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• Haddad dispara nas pesquisas

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Em Jundiaí, Lula apóia Pedro Bigardi e chama tucanos de predadores

Em Jundiaí, Lula volta a atacar PSDB e diz que tucanos são 'predadores' 
Daniel Carvalho
Enviado especial a Jundiaí

O ex-presidente Lula voltou a atacar o PSDB na manhã desta segunda-feira (22), em Jundiaí (SP), e disse que é preciso tomar cuidado com os tucanos, porque eles têm "bico bonito", mas são "predadores".

Lula participou do comício do ex-petista Pedro Bigardi (PC do B), que enfrenta Luiz Fernando Machado (PSDB). A cidade está sob controle tucano há 16 anos.

"Vocês sabem que tucano tem aquele bico bonito, mas é predador. Quem conhece de aves sabe que tucano come passarinho novo no ninho, come ovinho. É preciso tomar cuidado", afirmou o ex-presidente que lotou uma pequena praça na cidade, que terá segundo turno pela primeira vez.

Lula disse que, assim como ele em 2006, e como a presidente Dilma Rousseff em 2010, Bigardi está sendo alvo de uma "central de mentiras".

Na reta final do primeiro turno, opositores espalharam panfletos relacionando o comunista ao escândalo do mensalão e afirmando que ele chamaria para compor o gabinete o ex-ministro José Dirceu.

"Vocês estão vendo a campanha contra o Fernando Haddad em São Paulo. É por isso que o Haddad vai ganhar também, como você vai ganhar aqui. Porque o povo brasileiro e o povo de Jundiaí tão com o saco cheio de mentiras, com o saco cheio de candidato que não tem o que falar e então começa a falar do outro", afirmou.

Na primeira etapa das eleições, Bigardi obteve 49,98%, enquanto Machado ficou com 42,95%.

DOENÇA

O ex-presidente abriu o discurso falando de sua saúde. Disse que estava "quase 100% curado", que a garganta ainda estava um pouco inchada e que já recuperou "90% da mobilidade da perna". "Logo, logo estarei marcando um golzinho", afirmou.

Lula chegou ao comício por volta de 11h30. O ex-presidente resolveu sair do carro antes de entrar na área reservada, o que gerou tumulto.

O ex-presidente discursou por pouco mais de 11 minutos. Disse que sua fala foi breve porque teria à tarde um encontro com o ex-presidente francês Nicolas Sarkozy.

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Mais um poste do Lula?

Lula quer ministro da Saúde para disputar governo de SP em 2014 
Inspirado em Haddad, ex-presidente acredita que a novidade numa eleição é fórmula que está dando certo e já pensa em lançar Alexandre Padilha para a disputa estadual

João Domingos, de O Estado de S.Paulo

Animado com a passagem de Fernando Haddad para o 2.º turno da eleição em São Paulo, e diante da possibilidade de vitória, levando-se em consideração que as pesquisas de intenção de votos indicam vantagem do petista sobre o tucano José Serra, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já planeja lançar uma cara nova no PT para a disputa pelo governo de São Paulo em 2014 - quando tentará tirar o comando do Estado do PSDB.

O favorito de Lula para disputar o governo paulista é o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. De acordo com informações de bastidores do comando do PT, Lula considera que a novidade numa eleição é uma fórmula que começa a ficar consagrada. Como justificativa, tem lembrado que lançou Dilma Rousseff à sucessão presidencial em 2010 mesmo sendo advertido de que ela nunca havia disputado uma eleição e que era desconhecida dos eleitores. Com Haddad aconteceu a mesma coisa. Ele jamais havia se candidatado. Nos dois casos, Lula fez o lançamento das candidaturas com muita antecedência. Depois, chegada a hora da escolha, ele pressionou o PT para que aceitasse a indicação.

