De tontos e vigaristas - hoje e em 2005

ou: é Gramsci, idiota!

por Reinaldo Azevedo

Mais de uma vez já falei sobre o teórico comunista italiano Antônio Gramsci. Seu conceito de “hegemonia” está na raiz de tudo o que se vê na esquerda contemporânea — notem que não empreguei o adjetivo “moderna” porque a palavra costuma estar associada a uma idéia de valor positivo. Nesse sentido, ou se é moderno ou se é de esquerda. Adiante.

Gramsci desenvolveu o conceito de “hegemonia”: um partido — na verdade, “o” partido, que ele chamava de “Moderno Príncipe” — tem de fazer a guerra de valores na sociedade que quer transformar. Mais do que transformar: na sociedade que pretende subjugar e, na prática, substituir. O autor não propõe as coisas nesses termos, é claro, porque ele faz a sua construção totalitária parecer um avanço humanista — como todo totalitário. E essa guerra implica tornar seus valores influentes, de modo que, com o passar do tempo, os indivíduos não consigam mais pensar fora dos seus parâmetros, fora de suas necessidades, fora de suas formulações. O “Moderno Príncipe” torna-se, assim, um “imperativo categórico”.

E como se opera essa guerra? Como toda guerra: por meio de soldados. Só que, nesse caso, são os soldados da ideologia. Numa primeira fase, o trabalho fica mesmo a cargo da militância. À medida que a hegemonia vai se estabelecendo, mesmo os que não estão a serviço da causa se tornam seus vogais. Porque, como está dito, já não se consegue pensar fora daquela metafísica influente.

Peguem os jornais de hoje: fica-se com a impressão de que aconteceu uma grande tragédia na pré-candidatura de José Serra: afinal, Aécio desistiu! Parece um delírio coletivo. Sim, há os militantes do governismo, que sabem muito bem o nome do que praticam. Mas também há os que são simplesmente tontos. Em alguns casos, chega-se ao acinte — e nem estou muito certo do que seja algo deliberado. QUEM ESTÁ PAUTANDO A REPERCUSSÃO DO FATO, DO COMEÇO AO FIM, É O PT.

Até a tese estúpida de que o Palácio ficou satisfeito porque considerava Aécio um candidato mais difícil foi ressuscitada. ESTA MESMA VERSÃO, POR INCRÍVEL QUE PAREÇA, FOI VENDIDA À IMPRENSA EM 2005, só que Geraldo Alckmin substituía Aécio. E MUITOS BOBOS E BOBAS A COMPRARAM. Não vou citar nomes por gentileza. Mas a Internet está aí. Pesquisem. Havia tanto sentido na plantação do governo, que o resultado foi este (sempre com números do Datafolha):

Dezembro de 2005 — pela primeira vez, Serra ficava à frente de Lula, com 36% das intenções de voto, contra 29%. Alckmin aparecia com 22%, e Lula com 36%
FATO - Serra era alvo de intenso bombardeio dentro do próprio PSDB.
Fevereiro de 2006 - Serra aparecia com 34%, e Lula com 33%. Alckmin aparecia com 20%, e Lula com 36%
FATO - Alguns tucanos e boa parte da imprensa, pautada pelo PT, os mesmos de agora, diziam que o Planalto temia mais Alckmin do que Serra. O bombardeio continuava. Serra desiste.
Março de 2006 — Alckmin aparecia com 23%, e Lula com 42%.
Maio de 2006 — Lula chegou a 45%, e Alckmin ficou com 22%.

De súbito, os manés do “potencial de crescimento” e do “temer mais quem tem menos votos” desapareceram, sumiram, escafederam-se. Não! Não estou dizendo que Serra teria vencido se tivesse sido o candidato. Estou dizendo que a tese era, como é, furada, mentirosa, vigarista mesmo. Não obstante, é comprada com a desfaçatez dos abduzidos.

