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PETRÓLEO - Uma geografia em movimento.

Uma geografia em movimento. A disputa pelo petróleo do Campo de Libra


O mapa global do petróleo passa por um momento particular. Com os preços em níveis historicamente altos, projetos de exploração tornaram-se viáveis nos últimos anos. O resultado é o início de um novo ciclo de crescimento de oferta, e um novo desenho do setor. Países com grande possibilidade de explorar petróleo de diferentes maneiras, como o Brasil na camada pré-sal, ganham força na cena internacional.
A reportagem é de Olivia Alonso, publicada no jornal Valor, 18-10-2013.
Produtores tradicionais, como os países do Oriente Médio, tendem a perder pontos de relevância, principalmente para a América do Norte e a Europa. Os Estados Unidos, um dos principais clientes da região, começam a reduzir sua dependência externa com a elevação da produção própria, principalmente de gás. Desde a década de 1990, o país aumentou sua exploração de gás em 34%, segundo dados da Administração de Informações de Energia dos Estados Unidos (EIA, na sigla em inglês). Agora, os americanos estão acelerando tanto a produção de gases não convencionais, como o "shale gas" (gás de xisto) e o "tight gas", como a produção de petróleo no mar.
 De 17,8 trilhões de pés cúbicos de gás em 1990 - apenas 0,14 trilhão de pés cúbicos de "shale gas" -, os Estados Unidos produzem hoje 24 trilhões de pés cúbicos, com uma participação bem mais significativa do "shale gas", de mais de um terço do total. Para 2025, a previsão é de um salto para 28,5 trilhões de pés cúbicos de gás, sendo 12,8 trilhões de "shale gas".

Ainda assim, os EUA não ficariam totalmente independentes do exterior, diz Luiz Pinguelli Rosa, diretor da Coppe/UFRJ. "O gás é um candidato não somente a substituir o petróleo, mas também é um fortíssimo candidato a tomar lugar do carvão na geração de energia elétrica. Então, coloca os Estados Unidos em situação um pouco mais confortável, mas não deixa o país independente."
A produção americana de petróleo - que se reveza no topo dos rankings globais com a russa e a saudita - também vem crescendo, mas a um ritmo menos expressivo do que a de gás. Hoje, os Estados Unidos produzem em torno de 7,7 milhões de barris diários (5,9 milhões no fim de 2011).
Novos projetos de gás passaram a ser viáveis, em várias partes do mundo, por causa do novo patamar de preços, fortemente impulsionados na última década pelo aumento da demanda chinesa. Hoje, a China consome 10,3 milhões de barris de petróleo por dia, mais que o dobro de sua produção.
Além do aumento da demanda chinesa, houve uma redução da oferta em alguns países. Em relatório, analistas do Citibank definem como "decepcionante" o crescimento da oferta de países de fora da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) na última década, fato que se somou a um colapso na produção iraquiana e venezuelana.
Nesse contexto de aperto do mercado, o preço do petróleo passou de um patamar de US$ 15 a US$ 30 nas décadas de 1980 e 1990 para acima de US$ 100 nos últimos anos, com exceções, como a queda no pós-crise de 2008. Na quarta-feira, o barril do petróleo brent era negociado por pouco menos de US$ 110.
Assim, formas de explorar petróleo e gás passaram a justificar investimentos. É o caso de projetos no Alasca, nas areias pesadas do Canadá, no Mar Cáspio, no Golfo do México, em alto-mar na África, no Brasil e, mais recentemente, nas águas do Ártico.
Com a elevação prevista para a oferta global, a consequência provável é uma queda dos preços nos próximos anos. A tendência é de um valor médio entre US$ 80 e US$ 90 para o barril do petróleo, daqui até 2025, na previsão do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) e dos analistas do Citibank.
Se o consumo começar a crescer de forma mais expressiva, o equilíbrio do mercado poderia manter os preços mais altos. Mas há controvérsia sobre o crescimento da demanda. Em geral, as projeções são de forte crescimento, sobretudo na China, Índia, Coreia do Sul, Oriente Médio, Brasil e de demais países sul-americanos.
Especialistas mencionam os crescentes incentivos para a redução do consumo em alguns países, como na Europa. "As economias dos países desenvolvidos crescem dentro de um cenário de consumir menos petróleo", afirma Adriano Pires, do CBIE.
Preços do petróleo passam a estimular realização de projetos alternativos; se caírem, os poços do pré-sal podem continuar viáveis.
É corrente entre analistas a previsão de que haverá uma desaceleração da expansão da demanda global por petróleo já no fim desta década, principalmente por causa do crescimento da produção de gás e de novas tecnologias.
Previsões também indicam forte aumento da oferta na próxima década, cenário que sugere uma das questões mais intrigantes do momento: quais operações permanecerão economicamente viáveis quando esse momento chegar?
"Se acontecer um recuo no preço do petróleo, o que não é improvável em cinco a dez anos, o novo custo vai inviabilizar a produção em alguns locais, como em projetos de pré-sal mais distantes da costa", afirma Pires.
No caso do pré-sal brasileiro, tudo indica que os projetos sobreviveriam, afirmam especialistas. Com um custo de produção estimado pelo mercado em US$ 45 por barril, sem considerar impostos, a exploração ainda renderia ganhos com um preço do barril do petróleo na casa dos US$ 80.
Projetos de gás com maior viabilidade econômica poderiam dar início a uma transição para um cenário de crescimento das energias mais limpas. "Hoje, a entrada das energias renováveis no cenário global está sendo adiada por causa dos projetos de petróleo e gás não convencional. Mas essas fontes antes inexistentes devem ganhar mais espaço daqui a algumas décadas", avalia Pires. Por enquanto, os movimentos mais esperados são menos radicais, relacionados com o crescimento da demanda chinesa, da oferta brasileira e das expectativas para as reservas mexicanas.
Grandes companhias de todo o mundo, principalmente americanas, estão de olho na energia mexicana. Hoje, só a estatal Petróleos Mexicanos (Pemex) é autorizada a operar no país, mas diversas companhias aguardam a abertura do mercado. "A indústria petroleira acredita que o México pode ser a 'bola da vez', e isso é interessante principalmente para americanas como Exxon Mobil e Chevron", diz Pires.
Enquanto isso, a China, que disputa com os Estados Unidos a posição de maior importador de petróleo do mundo, continua a buscá-lo em diferentes lugares. Com pouca viabilidade para explorar as reservas que possui em seu território, a China vem investindo em suas refinarias e tende a estar ainda mais presente nos países com os maiores potenciais de produção.
A principal estratégia chinesa é financiar projetos de empresas estatais e receber o pagamento em barris de petróleo. Da estatal Petroleos de Venezuela (PDVSA), tem 600 mil barris/dia. Com a mesma lógica, a Petrobras recebeu há quatro anos US$ 10 bilhões do Banco de Desenvolvimento da China com a contrapartida de exportar 150 mil barris durante um ano e 200 mil por dia nos nove anos seguintes. No momento, companhias chinesas estão na disputa pelo petróleo do campo de Libra, no pré-sal da Bacia de Santos. Compreende-se o interesse. Apenas esse campo quase dobra as reservas totais brasileiras, que eram de 14 bilhões de barris até há pouco tempo.
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PETRÓLEO - Trunfos petrolíferos.


