Yeda Crusiu fora, já!



Conversa entre um coletador de assinaturas pela criação da CPI da Corrupção, domingo no Brick da Redenção, e uma senhora.

Mas porque vocês estão fazendo isso com a governadora? Ela não colocou a casa em ordem? Foi quando alguém que me acompanhava para assinar a lista, ouviu e perguntou para a senhora: que casa tia? Só se for a dela!
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Esquerda e Direita: Dez Reflexões em torno de um Velho Debate.

Ao ler o post “A Esquerda morreu, diz a Direita que não é Direita”, no Blog da Lola, resolvi escrever algumas reflexões pontuais sobre o assunto, fazendo o contraponto a uma série de questões levantadas, tanto no texto, quanto nos comentários postados sobre ele. Inicialmente, iria colocá-las, como comentário, na própria postagem da Lola, mas como ficaram um pouco longas, preferi publicá-las aqui.

1-No Brasil, é extremamente difícil encontrar alguém que se defina como de “direita”, devido a uma certa carga negativa que acompanha o termo e, por conta disto, até os mais ferrenhos direitistas se definem como de “Centro”. Um bom exemplo disto foi a articulação das forças conservadoras na Assembléia Constituinte que elaborou a constituição de 1988 que se autodenominou como “Centrão”. Parte disto deve-se ao fato de que, devido à ditadura militar, a direita ganhou a luta política no Brasil, mas perdeu a luta ideológica, já que boa parte da memória sobre o período foi construída a partir da perspectiva das forças de esquerda. Assim, carregar o rótulo de “direitista” passou a ser algo absolutamente incômodo para qualquer pessoa, nos meios políticos ou acadêmicos. É sintomático, também, que o novo nome do PDS - partido de sustentação do regime militar, em seus últimos anos – seja Partido Progressista, termo este geralmente associado às forças de esquerda;
2-Se em nosso país, tal fenômeno se manifestou com bastante força, não podemos dizer que ele é uma exclusividade brasileira. Norberto Bobbio, em seu “Direita e Esquerda – Razões e Significados de uma Distinção Política”, procura mostrar como a palavra “Esquerda” tem, “para quem a enuncia, um significado axiológico positivo”. Para exemplificar isto, ele cita um dos principais teóricos liberais contemporâneos, Isaiah Berlin, que considera que o liberalismo é de esquerda por se poder ao excessivo poder da autoridade baseada na força da tradição, que seria a principal característica das direitas, ao mesmo tempo que sustenta que o regime que existiu na URSS até o início da década de 1990 tornou imprestável a distinção entre direita e esquerda, por ter usurpado a palavra “Esquerda”;
3-No entanto, parece-me que, nos últimos anos, tal pudor vem se diluindo e uma nova direita, com um discurso mais moderno, começa a sair do armário, ao mesmo tempo em que ocorre uma forte campanha para desqualificar as esquerdas, associando-as ao atraso e à posturas arcaicas. Esta nova direita se identifica por um ethos particular, que se traduz em uma certa “visão aristocrática” de mundo – uma consciência de perceber-se como diferente da “plebe” – e na crença em uma série de valores que se contrapõe ao que ela define como sendo uma visão “esquerdista” – maior intervencionismo do Estado, políticas distributivistas (qualificadas como "assistencialistas”), recomposição e reestruturação da máquina estatal, políticas de ação afirmativa - tais como: individualismo, empreendedorismo, discurso “meritocrata” e Estado mínimo. Neste sentido, esta direita moderna incorpora em seu discurso questões como meio-ambiente, gênero, direitos humanos, opção sexual e etc..., situando-as dentro da tradição liberal-iluminista de defesa das liberdades individuais e retomando-as do campo da esquerda que as levantaram como bandeiras nas últimas décadas;
4-Há um certo segmento da sociedade – notadamente dentre as camadas médias – que mesmo sem se auto-definir como “direita”, pelas questões levantadas mais acima, assume como seus esse ethos e esses valores, em parte ou totalmente, embora normalmente levante as bandeiras da “neutralidade” e do “apoliticismo”. Este é o perfil de boa parte dos leitores da “Veja” e de “O Globo” que, não tendo grandes sofisticações intelectuais, vêem colunistas como o Jabor e o Mainardi – que repetem o supra-sumo do senso comum conservador – como seus grandes porta-vozes. O sucesso de cronistas do gênero entre esses setores, deve-se ao fato deles traduzirem de forma minimamente elaborada os anseios e a visão de mundo de seu público leitor;
