No sábado, dia 8 de março, desejava publicar aqui uma homenagem ao dia Internacional das Mulheres. Matutei algumas coisas, imaginava escolher um exemplo de mulher que representasse muitas. Demorei, outras demandas me fizeram postergar, quando vejo no Blog do Mello a melhor das homenagens, que muito me emocionou. O documentário dinamarquês “Guerrilla Girl”, de 2005, que mostra a entrada de Isabel, uma jovem colombiana de 21 anos, para a guerrilha das FARC. Vale a pena ver. E fica aqui também a minha homenagem, neste exemplo de mulheres, as guerrilheiras.
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A mídia diz que sabe, mas não fala
Posso estar enganado, mas a primeira citação na grande imprensa sobre a série de Luiz Nassif sobre a Veja saiu hoje, em nota do colunista Jorge Bastos Moreno, no Globo deste sábado.
Começa assim:
“
Estive em SP. Lá não se fala de outra coisa a não ser em briga de coleguinhas.
Esqueceram até do Serra.
“
E segue uma conversa mole, marota, pouco mais dizendo, apenas sarcasmo em comparar esta briga, masculina, com possíveis outras no Rio, onde há mulheres e notícias.
Não é nada, não é nada, mas já há registro histórico de que algo acontece, muitos falam. E mesmo assim, a mídia não tem o interesse em informar.
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Começa assim:
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Estive em SP. Lá não se fala de outra coisa a não ser em briga de coleguinhas.
Esqueceram até do Serra.
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E segue uma conversa mole, marota, pouco mais dizendo, apenas sarcasmo em comparar esta briga, masculina, com possíveis outras no Rio, onde há mulheres e notícias.
Não é nada, não é nada, mas já há registro histórico de que algo acontece, muitos falam. E mesmo assim, a mídia não tem o interesse em informar.
Opinião - Quem tem medo do Território da Cidadania?
José Dirceu
Durante o governo Lula, mais de 20 milhões de brasileiros migraram das classes D e E para a classe C। O que explica essa mobilidade social, com a redução da pobreza, é a geração de 6 milhões de novos empregos formais, o aumento do salário mínimo de 42,8% no período, reajustes salariais acima da inflação na grande maioria das negociações sindicais e o desenvolvimento de políticas compensatórias - como o programa Bolsa Família, que já beneficia 11 milhões de famílias.
Se os indicadores são positivos, revelando que o crescimento da economia vem sendo acompanhado da distribuição da renda, o Brasil ainda tem sérios problemas, como os bolsões de pobreza. Daí a relevância do programa Territórios da Cidadania, lançado pelo governo federal em fevereiro, com o objetivo de enfrentar, articulado com Estados e municípios, os redutos de miséria - os territórios com os mais baixos índices de IDH e escassa atividade econômica.
Considerado inovador por especialistas em distribuição da renda, o programa vai olhar cada um dos 180 territórios, a serem atendidos nos próximos dois anos, como um todo, integrando ações de 19 ministérios e envolvendo os poderes locais, para promover o desenvolvimento regional sustentável e a garantia dos direitos sociais. Seu público-alvo são agricultores, assentados da reforma agrária, populações indígenas, quilombolas. Ou seja, brasileiros que demandam a ação planejada do poder público para conquistar o que lhes é devido como cidadãos: acesso à dignidade.
Diante de um programa dessa dimensão, que cobre todo o país - haverá pelo menos um território por Estado da federação - o que faz a oposição? Recorre ao Supremo Tribunal Federal, acusando o programa de eleitoreiro e ilegal, sob o desgastado argumento de que os investimentos poderão privilegiar os partidos que dão suporte ao governo. Mais incrível ainda: ministros da maior corte do país fazem coro à oposição, antecipando sua posição antes de haver recurso, e de ele ser julgado, numa inconcebível politização do papel de magistrado, que só deve julgar com base nos autos.