A situação é de tal sorte absurda que se deu mais atenção à versão do PT para a desistência de Aécio do que à do próprio governador de Minas. Um trecho essencial de sua carta, que fala sobre a tentativa de dividir o país — publiquei a íntegra ontem, vejam lá — foi ignorada.

PERGUNTA - E que cenário, então, poderia ser positivo para Serra? Existirá algum? O PT, naturalmente, diz que não. Mais: elogiando Aécio Neves, deixa claro esperar, do modo indecoroso que tão bem os caracteriza, que ele traia Serra — e fazem, assim, o que seria, então, o elogio da traição. Escrevi aqui outra dia e reitero: quando a imprensa decide ser ruim, nada é tão ruim no seu próprio gênero como ela no dela.

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A homepage de agora, passados alguns minutos das 15h, da Folha Online é matéria que interessa à ciência. Toda ela está pautada pelo PT, de cabo a rabo — isto é, da voz oficial do “Planalto” (seja ela quem for) a José Dirceu.

A Folha Online, aliás, tem como uma de suas missões, suponho, amplificar o que escreve José Dirceu em seu blog, que ninguém lê. Dia sim, dia não — ou dia também —, há ao menos um texto resumindo o que pensa o ex-ministro e deputado cassado sobre a política. Trata-se de um verdadeiro “Diário de Dirceu”. Hoje, ele diz que Minas não perdoará Serra por Aécio ter desistido.

Como os petistas achassem Aécio um adversário bem mais difícil, eles o elogiavam e elogiam, em contraste com Serra, o adversário fácil, permanentemente atacado. É uma lógica que deve ser saboreada com os quatro cascos no chão.

É uma evidência do jornalismo rendido a um ente de razão, a um partido, de modo miserável. A rigor, nem jornalismo é porque não há apuração, mas apenas registro do “que se diz por aí”. Os delírios vão se sucedendo. O novo é que Aécio, não querendo para ele a vaga, pode impor Itamar Franco como vice na chapa de Serra. Pode impor? Pode mesmo?

Celebra-se o que seria uma verdadeira orgia da traição, em que se dá como certo que, não tendo conseguido viabilizar a sua candidatura, o caminho certo de Aécio — e, parece, alguns consideram também o caminho ético — é trair. Nisso, como em tudo mais, esse tipo de jornalismo concorda com José Dirceu. A diferença entre o que vai naFolha Online e os blogs que servem a Franklin Martins é só de linguagem: o subjornalismo oficialista é mais engraçado.

Nem mesmo aquela idéia de equilíbrio, que costuma esconder tantos desequilíbrios, está presente desta vez. Não há um “outro lado” dizendo que as coisas podem não ser bem assim. Há só um lado.

José Dirceu edita a Folha Online.

Retomo a questão da impensa no próximo post.

(Reinaldo Azevedo)

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Esquizofrenia 2 : Ao Vivo

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MORENA QUE ACOMPANHA SERRA NA DINAMARCA É HERDEIRA DA BAND - E TEM CARGO DE CONFIANÇA NO GOVERNO TUCANO

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As imagens acima foram recortadas do Diário Oficial paulista (aqui e aqui, respectivamente). Daniela Ferraz Saad foi nomeada para um cargo comissionado na Secretaria de Comunicação do governo Zé Chirico. Neste momento, ela e seu "chefe" fazem turismo em Copenhague, na Dinamarca, a pretexto de participar da Conferência do Clima.
Daniela é filha de João Carlos Saad, vulgo Johnny, proprietário da Rede Bandalha de Comunicação (clique aqui para conferir). Significa que, pela ordem natural, um dia tudo aquilo será dela. É verdade que Dani até já se arriscou como apresentadora de um programa de notícias rurais, fruto de uma parceria entre os Saad e uma produtora americana - a RFD-TV. Veja:
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Com tanto charme, simpatia e dinheiro, o que levaria uma moça tão distinta e fina a dar expediente, em tempo integral, em uma repartição pública envolvida diretamente no ramo de atividade de sua família?
Se você quiser fazer mais perguntas, clique aqui para ir ao NaMaria News e conhecer os demais membros da comitiva demotucana que está se esbaldando na capital dinamarquesa.
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Voltando à nossa realidade


"Belo Horizonte, 17 de dezembro de 2009.