Se confirmadas as melhores expectativas quanto às potencialidades das jazidas do pré-sal, de que o campo de Libra, na bacia de Santos, tornou-se símbolo de Se confirmadas as melhores expectativas quanto às potencialidades das jazidas do pré-sal, de que o campo de Libra, na bacia de Santos, tornou-se símbolo de futura independência energética do país, o Brasil terá alcançado um patamar de segurança incomum nessa área - e atributos adicionais para fortalecer suas posições no jogo geopolítico global, em que o petróleo constitui carta relevante, tanto para quem a tem como para quem, sem ela, deve amoldar-se a inelutáveis insuficiências.
A reportagem é de Cyro Andrade e Márcia Pinheiro, publicada no jornal Valor, 18-10-2013.
O mapa global do petróleo passa por um momento particular. Com os preços em níveis historicamente altos, projetos de exploração antes engavetados tornaram-se viáveis nos últimos anos. O resultado é o início de um novo ciclo de crescimento de oferta no mundo, com consequências diversas, que vão contribuir para a reconfiguração do setor. Países com grande possibilidade de explorar petróleo de diferentes maneiras, como o Brasil na camada pré-sal, ganham força na cena global.
Enquanto isso, produtores tradicionais, como os países do Oriente Médio, tendem a ter uma redução de relevância, principalmente para a América do Norte e a Europa. Os Estados Unidos, por exemplo, são um dos principais clientes da região, mas começam a reduzir sua dependência externa com a elevação da produção interna, principalmente de gás.
Na mesa em que países vão assim jogando o jogo da segurança energética, a soma zero não é resultado infrequente em questões econômicas, de defesa, de sobrevivência de regimes e, não raro, tudo isso ao mesmo tempo. As equações com as quais se administram interesses, sejam quais forem, e respectivas variáveis, são inúmeras. Já agora, porém, e há bastante tempo, mesmo antes de realizadas as entusiasmantes previsões de produção do pré-sal no campo de Libra - entre 8 e 12 bilhões de barris equivalentes de petróleo - pode-se ver o Brasil exercitando a musculação derivada do petróleo em movimentos de uma política externa que analistas consideram privilegiada: é um trunfo o grau de flexibilidade de ação do país, que não estaria ao alcance de outros atores na mesa da geopolítica. China e Índia seriam casos de "players" de alguma forma constrangidos por insuficiências, em matéria de disponibilidade energética, que o Brasil vem superando com desenvoltura e correspondentes ganhos de autonomia em política externa - por exemplo, nas posições que assume em relação ao Irã e quando mantém em suspense, a um só tempo, fornecedores de aviões militares europeus e americanos. Não é difícil perceber triangulações de interesses em que o Brasil joga, ou pode vir a jogar, partidas geopolíticas em que deve interagir com interlocutores não exatamente dispostos ao diálogo entre eles mesmos.
Para Ciro Marques Reis, doutorando em geografia na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisador do Grupo de Pesquisa GeoBrasil, "em um primeiro momento, a descoberta das enormes jazidas de petróleo na camada pré-sal do litoral brasileiro foi vista como uma espécie de bilhete premiado, que permitiria ao país entrar em um grupo seleto de países com capacidade de barganha política e comercial baseada na condição de detentor de grandes reservas de petróleo". No entanto, mesmo nos melhores cenários futuros, que Reis desenha como eventualidades para 2030 ou 2040, possivelmente o Brasil ainda não estará produzindo petróleo suficiente para se tornar um exportador líquido de peso, e para subir novos degraus na escala de relevância global. Mas não há dúvida, também diz Reis, de que, em termos de segurança energética e de uma certa blindagem contra movimentos inesperados do mercado mundial do petróleo, o pré-sal agrega valor a uma já importante posição geopolítica do Brasil, principalmente na América do Sul.
Demora para a realização do primeiro leilão no regime de partilha abriu um parêntesis na fortificação das posições brasileiras.
A demora de vários anos para a realização do primeiro leilão do pré-sal sob a regra de partilha iria abrir um parêntesis na regularidade do percurso de fortificação do perfil geopolítico do país.
Razões de política interna pesaram bastante, na decisão de mudar o sistema e, depois, durante o debate que antecedeu a nova normatização. É fato, porém, que também se escrevia um capítulo novo na história da gestão dos interesses brasileiros em questões essenciais de economia política e orientação do desenvolvimento. A geopolítica prática condensa movimentos domésticos e externos, em constante reacomodação de mútuas influências. Nesse mesmo processo, exibiam-se para públicos externos novas referências escolhidas para o exercício do jogo geopolítico -, que começam a ser testadas, em seu acerto e relevância, já a partir do próprio leilão das jazidas do campo de Libra.
Questionou-se, e questiona-se ainda, a necessidade, do ponto de vista econômico, de um novo marco regulatório - o regime de partilha, em substituição ao de concessão. Neste, a empresa operadora paga de antemão um montante fixo ao Estado, que se apropria de toda a receita gerada depois. Na partilha, a receita é dividida entre a empresa vencedora (num leilão no qual o lance é uma porcentagem da receita gerada) e o Estado, que detém direitos parciais de acionista.
O economista Samuel Pessôa, professor de pós-graduação da Fundação Getulio Vargas (FGV), está entre os críticos. Lembra que, na argumentação do governo, a mudança de marco regulatório serviria ao aumento das receitas públicas, porque o risco geológico havia caído. Significa dizer que o campo de Libra tem um imenso reservatório de petróleo de boa qualidade.
Na verdade, o primeiro objetivo, diz Pessôa, teria sido facilitar a coordenação, pela Petrobras, de uma política de substituição de importações no setor petrolífero, particularmente no segmento de bens de capital. Seu contra-argumento: a base de arrecadação será a mesma e a indústria do petróleo brasileira já era pujante com o regime de concessão. "Esse não era um problema grave, a ponto de parar um setor que andava muito bem." Para Pessôa, o custo político e financeiro da alteração não justifica a adoção do modelo de partilha.
Com a demora na definição do novo sistema - sete anos, desde a descoberta do pré-sal - e enquanto, agora, apenas se inicia o traçado da exploração concreta do campo de Libra, surgiram outras fontes de produção. Rubens Barbosa, embaixador do Brasil em Washington no governo de Fernando Henrique Cardoso, observa que os Estados Unidos fizeram um monumental investimento a partir de 2003, a despeito das dificuldades iniciais envolvendo protestos de ambientalistas, no chamado gás de xisto (folhelho), em ação concatenada à perspectiva de reindustrialização do país - o que demandaria mais energia disponível. Em 2015, os Estados Unidos deverão superar a Rússia e se tornarão o maior produtor de gás natural do mundo. Até 2017, deverão desbancar a Arábia Saudita e passarão a ser exportadores líquidos de combustíveis em 2025.
Não é pouco cacife, então, que os Estados Unidos acrescentam a um naipe de cartas exclusivas - seu PIB de US$ 15 trilhões e poderio político correspondente, ainda que um tanto relativizado em face da ascensão da China no cenário internacional. Mas a China está na mesa do jogo geopolítico como grande consumidora-importadora de petróleo. Não é pequeno, de todo modo, seu próprio cacife: suas reservas em moeda estrangeira andam por volta de US$ 3,5 trilhões, que alimentam um fundo soberano de investimentos, mundo afora, que no fim do ano passado chegava perto dos US$ 600 bilhões - em parte considerável aplicados em parcerias na área do petróleo, como as que os chineses pretendem estabelecer com o Brasil, a exemplo do que fazem com especial empenho na África, se empresas suas representadas saírem vencedoras no leilão de Libra. Está aí um bom exemplo da triangulação de interesses que o cacife petrolífero e a flexibilidade de movimentos no cenário internacional garantem ao Brasil.
É evidente o declínio, ainda que lento, da importância do Oriente Médio no mercado de petróleo e a ascensão das Américas, que têm como eixo produtor Estados Unidos, Canadá, México, Venezuela e Brasil. Do lado consumidor, a China passou a ser um "player" fundamental e o Japão poderá em breve entrar nessa lista. Naturalmente, o andamento da economia mundial, ainda às voltas com desdobramentos da crise exposta em 2007/2008, encerra fatores determinantes tanto da demanda de petróleo como das suas oscilações de preço. Nesse contexto de perspectivas não propriamente claras, que importância efetiva, de um ponto de vista geopolítico, o Brasil terá ganho com as potencialidades do pré-sal?
Para o diplomata Paulo Roberto Almeida, estudioso de relações internacionais, as incertezas relacionadas ao custo de produção e à tecnologia necessária para a exploração não permitem dizer que o país ganhará grau de proeminência global como participante do G-20 e de outros fóruns internacionais.
Samuel Feldberg, coordenador dos estudos do Oriente Médio do Grupo de Acompanhamento da Conjuntura Internacional da Universidade de São Paulo, pensa de maneira semelhante. Em sua opinião, a importância do pré-sal, em termos geopolíticos, é "zero", porque o campo nem sequer começou a ser explorado e há ainda incertezas sobre como será a matriz energética no futuro, quando a produção começará a fluir.
Jean-Paul Prates, diretor-geral do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia, é otimista. "O Brasil já é tratado com deferência, por ser uma 'powerhouse' [potência]. Estamos muito bem consolidados no setor energético." Ciro Marques Reis afirma que o Brasil tem marcado presença entre as principais economias do mundo mesmo antes do pré-sal, e um reservatório dessa magnitude sempre será credencial relevante em fóruns mundiais.
A identidade petrolífera que o Brasil projeta hoje no mundo veio sendo construída por caminhos nem sempre retos, nem em compasso constante. Até o início da década de 1970, o modelo de exploração foi genuinamente nacional. A flexibilização do monopólio da Petrobras começou com o então presidente Ernesto Geisel. "Ele viu que era impossível manter o nível de investimento necessário para o crescimento do setor", diz Barbosa.
Geisel fortaleceu a Petrobras, da qual havia sido presidente, criando os contratos de risco de exploração de petróleo em 1976, que permitiam a associação da estatal com empresas estrangeiras. Levou a Petrobras à petroquímica, ao comércio externo e ao varejo dos postos de gasolina.
Outro passo em direção à flexibilização se deu no governo Fernando Henrique Cardoso. Com ele, foi criado o modelo de concessão, diz Rubens Barbosa. "Essa mudança não foi isolada. Veio no bojo de um esforço para modernizar o país."
Na opinião de Almeida, "se aproveitou de um momento único na história do Brasil: uma coalizão reformista no bojo de uma enorme crise inflacionária, que permitiu fazer algumas reformas absolutamente necessárias para a economia e a política do país: a crise permitiu aprovar diversas medidas, constitucionais e infraconstitucionais". Os pilares das mudanças foram, então, a abertura da economia ao capital externo - de certo modo, iniciada no governo de Fernando Collor - a privatização das empresas controladas pelo Estado, a quebra dos monopólios estatais, o afastamento do Estado da regulamentação econômica e a modificação do conceito de empresa nacional.
Com o compromisso de que a Petrobras não seria privatizada, Fernando Henrique conseguiu promulgar a lei 9.478, em 6 de agosto de 1997, que reafirmava o monopólio da União sobre os depósitos de petróleo, gás natural e outros carbonetos, mas abria o mercado para outras empresas competirem com a Petrobras. Foram também criados os dois novos agentes que atuariam no setor: o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), incumbido de propor políticas nacionais e medidas específicas para o setor, e a Agência Nacional de Petróleo (ANP), órgão regulador da indústria.
O modelo de concessão vigorou até a descoberta do pré-sal, em 2006, cuja maior área de acumulação é a de Libra, com reservas calculadas entre 8 bilhões e 12 bilhões de barris equivalentes de petróleo, incluindo gás natural. Quatro anos depois, foi aprovada pelo Congresso e sancionada pelo ex-presidente Lula a lei 12.351, do novo regime regulatório para o pré-sal, o contrato de partilha de produção.
A descoberta do campo de Libra deve, em tese, suprir o descompasso entre produção e consumo no país. O Brasil, que produz 1,98 milhão de barris de petróleo por dia, nunca foi autossuficiente na produção de derivados, embora tecnicamente a Petrobras tenha anunciado esse fato em 2006. Isso, porque, nesse ano, a produção de petróleo igualou-se ao consumo de derivados (igualar ou superar significa "autossuficiência volumétrica" na metodologia da empresa). Entre 2007 e 2012, entretanto, o consumo de derivados cresceu mais fortemente.
Segundo dados da ANP, a dependência externa média da gasolina é de 13%, enquanto a do diesel é de 15% e a de gás natural e querosene de aviação é de 20%. A conta petróleo da balança comercial é deficitária (US$ 9,9 bilhões em 2012, sendo US$ 9,1 bilhões apenas em derivados).
O pré-sal é muito, mas não é tudo. No jogo geopolítico global, o Brasil poderá sempre ostentar a outra face de sua identidade energética, aquela constituída por amplas, e ainda modestamente exploradas, potencialidades dos biocombustíveis, em que o país é dominante nos mais ambiciosos espaços da fronteira tecnológica. Nesse quesito, dificilmente um outro país poderá ter carta melhor que esta - nem mesmo os Estados Unidos, e muito menos a China. Vislumbram-se aí novas possibilidades de triangulações.
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PETRÓLEO - Entrevista com o ex-diretor Ildo Sauer.


