Ano-novo - Tereza Cruvinel

Comecemos o ano com poesia, ainda que buscando a leitura política. “Os dias do futuro estão em frente a nós/ como uma longa fila de círios acesos/ Dourados, quentes, vivos, pequeninos círios/ Os dias do passado ficam para trás/ como triste fileira de apagados círios ”’(Konstantyn Kavafys). Somos todos feitos de tempo , de círios que não devem ser queimados em vão: as pessoas, as instituições, os países. Os últimos 20 anos foram bem aproveitados pelo Brasil. Hoje começa um ano-novo que vem com deficits, mas também com as condições para ser produtivo e manter o país na trilha dos avanços. Não haverá eleições, com suas tensões, interdições e fortes antagonismos. Novos prefeitos tomam posse hoje, herdando problemas , mas olhando para frente. A presidente e os governa-dores poderão se dedicar inteiramente à gestão, ainda que pensando em faturar eleitoralmente no ano que vem.

O Congresso, com as Mesas Diretoras renovadas, deve buscar o prestígio perdido. Este ano, o que o calendário exige é preparação para a Copa de 2014. Na economia, as medidas contra a crise externa já foram tomadas. A reação demorou, mas começou no fim de 2012. O crescimento foi baixo mas com o emprego e os salários fecharam em alta. A nova classe média se consolidou, fortalecendo o mercado interno. Esses são os elementos favoráveis a que o ano seja menos conturbado e mais produtivo para o Brasil. Mas há problemas e elementos nefastos e o dia é propício a recordá-los. Haverá crescimento este ano, garantem analistas céticos e economistas engajados. Mas, para crescer sustentavelmente, o foco no consumo terá que ganhar uma inflexão pró-investimento.

O governo tomou medidas para modernizar e ampliar a infraestrutura, atraindo o setor privado para as parcerias. Mas faltam ainda iniciativas na área de inovação e tecnologia, o que exigirá mudanças drásticas na educação. As políticas sociais, o crédito e a distribuição de renda reduziram indiscutivelmente a pobreza e a desigualdade, mas a inflação nos espreita e, se tiver chance, pode devorar os ganhos obtidos pelos mais pobres. A união federativa resistiu a muitos solavancos desde a independência, mas o ano começa com a maioria dos municípios empobrecidos e disputas entre os estados e a União. Continuam irresolvidos problemas como a distribuição dos royalties do petróleo e dos recursos do FPE, a unificação das alíquotas do ICMS e a correção das dívidas estaduais, entre outros. Começa também o ano com disputas entre os Poderes, com o Judiciário avançando sobre os espaços normativos que o Congresso não ocupou. Por fim, há uma antecipada ansiedade com a disputa eleitoral de 2014. PT e PSDB, partidos polares do sistema, bem podiam se conter , sem deixar de se preparar para ela. O ano nos traz favores e desfavores mas, na balança, as condições permitem que a luz do círio seja bem queimada em 2013. Feliz ano-novo ao Brasil e aos brasileiros!

Preliminar

A reunião que o senador Aécio Neves teve após o Natal com os economistas Arminio Fraga, Pedro Malan e Edmar Bacha, presente o ex-presidente Fernando Henrique, foi uma preliminar para a formulação de seu discurso na pré-campanha presidencial. Denúncias de corrupção e temas polêmicos, como aborto, darão lugar a crítica permanente aos pontos fracos da gestão Dilma. “ Aécio apresentará um projeto alternativo. O mercado e os investidores estão muito inseguros, médio e longo prazos, com alguns traços do governo, como o viés estatista e intervencionista e a incerteza regulatória. Isso não é bom para o Brasil” , diz o deputado Marcus Pestana, um dos arqueiros de Aécio.

Fonte: Correio Braziliense
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Brasileiro segue otimista com economia

Datafolha mostra que, após um 2012 fraco, 44% acreditam em melhora neste ano, mas com inflação mais alta

Para 57%, situação econômica pessoal vai progredir; otimismo é menor entre aqueles de maior renda

Patrícia Campos Mello

SÃO PAULO - O "pibinho" não abalou as expectativas dos brasileiros.

Apesar do desempenho pífio da economia em 2012, com crescimento que deve ficar abaixo de 1%, quase metade dos brasileiros acredita que a economia do país vai melhorar nos próximos meses.

Esse otimismo moderado apareceu em pesquisa nacional feita pelo Datafolha em 13 de dezembro, em 160 municípios. Para 44% dos 2.588 entrevistados, a economia vai melhorar; 38% acreditam que ficará como está e 13% acham que vai piorar. Não opinaram 5%. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

Em janeiro de 2012 -antes, portanto, do PIB decepcionante-, a percepção dos brasileiros sobre o futuro da economia era praticamente a mesma: 46% achavam que ia melhorar, 13% apostavam em uma piora e 37% acreditavam que ficaria igual.