5-Se esta direita moderna – consciente ou não – possui pontos que a diferenciam da direita tradicional, seja a cristã ou a de tendências autoritárias, ela também possui algumas semelhanças com suas congêneres mais extremadas, dentre as quais destaco a presença de um forte discurso em defesa da moralidade pública – nem sempre condizente com sua prática cotidiana -, associando desvios éticos à esquerda que teria por prática o “aparelhamento do Estado”. No Brasil, isto tem aparecido de forma bastante intensa no discurso neoudenista que veio à tona desde que Lula assumiu a presidência;
6-Outro aspecto deste renascimento da direita é a intensidade do revisionismo histórico – que serviu de mote para um excelente debate no Blog do Idelber - que vem sendo levado a cabo nos últimos anos, tanto pelos grandes grupos de comunicação, quanto por alguns círculos acadêmicos. Um bom exemplo disto é uma certa produção intelectual que tem chegado às livrarias nesta última década que, propondo uma releitura do golpe de 1964 e do regime instaurado a partir dele, chega a culpabilizar a esquerda, mesmo que de forma indireta, pela intensa repressão do período. Outro caso bem recente foi a referência da “Folha de São Paulo” ao regime militar brasileiro como “ditabranda”, em uma ofensa grave à memória daqueles que morrerem ou foram perseguidos durante os anos do autoritarismo. Tal revisionismo não se limita somente a dar uma nova interpretação a fatos ou processos históricos, mas chega ao paroxismo de distorcê-los ou mesmo falseá-los, para justificar suas teses (Alguém se lembra do artigo do Ali Kamel dizendo que “O Globo” não era contra a Campanha das Diretas?);
7-Por outro lado, dentro do campo da esquerda há setores tão retrógrados quanto aqueles que estão no extremo oposto do espectro político. Há uma certa esquerda que continua a analisar a conjuntura do Brasil em 2009, como se estivesse analisando a da Rússia de 1917 e que ainda insiste em levantar bandeiras que não cabem mais no mundo contemporâneo. Mantendo uma visão binária do mundo e da sociedade brasileira, esta esquerda adota uma postura com fortes elementos de fundamentalismo religioso, construindo uma espécie de Religião sem Deus, ou melhor, uma religião que tem a História (pobrezinha da Clio!) como uma espécie de Deus Ex Machina. Nesta perspectiva, qualquer líder político imbecil que apareça, em qualquer parte do mundo, com um discurso “revolucionário e antiimperialista” é saudado como o novo messias que liderará as massas rumo ao socialismo;
8-Norberto Bobbio afirma que o valor central para a direita é a liberdade, entendendo-se o mercado como o espaço, por excelência, dessa liberdade; já o valor essencial para esquerda é a igualdade e o espaço dessa igualdade é, indubitavelmente, o do Estado. Neste sentido, uma esquerda moderna terá que promover a síntese desses dois valores, adequando-os aos ditames de um mundo em acelerada transformação.
9-Creio que no Brasil de hoje, estamos a viver uma experiência bastante interessante e que pode servir de modelo para os demais países periféricos. O governo Lula, com todos os seus defeitos e limitações, está inaugurando um novo paradigma de Estado e de inserção internacional do país, o chamado "Estado Logístico" - definido por alguns autores como o Prof. Amado Cervo (UnB) - que combina, em sua ideologia subjacente, um elemento externo, o liberalismo, e outro interno, o desenvolvimentismo. A adoção de tal paradigma ajuda a explicar a manutenção da estabilidade econômica, bem como uma certa “imunidade” que o nosso país tem tido diante da crise mundial, além, é claro, de reforçar o papel do Brasil como ator global.
10-Last but not least: o governo Lula não rompeu com a ordem estabelecida, manteve e aperfeiçoou as linhas gerais da política macroeconômica, aumentou a visibilidade internacional do Brasil, tem índices de corrupção – apesar da grande imprensa afirmar o contrário – menores que os do governo FHC, ajudou a consolidar o Sistema Financeiro brasileiro e contribuiu enormemente para a internacionalização das grandes empresas nacionais. Enfim, é um governo que aceitou as regras do jogo e o joga dentro da lógica do Estado Logístico. Logo a enorme resistência de certos setores a ele só pode ser explicada por três palavrinhas: preconceito de classe. Afinal a imagem do Lula não reflete a imagem que estes setores tem de si e que gostariam que fosse a imagem do Brasil. O problema é que para azar deles existe no Brasil uma entidade incômoda – cuja imagem o Lula reflete bem – chamada povo. Aquela mesma entidade que já foi chamada ao longo da história de plebe, ralé, patuléia, arraia-míuda, gentalha...

