A NOVA DIREITA

Por Leandro Fortes, do blog Brasília, eu vi
.
Três eventos distintos, separados em períodos esparsos, definiram nos últimos meses o arrazoado doutrinário e os modos da nova direita brasileira, remodelada em forma e conteúdo, mas não nas intenções, como era de se esperar. Aterrissaram em sua pista dourada intelectuais do calibre de Fernando Gabeira, Ferreira Gullar, Nelson Motta e Arnaldo Jabor, grupo ao qual se agregou, para estupefação do humor, o humorista Marcelo Madureira, do abismal Casseta & Planeta. Essa nova direita, cheia de cristãos novos e comunistas arrependidos tem no DNA um instinto de sobrevivência mais pragmático, gestado nos verdadeiros interesses em jogo, não mais na espuma do gosto popular. Não por outra razão, se ancora menos na ação parlamentar e mais na mídia, onde mantém brigadas de colunistas, e onde também atua, nas redações, de cima para baixo, de modo a estabelecer um padrão único de abordagem sobre os temas que lhe dizem respeito: dinheiro, liberdade irrestrita de negócios, dominação de classe, individualismo, acúmulo de riqueza e concentração fundiária.
Os três eventos aos quais me refiro causaram um razoável revertério na estratégia de comunicação social bolada por esse grupo neoconservador tupiniquim montado na rabeira da história dos neocons americanos. Senão, vejamos:
A surpreendente confissão de Maria Judith Brito, presidente da Associação Nacional dos Jornais (ANJ)
“A liberdade de imprensa é um bem maior que não deve ser limitado. A esse direito geral, o contraponto é sempre a questão da responsabilidade dos meios de comunicação. E, obviamente, esses meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada. E esse papel de oposição, de investigação, sem dúvida nenhuma incomoda sobremaneira o governo.”
Judith, autora da fala acima, primeira mulher a assumir a presidência da ANJ, é diretora-superintendente do Grupo Folha da Manhã, responsável pela publicação do diário “Folha de S.Paulo”. Disse o que disse porque, como chefe da entidade, tinha como certo de que não haveria outra interpretação, senão à dos editoriais dos jornais que representa, todos favoráveis ao papel da imprensa anunciado por ela. Em suma, Judith Brito, embora não seja jornalista, representa bem um dos piores vícios da categoria, sobretudo no que diz respeito à cobertura política: falar exclusivamente para si e para os seus pares de ofício, prisioneira em um círculo de giz no qual repórteres escrevem para outros repórteres, certos de que uns irão repercutir os outros, escravos de uma fantasia jornalística alheia à realidade do mundo digital que está no cerne, por e xemplo, da decadência e no descrédito dos jornais impressos – não por acaso, fonte do poder e da autoridade de Judith Brito.
O acordo nuclear com o Irã, capitaneado por Luiz Inácio Lula da Silva e pelo primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan
O sucesso da diplomacia brasileira nesse episódio criou um paradigma de atuação profissional do Itamaraty até então considerado impossível. De forma pacífica e disciplinada, a operação que resultou no acordo foi conduzida com extrema leveza, a caminhar sobre os ovos de aves agourentas distintas que se odeiam desde as primeiras luzes. Incorporou à biografia de Lula essa aura dos que lutam pela paz, requisito fundamental para a seleção dos premiados do Prêmio Nobel da Paz. Mas, antes que isso aconteça, a mídia brasileira vai finalmente descobrir que o milionário Alfred Nobel inventou a dinamite.
O resultado concretamente político dessa ação no Oriente Médio, apesar da bem sucedida pressão da extrema-direita americana sobre Barack Obama a favor de sanções contra o Irã, foi a desconstrução do discurso conservador da diplomacia brasileira, todo ele montado sobre as teses de alinhamento automático aos Estados Unidos, reação acrítica de atos de barbárie cometidos por Estados ocidentais e a submissão pura e simples às regras financeiras ditadas pelas nações ricas. Nesse aspecto, a história do chanceler Celso Amorim será extremamente mais relevante do que a de seus antecessores, torcedores vibrantes pelo fracasso do ministro com ampla visibilidade nas matérias e programas de entrevista da velha mídia nacional. Entre eles, Celso Lafer, o ministro das Relações Exteriores de FHC que acatou a ordem de tirar os sapatos no aeroporto de Washi ngton, em 2002, para entrar nos EUA. Agora, Lafer acusa Lula de ter montado um palanque eleitoral no Itamaraty e encabeça a turma de ressentidos com a nova imagem do órgão, incomodado com a natural comparação entre tempos tão próximos. A ele se juntaram os diplomatas Sérgio Amaral, ex-porta-voz de FHC, e Rubens Barbosa, embaixador nos Estados Unidos à época em que Lafer se entregou à cerimônia do lava-pés da alfândega americana.
