Papo Ilustrado: carnaval oriental

Embora já tivesse ouvido falar, há dez anos tive a chance de constatar in loco que existe vida carnavalesca no Prata. Republica Oriental del Uruguay, no caso. Assisti por acaso, em Punta del Este, ao desfile das Comparsas carnavalescas, e fiz estes desenhos ao vivo, colorindo em aquarela depois. O Uruguai tem uma
significativa, embora pouco conhecida, tradição africana. E as Comparsas são associações que refletem a cultura lubola (africana), desfilando ao som dos tambores do candombe (que aos ouvidos brasileiros soa como um samba mais básico). Têm nomes como "La Campana" ( A Campainha), "Generación Lubola", "La Berenjena" ( A Beringela), "Hijos de La Luna", "La Carolina", "Maldombe" ( Candombe de Maldonado),etc. E cada uma a seu jeito, desfilam ítens obrigatórios: os símbolos da lua e da estrela, presentes nos estandartes e alegorias (vide desenho acima), balisas malabaristas com bastões (como nas bandas marciais), e os personagens, que não podem faltar, do médico charlatão ( um preto velho de barba branca, cartola, bengala e maleta) acompanhado da mãe preta com sua sombrinha. Além deles, são indispensáveis as lindas passistas e, fechando o desfile, a bateria de tambores do candombe.
Outra tradição do carnaval oriental é a Murga. Equivale ao nosso bloco de carnaval, com o pessoal vestido de pierrô e arlequim (ou qualquer traje colorido) e mandando ver seu candombe mais ou menos mambembe com variados instrumentos. Em Punta, no verão o que mais aparece são murgas muito pobres,
esperando faturar una granita com os turistas. Como essa que eu desenhei: três gatos pingados, um surdo, um tamborim e, claro, um chapéu...  Comecei registrando o bloco de sujos no meu bloco, mas em seguida começaram a virar personagens de uma possível ( e nunca executada) história em quadrinhos.
Os desenhos, portanto, foram executados em grafite e aquarela, bico de pena, cabo de pincel e pincel seco ( nanquim) em fevereiro  de 2001, em Punta del Este, Uruguai, e ficaram inéditos até hoje.
Bom carnaval, brasileiro e oriental!
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Mesmo fora do governo o Sebento continua a desrespeitar a lei.

Amigos, leiam esse artigo abaixo. Ontem, estive conversando um homem que sabe tudo e um pouco mais. Foi muito importante em sua época. Pois bem, perguntei a ele: Como é possível Lula da Silva receber 200 mil para ficar falando de si próprio? A resposta foi essa que Giulio Sanmartini está colocando. Lula é pago para contar segredos de Estado. Movcc/Gabriela



Por Giulio Sanmartini - Prosa&
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Os EUA - do Nobel da Paz Obama - tentam enlouquecer o prisioneiro Bradley Manning

Vamos rever a detenção de Manning nos últimos nove meses seguidos:

confinamento solitário 23-horas/dia;

impedido até mesmo de se exercitar em sua cela;

um total de uma hora fora de sua cela por dia, onde tem permissão de andar em círculos em um quarto sozinho quando algemado, e é devolvido à sua cela no minuto que ele pára de andar;

forçado a responder às perguntas dos guardas, literalmente, a cada 5 minutos, durante todo o dia, todos os dias, e despertado à noite cada vez que ele se encolhe no canto da sua cama ou fora da visualização completa do guarda.

Existe alguém que duvida que essas medidas - e especialmente esta nudez forçada prolongada - são punitivas e destinadas a prejudicar ainda mais a sua saúde mental, saúde física e vontade?

Como The Guardian relatou no ano passado, a nudez forçada é quase certamente uma violação das Convenções de Genebra; as convenções não se aplicam a tecnicamente Manning, como ele não é um prisioneiro de guerra, mas certamente estabelecem as proteções mínimas que todos os presos - para não falar em cidadãos sem condenação alguma - têm direito.

A pintura é de Fernando Botero, no livro Abu Ghraib.
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A Itália de Berlusconi, entre o passado e o futuro