O leilão do pré-sal fere o interesse nacional e seu edital contém ilegalidades, acredita o ex-diretor de Gás e Energia da Petrobrás, Ildo Sauer, que entrou com ação popular na Justiça Federal contra a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Segundo Sauer, a variabilidade do óleo lucro para o governo e a redução da competitividade da Petrobrás no leilão são ilegais. Na ação protocolada quinta-feira, ele calcula que o Brasil deixará de ganhar de R$ 176, 8 bilhões a R$ 331, 3 bilhões (em cenários com o barril de petróleo entre US$ 60 e US$ 160 dólares) se a Petrobrás não detiver 100% da operação no campo de Libra.

A entrevista é de Wladimir Dandrade e Gabriela Vieira e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 19-10-2013.

Além disso, a estratégia geopolítica do governo é errada, na visão do diretor do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da Universidade de São Paulo (USP). Sauer propõe que o governo siga o modelo de controle de produção adotado pelos países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

Eis a entrevista.

Por que o sr. é contra o leilão?

O leilão não atende à lei do interesse nacional e seu edital contém irregularidades flagrantes: a tabela variável do óleo lucro destinado ao governo, o impedimento de maior participação da Petrobrás, o próprio modelo de exploração... Além disso, o leilão é um erro de geopolítica estratégica. Ele favorece o interesse da China, que quer baratear o preço do petróleo no mercado internacional ao diversificar suas fontes. A China está próxima de se tornar o maior importador de petróleo do mundo.

Qual seria a melhor atitude do ponto de vista geopolítico?

O Brasil adotou um modelo que favorece os países importadores de petróleo, e o modelo a ser seguido deve o ser o de controle de produção, para manutenção do preço do petróleo, a exemplo do que já fazem Rússia e os países da Opep.

Mas isso não é cartel?