Presidente Sérgio Guerra,

Companheiros do PSDB,

Há alguns meses, estimulado por inúmeros companheiros e importantes lideranças da nossa sociedade, aceitei colocar meu nome à disposição do nosso partido como pré-candidato à Presidência da República.

Como parte desse processo, defendi a realização de prévias e encontros regionais que pudessem levar o PSDB a fortalecer a sua identidade e integridade partidárias.

Assim o fiz, alimentado pela crença na necessidade e possibilidade de construirmos um novo projeto para o país e um novo projeto de País.

Defendi as prévias como importante processo de revitalização da nossa prática política. Não as realizamos, como propus, seja por dificuldades operacionais de um partido de dimensão nacional, seja pela legítima opção da direção partidária pela busca de outras formas de decisão. Ainda assim, acredito que teria sido uma extraordinária oportunidade de aprofundar o debate interno, criar um sentido novo de solidariedade, comprometimento e mobilização, que nos seriam fundamentais nas circunstâncias políticas que marcarão as eleições do ano que vem.

A realização dos encontros regionais foi uma importante conquista desse processo. O reencontro e a retomada do diálogo com a nossa militância, em diversas cidades e regiões brasileiras, representaram os nossos mais valiosos momentos. A eles se somaram outros encontros, também sinalizadores dos nossos sonhos, com trabalhadores, empresários e outros setores da nossa sociedade.

Ouvindo-os e debatendo, confirmei a percepção de um País maduro para vivenciar um novo ciclo de sua história. Pronto para conquistar uma inédita e necessária convergência nacional em torno dos enormes desafios que distanciam nossas regiões umas das outras, e em torno das grandes tarefas que temos o dever de cumprir e que perpassam governos e diferentes gerações de brasileiros.

Ao apresentar o meu nome, o fiz com a convicção, partilhada por vários companheiros, de que poderia contribuir para uma construção política diferente, com um perfil de alianças mais amplo do que aquele que se insinua no horizonte de 2010. E as declarações de líderes de diversos partidos nacionais demonstraram que esse era um caminho possível, inclusive para algumas importantes legendas fora do nosso campo.

Defendemos um projeto nacional mais amplo, generoso e democrático o suficiente para abrigar diferentes correntes do pensamento nacional. E, assim, oferecer ao país uma proposta reformadora e transformadora da realidade que, inclusive, supere e ultrapasse o antagonismo entre o "nós e eles", que tanto atraso tem legado ao País.

Devemos estar preparados para responder à autoritária armadilha do confronto plebiscitário e ao discurso que perigosamente tenta dividir o País ao meio, entre bons e maus, entre ricos e pobres. Nossa tarefa não é dividir, é aproximar. E só aproximaremos os brasileiros uns dos outros, através da diminuição das diferenças que nos separam.

O que me propunha tentar oferecer de novo ao nosso projeto, no entanto, estava irremediavelmente ligado ao tempo da política, que, como sabemos, tem dinâmica própria. E se não podemos controlá-lo, não podemos, tampouco, ser reféns dele...

Sempre tive consciência de que uma construção com essa dimensão e complexidade não poderia ser realizada às vésperas das eleições. Quando, em 28 de outubro, sinalizei o final do ano como último prazo para algumas decisões, simplesmente constatava que, a partir deste momento, o quadro eleitoral estaria começando a avançar em um ritmo e direção próprios, e a minha participação não poderia mais colaborar para a ampla convergência que buscava construir.

Durante todo esse período, atuei no sentido de buscar o fortalecimento do PSDB.

Deixo a partir deste momento a condição de pré-candidato do PSDB à Presidência da República, mas não abandono minhas convicções e minha disposição para colaborar, com meu esforço e minha lealdade, para a construção das bandeiras da Social Democracia Brasileira.