No sábado, 20, durante comício do candidato a prefeito de Campinas, Márcio Pochmann (PT) - outro neófito em eleições apadrinhado por Lula e que surpreendeu ao chegar ao 2.º turno -, o ex-presidente exaltou a tática do novo na política. "Diziam que o Márcio era apenas um poste, como diziam que a Dilma era um poste", lembrou. "Mas é de poste em poste que o Brasil vai ficar iluminado."

No caso de Padilha, o ex-presidente terá de fazer mais do que convencer o PT a aceitar a escolha, pois encontrará resistências à candidatura do ministro da Saúde em dois petistas muito fortes em São Paulo: os ministros Aloizio Mercadante (Educação) e Marta Suplicy (Cultura). Ambos consideram-se candidatos naturais ao governo paulista em 2014. Como não escondem as divergências entre si e em relação a Padilha, Dilma ordenou aos três que por enquanto se abstenham de fazer qualquer comentário sobre a eleição de 2014. Por enquanto, eles têm sido obedientes.

Para lançar Padilha ao governo de São Paulo o ex-presidente Lula terá ainda de fazer com que o ministro da Saúde transfira o domicílio eleitoral para a capital paulista. O título do ministro é de Santarém, no Pará. Ele o transferiu para lá porque, logo depois de se formar em medicina, em São Paulo, fez trabalho de campo em Santarém. Optou por votar na cidade paraense que fica às margens do Rio Tapajós, onde o PT sempre foi forte e elegeu prefeitos seguidas vezes.

Convencer alguém a mudar o domicílio eleitoral para São Paulo não é novidade na vida de Lula. Ele já fez isso com o ex-ministro Ciro Gomes, do PSB, em 2009. Lula queria que Ciro disputasse o governo paulista em 2010 numa aliança que teria o apoio do PT. Mas a ideia não vingou. O PT lançou Aloizio Mercadante, que foi derrotado pelo tucano Geraldo Alckmin.

Com Dilma, as resistências no PT foram nulas. Na Presidência da República, Lula tinha muita força no partido. Com Haddad, o lançamento da candidatura ocorreu ainda em 2011. A pressão sobre os petistas que pretendiam disputar as prévias veio depois.

O senador Suplicy disse que tem consciência de que Lula vai trabalhar para impor o nome de Alexandre Padilha para disputar o governo de São Paulo em 2014. "Eu estou no terceiro mandato de senador e tenho o direito de pleitear a candidatura ao governo do Estado", disse Suplicy ao Estado. Ele afirmou que vai apresentar o nome aos militantes do partido para a disputa com Padilha. 

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De Lula

A respeito da matéria "Lula quer ministro da Saúde para disputar governo de SP em 2014", publicada no jornal O Estado de S.Paulo de hoje (22), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva esclarece que não existe qualquer definição da sua parte em relação ao candidato do Partido dos Trabalhadores para o governo de São Paulo em 2014. Em nenhum momento o ex-presidente fez essa afirmação para jornalistas ou mesmo interlocutores. As informações do texto não foram checadas pelo jornal. As declarações atribuídas ao ex-presidente Lula pelo jornal simplesmente não procedem.

Assessoria de Imprensa
Instituto Lula
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Lula em Jundiaí neste sábado!

Dia 20/10, sábado, às 16 horas, LULA em Jundiaí. 
No Clube Caxambu.
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• Dilma x Carminha

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• Lula, Valdemar e o Mensalão

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• Tá russo, Serra

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• Serra

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• Lula e o mensalão


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Nos tempos do Mensalão

Em 2005, Roberto Jefferson cunhou o termo "mensalão", em uma entrevista para a Folha de São Paulo (se não me falha a memória), para designar um suposto esquema de compra de votos no Congresso Nacional. Isto desviou a atenção pública das denúncias de corrupção nos Correios que pesavam contra Jefferson e o PTB e, ao mesmo tempo, afundou Governo Lula em um mar de acusações intermináveis e não comprovadas.
Quem quiser relembrar melhor, pode dar uma conferida na Cartilha Para Acompanhar o Mensalão.
As charges abaixo são daquela época, onde aparecem, além do Jefferson, em diferentes tentativas de acertar uma caricatura (na do "fininho" eu já havia criado uma figura aceitável), outros astros da CPI (nem lembro qual delas): Heloísa Helena, Arthur Virgílio, ACM Neto e Duda Mendonça. O ano de 2005 nos reservaria ainda o escândalo das arbitragens protagonizado por Edilson Pereira de Carvalho.