Sim, é um cartel, mas um cartel em defesa de seu povo. De que lados estamos, dos consumidores brasileiros ou dos ambiciosos da América do Norte, Europa e Ásia? Não há nada ilegítimo nisso, só não pode ter cartel aqui dentro.

Mas qual modelo de exploração o sr. defende?

A Petrobrás deveria explorar 100% do campo de Libra e converter o petróleo em melhores condições de vida para a população: saúde, educação moradia... O pré-sal é uma riqueza que pertence à população brasileira. Converter esse petróleo em dinheiro agora é correr o risco de ter redução de preço lá na frente, além do risco financeiro ao converter o petróleo em moeda estrangeira. Me sinto mais seguro com o petróleo embaixo do mar.

E a Petrobrás tem condições financeiras para explorar o Campo de Libra?

A Petrobrás é a mais capacitada tecnologicamente para operar no pré-sal e dinheiro em caixa nenhuma tem. Todas estão buscando recursos no mercado financeiro, o que também pode ser feito pela estatal.
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PETRÓLEO - Leilão de Libra - Por que é bom torcer para que a China ganhe.

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Por que é bom torcer para que a China ganhe o leilão de Libra

by Paulo Nogueira


Uma questão tem sido virtualmente ignorada -- ou deliberadamente distorcida -- no controvertido leilão do campo de libra: a presença da China.
É a chamada boa notícia.
Torcemos para que a China ganhe. É o melhor parceiro que se pode ter hoje. Em seu excelente livro “The Winner Take All”, que relata a corrida organizada e bem-sucedida chinesa para garantir recursos naturais que garantam seu futuro, a economista Dambisa Moyo mostra como a China rompeu o paradigma ocidental nessa área.
Tradicionalmente, o ocidente promoveu guerras para tomar posse de áreas ricas em recursos naturais. Por meio das bombas, estabeleceu relações que eram absurdamente desfavoráveis para os países ricos em recursos. Veja o que os Estados Unidos fazem há anos no Oriente Médio, por exemplo, para assegurar petróleo.
A China, por ter uma natureza diferente, foi por outro caminho, demonstra Dambisa. Busca recursos naturais tendo por base uma relação em que ambas as partes ganhem.
O papel da China na África ilustra perfeitamente isso. Dambisa, economista de prestígio internacional, está familiarizada com o quadro: é natural da Zâmbia.
Em 2002, conta ela, a China deu 1,8 bilhão de dólares para países pobres africanos. O dinheiro foi empregado em coisas como o treinamento de 15 000 profissionais africanos, a construção de 30 hospitais e 100 escolas e o aumento de bolsas de estudo para estudantes. “Dois anos antes, a China perdoara dívidas de 1,2 bilhão de dólares de países africanos”, narra Dambisa. “Em 2003, perdoou mais 750 milhões de dólares.”
O comércio bilateral entre a China e a África subiu de 10 bilhões de dólares em 2000 para 90 bilhões em 2009.
“A China oferece uma alternativa à África ao assistencialismo”, disse Dambisa numa entrevista recente à revista Época. “Estimula o comércio e o empreendedorismo, e cria empregos nas regiões em que está presente. É uma troca ou simbiose. A China é muito melhor para a África do que os Estados Unidos ou a Europa.”
Dambisa
Dambisa
Não é à toa que os países africanos, como mostram pesquisas, prefiram amplamente as parcerias com a China, e não com os americanos ou as potências europeias.
No Brasil, como se vê no livro de Dambisa, a China já é também um parceiro fundamental. Nos seis primeiros meses de 2010, a China multiplicou por 10 seus investimentos no Brasil e os elevou para 20 bilhões de dólares. Com isso, os chineses se tornaram os principais investidores internacionais no Brasil, à frente dos Estados Unidos. A China é hoje, além disso, o principal parceiro comercial do Brasil.
Faltam ao Brasil recursos para explorar rapidamente o petróleo de Libra? Pena. Que se busquem parceiros, e entre estes não poderia haver ninguém melhor que os chineses.
É patética, obtusa e demagógica a reação de líderes como Serra. “Agora vamos ficar numa relação de uma quase colônia da China, um neocolonialismo do Brasil em relação aos chineses, o que me parece incrível”, disse Serra esta semana.
O que diria ele se a parceria estivesse prestes a ser travada com os americanos? Você pode imaginar. Incrível mesmo é alguém ainda dar ouvidos para o bestialógico neonacionalista de Serra.
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PETRÓLEO - As garantias do exército.

As garantias do Exército

Carlos Chagas
É certo que a presidente Dilma, quando candidata,  negou,  com gravação agora retransmitida, qualquer hipótese de privatizar a Petrobras e o petróleo brasileiro. Também é certo que, após a descoberta do pré-sal,   ficou claro não ter a Petrobras capital para explorar a imensa reserva. Entre deixar a riqueza no fundo do mar ou tirar proveito dela, Dilma optou pela solução mais lógica: oferecer a empresas estrangeiras parceria na extração do petróleo, devendo realizar-se o primeiro leilão do campo de Libra, segunda-feira.
Parece justa a indignação de funcionários da Petrobras e de economistas de formação nacionalista, mas a pergunta que se faz é se eles terão alguma alternativa. Porque no fundo, até do oceano, estão os interesses das multinacionais e das estatais, no caso, as chinesas. Cabe-nos fiscalizar essas empresas e verificar se cumprirão os contratos que  destinam ao Brasil mais da metade do petróleo extraído.
Precisamos estar preparados para enfrentar golpes baixos. A simples presença de uma frota permanente da Marinha americana no Atlântico Sul levanta dúvidas quanto às intenções de Washington: querem o petróleo a qualquer custo. O grave na questão é que nossa Marinha carece de meios para defender o pré-sal. O tal submarino nuclear não sairá antes de vinte anos. A espionagem sobre a Petrobras constitui fato inegável.
Por ironia, a presidente Dilma autorizou que o Exército vá para as ruas do Rio garantir a realização do leilão, na hipótese de manifestações violentas em torno do hotel onde estarão os interessados na divisão do pré-sal. Houve tempo em que o Exército garantia a campanha do “Petróleo É Nosso”.
Fonte: Tribuna da Imprensa.
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PETRÓLEO - O exemplo mexicano.

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Políticas imediatistas atingiram estatal Pemex, limitando realização da riqueza petroleira e desenvolvimento. Brasil arrisca-se a repetir o erro

