Licença para invadir mais

JOÃO PEDRO STEDILE
Como outros chefões do MST, ele jamais pega numa enxada ou enfrenta o sol num trator
Não param de surgir evidências de que o Ministério do Desenvolvimento Agrário é uma extensão natural das vontades dos grupos de sem-terra. Há, por exemplo, o repasse de verbas públicas para entidades ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o aparelhamento dos escritórios regionais do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) com funcionários oriundos do movimento. A mais recente demonstração de submissão aos interesses dos sem-terra foi o esforço, nas últimas semanas, do ministro Guilherme Cassel em ver aprovada a alteração dos índices mínimos de produtividade rural – o principal critério usado para desapropriar terras para a reforma agrária. Se aprovada, a proposta terá como efeito o aumento das invasões de terra, porque propriedades hoje consideradas produtivas passariam para a lista negra do Incra. É exatamente do que o MST precisa: uma desculpa para invadir novas propriedades. Sob pressão do movimento, o presidente Lula prometeu, no mês passado, mudar os índices de produtividade. O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, é contra a medida. Nos bastidores do governo, está quente o embate entre Agricultura e Desenvolvimento Agrário.
Não há sentido prático em tornar os critérios de produtividade mais rígidos. O setor agrícola brasileiro é um dos mais eficientes do mundo. Terras boas e ao mesmo tempo improdutivas são uma raridade. Quando existem, são resultado de circunstâncias eventuais – uma seca que causou queda de rendimento – ou de uma opção econômica do produtor: se o preço de determinado alimento não paga o investimento de produzi-lo, ele tem o direito, como qualquer empreendedor, de reduzir a produção por um período. Na outra ponta, a falta de acesso à terra já não é uma questão social relevante no país. Prova disso é que muitos militantes do MST são moradores das cidades. A maioria, e aí estão incluídos líderes como João Pedro Stedile, não sabe sequer manusear uma enxada. Além disso, se forem consideradas apenas as áreas cujo processo de desapropriação já foi iniciado pelo Incra, há terra suficiente para assentar todas as 30 000 famílias hoje amontoadas em acampamentos do MST e similares. "Não está havendo racionalidade técnica nesse debate", diz o ministro Stephanes. Para que, então, criar novos índices? A única resposta plausível é: para o MST continuar produzindo invasões e disseminando sua ideologia amalucada.

Triste Bahia

Ônibus Incendiado Em cinco dias de vandalismo, os criminosos destruíram dezesseis desses veículos e dez bases policiais |
Uma onda de terror em Salvador expõe o descalabro
da segurança pública no estado
Leonardo Coutinho
Até pouco tempo atrás, a Bahia só dava boas notícias, graças às oportunidades criadas pelo turismo no litoral do estado e pela implantação de grandes fábricas, como a da montadora Ford. Agora, sua economia cresce menos que a do Nordeste e perde investimentos para os vizinhos: Pernambuco vive uma onda de crescimento sem precedentes; Sergipe recebeu 25 novas indústrias desde 2007. O sinal mais dramático da estagnação na Bahia é o aumento da criminalidade. A taxa de homicídios de Salvador é o dobro da do Rio de Janeiro, e os bandidos impuseram o toque de recolher em onze bairros da cidade. Durante toda a semana passada, bandos armados vandalizaram a capital baiana em retaliação à transferência de um dos chefes locais do tráfico de drogas, Cláudio Campanha, para um presídio em Mato Grosso do Sul. Até a sexta-feira 11, eles haviam disparado contra carros da polícia, destruído dez bases da Polícia Militar e incendiado dezesseis ônibus. Nos tiroteios, dez policiais e civis foram feridos e seis facínoras mortos. A baderna foi urdida por uma espécie de PCC baiano, que, paradoxalmente, se autointitula "Comissão da Paz" (CP). Dias antes dos ataques, o governo interceptou telefonemas nos quais os traficantes combinavam a ação, mas não tomou providências.
A polícia local soube da existência do CP em 2007. O bando tem conexões com seu congênere paulista, que escolheu Salvador para esconder integrantes seus. Seis deles foram presos na capital baiana nos últimos quatro anos. Supõe-se que, em troca da cobertura proporcionada pelo CP, o PCC forneça armas e dinheiro graúdo aos facínoras baianos. Em uma das operações que resultaram na prisão de bandidos oriundos de São Paulo, foram apreendidas na mansão duas metralhadoras antiaéreas, rádios comunicadores e 20 000 dólares.
É falta de polícia, e não sociologia, que explica a proliferação da criminalidade na Bahia. Dos 417 municípios do estado, 135 não têm delegado. O governo aprovou em concurso e treinou 102 profissionais para ocupar essa função – mas não os empossa porque afirma não ter dinheiro para pagar seus salários. Os recursos destinados a policiamento diminuem desde 2007. Naquele ano, o orçamento do estado destinou 217 milhões de reais para tal fim. Desses, apenas 59 milhões foram gastos. Em 2008, dos 125 milhões de verba, somente 36 milhões foram executados. No interior, faltam viaturas. Na capital, os policiais não têm munição para enfrentar a bandidagem. No poder desde 2006, o governador Jaques Wagner afirmou que dedicaria 2009 à gestão pública. É uma promessa surpreendente até mesmo para os arrastados parâmetros temporais baianos.