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Juntos eles fazem mais



O que os petistas Fernando Haddad e Marcus Alexandre têm em comum, além da filiação partidária? Em primeiro lugar os dois são candidatos escolhidos pelos caciques políticos de seus respectivos Estados; no primeiro caso em SP e no segundo aqui na Florestania. Os dois nunca antes na história deste país enfrentaram as urnas. O paulista aposta na força de Luis Inácio Lula do Silva –o acreano-paulista nos irmãos Viana.

Outro ponto em comum são seus adversários. Tanto lá como cá o inimigo é o PSDB. No Tietê José Serra, e no igarapé São Francisco Tião Bocalom. Em ambos os casos os petistas estão bem atrás dos tucanos e vão precisar gastar muita energia para desbancar o favoritismo dos oponentes. 


Tanto em SP como no AC o processo de escolha dos candidatos do PT causou tremores na base. Por lá o dedaço de Lula expulsou do palanque petista a senadora Marta Suplicy; aqui a preterida foi Perpétua Almeida (PCdoB). 
Vamos ver se o destino da dupla Marcus-Haddad será o mesmo no dia 7 de outubro.
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Sobre caciques e partidos

Publicado no Valor Econômico

A birra de Marta Suplicy, ausentando-se do ato de lançamento da candidatura de Fernando Haddad à Prefeitura de São Paulo, enseja uma boa oportunidade para discutir o papel das lideranças individuais nos partidos políticos. Ela serve para mostrar que o caciquismo é um fenômeno mais complexo do que sugerem análises apressadas sobre a influência de certas lideranças na definição dos rumos das organizações partidárias. Quanto a isto, um aspecto ganha relevo: enquanto alguns líderes criam sucessores, atuando na produção ou reforço de novas lideranças (crucial para a sobrevivência organizacional), outros embotam essa criação, contribuindo para a esclerose organizacional. 

O problema é distinguir entre caciquismo - um tipo de liderança que subjuga a organização à vontade pessoal inquestionável do líder - e influência. Uma liderança influente no partido logra convencer os correligionários, sem contudo impor-lhes decisões inquestionáveis. Assim, se a persuasão é requisito para a obtenção de anuência, não há caciquismo. Trata-se de diferença de grau, que ultrapassados certos limiares se converte em distinção de natureza. 

Há situações nas quais se migra, ao longo do tempo, de um estado para outro. Assim, caciques podem converter-se apenas em lideranças influentes, seja por que se debilitam ou ajustam a conduta, seja porque um reforço organizacional do partido lhes reduz o espaço para o arbítrio. Inversamente, líderes influentes podem, em certas conjunturas, tornar-se caciques; algo mais provável em organizações partidárias frouxas ou enfraquecidas - o que não é a mesma coisa. 

Caciques são os que se colocam acima do partido 

Para existir, o cacique necessita do apoio de um subconjunto organizacional dentro do partido: sua entourage, uma facção majoritária ou posições-chave na burocracia. Assim, enquanto o partido como um todo é fraco organizacionalmente, esse subgrupo é relativamente forte, impondo a vontade de seu líder. Contudo, há uma condição principal, decisiva distinguir o caciquismo da influência: o cacique subordina os interesses da organização aos seus próprios; é o projeto pessoal do cacique que sempre prevalece sobre o do partido - e mesmo sobre o de sua claque. 