Por André Ghirardi

Outubro de 2013 traz duas datas marcantes para a indústria petroleira latino-americana. No Brasil, vive-se a expectativa pelo leilão do campo-gigante de Libra na região do pré-sal. Será a primeira licitação sob o regime de partilha de produção, agendada para dia 21 de outubro. No México o Congreso de La Unión tem até 20 de outubro para votar um projeto do poder executivo que altera a Constituição e permite que, além da Pemex, companhias privadas possam também participar na atividade petroleira, sob o mesmo regime de partilha de produção. Em ambos os casos, guardadas as particularidades históricas locais, discute-se a participação do Estado no setor petróleo e a apropriação da riqueza gerada pelo combustível. Mas, para ir além de aparências enganosas, o debate não pode ficar restrito à presença ou não de empresas estrangeiras. O próprio México revela que, mesmo sob regime de exploração 100% estatal, os recursos podem ser sub-aproveitados. E a partilha não é, necessariamente, sinônimo de entreguismo. Também aqui, os detalhes são a morada do diabo.
A Petróleos Mexicanos – Pemex – é uma empresa 100% estatal, que ocupa no imaginário mexicano um lugar semelhante ao da Petrobras no imaginário brasileiro. É a maior empresa do México e hoje produz 2,5 milhões de barris de petróleo por dia. A criação da Pemex, em 1938, surgiu de um conflito entre os trabalhadores e as 17 petroleiras estrangeiras que operavam no país à época. A Corte Suprema manteve a decisão da Junta de Conciliação, que já se havia pronunciado a favor dos trabalhadores. Diante da recusa em cumprir o mandato judicial, o então presidente, Lazaro Cárdenas, decretou a expropriação dos bens das companhias petroleiras em março de 1938. Três meses depois, Cárdenas criou a Pemex que, desde então, exerce as atividades petroleiras em território mexicano.
O forte simbolismo histórico da criação da Pemex tornou-se a principal referência política na condução da indústria de petróleo no país. É por isso que o espírito das reformas de Cárdenas é reivindicado tanto pelo governo, liderado pelo Presidente Peña Nieto (Partido Revolucionário Institucional-PRI), quanto pelo movimento que se opõe à abertura do setor petroleiro. Expresso numa série de mobilizações populares, nos últimos meses, ele tem como uma de suas figuras simbólicas Cuauhtémoc Cárdenas (filho do ex-presidente Lazaro e fundador do Partido de la Revolución Democrática – PRD). O governo quer uma reforma constitucional para maior estabilidade jurídica. A oposição afirma que basta reformar algumas leis complementares e dar melhores condições à Pemex. Vamos aos detalhes.
O nome do Presidente Cárdenas é citado 18 vezes nas 15 páginas de exposição de reforma constitucional enviada ao Congresso em 11 de agosto pelo Presidente Peña Nieto. A reforma é apresentada como um retorno aos fundamentos cardenistas, com o propósito de superar o constrangimento em que se encontra o país por falta de agilidade na produção de petróleo e derivados. Propõe restabelecer a redação do artigo 27 da Constituição proposta pelo Presidente Cárdenas em 1938, pela qual eram vedados contratos de concessão para exploração e produção de petróleo, mas permitia ao Estado, na condição de único proprietário do petróleo, a contratação pelo de empresas privadas para exercer essa atividade. Ou seja, a redação original dava espaço aos contratos de partilha de produção. Permitia também que fossem contratadas sob concessão as atividades de refino, transporte, e distribuição de petróleo e seus derivados. Essa redação original foi modificada em 1960 de forma a designar a Pemex como operadora única do petróleo no país, condição que ainda perdura, e que o governo pretende alterar.
O constrangimento atual da atividade petroleira é caracterizado pelo governo a partir da produção diária mexicana, que é hoje quase um milhão de barris inferior ao máximo de 3,4 milhões, atingido em 2004. A queda na produção reflete o declínio também das reservas mexicanas, suficientes para um horizonte de apenas 10 anos (curto, em se tratando de petróleo, pois os investimentos levam de cinco a sete anos para produzir resultados). O governo argumenta que as reservas atuais se encontram exclusivamente em águas rasas, enquanto que o horizonte exploratório do país está em águas profundas, localização que requer tecnologia e conhecimentos especializados, que a Pemex não detém. Argumenta que os custos e riscos de exploração em águas profundas deveriam ser compartilhados por outros operadores, em vez de recair unicamente sobre a Pemex. No momento, a Pemex já não pode investir adequadamente em todos os segmentos da indústria, em virtude da alta retenção tributária imposta pelo Estado sobre as receitas da companhia. Na exploração, apenas cinco poços foram perfurados em águas profundas desde 2010. Nenhum deles chegou ao estágio de produção. No refino a insuficiência de investimentos ameaça a segurança de abastecimento do país pois faz com que o México importe hoje 49% da gasolina e 33% do diesel que consome.
No dia 19 de agosto, o PRD apresentou sua alternativa à proposta do governo. O PRD é a favor da exclusividade da Pemex, e propõe derrubar a proposta governista de reforma da Constituição. O PRD questiona o objetivo de aumentar a produção, argumentando que a produção acelerada das grandes reservas de petróleo descobertas no México a partir da década de 1970 foi prejudicial ao interesse nacional, pois causou a exaustão de grande parte das reservas naturais, sem que as receitas de exportação tivessem se convertido em investimentos estruturantes para o país. A excessiva dependência do Tesouro das receitas da Pemex teria obrigado o país a seguir exportando, mesmo sob condições desfavoráveis de mercado. Argumenta também que a concentração dos investimentos exclusivamente em exploração e produção de petróleo deixou estagnado o segmento de refino, tornando o país dependente de importação para abastecer 50% do mercado interno de GLP, combustível residencial básico para a maioria das famílias, além de importar gasolina e diesel.
Em vez de terminar com a exclusividade da Pemex, a proposta do PRD pretende que sejam concedidas à estatal as mesmas condições de preços, investimentos, e tributos que seriam oferecidas aos investidores privados. Com isso, afirma o PRD, a Pemex teria condições de conduzir sozinha a atividade petroleira no México. Afirma o PRD que essas alterações não dependem de reforma à Constituição, bastando modificar algumas leis complementares, principalmente em três pontos. Pretende o PRD que se mude o regime fiscal, para desonerar a companhia de uma carga tributária que da ordem de 70% da receita bruta. Além da desoneração, a Pemex passaria a ter autonomia orçamentária para definir seu orçamento, em vez do Ministério da Fazenda, que submete o orçamento da companhia às metas fiscais do governo. A Pemex passaria a ter também autonomia de gestão, o que permitiria eliminar subsidiárias e reduzir gastos de administração. No âmbito do Conselho de Administração da Pemex, o PRD propõe que saiam os cinco representantes sindicais atualmente presentes. Propõe também o Ministro da Fazenda deixe o Conselho juntamente com outros quatro representantes do Executivo, permanecendo apenas o Ministro de Energia, na condição de presidente.
As razões do declínio: Por que a Pemex, tendo desfrutado do monopólio de exploração, num dos países que lideraram a produção petroleira mundial no século passado entrou em declínio acentuado – a ponto de se tornar incapaz de investir na própria sondagem das possíveis reservas mexicanas? Algumas das respostas precisam ser examinadas a fundo no Brasil. A riqueza farta do subsolo levou o Estado mexicano, proprietário da empresa, a recorrer seguidamente a ela para se financiar, evitando decisões políticas difíceis porém importantes.
Derivados de petróleo artificialmente baratos (em especial, a gasolina) alimentaram a cultura do automóvel, mas estrangularam a capacidade de investimento da Pemex. Sem vontade política para financiar os serviços públicos tributando os mais ricos e redistribuindo riqueza, o Estado impôs pesada carga de impostos sobre a empresa. A presença maciça de representantes do Poder Executivo em seu Conselho de Administração levou-a a suportar tais condições sem resistir. Quando esgotou-se o petróleo fácil (extraído sem complicações, desde o final do século 19), a estatal não tinha suficientes recursos, nem capacidade tecnológica, nem agilidade administrativa ou autonomia financeira para sondar os possíveis depósitos submarinos.
A condição de empresa 100% estatal e a posse, sem concorrentes, de toda a riqueza petroleira do México não foram capazes de socorrer a Pemex. É por isso que parece pobre o debate travado, no Brasil, sobre os contratos de partilha a ser firmados no Pré-Sal. A questão não está num dilema binário, entre firmá-los ou não. Dois fatos históricos o comprovam. Um é o exemplo do próprio México, onde Lazaro Cárdenas, um nacionalista odiado pelos Estados Unidos, admitiu estes contratos. Outro, a mudança profunda na exploração petroleira, registrada, em todo o mundo, nos últimos vinte anos. Neste período, as transnacionais, que dominavam a exploração, perderam espaço muito rapidamente, controlando apenas 9% das reservas atuais. O instrumento principal utilizado pelos Estados, para reassumir sua riqueza petroleira, foi exatamente adotar uma nova modalidade de contrato, que lhes dá poderes para definir condições e ritmos de extração.
A Petrobras é muito distinta da Pemex atual. Sua capacidade tecnológica para operar em águas profundas e ultra-profundas é reconhecida internacionalmente. Sua experiência de planejamento, agilidade administrativa e autonomia financeira dão-lhe condições de captar e gerenciar recursos.
Infelizmente, contudo, a empresa sofre crescente pressão de fatores adversos semelhantes aos que tolheram a Petroleos Mexicanos. Eles estão presentes no subsídio ao consumo da gasolina e no movimento para explorar o Pré-Sal levando em conta, cada vez mais, não os interesses estratégicos do país, mas a necessidade de cumprir mestas fiscais.

