POLÍTICA - Aliança PSB-Rede.

Na aliança PSB-Rede, um comportamento um tanto hipócrita e cínico

Marina e Campos
Pela primeira vez desde que anunciaram a aliança PSB-Rede Sustentabilidade sábado pp., a dupla parceira Eduardo Campos-Marina Silva esteve junta em São Paulo. Os dois almoçaram – nos Jardins -, visitaram o governador tucano Geraldo Alckmin, concederam entrevistas e reiteraram que só vão definir candidatura ao Planalto em 2014.
Agora, apertados pelos jornalistas, afinaram os discursos, responderam de forma idêntica e evitaram adiantar qual dos dois disputará o pleito no ano que vem. Reiteraram que estão em busca de “nova política”. Não é a primeira e nem a última vez que Eduardo Campos e Marina Silva afirmam que a aliança deles é programática.
Nesta semana de vigência do pacto deles, só houve um momento em que Marina se traiu: foi quando anunciou sábado passado, em Brasília, o acerto entre os dois, como uma “aliança pragmática”, para corrigir-se em seguida dizendo que é uma “aliança programática”.
Se o dizem, deve ser mesmo aliança programática…
Programática começando pela Código Florestal, alma e coração da Rede Sustentabilidade de Marina e dos ambientalistas, no qual o PSB de Eduardo Campos votou com a bancada ruralista do deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO), da senadora Kátia Abreu (ex-PSD, agora PMDB-TO); e o PT, com os ambientalistas. Eles podem, Eduardo, Marina, e seus partidos, evidentemente mudar e se associar em torno de um programa básico.
Isso é possível. Todos nós evoluímos e mudamos. Basta ver o governador e mesmo a ex-senadora com suas alianças esdrúxulas, agora com um discurso de nova política, contra o fisiologismo e as raposas da política. Só que, na prática, estão repetindo tudo o que condenam. O que eles não podem é dizer que as alianças dos outros não eram e não são programáticas.
Então o PSB, que até menos de um mês atrás estava no governo – onde ficou anos e anos -, não participou da construção do programa da Frente Brasil Popular em 1989? Seus dirigentes, que participaram daquela construção, eram clones e/ou fantasmas? O PSB não participou da construção do programa de governo do presidente Lula em 2006 e do da presidenta Dilma Rousseff em 2010?
Eduardo e Marina, ministros da administração Lula, sim…
Então, estes dois novos parceiros não governaram e participaram como ministros dos governos Lula, ele como titular do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, ela como ministra do Meio Ambiente? Então, Marina Silva esteve no PT durante 25 anos (filiada e cumprindo mandatos pelo partido) com base em programas publicamente construídos com sua participação e da sociedade organizada?
Claro que participaram. Eduardo e Marina, ministros da administração Lula, sim… Suas atuais declarações simplesmente só comprovam como estão agindo no vale tudo da política, que chancelam com um comportamento um tanto hipócrita e cínico.
(Foto: João Cruz/ABr)
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Quando Dólares Falam Mais Alto




O Instituto Presidente João Goulart, através de João Vicente Goulart, recebe a denúncia do então Major do Exército Erimá Pinheiro Moreira, esclarecendo em detalhes os motivos que levaram o general Kruel, que era amigo do Presidente João Goulart, mudar de posição em menos de 12h.

Mineiro de Alvinópolis, Erimá Pinheiro Moreira, hoje com 94 anos e anistiado como Tenente Coronel Farmacêutico, servia no Hospital Geral de São Paulo em 31 de março de 1964 sob as ordens do então comandante do II Exército, General Amaury Kruel. Paralelamente, Erimá era proprietário de um laboratório farmacêutico particular, próximo ao hospital e a sede da FIESP. 

Para aqueles que ainda imaginam terem os golpistas civis e militares agido por idealismo, este corajoso depoimento revela em detalhes o que aconteceu naquele dia trágico para a democracia brasileira.
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Entregando a Rede Liberdade


Estimados amigos e companheiros:

durante estes anos, desde a campanha presidencial de 2010 mantive p o site da Rede Liberdade, e outros companheiros mantiveram um blog, e outras mídias com o título de rede Liberdade.

A Rede Liberdade foi criada para apoiar a candidatura de Dilma e toda a aliança em torno dela para a governabilidade.

Foi criada e depois foi mantida pós eleição a partir de uma sugestão do Zé de Abreu, e serviu-nos em todos os momentos.