Também perfilado com eles está Luiz Felipe Lampreia, que odiava, com razão, ser chamado de “Lampréia”, nome de uma enguia sugadora com boca de ventosa. Isso significa que o ex-chanceler de Fernando Henrique deve estar também irritado com a reforma ortográfica, já que “lampréia” virou “lampreia” mesmo. Além de secar a gestão de Amorim, Lampreia se apresenta como “um dos 100 melhores palestrantes do Brasil” no site “palestrantes.org”. Justiça seja feita, trata-se de uma lista plural e, aparentemente, preparada a partir de parâmetros profissionais estabelecidos pelo site.
Interessante, contudo, é descobrir que Lampreia se apresenta, entre outros títulos, como membro dos conselhos consultivos de multinacionais e firmas de interesse ostensivamente americanos como Coca-Cola, Unilever, Council on Foreign Relations de Nova York, Inter-American Dialogue de Washington, e Kissinger MC Larty Associates, escritório de consultoria política montado pelo ex-secretário de Estado Henry Kissinger, primeiro chefe da comissão de investigação sobre os atentados de 11 de setembro de 2001, nomeado por George W. Bush. O outro sócio, Mack MacLarty, foi chefe-de-gabinete de Bill Clinton, na Casa Branca. A banca de Kissinger e MacLarty é filiada ao Council of the Americas, uma agremiação de defesa da livre iniciativa intimamente ligada ao movimento neoliberal e neoconservador que tanto sucesso ainda faz entre tucanos e os liberais do DEM.
Fica fácil, portanto, de entender a birra de Lampreia com a política sul-sul, independente dos EUA, encabeçada por Celso Amorim. Da mesma maneira que ficou fácil entender por que, com Amorim, passamos a nos apresentar ao mundo de cabeça erguida, apesar de manchetes em contrário.
A adequação do Bolsa Família ao discurso da oposição e o refortalecimento do Estado
O PSDB apelidou o Bolsa Família de “bolsa esmola” por duas razões. A primeira, por vingança, porque “bolsa esmola” era justamente o apelido dado pelo PT ao programa “Bolsa Escola”, do governo Fernando Henrique Cardoso, que dava 15 reais por filho matriculado na escola, no limite de três por família. Atingiu, entre 2001 e 2003, cerca de cinco milhões de famílias. Era, de fato, uma merreca. A partir de 2003, o Bolsa Escola foi incorporado ao Bolsa Família, assim como outros programa assistenciais da confusa burocracia tucano-pefelista. Desde então, virou um programa de transferência de renda centralizado no Ministério do Desenvolvimento Social, condicionado à freqüência escolar e ao cuidado com a vacinação de crianças e adolescentes. Os pagamentos variam de 22 reais a 200 reais e beneficiam perto de 13 milhões de família, ou um quart o de todas as famílias brasileiras. Daí, a segunda razão do apelido: despeito.
O potencial eleitoral do Bolsa Família está intrinsecamente ligado ao poder de transferência do prestígio e da popularidade de Lula à candidata do PT, Dilma Rousseff. A oposição percebeu isso muito cedo, mas nada pôde fazer. Simplesmente, não combina com a doutrina neoliberal a intervenção do Estado de forma tão ostensiva no combate à pobreza e à miséria. Além disso, o movimento tectônico de classes sociais provocado pelas intervenções estatais na economia incomoda em demasia o establishment, trazendo para a classe média uma população até então tratada como escória pela mesmíssima classe média. Sem falar nessa história de pobre andar de avião e comprar geladeira.
De uma hora para outra, as críticas ao Bolsa Família sumiram. O emblema dessa nova postura da oposição foi a reação nervosa do candidato tucano José Serra à pergunta, feita por um repórter da TV Brasil, sobre o futuro do Bolsa Família em um eventual governo do PSDB. Desconfortável, Serra não consegue responder a essa pergunta de forma direta e convincente. Jamais vai conseguir. Confrontado, apela para o despiste, assume um comportamento rude com os repórteres e passa a responder fazendo perguntas, um expediente tão primário quanto constrangedor. Infelizmente, às vezes dá resultado: a presidente da Empresa Brasileira de Comunicação, Teresa Cruvinel, pediu desculpas (!) a Serra pela pergunta e prometeu um manual para cobertura das eleições. Eu pergunto, então, duas coisas:


1) Será vedado aos repórteres da EBC (TV Brasil, Agência Brasil e Rádio Nacional) perguntar ao candidatos sobre o Bolsa Família? Sob que argumento?


2) O que fazer com o Manual de Jornalismo da Radiobrás (atual EBC) lançado, em 12 de julho de 2006, pelo então presidente da empresa, Eugênio Bucci? Trata-se de um livro de 245 páginas construído em dois anos de trabalho com a participação de dezenas de grupos temáticos compostos por todos os funcionários da estatal. Esse manual perdeu a validade? E o protocolo de conduta da Radiobrás para eleições que ficava disponível na página da empresa na internet? Onde está?


E eu, ingênuo, pensei que José Serra é que devia desculpas ao repórter da EBC.
Clique para ver...

Italianíssima

Clique para ver...

Ala pró-liberdades deixa Partido da Arca de Noé

Com o acolhimendo da criacionista Marina Silva, o PV deixou em segundo (terceiro? quarto?) plano bandeiras históricas, como a defesa do direito do aborto e do casamento gay, e passou a ser mais um partido pró-, quiçá, preservacionismo mais criacionismo, o que nos dá algo como um Partido da Arca de Noé, PANo. 

Por conta disso, verdes históricos abandonaram a legenda. Eles apoiam a candidatura de Dilma Rousseff, e buscam assinaturas para fundar o Partido da Liberdade. 

Posted via email from cesarshu's posterous

Clique para ver...

Ainda no Fundo do Poço


Pelo menos 30% dos eleitores brasileiros nem sabem o nome do governador de seu próprio estado.
Dá para acreditar numa democracia assim???
Clique para ver...

Mulheres Brasileiras nos Espaços Público e Privado


Fundação Perseu Abramo e SESC

Encontro de discussão e planejamento da pesquisa, edição 2010


A Fundação Perseu Abramo (FPA), em parceria com o SESC, realizará uma nova pesquisa com vistas a atualizar as percepções das mulheres – e desta vez também dos homens – sobre as questões de gênero no Brasil.

Adotando procedimento utilizado em estudos anteriores (A Mulher Brasileira nos Espaços Público e Privado, em 2001; Perfil da Juventude Brasileira, em parceria com a Rosa Luxemburgo Stiftung, e Discriminação de Cor e Preconceito Racial no Brasil, em 2003; Idosos no Brasil – Vivências, Desafios e Expectativas na Terceira Idade, já em parceria com o SESC, em 2006; e Diversidade Sexual e Homofobia no Brasil, com a RLS, em 2008), fazemos este contato para convidá-la/o a participar de um Encontro de Discussão e Planejamento da pesquisa Mulheres Brasileiras nos Espaços Público e Privado 2010.