Em 22 de outubro já conheceremos o resultado do leilão de Libra e, possivelmente, da votação da reforma constitucional mexicana. Conheceremos as primeiras conseqüências desses resultados para a Petrobras e para a Pemex, em suas vidas paralelas.
Fonte: Outras Palavras
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PETRÓLEO - Libra: começou a especulação.

Contraponto 12.467 - " Libra: começou a especulação. Petrobras vencerá e a mídia dirá que foi 'um fracasso ' "

 .
Do Tijolaço - 18 de outubro de 2013 | 22:30

 libra


Por: Fernando Brito 

O Estadão começou a onda de especulações que vai tomar conta da mídia de hoje até a manhã de segunda-feira.

Anuncia que o leilão de Libra terá a participação de apenas um consórcio, liderado pela Petrobras, com 30% de participação. O que, somado aos 30% “automáticos”, daria à brasileira 60% de controle do campo.

É possível que seja assim, embora possa surgir um segundo grupo.

Como esperado, os chineses serão a segunda força, com um percentual perto dos 30%.

Conversa fiada a história de que “virão fracos os chineses”, por conta das regras. O acerto com a China é de Governo, embora via empresas.

A Total, que se especula também estar no consórcio, é privada, mas fortemente ligada aos interesses nacionais de um país que não tem petróleo e se abastece de fontes por todo o mundo. Os franceses não tem problemas ideológicos nesse campo, e operam em situações instáveis, como a Argélia, o Irã, Iraque, Iemen e Venezuela.

Puro palpite, mas acho que a quinta empresa é a estatal indiana OGNC, que concluiu esta semana a compra de uma parte dos ativos da Petrobras no campo de pós-sal no Parque das Conchas, na Bacia de Campos. Brasil e Índia tem interesses comuns também na nova área de exploração em Sergipe, através de outra estatal, a Bharat Petroleum. É o típico “farm-in/farmout” (venda de participações, em busca de escala) da indústria petrolífera.

Isso também pode trazer a Shell para o negócio, com uma pequena participação, mas não creio nisso. Mais fácil que a Shell lidere outro consórcio, se houver.

Será uma vitória, se isso acontecer, dos BRIC.

E, ao contrário do que diz a matéria do Estadão, o lance virá em torno de 60% de participação do Estado na partilha do petróleo.

Porque, no leilão de partilha, onde o bônus de assinatura é fixo e igual, o “ágio” será medido – e decisivo – na percentagem de participação do Estado no resultado da extração de petróleo.

Nenhum consórcio formado para vencer vai “dar mole” para um azarão vencer com 1% a mais de ágio.

Mesmo ainda no campo das especulações, parece que está ficando claro o que este blog – sem uma inside information sequer, mas apenas sustentado na lógica dos interesses das partes envolvidas –  vem sustentando há dois meses.

O leilão de Libra terá dois grandes vencedores.

A Petrobras.

E o Brasil.
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PETRÓLEO - Requião e o leilão de Libra.


Para Requião, leilão do Campo de Libra é um crime contra o Brasil


“O que está acontecendo no Brasil? O Governo quer leiloar o campo petrolífero de Libra, que pode ter 15 bilhões de barris de petróleo, e não tem justificativa nenhuma para isso”, afirmou o senador Roberto Requião (PMDB/PR). “Estão entregando o petróleo brasileiro, mesmo depois do escândalo da espionagem da Petrobrás, do Ministério dos Transportes e até do telefone particular da presidente Dilma (Rousseff)”, completou.
Para Requião, o leilão do Campo de Libra, marcado para o próximo dia 21, “é um crime contra o Brasil. Um absurdo”. Ele comunicou que, junto com os senadores Pedro Simon (PMDB/RS) e Randolfe Rodrigues (Psol/AP), há mais de um mês entrou com um projeto de decreto legislativo para anular a licitação. No entanto, o projeto não tramitou no Senado.
“Se negaram a debater a questão. Sonegaram do Congresso o contraditório. Não é um parlamento mais. É um grande espaço de silêncio em troca de emendas e de favores. Eu estou profundamente indignado com isso tudo”, criticou. O senador ainda cita outro fato grave: o uso do Exército para fazer a segurança do local leilão.
“Isto está causando a indignação dos movimentos populares, dos setores mais esclarecidos do país. Mas a imprensa toda está a favor do entreguismo. Porque na verdade, hoje, PSDB e PSB estão todos nesta visão entreguista. Eles querem só derrubar o PT para fazer o mesmo, mas sem os programas sociais”, afirmou.
“Eu pergunto a você, que como eu votou e lutou pela Dilma: era isso que a gente esperava? E eu pergunto ao PT: foi isso que nós propusemos na campanha? E eu pergunto ao PMDB: foi por isso que nós apoiamos a presidente Dilma? Não. Não foi”.
Reservas – O Campo de Libra está localizado na camada de pré-sal na Bacia de Santos, em São Paulo, e deve produzir pelo menos um milhão de barris por dia, o equivalente à metade do que o país extrai atualmente. No projeto, espera-se instalar de 12 a 18 plataformas de grande porte.
Tratar-se de um campo já perfurado e testado. A Petrobras pagou à União pelo Campo. Pela cessão, deveria extrair 5 bilhões de barris, mas, depois das perfurações, encontrou reservas equivalentes a 24 bilhões de barris. Pela lei, a União deveria negociar um contrato de partilha com a empresa pelos 19 bilhões excedentes, mas, em vez disso, resolveu leiloar o campo.
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PETRÓLEO - ANP age para evitar controle das empresas chinesas em Libra


A participação das empresas chinesas no leilão tornou-se motivo de muita discussão, diante do risco de que se comprometa soberania nacional.


Maurício Thuswohl
EBC
Rio de Janeiro – Um fator que chamou a atenção do mercado na fase de habilitação dos participantes do leilão do Campo de Libra é a notável presença do setor petrolífero asiático, com três empresas chinesas, uma indiana e uma japonesa. A participação das empresas chinesas no leilão, no entanto, tornou-se motivo de muita discussão, dado o eventual perigo de que a força das estatais Sinopec, CNOOC e CNPC em Libra acabe por emparedar a Petrobras e a comprometer os objetivos de fortalecimento da soberania nacional brasileira que baseiam o regime de partilha adotado pelo governo federal.
 
O papel das chinesas no leilão foi objeto de uma análise feita pela Comissão Especial de Licitação da Agência Nacional de Petróleo (ANP). Esta, para evitar o perigo de uma super participação, determinou que CNOOC e CNPC somente poderão arrematar áreas de exploração em Libra se estiverem reunidas em um mesmo consórcio. Para embasar tal decisão, a ANP evocou a Lei do Petróleo (9.478), que determina que empresas pertencentes a um mesmo grupo controlador – no caso, o governo da China – não podem disputar entre si uma mesma área de exploração.
 