Os brasileiros com renda entre cinco e dez salários mínimos são os mais otimistas: 48% apostam na melhora da economia. Os mais pessimistas são os de maior renda (mais de dez salários mínimos) -16% acreditam que a situação vai piorar. A renda dos 10% mais pobres da população foi a que mais cresceu entre 2001 e 2009.

Situação pessoal

Os entrevistados se mostram esperançosos quanto à sua situação econômica. A maioria, 57%, acha que sua situação pessoal vai melhorar, enquanto 31% acreditam que ela não vai mudar. Apenas 8% dizem que vai piorar.

O desemprego tampouco desperta preocupações. A taxa medida pelo IBGE ficou em 4,9% em novembro, a menor para o mês desde 2002.

Segundo o Datafolha, 33% dos brasileiros acham que o desemprego vai diminuir; 31%, que vai ficar como está, e 33%, que vai subir -resultado semelhante ao da pesquisa de janeiro.

Mas o brasileiro se mostra mais receoso em relação à inflação, que deve ficar acima do centro da meta de 4,5% em 2012. Segundo última pesquisa do Banco Central de 2012, a estimativa de mercado é que o IPCA feche o ano em 5,71%. Segundo o Datafolha, 44% das pessoas acham que a inflação vai subir; 13%, que vai diminuir, e 37%, que vai ficar como está.

Fonte: Folha de S. Paulo
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Perspectivas de emprego para 2013 - José Pastore

Em relação a muitos países, o Brasil tem sido um verdadeiro oásis em matéria de emprego. Enquanto os espanhóis amargam um desemprego de 25%, entre nós, a taxa é menor do que 5%. No Brasil, o quadro dos últimos anos tem sido o de falta de mão de obra.

Mas o que dizer de 2013? Confesso estar preocupado, especialmente, com o comportamento do emprego industrial. A geração de novos postos de trabalho nesse setor está em ritmo muito lento. Em alguns segmentos, já começa a haver perda de empregos, como é o caso da construção civil.

As indústrias brasileiras vêm perdendo competitividade a passos largos. No que tange ao fator trabalho, o Brasil apresenta um dos mais altos custos unitários do mundo em decorrência de aumentos explosivos da remuneração, da baixa produtividade e do avassalador intervencionismo das leis e da Justiça do Trabalho no campo trabalhista. Resumo: a disparada do custo do trabalho brasileiro já assusta os investidores. A tais problemas se somam os entraves sistêmicos já conhecidos - ineficiência da logística, tributos e burocracia sufocantes, regulação imprevisível, educação de baixa qualidade e minguados investimentos em inovação. A lista é enorme e, no conjunto, pesa muito mais do que a crise externa na determinação da baixa competitividade das nossas indústrias. Tanto que vários dos nossos concorrentes estão se saindo melhor do que o Brasil, a despeito da crise externa.

Nos últimos meses alastrou-se a percepção de que o Brasil deixou de ser a bola da vez por ser pouco competitivo, em especial, na indústria. Com o descasamento acelerado entre o custo do trabalho - que explode - e a produtividade - que permanece estagnada -, é difícil visualizar um cenário de crescimento sustentável no campo do emprego industrial em 2013. Ao contrário, podemos ter perdas. Há notícias indicando que algumas empresas já vêm promovendo demissões em massa. Há também as que transferiram suas operações para o exterior.

O comércio e os serviços ainda respondem por um bom volume de empregos graças ao crescimento da massa salarial que leva muitas pessoas a consumir. Mas mesmo nesses setores há segmentos preocupantes. Os bancos iniciaram um período de dispensa de funcionários que tende a se acentuar em 2013. A elevação da inflação e o endividamento crescente fazem os recém-chegados à classe média reverem seus planos de consumo, o que deve afetar o comércio e os serviços neste próximo ano.

Não quero exagerar. Mas, em algum ponto, o fraco desempenho da indústria e do setor financeiro afetará o agregado, trazendo a geração de postos de trabalho para cerca de 1,2 milhão em 2013 - bem inferior aos anos em que o Brasil era realmente uma usina de empregos, como em 2010, quando o País abriu quase 3 milhões de novas oportunidades.

O quadro só não é de alarme porque a proporção de pessoas dispostas a trabalhar vem diminuindo por força da queda da taxa de natalidade ocorrida há décadas. Ademais, os jovens estão retardando a entrada no mercado de trabalho e os idosos estão antecipando a saída. Os três fenômenos concorrem para uma redução dos que se oferecem para trabalhar, contribuindo, assim, para baixar a taxa de desemprego.

As medidas de estímulo, apesar de estarem na direção certa, ainda não produziram os efeitos esperados para elevar a competitividade do setor industrial. Aumentar os investimentos e melhorar a sua qualidade são cruciais. Bem o contrário do que ocorreu em 2012, quando os investimentos industriais reduziram 28% em relação a 2011, que por sua vez já haviam encolhido, quando comparados com 2010.