Poderia citar uma centena dos fundadores, aqueles que primeiro estiveram conosco.

Fato é que desta centena, ou mais,  muitos deles afastaram-se por questões diversas, desde passados os momentos emocionais imediatos da luta até mesmo à luta diária pela sobrevivência que nos rouba o tempo.

Nunca me interessou que a Rede fosse chapa branca de governo, ou linha auxiliar de qualquer partido. O único quesito era ser de esquerda, não ser reacionário.

Este ano o quadro político mudou muito. A diversidade de posições é imensa. Um gigantesca salada de posições e partidos cada vez mais aguerridos.

Assim, não me sinto em condições, e nem tenho mais desejo de manter a Rede com a unidade de discussões na diversidade.

E outras ferramentas surgiram , como a Mídia Ninja por exemplo.

Não gostaria de ver a Rede Liberdade acabar, mas não desejo mais mantê-la sob meu nome e comando.

O site está registrado em meu nome e estou repassando a qualquer companheiro credenciado na luta para tal.

Assim, faço este chamamento público oferecendo ao coletivo a chance de continuar mantendo a Rede.

Se em certo espaço de tempo nenhum amigo, grupo, ou companheiro não se credenciar para isto eu desativarei o site. Considerarei que o não desejante em mante-la é mais forte e que ela já teria cumprido seu papel.

O que não impede o surgimento de outras redes liberdades nos momentos históricos das nossas lutas vindouras.

Ao tempo em que reafirmo os ideais democráticos e socialistas, libertários e  populares que nos levaram a criá-la, aguardo quem lhe dê seguimento.
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CAPITALISMO - 147 empresas concentram 40% das receitas corporativas mundiais.

A rede do controle corporativo do capitalismo global


Por Marcelo Justo

No final de 2011, um estudo da Escola Politécnica Federal de Zurique sacudiu o debate sobre a concentração do poder em nível mundial. A base de dados do estudo chegava até 2007, ou seja, até a fronteira da grande crise que sobreveio com a queda do Lehman Brothers, e quantificava pela primeira vez a ideia generalizada de que um punhado de empresas dominava a economia mundial.

A investigação de Stefania Vitali, James B, Glattfeldes e Stefano Battiston, “The network of global corporate control” (A rede do controle corporativo global), não se baseava em teorias econômicas ou políticas, mas sim no desenho de sistemas e demonstrava que 1318 empresas transnacionais possuíam direta ou indiretamente ações de sociedades que representavam 60% das receitas mundiais. Mostrava ainda que o núcleo duro desse grupo era formado por 147 empresas que concentravam 40% das receitas corporativas mundiais.
Hoje, Stefania Vitali está pesquisando o que ocorreu de 2008 até nossos dias e maneja como hipótese provisória que essa concentração se intensificou ainda mais. Em entrevista á Carta Maior, Vitali fala de seu estudo e de seu impacto econômico e político.
 
CM: Como avalia que evoluiu esta rede de 147 companhias?
 
Stefania Vitali: Estas redes costumam ser estáveis, ou seja, não apresentam mudanças drásticas de um ano para o outro. Mas como desta vez temos a crise de 2008, calculamos que haverá mudanças. Sabemos já que vários bancos foram nacionalizados ou desapareceram ou enfrentam sérios problemas. Também calculamos que haverá uma maior presença da Ásia. Minha hipótese é que a concentração se aprofundará, mas até que não tenhamos os dados concretos não podemos corroborar tal ideia. Há uma coisa que está clara, porém. Os dois principais resultados de nosso trabalho anterior serão mantidos. O primeiro se refere ao nível de conectividade que há entre as grandes empresas e o segundo é o nível de concentração. Ou seja, as empresas estão muito mais conectadas do que se pode imaginar. Em particular, encontramos um centro, muito pequeno, composto por 1400 empresas que estão conectadas direta ou indiretamente.

A outra face disso é a concentração. Descobrimos que 80% das ações dessa rede interconectada estavam em mãos de 0,6% dos acionistas. Assim, chegamos ao núcleo duro desta concentração e interatividade quando vimos que 147 empresas controlavam 40% do valor das multinacionais. De modo que, quanto mais nos aproximamos do centro da estrutura, mais aumenta a concentração.
CM: Uma das críticas feitas ao seu estudo foi que as empresas financeiras estavam excessivamente representadas. Isso se deve ao que se passou a chamar de financeirização da economia, ou seja, que o setor financeiro tem uma importância cada vez maior na economia mundial, o que relegou a produção a um segundo plano na geração de lucros?
 