O caso da Sinopec, no entanto, foi tratado de forma diferente, já que a empresa participará do leilão de Libra na condição de sócia minoritária em duas sociedades, ambas estabelecidas com empresas europeias. Uma delas com a espanhola Repsol, na qual a estatal chinesa detém 40% do capital. Outra com a portuguesa Petrogal, com 30% de capital da Sinopec.
 
Em contrapartida à grande participação das estatais chinesas, pelo menos cinco das maiores empresas do setor petrolífero mundial, todas já instaladas no Brasil, estarão ausentes no leilão de Libra. As norte-americanas ExxonMobil e Chevron (as duas maiores do mundo), a norueguesa Statoil e as britânicas BP e BG, por alegadas diferentes razões, preferiram não participar do primeiro leilão de exploração do pré-sal brasileiro feito sob o regime de partilha. Entre as chamadas majors, apenas a holandesa Shell e a francesa Total figuram entre as habilitadas.
 
Teste para novo modelo
 
Primeiro a ser realizado sob a égide do regime de partilha para a exploração das reservas de petróleo e gás localizadas na camada pré-sal da Bacia de Santos, o leilão das áreas de produção no Campo de Libra, marcado para a próxima segunda-feira (21), será a primeira prova de fogo para o novo marco regulatório do setor, aprovado ainda no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Além da Petrobras, dez petrolíferas, com nítida predominância das empresas chinesas, se habilitaram a participar do leilão, que será realizado em um hotel no Rio de Janeiro. Em jogo, a possibilidade de exploração daquela que é hoje a maior área em oferta no mundo, com reservas estimadas entre oito e doze bilhões de barris de petróleo.
 
O Campo de Libra tem 1.547 quilômetros quadrados de extensão e, segundo a previsão da Agência Nacional de Petróleo (ANP), exigirá investimentos de R$ 400 bilhões nos próximos 35 anos. O retorno no mesmo período promete ser excepcional. Em seu pico, prevê a ANP, a produção em Libra será de um milhão e quatrocentos mil barris de petróleo por dia, com a geração, segundo a agência reguladora, de pelo menos R$ 900 bilhões, sendo R$ 300 bilhões em royalties e R$ 600 bilhões provenientes da partilha do óleo produzido com a União, como prevê o novo regime.
 
As empresas habilitadas a participar do leilão são: Petrobras (Brasil), Repsol/Sinopec (Espanha/China), CNOOC (China), CNPC (China), ONGC Videsh (Índia), Ecopetrol (Colômbia), Petrogal/Sinopec (Portugal/China), Mitsui (Japão), Petronas (Malásia), Total (França) e Shell (Holanda). No entanto, duas delas – a ANP não revelou quais são – não apresentaram todas as garantias necessárias, e somente poderão participar do leilão se formarem consórcio com outras empresas habilitadas. A expectativa do governo, manifestada pelo ministro das Minas e Energia, Édison Lobão, é que as empresas venham a formar três ou quatro consórcios para arrematar as áreas de exploração em Libra. De acordo com as regras estabelecidas para o leilão, a Petrobras terá uma participação mínima obrigatória de 30% em cada aérea, ou seja, o consórcio vencedor terá no máximo 70% de participação no contrato de exploração.
 
Segundo o edital, serão vencedoras as empresas que oferecerem à União o maior percentual de lucro em óleo, a partir do patamar mínimo estabelecido em 41,65%. Além disso, as empresas vencedoras terão de pagar um Bônus de Assinatura no valor de R$ 15 bilhões pela exploração das áreas arrematadas no leilão. As onze participantes tiveram também que depositar uma garantia no valor de R$ 156 milhões, além de pagar à ANP uma taxa de participação de R$ 2 milhões. Os interesses da União na exploração do Campo de Libra serão defendidos pela empresa Pré-Sal Petróleo S.A., estatal oficialmente criada em agosto.
 
O edital estipula em quatro anos – período que, posteriormente, pode ser revisto – a fase de exploração, com o início da produção até o quinto ano posterior à assinatura do contrato. Os vencedores deverão também obrigatoriamente fazer um levantamento sísmico em 3D de todo o Campo de Libra. As regras de exploração trazem ainda uma exigência de utilização de conteúdo local mínimo nas diversas etapas da produção. Este conteúdo nacional deverá ser de 37% para a etapa de exploração e 55% para a etapa do desenvolvimento das áreas de produção, subindo para 59% após 2021.
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PETRÓLEO - Chamaram o Exército para entregar o pré-sal.

Chamaram o Exército para entregar o pré-sal

H e l i o  F e r n a n d e s
Dona Dilma, que combatia os leilões devassos e devastadores, ficou logo a favor, que triste reviravolta. E piorou de saúde física e mental. Mais grave ainda: na segunda-feira realizará o ato máximo do “entreguismo”, leiloando o importantíssimo campo de Libra.
Como sabe que a resistência é total, em todos os setores, e como a repulsa, o protesto e a indignação contra a indignidade será total, chamou o Exército. Para proteger o campo que é a grande esperança do nosso futuro? Não, para proteger a doação criminosa, o roubo das nossas reservas.
OS GENERAIS DA COMPLACÊNCIA
Os generais deviam dizer não, afinal já têm um passado bastante negativo. Está na hora da tentativa de reabilitação. Bastava perguntar: por que Dona Dilma e Dona Graça ficarão de longe, assistindo a degradação da nossa esperança? Hoje é sexta, o leilão será segunda, ainda há tempo. Para resistirem e não se voltarem contra o povo. Sempre o grande prejudicado.
GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO
Tremenda confusão, e volatilidade de candidatos. A cada dia aparece mais um. Mas os que lideram desde antes, lideram até agora: Lindbergh e Garotinho. Venho dizendo isso há meses, não havia nem surgido o “Fora, Cabral”, que não dá sinais de enfraquecimento.
Apesar de cabralzinho fazer força para virar ministro, o que não acontecerá, por falta de coragem de Dona Dilma. A coragem dela se esgotou com a doação criminosa do campo de Libra. Até Picciani dá palpite na sucessão. Isso mesmo: esse Picciani é acusado de exploração de trabalho escravo.
NEWTON CARDOSO, INTOCÁVEL
Está protestando, publicamente, pelo fato de ser revistado em aeroportos. Quer passar sem que ninguém o toque. Há anos, suas contas bancárias, aqui e no exterior, ganham a mesma liberdade e liberalidade de não serem revistadas nem investigadas.
Na Copa do Mundo de 1998, na França, um amigo me mostrou um edifício luxuoso (em frente ao famoso Bar des Théâtres) e disse: “Quem tem apartamento aqui é o Newton Cardoso”. Contei tudo na Tribuna impressa. Logo depois, se separava, a mulher acusava: “Sua fortuna é no mínimo de 3 bilhões”. Fizeram volumoso acordo, ela nunca mais se lembrou de nada.
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PETRÓLEO - Pré-sal exige investimento de US$ 500 bi em 12 anos



O petróleo do pré-sal, cujo primeiro campo (Libra) será leiloado segunda-feira, representa enormes desafios para o país. Cálculos do setor indicam que serão necessários US$ 500 bilhões de investimento em 12 anos, entre 2013 e 2025, para alcançar a meta da Petrobras, operadora única do pré-sal, de produzir 4,2 milhões de barris de petróleo por dia em 2020 ou 5,2 milhões de barris equivalentes se for contabilizado o gás natural.