Em suma, penso que 2013 será marcado por um baixo crescimento do emprego em decorrência da deterioração do mercado de trabalho do setor industrial e dos seus reflexos. Não será um ano catastrófico, mas estará longe do céu de brigadeiro usufruído nos últimos tempos.

José Pastore, professor de Relações do Trabalho da FEA-USP. É membro da Academia Paulista de Letras,

Fonte: O Estado de S. Paulo
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Em busca do tempo perdido – Miriam Leitão

Em 2013 a presidente Dilma Rousseff terá seu ano decisivo. No terceiro ano de governo ela tentará deslanchar o crescimento para ter mais um mandato no Planalto. O crescimento medíocre do primeiro biênio e a inflação em patamar alto só não corroeram sua popularidade porque o consumo tem sido turbinado pelo crédito. Mas sua imagem de gerente perdeu consistência.

Na área internacional a incerteza terá como foco os Estados Unidos. A Europa tentará a difícil tarefa da construção das bases da união bancária, mas o continente passará o ano em recessão. A China pode crescer um pouco mais, mas não volta ao patamar de dois dígitos de alguns anos atrás. A crise política americana produzirá novos eventos de ameaça à recuperação.

O mundo pode não prejudicar muito o Brasil, mas não ajudará, como fez de 2003 a 2007 no governo Lula. Não se espera um novo boom de commodities, no máximo que o minério de ferro não caia abaixo do nível de 2012.

Aqui dentro há chances razoáveis de um ano com um PIB mais forte. Ontem, a média das projeções do mercado confirmaram os 3,3%, o que não quer dizer nada porque eles erraram muito em 2012, mas depois de dois anos de baixo crescimento, há o efeito até estatístico de recuperação. O crescimento não poderá contar apenas com o aumento do endividamento das famílias, porque esse processo está se esgotando. Houve no ano passado preocupação com o excesso de comprometimento da renda das famílias com o pagamento de dívidas. Muito devedor ainda está encalacrado. A relação crédito-PIB saiu de 25% para 52% em dez anos. Como os juros do crédito ao consumo continuam altos, os níveis de crédito-PIB de outros países não são parâmetro para nós.

O investimento público tem que ser maior e mais eficiente. Como recentemente disse o ex-presidente do BC Armínio Fraga, adianta pouco usar o investimento público na construção de pirâmides. O governo tem que ser capaz de fazer as apostas certas e mais racionais em projetos que realmente aumentem a competitividade do Brasil e eliminem gargalos.

A inflação deve permanecer alta, mas haverá alguns pontos de redução. Os alimentos não devem subir tanto, porque no ano passado o aumento foi em parte pela seca nos Estados Unidos. Eventos extremos de clima têm se repetido ano a ano, mas não se espera algo como a perda de grande parte das lavouras de soja, milho e trigo nos Estados Unidos. Mesmo assim, a inflação de alimentos, que ficou em 10% em 2012, permanecerá forte. A de serviços pode cair, porque o reajuste do salário mínimo será em percentual menor. E há ainda a queda dos preços de energia. Esse efeito será em parte neutralizado pelo reajuste da gasolina.

O governo tentará fazer algo mais forte para impulsionar a retomada do crescimento porque sabe que este ano é fundamental para os projetos do PT de permanecer no governo, seja com Dilma ou Lula.

O ano mais fácil de qualquer governo é sempre o primeiro e Dilma o perdeu. O governo parou nas sucessivas denúncias de corrupção que derrubaram sete dos seus ministros. Na economia foi preciso conter a inflação que refletiu os excessos de gastos eleitoreiros de 2010 e que bateram em 2011. Todas as previsões eram de recuperação do crescimento no ano passado, mas o país ficou estagnado.

A presidente Dilma tem cada vez menos entusiastas dos seus métodos de gestão. Tem muita decisão que depende apenas da sua atuação e fica estacionada em sua mesa. Bom gerente decide com agilidade. A política econômica é dominada pelo pacotismo que gera mais incerteza do que estímulo. É adepta dos projetos de impacto, como os do governo militar, mas sem ligação com as urgências do país, como o trem-bala. É lenta em decisões como a da privatização do Galeão que consumiu dois anos de hesitação.

Nesses dois anos que faltam para o fim do mandato, Dilma terá que superar seus erros gerenciais e focar no investimento público, se quiser melhorar seu desempenho na área econômica. Ao mesmo tempo terá que ter mais cuidado com a área fiscal. As contas finais não chegaram, mas até agora há risco de não cumprimento das metas de 2012 e o governo tem comprometido demais os bancos públicos em financiamento que não terá retorno garantido, principalmente Caixa e Banco do Brasil. Fazer bolha é fácil. O ano precisará ser de crescimento com boa gerência.

Fonte: O Globo
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