São estas as minhas (não tão) breves reflexões. Não são idéias fechadas e nem acabadas. Se alguém quiser debatê-las, estou na área.
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Era isso, faltava o Gabeira


Vendo as fotos das manifestações pró-Moussavi, com mulheres em elegantes véus, cartazes bem impressos em inglês, em país onde seu povo majoritariamente mal sabe ler em farsi, imaginava já ter visto algo parecido. Hoje, caiu a ficha. Fernando Gabeira escreve artigo na Folha para lembrar que está ali, junto aos protestos contra as eleições no Irã. Nada mais Gabeira, mais Morumbi-Leblon, acreditar que a teocracia iraniana é o mal do momento. A saudita, sócia dos EUA, um mal necessário.

Mas quem entende de políticos brasileiros, suas marketagens, é o Hayle Gadelha, jornalista e publicitário, que já fez muitas campanhas eleitorais, sabe como a coisa funciona e mata a mosca em seu blog:

Gabeira escreve hoje na Folha um artigo (“Pra lá de Teerã”) criticando o Brasil por “não-crítica” ao Irã. Tudo bem, está no papel e no direito dele. Quer embarcar na gritaria geral contra Ahmadinejad, aproveitando a onda onde surfa o seu eleitorado. Com isso, ele marca sua posição anti-Lula e tenta limpar a barra depois do caso das passagens. O engraçado está em sua frase, quase no final, combatendo a política externa brasileira. Diz ele que “alinhar-se aos setores mais conservadores (...) é qualquer coisa pra lá de Teerã”. Logo ele que fala! Na sua campanha para Prefeito do Rio aliou-se ao que há de mais conservador, indo do lacerdismo de César Maia ao polêmico Prefeito Zito, de Caxias. É o caso de se perguntar: que barato é esse, Gabeira?

Foto de Ana Branco, reproduzida do Blog do Gadelha
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PAC gaudério


Para quem acha que o governo está paralisado, aí vai uma prova da pujança e do empreendedorismo de nossa governança. Nas fotos, detalhes de uma importantíssima obra, fruto dos Programas Estruturantes: a reforma do muro da Secretaria da Agricultura. Em meio à imundície e à buraqueira das ruas do bairro Menino Deus, jogado às traças pela administração municipal, emerge esta obra imponente, orçada em vultosos 43 mil reais. Sem ironia, 43 mil para dar uma tapeada no reboco, lixar uma grade e passar uma tinta, é, definitivamente, um grande investimento. Por certo, uma das obras capazes de mudar o perfil do Estado...

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Haja coração

Se nossa mídia surtou com a criação do Blog da Petrobras, com a proposta de criação de um conselho de jornalismo, imagine quando chegar ao Brasil o MediaBugs. É o projeto de Scott Rosenberg, um dos fundadores do salon.com, que acaba de ganhar o segundo lugar no Knight News Challenge 2009, da Fundação Knight, que elege e financia projetos de comunicação na área de inovação tecnológica.

O MediaBugs pretende ser um registro de erros da imprensa. Leitores reclamam, as empresas de comunicação são chamadas a responder, tal como em sites de defesa do consumidor. Tudo é apurado, registrado e tornado público, inclusive com um ranking de veículos que mais pisaram na bola.

É..., o futuro reserva muitas emoções para o jornalismo.

Fonte: Tiago Dória
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