de uma espécie de nova pentarquia, constituída por Estados Unidos, União Europeia, Rússia China e Índia. O historiador apontou as particularidades desses novos candidatos a donos do mundo:

A União Europeia comanda o maior PIB do planeta, mas segue sendo uma confederação incompleta de Estados. A Rússia, embora bem menor que a União Soviética, ainda possui a maior massa de terras do mundo e o segundo arsenal nuclear. A Índia, em breve, será o país mais populoso do mundo e também é uma potência nuclear. Os Estados Unidos são o maior poder econômico, financeiro, tecnológico e militar. E a China é um regime comunista que preside a economia mais dinâmica do pós-guerra.

Na avaliação de Perry Anderson, estamos vivendo um lento processo de cristalização de um consenso entre essas nações. Um consenso baseado em algo mais prosaico, do que ocorreu no Congresso de Viena, mas, por outro lado, mais complexo. O perigo maior não é a ameaça da guerra, mas sim a interdependência econômica que prende essas nações em um abraço mútuo. “As principais ameaças para a estabilidade vêm da possibilidade de desordem econômica. É por isso que algo equivalente ao que foi feito no Congresso de Viena, foi criado por meios dos fóruns do G4, G7 e G20”, observou o historiador.

O risco maior para a estabilidade política internacional hoje, enfatizou, é o estouro de crises financeiras como a que ocorreu em 2008. “O início do século 21 está muito distante do universo polarizado do pós-guerra. A globalização unificou os interesses objetivos subjacentes desses países e a legitimidade interna dessas grandes potências depende da manutenção do crescimento econômico. O temor comum de todas elas é o de um colapso desse crescimento”.

E a América Latina o que tem a ver com tudo isso? Perry Anderson estabeleceu um paralelo entre os movimentos de independência e de libertação colonial que ocorreram no continente latino-americano quando o sistema político europeu era regido pelo Congresso de Viena e o recente ciclo de governos progressistas na região que caminham na contramão da ortodoxia neoliberal que domina a economia mundial. Quando a contrarrevolução triunfou na Europa, com o Congresso de Viena, a América Latina viveu um momento de emancipação. Um dos fatores que contribuiu para isso, no âmbito da política europeia, foi o enfraquecimento da Espanha que era objeto de preocupação por parte da pentarquia. Em 1823, exemplificou o historiador, uma revolução liberal na Espanha foi esmagada pela França. E será a Grã-Bretanha que ditará as condições e os termos da independência brasileira.

Com o colapso do sistema do Congresso de Viena, a América Latina ganhou espaço para respirar e se reavivar politicamente. A primeira grande revolução do século XX, lembrou Anderson, ocorreu no México. “Os Estados Unidos estavam muito preocupados com a Primeira Guerra Mundial e a situação de anarquia internacional”. Seguiram-se outros processos revolucionários em países como Nicarágua, El Salvador, Cuba, Bolívia, Chile, Peru e Venezuela, entre outros. Onda após onda, as revoltas populares marcaram a América Latina no século 20. No último quarto do século, houve uma guinada neoliberal em praticamente todo o continente. Pela primeira vez, destacou o historiador, o continente estava alinhado com a ideologia dominante do capitalismo global.

No século 21, isso mudará abruptamente com o surgimento de governos de esquerda e progressistas na Venezuela, Brasil, Argentina, Uruguai, Bolívia, Equador, Peru e Chile. “Raramente essas experiências se articulavam como ocorreu no início deste século”, apontou. Nenhuma dessas experiências é igual, reconheceu Perry Anderson, mas elas apresentam um fato comum. “Com todas as restrições e ressalvas necessárias, há um fato que é expressivo. O neoliberalismo segue aprofundando seu poder no mundo. Só na América do Sul a direção adotada tem sido a contrária, com maior ênfase no papel do Estado e no controle público e menos nas privatizações. Esse é um panorama similar ao que tivemos no século 19. Com as guerras no Iraque e no Afeganistão, os Estados Unidos deixaram a região um pouco de lado. A América Latina está no contrafluxo, sendo portadora de uma esperança que não existe em nenhum outro lugar do mundo hoje”.

E uma novidade importante desse processo, disse ainda Anderson, é que a maior nação do continente, o Brasil, não está na retaguarda como em 1820, mas sim na linha de frente. “O Brasil não faz parte da pentarquia (“por não ter armas nucleares e estar muito longe da Eurásia, entre outras razões”, mas em vez disso, oferece ao mundo um novo horizonte de reformas sociais”. Falando sobre o recente episódio da espionagem praticada pela Agência Nacional de Segurança dos EUA contra o governo e empresas do Brasil, Perry Anderson destacou a reação da presidenta Dilma Rousseff: “Foi o primeiro país latino-americano a cancelar uma viagem aos EUA, que costuma ser um tradicional exercício de humildade para os governos da região”. Tudo isso ainda é uma obra em andamento, concluiu, mas é “um processo no contrafluxo da ideologia mundial dominante que representa uma esperança para outros lugares do mundo”.

Fonte: http://www.cartamaior.com.br/
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