Hugo Chávez e o câncer da mídia

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  • terça-feira, 11 de dezembro de 2012
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  • Por Altamiro Borges

    No sábado passado, em cadeia nacional de rádio e tevê, Hugo Chávez causou forte impacto na sociedade venezuelana ao informar que seu câncer ressurgira e que precisará realizar uma quarta cirurgia em menos de 18 meses. A partir de domingo, milhares de pessoas visitaram o Palácio Miraflores, em Caracas, para prestar solidariedade e rezar pela saúde do líder bolivariano. Já a mídia golpista, da Venezuela e também do Brasil, voltou à carga contra o presidente, reeleito em outubro com folgada vantagem.

    A candidatura de Nicolás Maduro

    Em seu pronunciamento oficial, Hugo Chávez mostrou-se preocupado com a nova cirurgia que fará em Cuba. De maneira serena, ele admitiu que o caso é grave e deixou dúvidas, inclusive, sobre a sua nova posse em 10 de janeiro. Pela legislação do país, caso ele deixe o poder nos próximos quatro anos, novas eleições presidenciais deverão ocorrer no prazo de 30 dias. Diante desta possibilidade, o próprio Hugo Chávez pediu, “de coração”, o apoio à candidatura do chanceler e vice-presidente Nicolás Maduro.

    “Minha opinião firme, clara como a lua cheia, irrevogável, absoluta, total é que, num cenário que obrigaria a convocar eleições, vocês elejam Nicolás Maduro”. Ex-motorista de ônibus e sindicalista, o atual ministro das Relações Exteriores tem 50 anos e foi nomeado vice-presidente em outubro – diferentemente do Brasil, o vice não faz parte da chapa eleitoral. Para Hugo Chávez, “Maduro tem o coração de um homem do povo”. Ele conta com o apoio do PSUV, principal partido no poder, e das Forças Armadas.  

    Os urubus da velha imprensa

    Com o anúncio da nova cirurgia para o tratamento do câncer, as forças políticas do país ficaram agitadas. A direita venezuelana optou pela cautela, já que teme os efeitos de uma reação intempestiva nas eleições deste  domingo. Pesquisas indicam que a oposição deverá perder importantes governos locais. O próprio Henrique Capriles, que disputou as eleições presidenciais de outubro, corre o risco de não ser eleito governador no seu estado. Diante do perigo, a direita evitou comentários sórdidos sobre a saúde de Hugo Chávez.

    Já a mídia venezuelana, conhecida pelo seu golpismo visceral, voltou a insinuar que o presidente venezuelano utiliza o câncer como um palanque eleitoral. Alguns veículos até questionaram o resultado da eleição de outubro. No mesmo rumo, a mídia colonizada do Brasil, que também possui longa tradição golpista, age como urubu diante do drama de Chávez. A Folha, em seu editorial de hoje (11), intitulado “A saúde do caudilho”, afirma que “a recidiva do misterioso câncer” prova “a evidente da manipulação” do pleito presidencial.

    O câncer da democracia

    “Chávez, afinal, trombeteou dos palanques que estava curado da doença. Embora tenha derrotado de forma inquestionável o candidato oposicionista Henrique Capriles (55% a 44%), um grau maior de transparência sobre a moléstia poderia ter dado rumo diverso à campanha, uma vez trincada a aura de invencibilidade e fortaleza que cercava o presidente. O líder e ideólogo-mor do chamado ‘socialismo bolivariano’ segue o figurino clássico do populista na América Latina”, esbraveja o jornal da famiglia Frias.

    Derrotada nas urnas, a mídia colonizada da Venezuela e do Brasil torce pela morte Hugo Chávez. Alguns “calunistas” nativos, como o “imortal” Merval Pereira, chegou a jurar que ela ocorreria antes das eleições de outubro. Agora, ele deve estar mais uma vez excitado, consultando suas sinistras “fontes”. A mídia golpista não aceita o voto democrático dos venezuelanos, a quem chama de “ignorantes”, e já pergunta se Nicolás Maduro “conseguirá tocar um chavismo sem Chávez”. A mídia é hoje o verdadeiro câncer da democracia!
     
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