A reportagem é de Cláudia Schüffner, Marta Nogueira, Flavia Lima, Francine de Lorenzo e Karin Sato e publicada pelo jornal Valor, 17-10-2013.

Só em Libra, estima a consultoria IHS, os custos operacionais serão de US$ 180 bilhões a US$ 250 bilhões em 35 anos. Em 2027, com todas as plataformas em operação, o campo atingirá o pico de produção, de 1,4 milhão de barris/dia.
O leilão de segunda-feira deve durar apenas uns 30 minutos, segundo o secretário de óleo e gás do Ministério de Minas e Energia, Marco Antônio Martins Almeida. Será o primeiro em regime de partilha de produção. Ganhará a disputa o consórcio que oferecer o maior percentual em óleo à União, sendo o lance mínimo de 41,65%. O vencedor terá de pagar bônus de assinatura de R$ 15 bilhões.
Onze empresas se inscreveram para o leilão - pagaram taxa de R$ 2 milhões. A presença das estatais chinesas será dominante, com três companhias: CNOOC, China National Petroleum Corporation e Sinopec, esta em parceria com a espanhola Repsol, por meio da Petrogal. Também participarão a malaia Petronas, a indiana ONGC, a japonesa Mitsui, a francesa Total, a Shell e a colombiana Ecopetrol, além da Petrobras.
Michael Pettis, professor da Universidade de Pequim, prevê que os chineses apostarão alto no leilão. Além da importância do óleo para a China, diz Pettis, faz parte do processo de ajuste chinês uma "tremenda" pressão sobre as estatais do país para que atuem mais ativamente no exterior.
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PETRÓLEO - ‘A arrecadação com o leilão do campo de Libra é uma gorjeta’, diz diretor da FUP

  


À frente da mobilização que ontem provocou a interrupção da produção de 15 plataformas, bloqueou refinarias e terminais de distribuição e paralisou o trabalho de mais de 5 mil petroleiros na Bacia de Campos, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) questiona a posição do governo na realização do leilão de Libra. Na avaliação do diretor Francisco José de Oliveira, que liderou a manifestação ontem em frente ao Ministério de Minas e Energia, em Brasília, os recursos prometidas pelo governo com o leilão "são uma gorjeta."

A entrevista é de Antonio Pitta e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 18-10-2013.

Eis a entrevista.

Por que a decisão de paralisar as plataformas no protesto contra o leilão de Libra?
Queremos trazer o Congresso, a sociedade civil, os movimentos sociais para fazer um debate sobre Libra. É uma área que possui uma reserva comprovada de 15 bilhões de barris, segundo estudos internos da ANP. É um absurdo vender isso. O governo afirma que vai investir em educação e saúde, e que vai arrecadar R$ 15 bilhões com o leilão. Mas isso é uma gorjeta perto da riqueza que existe no campo. A sociedade não participou do debate sobre o tema. Nossa tentativa é sensibilizar o governo para negociar e discutir.  
Qual a estratégia da FUP para forçar esse diálogo?
Acreditamos que é preciso uma articulação política para reverter a questão. Encaminhamos documentos ao governo, que nem sequer respondeu. Buscamos uma agenda com o senador Roberto Requião (PMDB-PR), mas ele e o Henrique Alves (PMDB-RN) não nos receberam. Dizem ter uma pressão do partido, que ocupa o ministério. Temos uma lista com mais de 200 assinaturas de parlamentares, buscamos lideranças do PT, mas ninguém discute o tema.
O governo acionou a Força Nacional e o Exército para reforçar a segurança, temendo protestos radicais. Há exagero?
Não acredito que haverá enfrentamento. Nosso movimento é antes de tudo democrático e pacífico. Não trabalhamos com o método de radicalizar, como outros movimentos. Mas a ação de outros movimentos leva a uma preocupação do governo, até pelo que Libra representa. Nunca em um leilão houve uma preocupação dessa dimensão.
Além do leilão, quais outros pontos estão na pauta da greve dos petroleiros?
É uma questão secundária, mas lutamos pelo acordo coletivo. Queremos o reajuste de 12,5%, mas também buscamos melhores condições de trabalho. Neste ano, mais de 320 funcionários morreram em serviço. Entre eles, 80% eram terceirizados. Isso acontece em razão da precarização da condição de trabalho pelas empresas terceirizadas. Somos contra também o Projeto de Lei 4.330, que regulamenta a terceirização em vários setores.
Veja também:
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PETRÓLEO - China e Rússia assinam acordo para explorar petróleo siberiano



A Companhia Nacional de Petróleo da China (CNPC) anunciou nesta sexta-feira (18) que assinou um memorando de entendimento com a Rosneft Oil, o gigante petrolífero russo, para explorar reservas de petróleo no leste da Sibéria.


Segundo o documento, a CNPC e a Rosneft colaboraram no desenvolvimento de alguns grandes campos de petróleo e gás no leste da Sibéria e no Extremo Oriente.

As duas companhias estabelecerão uma joint venture, com a Rosneft controlando 51% das ações e a CNPC 49%.

Depois, as duas companhias comprarão e desenvolverão juntas os campos de mega reservas de petróleo e gás no leste da Sibéria e no Extremo Oriente, segundo uma nota na página oficial da CNPC.

O petróleo a ser produzido irá atender primeiro a demanda do leste da Rússia e depois será exportado para a China e outros países na Ásia-Pacífico, disse a nota.

Segundo a nota, a assinatura do memorando é um novo avanço na cooperação upstream entre os dois lados, o que garantirá certamente o trabalho conjunto futuro em negócios downstream e em outros setores. 

Fonte: Rádio Internacional da China


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PETRÓLEO - Atuação das Forças Armadas é para garantir lei, diz Amorim


O ministro da Defesa, Celso Amorim, disse nesta sexta-feira (18) que a atuação das Forças Armadas na proteção ao leilão do Campo de Libra, marcado para segunda-feira (21), garantirá o cumprimento de lei aprovada pelo Congresso Nacional. “Se não houvesse necessidade, não nos teriam chamado”, disse Amorim, ao comentar a solicitação de reforço pelo governo do Rio, que está preocupado com a ocorrência de protestos para impedir o evento.


Apesar dos protestos que questionam a participação de empresas estrangeiras no leilão, o ministro Amorim disse durante a palestra que o leilão foi aprovado democraticamente. “É legítimo ter opinião diferente da maioria do Congresso Nacional. Vivi 21 anos em governo autoritário e acho que a existência do Congresso é importante. Minha resposta se baseia no respeito à lei”, pontuou, sob vaias da plateia.

Dos cerca de 1,1 mil homens que integrarão as forças de segurança no dia da licitação do Campo Libra, na Barra da Tijuca, cerca de 700 são do Exército. A Força Nacional e as polícias Militar, Federal e Rodoviária Federal também foram convocadas. As ações de segurança serão coordenadas pelo Comando Militar do Leste, que fica no Rio de Janeiro e é subordinado ao Ministério da Defesa.

Protestos contra a licitação estão sendo feitos em várias partes do país. Em São Paulo, na manhã de hoje, durante três horas, o saguão do prédio da Petrobras na capital paulista foi ocupado por sindicalistas e trabalhadores ligados à indústria do petróleo. Ontem, entidades do movimento social ocuparam o Ministério de Minas e Energia. Contra o leilão, o primeiro do pré-sal, também estão em greve os empregados da estatal.

Fonte: Agência Brasil
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