Há quem veja no patrocínio de Lula à candidatura de Fernando Haddad evidência de caciquismo, demonstrando que o PT nada mais seria do que um partido sem vontade própria, a reboque do grande líder. Será mesmo? Isto não se coaduna com características notórias do partido: organização forte, disputa intensa entre facções, espaço para contestação seguido de alinhamento a decisões tomadas pelo conjunto. Na realidade, Lula é muitíssimo influente, mas não um cacique no sentido próprio do termo. E isto não só por méritos próprios dele, mas pelas características do partido que construiu - que restringe o caciquismo. 

No caso paulistano, antes mesmo de Marta desistir da candidatura, já enfrentava - além de Fernando Haddad - a oposição interna de antigos aliados, agora pré-candidatos, os deputados Jilmar Tatto e Carlos Zarattini. Candidata duas vezes derrotada à prefeitura, a senadora já não desfrutava da condição de escolha óbvia da agremiação - como foi em 2008. A imposição de seu nome - a despeito de outras postulações, de um clamor interno por renovação e da grande rejeição aferida pelas pesquisas ¬- é que seria caciquismo. Em tal contexto, o apoio de Lula à renovação operou mais como contrapeso à tentativa de caciquismo em nível local do que se mostrou ele próprio uma imposição inconteste. 

Compare-se com a autoimposição de José Serra no PSDB, contra Aécio Neves. Verificou-se no ninho tucano uma estratégia de sufocamento da disputa interna pela interminável postergação do embate, até que o ex-governador mineiro jogou a toalha, considerando que não teria tempo hábil para se viabilizar. A solução pelo alto, dessa ardilosa vitória pelo cansaço, repetiu-se agora na escolha da candidatura tucana à prefeitura paulistana. Após meses alegando que não se candidataria, o que ensejou uma animada disputa entre quatro pré-candidatos (sugerindo renovação partidária) o ex-governador mudou de ideia, inscreveu-se na prévia após o prazo regulamentar, provocou a desistência de dois postulantes e prevaleceu. Serra obteve na prévia apenas pouco mais de 50% dos votos, num embate contra postulantes muito menos expressivos - tanto no que concerne à envergadura política quanto à história. Isto mostra o tamanho do desagrado que sua soberba causou na base tucana. 

Fosse o PSDB dotado de maior densidade organizacional, os dois episódios da imposição serrista deflagrariam uma crise interna - como a que deve se produzir no PT de Recife neste ano. O caráter elitizado da agremiação e a baixa intensidade da vida partidária (sobretudo se comparada à do PT) permitem que as manobras dos caciques e seus embates permaneçam basicamente como um problema deles mesmos. A renovação, neste caso, ocorre apenas nas franjas da disputa política (como nas eleições de deputado estadual e vereador), pelo ocaso das lideranças ou por algum acidente; raramente por uma estratégia bem definida. Em São Paulo, a oportunidade da renovação foi perdida; o risco da esclerose cresceu. 

É nisto que as atuações de Lula e Serra se distinguem como influência, no primeiro caso, e caciquismo, no segundo. Enquanto o ex-presidente interveio no processo de modo a promover uma renovação de lideranças e atuando segundo a lógica da organização partidária, o ex-governador apenas fez prevalecer seu projeto pessoal de poder, às expensas do partido, que tornou seu refém. Isto permanece, a despeito de quem venha ganhar ou perder as eleições de outubro. 

Algo que confunde a percepção de papéis tão distintos são os estilos muito diversos de um e de outro. Enquanto Lula é um líder carismático e de estilo esfuziante, Serra é um líder gerencial e de estilo soturno. Intuitivamente, o senso comum identifica o primeiro com o improviso e o personalismo, e o segundo com a racionalidade e a institucionalidade. Uma análise mais cuidadosa revela exatamente o oposto. 

