A velha história de terceirizar a política

Por Maria Inês Nassif, publicado no Blog do Luis Nassif

Dilma Rousseff não foi a única presidente, desde a redemocratização, que resolveu terceirizar a atividade política, na suposição de que tem gente que sabe fazer isso melhor do que ela. Assumiu que o perfil técnico era a sua vocação, definiu que tem a última palavra sobre as decisões administrativas e foi cativada pelo "elogio" dos antigos adversários à sua discrição no cargo. O excessivo recato na tarefa de fazer política pode sido a origem da crise provocada pelo escândalo que envolveu o seu chefe da Casa Civil, Antonio Palocci; e pode estar contribuindo para que, mesmo com toda a inicial cautela da oposição em relação ao episódio, a crise apresente uma certa tendência de adquirir pernas próprias.

Para ser presidente, não basta ganhar eleição. É preciso assumir o controle da política. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em seu primeiro mandato, acuado por uma crise econômica que sacudiu o país durante todo o período eleitoral, também terceirizou a que deveria ser a principal atividade de um mandatário popular. No comando das articulações que passavam pelo Palácio do Planalto estava o então chefe da Casa Civil, José Dirceu, em permanente disputa com o mandarim da economia, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Uma campanha eleitoral excessivamente agressiva acuou o presidente eleito em 2002. A estratégia de "blindagem" de Lula, com o objetivo principal de não assustar o mercado, foi a de montar uma equipe econômica da confiança dos agentes de finanças – e Palocci fazia não apenas política econômica, mas a articulação política com esses setores – e deixar a função de articulação parlamentar com Dirceu, um adepto da realpolitik. Lula também foi "blindado" em seus contatos com a imprensa. Enquanto essa montagem de governo prevaleceu, o primeiro presidente petista exerceu o direito ao silêncio: foi a estratégia definida contra uma imprensa que foi hostil na campanha e, previa-se, não daria moleza a um presidente-operário de um partido de esquerda.

Foi preciso que o PT, artífice dessa "blindagem", vivesse a enorme crise do "mensalão", para que Lula alçasse voo próprio. Quando deixou de terceirizar a política, tinha como patrimônio, que ficou colado ao seu governo, um eleitorado recém-saído da miséria devido à única vertente das políticas de governo que realmente destoou, até aquele momento, da do seu antecessor: uma melhor distribuição via transferências de renda. Lula voltou ao palanque um ano antes do processo eleitoral de 2006 para salvar o seu primeiro mandato, colocado em perigo pela repercussão do episódio, sem suas duas "blindagens" ministeriais: caíram, um a um, José Dirceu e Antonio Palocci. O presidente petista retornou o seu contato direto com as bases, abandonado depois da posse, e manteve o seu mandato no grito. Conseguiu sua reeleição da mesma forma. Depois de 2005, Lula não deixou o país esquecer, em nenhum momento, que ele era o presidente. Falou muito e sempre, correndo o risco de ser mal interpretado e de ser ridicularizado; assumiu seu próprio discurso, que tinha grande identidade com a maioria pobre do país. E fez política. O governo não deixou de ter articuladores, negociadores institucionais e ministros com maior facilidade de acesso à área política, mas quem comandou o processo foi o presidente. O espaço de disputa pelo poder interno no governo foi reduzido e o PT, embora partido de Lula, foi mantido sob relativo controle. Sem mandarins no Planalto e enfraquecido, o PT cumpriu o seu papel institucional de disputar poder com aliados no Congresso, mas como partido. Essa disputa não foi mais "fulanizada".

Não foi personalismo. Lula tem vocação para lidar com grandes massas – foi um líder sindical que fez história e um presidente com uma popularidade que também será registrada nos livros escolares. Mesmo que não tivesse essas qualidades pessoais, todavia, era a pessoa mais credenciada a ser o protagonista político de seu governo pelo simples fato de que foi ele o eleito para presidente da República. Em 2002, terceirizou a tarefa; em 2005, resgatou a legitimidade do voto e passou a ser presidente da República.

Não existe governo democrático que não tenha disputa de poder interna e que não tenha que lidar com ambições pessoais e interesses políticos diversos. É do jogo. O voto popular, todavia, é a última palavra. A primeira presidenta eleita na história da república do Brasil não pode continuar a ser gerente, como era na chefia da Casa Civil, porque não é esse o seu papel. Se não se tornar a protagonista política de seu próprio governo – posição a que tem direito pelo simples fato de ter sido eleita –, vai continuar abrindo espaço de conflitos internos dentro do PT e na base aliada – e os adversários, massacrados pelas urnas e em crise profunda, vão ser empurrados de novo para a oposição, que hoje assumem envergonhados. Será um novo capítulo de uma crise do quadro partidário, dessa vez com o PT no seu epicentro.O socorro de Lula vai ser apenas band-aid.
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Nao vejo nada de nobre nas atitudes de Dilma

Ela nao o  fara meu caro. Basta ver como foi depressa pedir orientaco ao seu antecessor como se esse fora o mais correto governante ja visto. Esse e apenas o terceiro mandato desse infame e ela apenas esta cobrindo vazios enquanto ele esta esperando a vez de se candidatar e ganhando dinheiro facil com suas falacias. Agora ele e o CONSELHEIRO MOR da Presidencia. Quanto nos custara isso? Kit Gay,
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Código Florestal

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COMEÇA O POP PORN FESTIVAL. ESTÁ FALTANDO ALGUÉM ALI




Não confunda: esta é a obra de arte de mestre Picasso
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Começa nesta quinta-feira na capital paulista o PopPorn Festival, com filmes, fotografias, performances, publicações, acervos e um workshop de produção audiovisual relacionados à indústria da pornografia. A programação completa dos sete dias do festival pode ser conferida no site do PopPorn. 
Amantes da Sétima Arte e da Sacanagem já notaram o grande ausente do evento.
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A AIDS IA MATAR TODO MUNDO


Hoje faz trinta anos do surgimento da epidemia de AIDS.

Lembro-me bem: “É uma doença que está matando os viados em São Francisco.” diziam os de então, e que hoje por esta frase seriam considerados homofóbicos.

“É algo que vem na química petrolífera  usada na vaselina.” Me disse o dono de uma boate "GLBTSXYZ..." de Salvador.

Depois a coisa ficou o que seria mesmo preconceituosa nos dias de hoje: “É doença de viados, eles que estão espalhando isso pelo Mundo”.

Até entre os "GLBTSXYZ..." ouvia coisas “homofóbicas” como: “Isso é doença de bicha nova.”

E aí veio o pânico (quase o da TV) semeado pela mídia, sempre ela: “Em 10 anos metade do planeta estará infectada, e milhões terão morrido no Brasil”.

Hoje, trinta anos após não se encontrou ainda a cura. Mas os homossexuais foram absolvidos das acusações fundamentalistas; o número de infectados está sob controle no Brasil, até decaiu se não me engano; o tratamento prolonga a vida dos acometidos tanto quanto a insulina  controladora da glicose  prolonga a dos diabéticos; e a prevenção ganhou rumos certos com propagandas oficiais e distribuição de preservativos e outras medidas.

Eros retomou seu percurso e aprendemos a mais uma vez a conviver com Thanatos.
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