PORQUE ZERO HORA NÃO TEM RIVAL NO RANKING DOS JORNALIXOS



Tabloide gaúcho denuncia abandono de Porto Alegre, mas poupa o responsável e omite que recursos para revitalização do centro histórico são do governo federal
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Em uma daquelas reportagens “colaborativas”, em que os leitores sugerem pautas para os editores, a edição digital de Zero Hora publicou matéria na seção “Pelas ruas” com o seguinte título: “Pedras soltas, monumentos pichados e prédios mal cuidados mancham cartão postal no Centro”.
O subtítulo, também chamado de “linha fina” no jargão dos jornalistas, que deveria complementar a informação do título, trouxe este dado: “Praça da Matriz faz parte do Projeto Momumenta (sic) Porto Alegre e deve ter a revitalização finalizada em 2011”. Ou seja: nenhuma relação entre o apêndice caudal e as calças. Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa.
Mas, prossigamos com a leitura do primeiro parágrafo:
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“A Praça da Matriz, cartão postal de Porto Alegre, está na UTI. São monumentos pichados, pedras soltas em calçadas e prédios históricos mal conservados. Os turistas reclamam do estado da patrimônio público, que compromete o visual da cidade”.
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Devastador, não é mesmo? Parece texto saído de um Boletim Informativo do PT de Porto Alegre, publicado um mês atrás. A diferença é que Zero Hora não pronuncia o nome de José Fogaça, agora ex-prefeito, que abandonou o cargo e a cidade para tentar a sorte como governador do Estado. Na bica de virar réu em três ações criminais, Fogaça esculhambou não apenas o belo centro histórico da capital gaúcha, mas avacalhou e desarranjou o município inteiro.
Para Zero Hora, no entanto, o estrago está praticamente resolvido, graças ao Monumenta, citado na “linha fina”. Para o típico leitor de ZH, fica a certeza de que Fogaça saiu, mas deixou tudo encaminhado.
O que a xexelenta gazetinha do Grupo RBS não informa na notícia é que o Monumenta é um programa do Ministério da Cultura, que tem como foco, entre outras coisas, a recuperação e a preservação do patrimônio histórico.
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Para ler na íntegra a sensacional e esclarecedora reportagem de Zero Hora, clique aqui.
Para conhecer os detalhes do Programa (não “Projeto”) Monumenta, do governo federal, clique aqui.
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Para quem não sabe, Zero Hora é aquele mesmo veículo que costuma basear suas reportagens em supostos materiais apócrifos e anônimos encontrados em latões de lixo de estacionamentos (aqui e aqui)
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Dominatrix Clinton



Fonte: http://www.freakingnews.com/Dominatrix-Clinton-Pictures-17869.asp
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Irã, Sun Tzu e a Dominatrix

por Pepe Escobar, Blog The Roving Eye [Olhar Distraído], Asia Times Online

http://www.atimes.com/atimes/Middle_East/LE22Ak01.html

Vamos combinar: Hillary Clinton é Dominatrix, dessas que já não se fazem como antigamente.

Primeiro, a secretária de Estado dos EUA disse que a mediação de Brasil e Turquia para conseguir que o Irã aceitasse combustível nuclear em troca de seu urânio estaria condenada ao fracasso. Depois, o Departamento de Estado dos EUA disse que seria “a última chance” de algum acordo sem sanções. E finalmente, menos de 24 horas depois do sucesso das negociações em Teerã, Hillary, chicote em punho, põe de joelhos todo o Conselho de Segurança da ONU e proclama ao mundo, em triunfo, que tinha em mãos um rascunho de resolução preventivamente aprovado, para uma quarta rodada de sanções contra o Irã. Definiu o movimento a favor de sanções como “resposta aos esforços empreendidos em Teerã nos últimos dias”. Mas… Calma lá!

Imediatamente depois do trabalho genuíno e bem-sucedido de mediação em discussão tão sensível, levado a cabo por duas potências emergentes – e mediadores sérios, que contam com a confiança universal – nesse nosso mundo multipolar, Brasil e Turquia… Washington e seus dois aliados da União Europeia no Conselho de Segurança, França e Grã-Bretanha, só pensam em torpedear o acordo? É o que os EUA chamam de “diplomacia” global?