Cláudio Gonçalves Couto é cientista político, professor da FGV-SP e colunista convidado do "Valor".
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Por Alberto Carlos Almeida, publicado no Valor Econômico

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso acaba de ser agraciado com o prêmio John W. Kluge, conferido pela Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, a mais completa do mundo. A declaração do chefe da biblioteca acerca do premiado é paradigmática: "Em termos puramente científicos e acadêmicos, ele tem que ser considerado o mais notável cientista político da América Latina no fim século XX. Não só é a primeira pessoa com uma carreira política pessoal relevante a ganhar este prêmio, como é também um representante acabado do que chamamos cientista social. Se quisermos fazer uma comparação americana, ele é como Thomas Jefferson, desempenhando um papel-chave na construção de uma democracia com fundamentação acadêmica".

Isso foi suficiente para que os tucanos que desprezam o PT passassem a comparar Fernando Henrique com Lula em função do fato de o ex-presidente petista ter recebido recentemente os títulos de doutor honoris causa de várias universidades do Rio de Janeiro. O prêmio de Fernando Henrique, segundo tais críticos, revelaria claramente sua superioridade em relação a Lula e, acrescentaria eu, provavelmente do PSDB sobre o PT.

É curiosa a insistência de alguns segmentos do PSDB no desprezo em relação ao PT. Lula é um animal exclusivamente político. Ele não está preocupado sobre quem tem mais títulos de universidades ou de bibliotecas renomadas. Os títulos que Lula detém são os três mandatos presidenciais consecutivos do PT. Na política, é isso que de fato importa e deveria ser considerado pelos adversários do PT - se tiverem realmente o desejo de competir de igual para igual.

Uma das marcas mais importantes da trajetória política de Lula e do PT é a ousadia. As decisões da pessoa de Lula e da instituição por ele construída e liderada são a prova mais cabal de que, na política, ser ousado traz resultados benéficos. Os críticos deste argumento afirmam que Collor também ousou, e se deu mal. É evidente que sim: Collor não tinha com ele uma instituição sólida, um partido consolidado. Afinal, nada mais distante disso do que o PRN ao qual ele pertencia. Ousadia funciona, sim, desde que combinada com uma ideologia clara e uma instituição forte.

O primeiro grande risco tomado por Lula foi fundar um partido inteiramente novo. O PT nasceu fora da tradição política intelectual da esquerda brasileira e também fora do berço do sindicalismo ligado ao setor público. O líder principal do novo partido nunca lera Karl Marx (ainda bem) e a sua base social, diferentemente do que ocorrera nos anos 1960, eram os sindicatos do setor privado. Ele foi produto da industrialização do Brasil e, não por acaso, seu berço é a região do ABC paulista.

A história é bem conhecida e cabe aqui apenas pontuar alguns episódios de tomada de risco do novo partido e de seu principal líder: disputar uma eleição para governador em 1982 sem acesso a recursos políticos relevantes; disputar uma eleição presidencial, em 1989, nessas mesmas condições, enfrentando e derrotando líderes de renome e com grande estrutura, tal como acontecera com Brizola; entrar em confronto direto com toda a elite política brasileira, atacando de forma incessante o FMI, o pagamento da dívida externa e políticas econômicas adotadas recorrentemente no Brasil. Todas essas ações de alto risco poderiam ter resultado na extinção do PT. Foi o contrário que ocorreu: o partido cresceu na adversidade e desde que foi fundado aumenta a cada eleição o número de deputados federais, senadores, deputados estaduais e prefeitos. Atualmente, o PT tem a maior bancada de deputados federais e o maior número de deputados estaduais, quando se somam todas as unidades da Federação.

Uma das maiores ousadias do PT foi quebrar a velha tradição conciliatória da elite política tradicional brasileira. Nosso sistema político, o presidencialismo de coalizão, atua como uma força centrípeta, que leva os principais atores para o centro político, para a conciliação e para a acomodação. O PT sabe, sem sombra de dúvidas, atuar dentro de nossas instituições. Foi esse saber que permitiu que Lula e Dilma tivessem maioria parlamentar. O PT foi, porém, o partido do conflito quando esteve na oposição e hoje, no governo, é o partido com maior sede de ampliar seu espaço político. Faz alianças, sim, mas está pronto para conquistar o terreno político que pertence a alguns de seus aliados. Não há nenhum mal nisso. Da mesma maneira que os empresários de sucesso são reconhecidos porque têm a ambição de fazer suas empresas crescerem e conquistarem mais mercado, os políticos e os partidos de sucesso cultivam o desejo incessante de conquistar mais e mais poder. Ninguém está proibido de se comportar assim, nem a oposição.