Ao ouvir estudiosos/as e atores sociais relevantes – desta vez, núcleos de estudos de gênero, representantes de entidades feministas ou que atuam a favor de suas causas – com vistas a recolher e sistematizar sugestões e preocupações que permitam o detalhamento e aprofundamento do alcance deste projeto pretende-se, a um só tempo, focar a investigação em questões que realmente importam, de forma a que seus resultados possam, logo adiante, contribuir para análises críticas e para a prática de intervenções sociais transformadoras.

A pesquisa aprovada contemplará dois levantamentos quantitativos, a serem realizados simultaneamente: um com 2.400 mulheres, representativo da população feminina com 15 anos de idade e mais, outro com 1.200 homens, representativo da população masculina – ambos distribuídos nacionalmente nas áreas urbanas e rurais de todas as regiões do país.

Em função do número de convidada/os, e tendo em vista a possibilidade de participação efetiva de toda/os na discussão, o encontro terá duas edições, com a mesma pauta, cada uma com a duração de um dia (cabe a/o convidada/o escolher o dia em que irá participar). Nas primeiras parte da manhã será feita a apresentação do projeto e do cronograma previsto, priorizando-se a discussão metodológica. A seguir e no período da tarde abrir-se-á a discussão sobre os eixos temáticos propostos, sugestão de questões para inclusão na pesquisa e sobre como formulá-las.

Discussão da pesquisa Mulheres Brasileiras nos Espaços Público e Privado 2010

1. Participação ao vivo

Datas: 2ª feira, 07/06 ou 3ª feira 08/06/2010

Horário: das 9h30 às 17h30 (o almoço será oferecido pela FPA).

Local: Rua Francisco Cruz, 234 – V. Mariana, São Paulo
Auditório Sérgio Buarque de Holanda, sede da Fundação Perseu Abramo.

Solicitamos confirmação de presença, indicando o dia de sua preferência, até 25/05, através das seguintes vias:

E-mail: nop@fpabramo.org.br c/ cópia para gventuri@usp.br, nadja@venturiassociados.com.br
Fax: 011-2305.9892, com Nadja (manhã) ou Beth (tarde).

Obs: o projeto conta com alguma verba para passagens aéreas para quem não é do estado de SP. Como é pouca, pedimos às entidades parceiras, interessadas em enviar alguém ao encontro, que cubram as próprias despesas. Se isso não for possível, informar até 21/05 para que avaliemos a possibilidade de fornecer a passagem. Hospedagem e outras despesas não serão cobertas.

2. Participação pela web

Independentemente de comparecimento em uma das datas acima, com vistas ao acompanhamento do projeto em diferentes etapas de sua realização, solicitamos a toda/os que tenham interesse em participar deste projeto o envio de um e-mail até o dia 25/05 para que possamos cadastrá-los no Grupo de Discussão via web a ser aberto.

Os cadastrados receberão a lista dos demais participantes cadastrados no grupo, a pré-pauta temática que subsidiará os trabalhos do encontro, podendo também opinar, via web, sobre os eixos temáticos e questões a serem incluídos na pesquisa.

Esperamos contar com sua valiosa presença ao longo desse processo, podendo assim elevar a qualidade e alcance deste projeto.

Colocamo-nos à disposição para quaisquer esclarecimentos.

Atenciosamente,


Gustavo Venturi
Assessor Técnico do NOP/ FPA

Mauro Lopez Rego
Gerente da GEP/DPD/DN/SESC

Marta Raquel Colabone
Gerente da GEDES/SESC SP


Fundação Perseu Abramo
R. Francisco Cruz 234 Vila Mariana, São Paulo SP, cep 04117-091, fone 5571-4299.
Visite nosso site: www.fpabramo.org.br

Clique para ver...
 
Copyright (c) 2013 Blogger templates by Bloggermint
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...