A transferência do traficante Cláudio Campanha para uma prisão no MS foi o estopim da baderna
veja.com
A TROCA
A mais antiga moeda do mundo é a "TROCA" ela é tão simples que não precisa de troco.
Alguém de sã consciência acredita que o PIB cubano seja de 6000 dólares "per cápita"?
Um país que reclama do bloqueio americano, e cresceu 5% ao ano durante 4 anos na década de 90. Em 2006 cresceu 12%, e em 2007 7,3% enquanto nosso imenso Brasil crescia, 1 ou 2 porcento.
No viés da história há algumas mentiras nisso.
Alguém acha realmente que IDH cubano é maior que o do Brasil?
Em 2008, Cuba sofreu com a devastação causada por três furacões.
Os danos totais foram de quase US$ 10 bilhões, 20 % do PIB. Seria necessário de três a seis anos para a economia recuperar-se, e mesmo assim o governo disse que o crescimento da economia em 2008 foi 4,3%. O IDH é um índice diretamente proporcional ao PIB per cápita do país.
Como pode um país cujos trabalhadores ganham no máximo entre 20 a 80 dólares por mês, proclamarem uma renda per cápita de 6000 dólares.
Ou alguns naquele país ganham muito, ou o PIB declarado é errôneo.
As organizações mundiais não conseguem acesso a metodologia de cálculo do PIB cubano, mas sabem que o governo soma os gastos com educação, saúde e esportes no superávit do PIB cubano.
Voltando ao assunto a "TROCA", eu acho que todo o estudante universitário brasileiro deveria pagar pela gratuidade de suas formações universitárias ao governo com serviços gratuitos.
Dou como exemplo os médicos, advogados, engenheiros, que deveriam doar pelo menos 5 anos de serviços obrigatórios ao governo após suas formações, com valores salariais decentes.
Qualquer profissional da área da saúde no Brasil é um mero diletante.
Eu afirmo que apesar de propagandas enganosas, no mundo todo.
O Brasil tem uma medicina pelo menos 20 anos à frente da cubana.
Meu vizinho gastou 30000 dólares em Cuba, com a falsa verdade da cura do vitiligo, obrigado a ficar hospedado na ilha por 90 dias, voltou para casa, mais doente, adquiriu diabetes, e continuou com vitiligo.
Pior, vai processar quem na ilha, pela falsa cura do vitiligo e por ter adquirido diabetes?
Não trocaria meus parcos recursos do SUS no Brasil por nenhum médico Cubano e nenhuma vacina produzida naquele país.
Opinião minha, e de meu vizinho.
Muitas coisas sobre a Ilha cubana são falácias, há também muitas verdades.
Creio que exista um motivo muito simples para que Fidelito não tenha entregado seus governo ao povo, o orgulho e a locupletação monetária dos membros do partido comunista, que viajam pela América latina, com diárias abastadas, usufruindo as benesses do mundo capitalista, fazendo propaganda do regime burlesco e mambembe de seu governo.
Afinal isso também é uma "TROCA".
Eu não trocaria minha dignidade, liberdade, ética e moral nesse sentido, faria como fazem os atletas cubanos, e os grandes heróis da travessia para Miami, se o país não lhes ama, deixem-no.
bom dia
Como fazer um burro falar