Lula assumiu a Presidência em 2003 e fez uma inflexão política formidável: manteve grande parte da política econômica de Fernando Henrique, aumentou o superávit primário, de 3,75% para 4,25%, controlou o gasto social e expulsou quatro parlamentares que votaram contra a reforma da previdência aprovada pelo PT, mas sempre defendida pelo PSDB. Os expulsos foram Luciana Genro, Babá, João Fontes e a então senadora Heloísa Helena. Haja ousadia. A moderação de Lula em seu primeiro mandato foi crucial para o sucesso econômico de seu governo e, consequentemente, para sua reeleição.

Lula não parou aí. Seus principais colaboradores, José Dirceu e Antonio Pallocci, foram abatidos, respectivamente, pelos escândalos do mensalão e do caseiro. Sem eles, Lula escolheu Dilma Rousseff para disputar sua sucessão. Sua ministra da Casa Civil jamais tinha concorrido em uma eleição. Para muitos analistas políticos, não houve risco maior do que este. Lula ousou e venceu.

Dilma está seguindo os mesmos passos de seu pai político: demitiu vários ministros por conta de escândalos de corrupção, está tentando adotar uma política econômica diferente de seu antecessor, fez uma inserção inédita no Dia das Mães em cadeia de rádio e TV e passou a adotar medidas concretas para reduzir os juros. Não cabe aqui discutir se a redução de juros por meio da regulação estatal é correta ou não. Alguns dirão que sim, argumentando que a oferta de crédito no Brasil é extremamente concentrada. Outros dirão que não, porque o governo estaria agindo contra as regras da economia de mercado. Não é isso que está em discussão aqui, mas sim o caráter politicamente ousado da decisão.

O PT, guiado por seu instinto de sobrevivência, adota o método da tentativa e erro - pelo visto, menos erros do que tentativas. Eis a CPI do Cachoeira. Mais uma vez, os analistas se puseram a afirmar que se tratou de um tiro no pé dado por Lula. Será mesmo? Na política, não existe o contrafactual, não existe o "se". Ainda assim, poderíamos fazer um pequeno exercício e imaginar o que a mídia estaria falando hoje se não existisse a CPI. É óbvio que o noticiário estaria inteiramente dominado por notícias ligadas ao julgamento do mensalão. Do ponto de vista exclusivamente midiático, a CPI do Cachoeira já alcançou seu principal objetivo. O recesso parlamentar se inicia em meados de julho e, a partir daí, as eleições municipais se tornarão a principal notícia. Até lá, a eventual exposição negativa do PT e de seus políticos ao julgamento do mensalão terá sido minimizada. Por outro lado, o governo Dilma reagiu com rapidez (e ousadia) às denúncias que recaíam sobre a construtora Delta, por se tratar da principal contratada para muitas das obras do PAC.

Os adversários do PT deveriam, antes de menosprezá-lo, procurar entendê-lo melhor. Desconsiderar suas virtudes é a maneira mais fácil de continuar sofrendo derrotas eleitorais consecutivas. As forças políticas precisam ser avaliadas também em função de sua eficácia. Há razões muito claras que vêm levando o PT a ser mais eficaz do que seus adversários: a ousadia é uma delas, não a única.

Alberto Carlos Almeida, sociólogo e professor universitário, é autor de "A Cabeça do Brasileiro" e "O Dedo na Ferida: Menos Imposto, Mais Consumo".