O esperneio é balela. Esse filme, já vimos nas eleições de 2006, quando campanha semelhante teve como alvo o Bolsa Família. PSDB e DEM (então PFL) alardearam que a expansão do programa estava a serviço da reeleição de Lula. Desqualificaram o Bolsa Família e buscaram com lupa desvios e fraudes. O povo, que sabe o alcance do programa e sua importância para a população mais pobre, não embarcou na lorota. Mas parece que a oposição não aprendeu.
Os resultados da auditoria feita pelo Tribunal de Contas da União no Bolsa Família, de 2004 a 2006, em função de denúncias da oposição, mostram que eram infundadas। Não houve, de acordo com o TCU, nenhum privilégio ao PT e aos partidos da base aliada, nem discriminação ao PSDB e ao DEM। O atendimento das metas foi alcançado em todos os municípios, independentemente da filiação partidária do prefeito, e pequenas variações encontradas descartam o uso eleitoral do programa, segundo a auditoria.
Assim, é inaceitável a tentativa da oposição de impedir programas sociais destinados a tirar da pobreza absoluta milhões de brasileiros. Só neste ano, serão beneficiadas 11 milhões de pessoas, em quase mil municípios, de 60 territórios. Vão ser investidos R$ 11,3 bilhões no desenvolvimento regional dessas cidades, onde todos os partidos estão no governo e vão disputar as eleições, sendo igualmente beneficiados por melhorias da infra-estrutura e das condições de saúde e educação, e pelo apoio a arranjos produtivos locais. Isso é o quanto o governo Lula anunciou estar disposto a fazer. Resta perguntar o quanto a oposição está disposta a comprometer do desenvolvimento nacional, para tentar, na base do "quanto pior, melhor", alguma vantagem eleitoral. A oposição tem medo das eleições, ou tem medo dos milhões de brasileiros que, nesses Territórios de Cidadania, poderão escapar dos currais eleitorais mantidos à base de miséria contínua?
Comentário do blogueiro: Excelente artigo do José Dirceu. O governo dá uma denominação nova para um programa que integra políticas públicas em andamento - Bolsa Família, Pronaf, Luz Para Todos e outros programas espalhados nos ministérios -, focando os municípios de menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), ou seja, os "bolsões de pobreza". Em outras palavras, é uma inovação gerencial importante, apenas isso. Vem a oposição política querendo usar o Judiciário na tentativa de impedir que o governo seja melhor e justamente nas políticas públicas direcionadas aos pobres. Por que não tentam impedir que o governo também não funcione naquelas políticas que tem os ricos como beneficiários? Aparece um membro da Suprema Corte, sem ler o programa do governo, apenas com "clichês" dos jornalões, joga para a platéia sua contrariedade com o governo. É um direito dele. Só que o melhor lugar para fazer política é nos partidos. Utilizar o cargo na magistratura para fazer política pequena, de baixo nível, não fica bem a um magistrado. Mas tudo é permitido nos trópicos.
A mídia ilumina Serra
A vida não anda fácil para José Serra. Desceu ladeira abaixo sua sonhada aliança PSDB-DEM para a prefeitura, com Alckmin e Kassab adversários. Isso logo depois de ter perdido a liderança da Câmara dos Deputados para o candidato apoiado por Aécio. Como se o inferno astral ainda fosse pouco, São Paulo viveu um dia de caos na última terça-feira, conseqüência de um apagão elétrico que parou o Metrô, deu um nó no trânsito, afetou indústrias, hospitais e 3 milhões de famílias.
Como a mídia tratou o fato? Burocraticamente. Serra foi poupado e nem um único editorial foi usado para cobrar responsabilidades do governo estadual ou da Companhia Transmissora de Energia Elétrica Paulista (CTEEP). Entende-se. A empresa foi privatizada no ano passado, arrematada pela Interconexión Eléctrica S/A (ISA), estatal de energia elétrica lá na Colômbia de Uribe. Desde então, uma campanha era desenvolvida na mídia para elogiar a empresa e os números recentemente conseguidos, como seus 136% de lucro. Como? Segundo a mídia, com corte em gastos e despesas, e um novo modelo de gestão mais moderno.