Texto de João Mellão Neto*
A Petrobrás, desde sua fundação, no início da década de 1950, sempre foi uma empresa ambígua, problemática e nada transparente. A começar pela sua criação. Há quem diga, atualmente, que a intenção do então presidente Getúlio Vargas nunca foi a de criar uma empresa estatal para exercer, na prática, o monopólio das atividades de exploração, refino e transporte do petróleo. O que se temia na ocasião era que a concessão de sua exploração, no Brasil, viesse a cair nas mãos das grandes empresas do ramo, às quais interessaria manter o País como mero consumidor. Verdade ou mentira, pouco importa. O fato é que o assunto chegou às ruas e mobilizou toda a Nação. A campanha popular ganhou o nome de "o petróleo é nosso!"
O apelo foi tão grande que culminou, em 1953, com a entrega de todas as atividades ligadas ao petróleo à recém-criada Petrobrás.
O grande receio, à época, era que, nas mãos de estrangeiros, o Brasil jamais alcançasse a autossuficiência em petróleo. Mal podiam imaginar os mentores da ideia que essa aclamada reserva de mercado é que não nos levaria à autossuficiência de modo algum. Durante muitos anos se acreditou que monopólios estatais eram a grande solução para atividades complexas, como é a extração de petróleo. Como as nações "subdesenvolvidas" - era esse o termo que se usava - não tinham condições de concentrar capital privado em volume suficiente para empreendimentos de tal vulto, era quase que uma certeza que as empresas estrangeiras acabariam por fazê-lo.
Muitos anos se passaram até que, na década de 1970, os pés de barro do gigante estatal foram mostrados explicitamente. Ocorreu então a primeira crise do petróleo. Tudo começou com a criação da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Tratava-se de uma iniciativa conjunta em que todos os grandes exportadores concordaram em racionar a produção com o intuito de aumentar o preço de sua mercadoria.
Funcionou. O barril de petróleo valia, à época, menos de US$ 2. Isso inibia a busca por combustíveis alternativos e também o desenvolvimento de motores mais eficientes. Esses fatos se deram em 1973 e o resto do mundo se prostrou de joelhos perante a Opep.
A fragilidade da posição brasileira, então, ficou explicitada. Com monopólio e tudo, mal conseguíamos produzir um quinto do petróleo que consumíamos. Para piorar ainda mais, sobreveio a segunda crise do petróleo, em 1980. O Brasil foi à lona.
Foi aí que começaram a surgir os primeiros contestadores do monopólio. E eles estavam munidos de argumentos impecáveis. Um deles era o ex-ministro do Planejamento Roberto Campos. Dizia ele, em tom de escárnio, que a Petrobrás só era grande da linha do solo para cima.
De fato, a Petrobrás "acima da linha do solo" explorava os mais insólitos ramos de atividade: hotéis, butiques, esportes, etc. Já "abaixo da linha do solo" - que é onde deveriam concentrar-se as suas atividades - ela era uma anã. Produzia apenas o equivalente a 200 mil barris de petróleo diários, para um consumo nacional de mais de 1 milhão.
Apesar de todas as evidências, o monopólio do petróleo só veio a ser abalado na década de 1990, quando o próprio governo encaminhou ao Congresso Nacional proposta de emenda constitucional permitindo a existência de outras empresas na sua exploração.
Funcionou. Tão logo caiu o monopólio, a Petrobrás levantou-se de seu berço esplêndido e atualmente produz 2 milhões de barris diários, dez vezes mais do que na década de 1980. A autossuficiência foi finalmente atingida. Graças, principalmente, à extinção do monopólio.
Isso, por si só, não significa que a Petrobrás se tenha tornado uma empresa "enxuta". Se o fosse, por que o desespero para impedir, no Senado, a CPI sobre ela?
Pois bem, todo esse esforço corre agora o risco de se perder, com o envio pelo Poder Executivo ao Congresso de sua proposta de "marco regulatório do pré-sal". Na prática, fica restabelecido o monopólio estatal sobre as atividades petrolíferas - ao menos no que diz respeito às reservas do pré-sal.
Ninguém tem dúvidas quanto à importância estratégica das novas jazidas. O estranho é que se faça um foguetório, quando as questões mais fundamentais ainda não foram respondidas.
O custo do barril extraído, em razão da profundidade, será competitivo?
Se for, o que fazer, uma vez que a própria Petrobrás reconhece que não existe tecnologia para tanto?
Mesmo que essa tecnologia venha a ser desenvolvida, o mais provável é que ela surja no estrangeiro. Pergunta-se: alguma petrolífera de vulto no mundo se disporá a investir no pré-sal, quando as cláusulas para isso são tão desvantajosas?
Por último: por que se está fazendo esse tremendo oba-oba agora, sabendo-se que esse petróleo só jorrará em 2020? Não seria tudo isso apenas uma patriotada pré-eleitoral?
Há uma fábula antiga que diz o seguinte: um sujeito foi ao rei propor que faria um burro falar. Pediu duas décadas de prazo mais uma farta pensão por mês. Um amigo advertiu o cidadão de que aquilo era uma loucura.
"Não é, não! Daqui a 20 anos um de nós, o rei ou eu, já terá morrido."
"E se isso não acontecer?"
"Fácil. Eu cuido de matar o burro!"
* João Mellão Neto, jornalista, deputado estadual, foi deputado federal, secretário e ministro de Estado
E-mail: j.mellao@uol.com.br
Blog: www.blogdomellao.com.br