Comentário do blogueiro: O artigo do cientista político ligado aos tucanos é alerta para os integrantes do PSDB. Não basta estar certo no varejo, é preciso defender causas certas no atacado. Não basta a crítica pela crítica, é preciso apresentar o que faria diferente e melhor. O principal problema do PSDB é ficar sempre à reboque da agenda da mídia. Como a agenda midiática muda constantemente, o partido fica sem agenda, perdido, atirando para todos os lados. Ter a mídia a seu favor é vantagem, porém, é preciso saber tirar proveito disso. E o PSDB não está sabendo fazer. O que é vantagem tem se tornado em desvantagem, uma vez que eliminou a capacidade de reflexão do partido. Quando a presidenta Dilma faz um movimento contrário aos juros exorbitantes, aparecem tucanos criticando-a, dando a ideia para o eleitorado que está do outro lado do balcão, os banqueiros. Não importa se a estratégia presidencial é acertada ou errada, o que importa é o movimento, a direção. Os erros e excessos são corrigidos no meio do caminho, sem maiores consequências, desde que a direção esteja correta. E, nesse simples exemplo, evidencia-se que os tucanos teimam em permanecer na direção errada, contrária aos interesses da maioria, de trabalhadores a empresários. 
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• Serra candidato 2012

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O namoro PT-Kassab na eleição paulistana

Nesse namoro do Kassab com o PT o único que perde é o segundo. O desgaste que alguns figurões petistas (Lula, principalmente) estão provocando na pré-candidatura do Haddad é totalmente desnecessário. A análise da aliança eleitoral deve ser puramente eleitoral, e menos ideológica. Quando soma, faz-se a aliança. Quando diminui, saí fora. E, nesse quesito, Kassab tem pouco ou nada a devolver para o PT na sucessão paulistana.

O seu partido é novo e, por essa razão, não tem horário eleitoral para turbinar a candidatura do Haddad. E o prefeito Kassab está com avaliação negativa altíssima, o que favorece uma candidatura de oposição. A atual conjuntura política da cidade de São Paulo é por mudança, não continuidade. Ou seja, não é ignorando os eleitores com campanha que preserve a administração municipal que o partido aumentará suas chances de vitória.

Não faz sentido o PT em São Paulo virar situação, deixando que os partidos de sustentação ao governo Serra/Kassab (PSDB, DEM e PMDB, principalmente) tenham a chance de ser a candidatura da mudança. Gabriel Chalita já percebeu esse vácuo. E, se o candidato tucano não for o Matarazzo (este não tem jeito de descolar da administração do Kassab), os tucanos também posarão de oposição, ou seja, mudança.

Se o objetivo do PT é ter uma boa base de sustentação no legislativo caso vença o pleito, quero enfatizar que não precisam se preocupar. Afinal, o PSD tem o DNA do peemedebismo e, dessa forma, irá fazer parte da base de qualquer governo (seja PT, PMDB ou PSDB). O PT não precisa absorver o custo antecipadamente.

Na análise política não podemos ser ingênuos. Nessa questão está óbvio que o jogo é muito maior que a eleição na capital paulistana. Existe uma disputa por espaços dentro do PT com olho em 2014, com reflexos na reeleição de Dilma e na sucessão do Estado de São Paulo.

Em verdade, os patrocinadores da aliança Kassab-PT avaliam que é possível ganhar as eleições com Haddad, mesmo carregando o custo Kassab (porque ele é ônus hoje, não bônus). E, com essa aliança e Haddad vencendo, o grupo que defende a pré-candidatura de Marinho ao governo paulista se fortalece, assim como aumenta as chances de uma ampla aliança. Os grupos da Marta e do Mercadante se enfraquecem.

Por outro lado, Dilma poderá oferecer um ministério para o Kassab, reduzindo o poder de fogo do PMDB no Congresso. Tal estratégia comporta riscos eleitorais para Haddad, porém, explica a movimentação de algumas lideranças petistas em torno do kassabismo.
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• Ministro Lupi, o esquecido

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• Ministro do Trabalho se declarando

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