A regra é sábia e deve ser usada com frequência: certos eventos políticos estranhos, por vezes escabrosos, somente podem ser compreendidos quando mergulhados na história das sociedades em que ocorrem. É nas águas profundas da vida social que se escondem as maiores verdades.
Não fosse assim, seria difícil compreender, por exemplo, o que leva um país como a Itália – terra de tradições grandiosas, de história e cultura riquíssimas, de pensadores, políticos e humanistas da estatura de Maquiavel, Gramsci e Bobbio, de partidos como o PCI – a ser governado por Silvio Berlusconi. A “grande Itália” parece paralisada pela “pequena Itália”, das máfias e do fascismo, que se move e mostra sua força.
Grosseiro, exibido, bufão, fascista de estilo e convicção, Berlusconi não é certamente um desconhecido. Preside desde 2008 o Conselho de Ministros, mas influi no Estado há pelo menos duas décadas. Megaempresário das telecomunicações, é um milionário poderoso. Controla boa parte da mídia italiana.
Fundou em 1993 o partido Forza Italia, que disseminou uma mixórdia de “teses” em defesa dos valores tradicionais, da liberdade pessoal, da identidade nacional contra os imigrantes, do combate à corrupção, da redução do déficit público, numa mistura oportunista de neoliberalismo e fascismo. Impulsionado pela televisão e abusando do imediatismo e da demagogia, ganhou espaço entre pequenos e médios empresários, profissionais liberais, gente das cidadezinhas e das classes médias urbanas. Venceu as eleições de 1994 e governou com uma aliança abertamente de direita (neofascistas do MSI, separatistas da Liga Norte, correntes cristãs). Demitiu-se sete meses depois, mas tornou-se líder e fator de unificação das forças mais direitistas e conservadoras do país.
Combateu encarniçadamente os governos Amato, D’Alema e Prodi, de centro-esquerda, entre 1996 e 2001. Começou então a acumular denúncias e processos legais: conluio com a máfia, lavagem de dinheiro, evasão fiscal, participação em homicídio, corrupção e suborno de policiais, financiamento ilegal de partidos. Não chegou a ser condenado, mas as acusações foram compondo sua persona.
Voltou à presidência do Conselho de Ministros em 2001. Foi derrotado por Romano Prodi em 2006, mas retornou ao posto dois anos depois. Forza Italia já havia então virado Povo da Liberdade.
O populismo histriônico e autoritário de Berlusconi, seu poderio midiático, os interesses econômicos que representa e o sistemático desprezo que nutre pelos ritos, pela Constituição e pelas instituições políticas italianas são uma ameaça permanente à democracia. A Itália decaiu muito no período em que ele tem dado as cartas. A estagnação econômica, o desemprego, o empobrecimento dos trabalhadores são hoje evidentes. A política está corroída pela compra de parlamentares e magistrados, pelo cerceamento das oposições, pelo monopólio da informação. O sistema democrático sangra por todos os poros.
Berlusconi cresceu impulsionado pelo uomo qualunque, o italiano médio, fascinado pelo poder e com certo cafajestismo intrínseco, como observou Geraldo Di Giovanni, da Unicamp. A “pequena Itália” – com sua pequena política, seu localismo provinciano, sua resistência à vida cívica superior e ao Estado democrático – tem lhe fornecido bases e oxigênio. O Cavaliere é uma espécie de alterego desse universo de italianos, escreveu o professor José Claudio Berghella: “introduziu no Estado italiano um modo camorrístico de fazer política e estruturar instituições”.
Sua ascensão, porém, não teria acontecido sem o esfacelamento ético-político e cultural da esquerda italiana, em particular a de extração comunista, que hoje, desgastada intelectual e organizacionalmente, não é sequer sombra de seu passado. Tem baixa competência operacional, não consegue se unir nem definir um rumo programático. O Partido Democrático, seu maior subproduto, tem sido incapaz de atuar com vigor, coerência e credibilidade. Os diversos grupos que florescem à sua esquerda, menos ainda.
Berlusconi também foi auxiliado pela emergência da “vida líquida” na Itália, pelo capitalismo globalizado e pela disseminação da cultura do espetáculo, que contribuíram para desorganizar as forças do trabalho, minar os partidos políticos e embaralhar a relação entre representantes e representados.
Trata-se de um político pequeno, sem qualquer traço de estadista. Seria uma figura entre o folclórico e o patético, que passaria despercebida não fosse a irrupção em praça pública de suas taras e perversões privadas. Como escreveu Sérgio Augusto no Aliás (20/02/2011), o Cavaliere “abusou do poder, do fisco, da propriedade privada, da coisa pública, do sistema bancário, mas só depois que abusou do sexo virou um caso de polícia promissor”.
Acossado por denúncias e revelações sórdidas, Berlusconi está sendo mais uma vez levado aos tribunais, agora por abuso de poder, extorsão e prostituição de menor (a marroquina Karima “Ruby” El Mahrug). Declarou que não está preocupado, mas não pôde permanecer indiferente nem à fixação de seu julgamento para o dia 6 de abril, nem ao protesto de centenas de milhares de pessoas que saíram às ruas de todo o país, em 13 de fevereiro, para exigir sua renúncia e sua condenação em nome de "mais respeito pela liberdade e pelos direitos das mulheres". Acusou-as de subversivas a serviço da esquerda, valendo-se de um surradíssimo chavão antidemocrático.
Agora é saber como o futuro mostrará sua face. As reservas democráticas do país podem estar adormecidas e desorganizadas, mas pulsam a todo momento. A sociedade civil mostrou força nas manifestações de rua. Poderá crescer com isso e ajudar a que as oposições democráticas e de esquerda saiam do marasmo, acertem o passo e façam algo para projetar a “grande Itália” no lugar que merece ocupar. [Publicado em O Estado de S. Paulo, 27/02/2011, p. A2).
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Aos amigos acima dos 40



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sugestão de Jean Scharlau
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