Não surpreende que Brasil e Turquia, aliados chave dos EUA, ambos membros não-permanentes do Conselho de Segurança e ambos poderes regionais emergentes, tenham respondido com fogo pelas ventas, indignados com a reprimenda absolutamente descabida. O Brasil, primeiro, disse que sequer discutiria sanções contra o Irã, na ONU. Depois, Brasil e Turquia enviaram carta à ONU, requerendo formalmente que sejam incluídos nas negociações do grupo “Irã 6” sobre as sanções, “para evitar que se adotem medidas que dificultem qualquer solução pacífica”.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva do Brasil – que dissera pessoalmente à Clinton, no início do ano, que “não é prudente empurrar o Irã contra a parede” – também criticou o Conselho de Segurança, que lhe parece decidido a impedir qualquer tipo de negociação.

O ministro das Relações Exteriores da Turquia Ahmet Davutoglu alertou que novo pacote de sanções só faria “estragar a atmosfera”.

E o primeiro-ministro da Turquia Recep Tayyip Erdogan disse que o movimento comprometia seriamente a credibilidade do Conselho de Segurança – e não deixou de lembrar, em tom ácido, o absurdo de haver cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, todos sentados sobre suas bombas atômicas, empenhados em desmantelar o programa nuclear legal e orientado para finalidades médicas e civis de um país em desenvolvimento.

Quanto à “credibilidade dos EUA”, está na lona. Não só na comparação com a credibilidade do Brasil de Lula e da Turquia de Erdogan, mas em todo o mundo em desenvolvimento – que é a verdadeira, a real, a única “comunidade internacional” de carne e osso e sangue que acompanha, interessada, esse sempre o mesmo golpismo incansável.

Frenesi de chicotadas contra o enriquecimento [do urânio]

Ao longo dos últimos meses, Clinton, a Dominatrix, acusou incansavelmente o Irã de ter rejeitado acordo semelhante, de troca de urânio baixo-enriquecido por combustível, proposto pelos EUA em outubro passado. Mais um movimento do script usual de Washington – um manual da eterna má-fé, insistindo que as sanções “nada têm a ver” com o enriquecimento do urânio, quando o mesmo enriquecimento, há apenas poucas semanas, era apresentado como o xis da questão e razão-chave para mais sanções.

E é ainda pior que isso. Como Gareth Porter revelou (“Washington queima pontes”, 21/5/2010, Asia Times Online e traduzido, em português, no Blog Viomundo, em http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/ira-diz-que-washington-queima-pontes.html), Washington só propusera alguma troca de urânio por combustível em outubro último, porque, desde o início, planejava forçar o Irã a suspender completamente seu programa de enriquecimento de urânio (programa perfeitamente legal e legítimo, ao qual o Irã tem direito, como signatário do Tratado de Não-proliferação Nuclear, NPT). Mas essa intenção dos EUA jamais fora anunciada publicamente: tudo foi apresentado como se o problema fossem as bombas atômicas que não há e das quais o Irã não cogita.

Seja como for, o Irã continuará a produzir urânio enriquecido a 20% (direito do Irã, nos termos do Acordo de Não-proliferação), e começará a construir uma nova usina de enriquecimento, das dimensões da usina de Natanz. É parte do projeto de construir outras 10 usinas, anunciado ano passado pelo presidente Mahmud Ahmadinejad. Além disso, a usina nuclear construída pelos russos em Bushehr já está em fase final de testes e será inaugurada no próximo verão. São fatos irreversíveis, a “realidade em campo”.

Saeed Jalili, secretário do Conselho Superior de Segurança Nacional do Irã e principal negociador iraniano de facto nas questões nucleares, deve encontrar-se em breve com a chefe da política exterior da União Europeia Catherine Ashton na Turquia. Ashton, negociadora designada pela “comunidade internacional” seria representante da opinião pública global, nos termos de um press release distribuído pela British Petroleum sobre o vazamento de petróleo no Golfo do México. Isso, porque a União Europeia prepara-se para editar suas próprias sanções contra o Irã. Vale o mesmo para o Congresso dos EUA; como o senador Chris Dodd, Democrata de Connecticut, confirmou essa semana. Portanto, além das sanções do Conselho de Segurança, o Irã também terá de enfrentar sanções extra, declaradas pela coalizão de direita, dos poodles europeus decadentes, liderada pelos EUA.

China e Rússia, vêm de Sun Tzu

Antigo clássico general chinês, mestre estrategista, filósofo e autor de A Arte da Guerra, disse Sun Tzu: “Deixe que o inimigo erre. Não corrija erros do inimigo.” A China e a Rússia, também mestres estrategistas, aplicam aos EUA, em grande estilo, essa lição bem aprendida.