Agora, nenhum editorial se preocupou, nem foram lembrados os protestos que marcaram a nova empresa desde a privatização. O Ministério Público havia tentado suspender o leilão através de um inquérito civil, acusando os executores de improbidade administrativa. Desde então, os trabalhadores e seu sindicato acusam a “nova gestão” da empresa de estar colocando em risco a qualidade do seu serviço, ao reduzir drasticamente seu quadro de funcionários, de 3.200 para 1.200, com a paralisação de investimentos em infra-estrutura.
Tudo esquecido. Uma situação bem diferente de janeiro deste ano, quando a imprensa estampava gritadas manchetes sobre o iminente apagão do Lula, que não aconteceu, cedendo seus holofotes para a febre amarela.
Por que as FARC não abandonam a luta armada, fundam um partido e disputam eleições democráticas?
A pergunta incômoda foi feita no Blog do Mello. A resposta publicada no Blog é a seguinte:
“Porque elas já tentaram isso. Em 1984 firmaram uma trégua com o então presidente da Colômbia Belisario Betancourt. As FARC abandonaram as armas e se transformaram num partido político, União Patriótica (UP).
Resultado: o governo da Colômbia se aproveitou do fato e matou três mil militantes, oito congressistas, dois candidatos presidenciais, 11 prefeitos e 13 deputados regionais”.
Com o histórico do governo colombiano e de Uribe, em particular, e em plena execução do Plano Colômbia patrocinado pelos EUA, é muito difícil obter as condições mínimas de confiança para um acordo entre o governo e a guerrilha das Farcs com vistas à institucionalização da guerrilha। A política do governo da Colômbia em conjunto com os EUA está na direção oposta do diálogo. Porém, a negociação e o entendimento entre o governo e as Farc é condição necessária para se chegar a uma solução definitiva. É o que defendi no post publicado logo abaixo deste.
Também é importante salientar uma questão praticamente esquecida ou pouco divulgada na mídia brasileira: os grupos paramilitares de direita da Colômbia। São grupos responsáveis por assassinatos de indígenas, sindicalistas, integrantes da União Patriótica que restaram e ainda expulsão (roubo) de agricultores de suas terras. Embora oficialmente o governo desarticulou esses grupos em 2002, eles continuam vivos e praticando atrocidades, assassinatos e contam com a complacência do governo. Tais grupos, juntamente com agentes estatais, violam direitos humanos fundamentais.
O mais conhecido deles são as AUC (Autodefesas Reunidas da Colômbia). Responsável por massacre de civis, sindicalistas e indígenas, com estreitas ligações com o Exército colombiano, a polícia e o governo. Da mesma forma que as Farc em 1984, as AUC entregaram as armas num acordo com o governo em 2002. Seus integrantes ficaram livres, sem qualquer julgamento pelos crimes cometidos. Mas ainda alguns deles continuam ligados ao narcotráfico na Colômbia. Na verdade, era um grupo armado que atuava a serviço do narcotráfico, a despeito de suas ligações com o governo e seu Exército. É uma prova cabal de que a guerrilha das Farc, por maiores que possam ser seus erros, não pode ser a única responsabilizada pelo tráfico de drogas na Colômbia.
Além disso, seria importante saber quem financia esses grupos paramilitares. Não combatem o narcotráfico, mas apenas as Farc e outros grupos de esquerda ou sindicalistas. O envolvimento com setores do exército colombiano e a proximidade com alguns cartéis de drogas colocam em dúvida a política oficial do governo contra as Farc. Resta saber qual o verdadeiro objetivo do governo colombiano com sua política de sangue. Será porque podem fazer “acordos de paz” com grupos paramilitares clandestinos mas não podem aceitar negociar com as Farc? Fica a indagação.
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