Stefania Vitali: Os resultados sempre dependem dos dados. Nós dependemos do que nos forneceu Orbis que tem uma base de dados de cerca de 37 milhões de empresas e investidores de todo o mundo. Com base nesta fonte, fizemos uma primeira depuração e ficamos com umas 43 mil transnacionais vinculadas por participações acionárias. É possível que seja mais fácil recolher dados sobre as instituições financeiras e que isso tenham aumentado o seu peso. Também é possível que estas instituições tenham muita mais conectividade. As empresas do setor da manufatura costumam conectar-se mais com suas subsidiárias em uma estrutura piramidal enquanto que o setor financeiro tem uma estrutura muito mais complexa.

CM: Que consequências têm na economia mundial este nível de concentração e conectividade?
Stefania Vitali: Não investigamos isso diretamente, é algo que estamos fazendo agora, mas temos algumas hipóteses. Primeiro que isso gera um grande risco adicional de instabilidade no conjunto do sistema porque quando as empresas se diversificam muito aumentando enormemente sua interconectividade, é benéfico para as empresas, mas ao mesmo tempo as expõe a um impacto negativo sistêmico. Neste sentido, a crise de 2008 pode ser o resultado deste alto nível de conectividade. A segunda consequência é uma redução da competição no mercado.
Se empresas que pertencem ao mesmo setor do mercado estão em mãos de um mesmo grupo de acionistas, elas não têm nenhum interesse em competir. Ao invés disso, têm uma tendência de se colocar em acordo para fixar preços ou lucros.
CM: Outra das críticas feitas ao estudo é que ele confundia a propriedade e o controle de uma empresa. Segundo seus críticos, defensores do capitalismo, os donos das ações eram em muitos casos fundos de pensão que administravam a aposentadoria da população. Ou seja, o dono, segundo essa crítica, era o cidadão comum que coloca suas poupanças em mãos de fundos financeiros administradores.
Stefania Vitali: Nós nunca falamos de controle, mas sim de controle potencial. Sempre se distingue entre o acionista e o que tem direito a tomar decisões nas reuniões de direção de uma empresa. Pode ter ações, mas não ter direito de voto nas decisões das empresas. Usamos três modelos distintos para unir a propriedade das ações e o controle concreto da conduta de uma companhia. Um modelo estabelece que aquele que detém mais de 20% do controle do pacote acionário de uma empresa tem um controle de 100%. Cabe dizer que, dada a amplitude da nossa base de dados – cerca de 37 milhões de empresas – não pudemos fazer uma análise específica de cada caso, mas a base de dados com a qual trabalhamos confirmava este vínculo entre propriedade e controle.
 
CM: Com empresas tão fortes, qual o impacto disso sobre os governos e a democracia?
 
Stefania Vitali: Quando há empresas tão grandes elas podem criar blocos de ação. Se não há uma regulação forte, é muito difícil proteger a democracia. No mínimo temos um problema de regulação.

CM: Mas quando falamos da conectividade destas empresas, temos companhias do setor financeiro vinculadas ao setor industrial e também ao controle midiático. Quando há uma incidência direta sobre o setor midiático, o perigo é maior, algo sobre o que uma italiana como você deve ter muita experiência.
Stefania Vitali: (…risos…) O perigo é real. É necessário ter regras que eliminem a possibilidade desse tipo de conectividade. Com o governo de Mario Monti se introduziram certas regras para reduzir essa interconectividade, por exemplo, para que uma pessoa tenha limites a respeito de quantas diretorias pode fazer parte porque, se está em diferentes setores estratégicos, pode terminar distorcendo a economia para adequá-la aos seus próprios interesses. O mercado busca o lucro.
Esse é o seu interesse. De modo que o Estado é o único fator que pode exercer um contraponto. Muitas vezes, um Estado não pode fazer isso sozinho. É necessária uma ação combinada como a que podem exercer os estados da União Europeia. Isso é importante porque as multinacionais têm o poder para colonizar estados, em particular nos países mais pobres. Estão buscando seu próprio benefício, não o benefício social, coletivo.
Tradução: Marco Aurélio Weissheimer
Fonte: Blog Cidadão do Mundo.
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