As dez páginas do rascunho de sanções da ONU de que ontem tanto se falou, já foram reduzidos a tirinhas inócuas de papel por China e Rússia, membros permanentes do Conselho de Segurança. Qualquer manifestação em linguagem mais belicosa, que ainda se ouça contra aquele rascunho, no Conselho de Segurança, virá dos membros não permanentes Brasil, Turquia e Líbano. (Qualquer sanção terá de ser aprovada por unanimidade; sem isso, as sanções de Clinton nascem mortas.) Não há meio pelo qual Washington consiga forçar todos os membros do Conselho de Segurança a aprovar nova rodada de sanções, sobretudo agora que não há como negar que o Irã está cooperando.

No pé em que estão as coisas, as sanções hoje rascunhadas impedem as importações de armas convencionais pelo Irã; cortam todas as importações relacionadas a mísseis balísticos; congelam bens e valores de membros-chave do Corpo de Guardas Revolucionários Islâmicos; e autorizam inspeção em portos e em águas internacionais. A maioria dessas sanções implicam adesão voluntária – i.e., os países não são obrigados a implementar o que determinem as sanções do Conselho de Segurança – e terão efeito zero no comércio global do Irã, de petróleo e gás.

Pequim e Moscou de modo algum lambem o chicote de Clinton. Imediatamente depois do bombástico anúncio em que ela falou do ‘rascunho’ de documento de sanções, o embaixador chinês na ONU, Li Badong, disse que o rascunho de Resolução “não fechava as portas à diplomacia” e, mais uma vez, reforçou a importância “do diálogo, da diplomacia e das negociações.”

E o ministro das Relações Exteriores da Rússia Sergei Lavrov telefonou imediatamente a Clinton, insistindo na necessidade de melhor análise para o acordo de troca de urânio baixo-enriquecido por combustível, mediado por Brasil e Turquia. Lavrov repetiu que a Rússia absolutamente não considera oportunas quaisquer novas sanções unilaterais de EUA e União Europeia contra o Irã. O Chanceler russo disse que sanções unilaterais incluem medidas “de alcance extraterritorial, além do que permitem os acordos vigentes na comunidade internacional e contrariando princípios da lei internacional consubstanciada na Carta da ONU”.

E assim chegamos a uma situação em que um acordo real e válido, aprovado pelo Irã, sobre troca de seu urânio por combustível para seu reator está em estudos na Agência Internacional de Energia Atômica… ao mesmo tempo em que já está em curso um ataque contra o Irã, mediante sanções, na ONU. Em quem, afinal, a verdadeira “comunidade internacional” acreditará? Erdogan não poderia ter dito com mais clareza: “É tempo de decidir se acreditamos na supremacia da lei ou na lei dos fortes e supremos…”

De fato, o que todo o mundo em desenvolvimento está vendo é o passado – EUA, França, Grã-Bretanha, Alemanha – combatendo contra o avanço do futuro – China, Índia, Brasil, Turquia, Indonésia. A arquitetura da segurança global – policiada por uma camarilha de guardiões autonomeados e assustados – entrou em coma. O ocidente ‘atlanticista’ está naufragando feito Titanic.

Queremos guerra, e é pra já!

Só o poderoso lobby pró-guerra infinita nos EUA continua a considerar “um fiasco” o primeiro passo em direção a um acordo nuclear com o Irã. Inclui-se aí os cada dia mais desacreditados e pró-guerra-do-Iraque New York Times (a mediação Brasil-Turquia estaria “complicando a discussão das sanções”) e Washington Post (o Irã estaria “criando ilusões de avanço nas negociações nucleares”).

Para esse lobby pró-guerra, o acordo mediado por Brasil e Turquia seria “uma ameaça”, porque se opõe diretamente à decisão de atacar imediatamente o Irã (ataque a ser iniciado por Israel, e que os EUA seguiriam) e a promover lá uma “troca de regime” – sonho-desejo sempre acalentado por Washington.