Busco contribuir, dessa forma, para que o PSDB e nossos aliados possam, da maneira que compreenderem mais apropriada, com serenidade e sem tensões, construir o caminho que nos levará à vitória em 2010.

No curso dessa jornada, mantive intactos e jamais me descuidei dos grandes compromissos que assumi com Minas, razão e causa a que tenho dedicado toda minha vida pública.

Ao deixar a condição de pré-candidato à Presidência da República, permito-me novas reflexões, ao lado dos mineiros, sobre o futuro.

Independente de nova missão política que porventura possa vir a receber, continuarei trabalhando para ser merecedor da confiança e das melhores esperanças dos que partilharam conosco, neste período, uma nova visão sobre o Brasil.

É meu compromisso levar adiante a defesa intransigente das reformas e inovações que juntos realizamos em Minas e que entendemos como um caminho possível também para o País. Continuarei defendendo as reformas constitucionais e da gestão pública, aguardadas há décadas; a refundação do pacto federativo, com justa distribuição de direitos e deveres; e a transformação das políticas públicas essenciais, como saúde, educação e segurança, em políticas de Estado, acima, portanto, do interesse dos governos e dos partidos.

Devo aqui muitos agradecimentos públicos.

À direção do meu partido e, em especial, ao senador Sérgio Guerra pelo equilíbrio e firmeza com que vem conduzindo esse processo.

Aos companheiros do PSDB, pelas inúmeras demonstrações de apoio e confiança.

Manifesto a minha renovada disposição de estar ao lado de todos e de cada um que julgar que a minha presença política possa contribuir, seja no plano nacional ou nos planos estaduais, para a defesa das nossas bandeiras.

Aos líderes de outras legendas partidárias, pela coragem com que emprestaram substantivo apoio não só ao meu nome, mas às novas propostas e crenças que defendemos nesse período.

Nos reencontraremos no futuro.

A tantos brasileiros, pelo respeito com que receberam nossas ideias.

E a Minas, sempre a Minas e aos mineiros, pela incomparável solidariedade.

Aécio Neves"


E logo em seguida:

O governador Aécio Neves tem todas as condições para ser o candidato do nosso partido a presidente, por seu preparo, sua experiência política, sua visão de Brasil e seu desempenho como governador eleito e reeleito de Minas Gerais.

É um homem que soma e que, ao mesmo tempo, sabe conduzir com firmeza as políticas públicas. Não é por menos que seu governo é tão bem avaliado e que a imensa maioria dos mineiros o considera credenciado para ocupar a função mais alta da República.

Não me surpreendem a grandeza e desprendimento que ele demonstra neste momento. Os termos em que ele se manifestou confirmam a afinidade de valores e as preocupações que inspiram nossa caminhada política. Faço minhas suas palavras:

“Defendemos um projeto nacional mais amplo, generoso e democrático o suficiente para abrigar diferentes correntes do pensamento nacional. E, assim, oferecer ao país uma proposta reformadora e transformadora da realidade que, inclusive, supere e ultrapasse o antagonismo entre o ‘nós e eles’, que tanto atraso tem legado ao país.”

Não somos semeadores da discórdia e do ressentimento. Nem estimuladores de disputas de brasileiros contra brasileiros, de classes contra classes, de moradores de uma região contra moradores de outra região. Trabalhamos, ambos, sempre, pela soma, não pela divisão. Somos brasileiros que apostam na construção e não no conflito.

Quero reafirmar o sentimento expresso pelo presidente do PSDB, senador Sergio Guerra, no sentido da união e da convergência que nos move, de valores e ideais.

Temos o sonho de um país melhor, unido e progressista, com oportunidades iguais para todos. E é nesse sentido que vamos continuar trabalhando. Juntos.


José Serra



É o que temos...

2010 sem petralhas!!!!

Vem aí a chapa puro sangue!

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“O furacão do atraso”









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