Em recente discurso no Conselho de Relações Estrangeiras o luminar Dr. Zbigniew [Brzezinski] “vamos conquistar a Eurásia” alertou contra “gravíssimo perigo” de “um despertar político global” e de as elites globais se desentenderem”. Para o ex-conselheiro presidencial para assuntos de segurança nacional dos EUA, “pela primeira vez na história humana, toda a humanidade está politicamente desperta. É realidade totalmente nova, praticamente jamais aconteceu, em toda a história humana.” E quem, diabos, essas estrelas novas recém acordadas, como Brasil e Turquia, pensam que são, para atrever-se a perturbar ‘nosso’ governo do mundo?

Enquanto isso, norte-americanos sempre subinformados continuam a perguntar-se “Por que nos odeiam tanto?” Porque, dentre outras razões, visceralmente unilateral sempre, Washington nunca pensa duas vezes antes de meter-se a tentar erguer o chicote até para os seus melhores amigos.

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Sobre o Irã.

Reproduzo abaixo, com a devida autorização, o ótimo texto de um estimado colega do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal Fluminense. Um texto simples, objetivo, bem-escrito e que coloca de forma contundente os devidos pingos nos is.

CHAFURDO NO CORETO

Manuel Domingos Neto

(Professor de Ciência Política da UFF e editor da Revista “Tensões Mundiais”).

Os poderosos precisam enviar permanentemente sinais de força; seus arsenais carecem de testes práticos e seus complexos tecnológico-industriais de encomendas. Assim, a invasão do Irã estava traçada: diabolização de suas lideranças, imposição de apertos econômicos, fomento à oposição política interna, convencimento da opinião mundial de que a bomba atômica estaria sendo preparada e que o mundo ficaria mais feliz com Ahmadinejad enforcado.

Usado no caso iraquiano, tal roteiro se desenvolvia rapidamente até a entrada em cena de dois emergentes, Brasil e Turquia, ambos sem assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.

Os EUA e seus grandes aliados, com insolúveis crises internas e, externamente, em déficit de legitimidade, não queriam nem querem acordo. Caso contrário, a primeira iniciativa seria a desativação das ogivas israelenses. Sem perspectivas promissoras à vista, os mandões pretendem manter a todo custo a autoridade conferida pelo monopólio da arma nuclear, o mais terrível instrumento de destruição em massa já inventado.

Correndo por fora, Brasil e Turquia, com experientes e atrevidos chanceleres, Celso Amorim e Ahmet Davutoglu, bagunçaram-lhes o coreto ao promover o inesperado acordo com o Irã e ao escancarar o fim do alinhamento automático que marcou até recentemente suas políticas externas. Ficou mais difícil cumprir o roteiro agressivo e menos convincente a ilusão de que podem continuar mandando indefinidamente. Desconcertados, restaram-lhes declarações amarelas de descrença na sinceridade iraniana e admoestações arrogantes a Lula, protagonista maior do espetáculo. Prosseguirão, sem dúvida, seus intentos bélicos, porém não mais com a mesma facilidade.

Ao lutarem pelo acordo, Brasil e Turquia defenderam seus próprios interesses e os interesses da paz. Apenas potências decadentes lucrariam com a insegurança global ensejada por uma nova guerra; apenas governantes carentes de reconhecimento se beneficiariam com os surtos de unidades nacionais propiciadas por mobilizações guerreiras. Não é este o caso do Brasil de Lula nem da Turquia do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan.

A propaganda dos mandões destacou a decisão iraniana de continuar enriquecendo urânio a 20%. Ora, o acordo tranqüilizaria a todos quanto à fabricação da bomba, mas não implicaria em renúncia ao domínio da tecnologia nuclear, já que isso comprometeria o desenvolvimento. Esta tecnologia não se limita a geração de bombas e a geração de eletricidade; se presta a incontáveis aplicações, da medicina à agricultura, da navegação aérea aos utensílios domésticos. Caso o Brasil e a Turquia acatassem a completa interdição da tecnologia para os iranianos, trairiam suas próprias pretensões de autonomia.

Os brasileiros, que não querem a bomba, jamais abdicariam do enriquecimento do urânio. Destaque de nossa agenda estratégica, inclusive, é o submarino movido a energia nuclear, com maior capacidade de dissuasão. Hoje, apenas cinco países dispõem dessas máquinas impressionantes e de autonomia para fabricar seu combustível. Abandonar o enriquecimento de urânio, a rigor, seria persistir reverenciando uma ordem mundial em franco declínio.

Ao repelir o acordo brasileiro-turco-iraniano, o Conselho de Segurança da ONU entoa música antiga a ouvidos ansiosos por novas harmonias.

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O Rato da Casa Branca

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