Com juros baixos, poupança tem pior retorno em 45 anos

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  • sábado, 29 de dezembro de 2012
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  • Caderneta rendeu 6,05% em 2012. Multimercado foi melhor aplicação

    Bruno Villas Bôas

    No ano em que os juros básicos da economia, a Taxa Selic, foram cortados ao menor patamar da História, de 7,25% ao ano, a caderneta de poupança registrou seu pior rendimento desde 1967, quando foi criada a correção monetária. Segundo dados do Banco Central (BC), a poupança rendeu 6,47% no ano pelas antigas regras - que remuneravam os depósitos em 6% ao ano mais a Taxa Referencial (TR). Pelas novas regras, que entraram em vigor em 4 de maio e remuneram 70% da Selic mais a TR, os ganhos foram de apenas 6,05% em 2012. Nos dois casos, o resultado ficou aquém do registrado pela aplicação em 2010, 6,90%, até então o pior desempenho.

    Segundo o administrador de investimentos Fabio Colombo, a queda da Selic mudou a vida de quem guardava o dinheiro da aposentadoria na caderneta de poupança e em outras aplicação ligadas aos juros.

    - A política do BC de reduzir os juros impactou fortemente as aplicações em 2012. O ganho real agora está baixo. Isso é algo que aconteceu no mundo inteiro e agora está sendo visto aqui - explica Colombo.

    Fundo Ibovespa sobe 8,20%

    Para além da poupança, os fundos DI, que aplicam em títulos pós-fixados e acompanham a queda da Selic, deram retorno de 8,50% no ano, o pior resultado desde 2002, início da série histórica da Associação Brasileira dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Os fundos de renda fixa tiveram um resultado melhor, de 11,91% no ano, porque aplicam em títulos prefixados e não acompanham de perto a queda da Taxa Selic.

    Quem arriscou mais e investiu em fundos multimercados multiestratégia - que investem em câmbio, ações e títulos - teve a melhor aplicação. Eles renderam 14,35% em 2012, pela média da indústria.

    Os fundos de ações que acompanham o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), renderam 8,20% no ano, ajudados pela valorização de empresas do comércio. O índice avançou ontem 0,89%, aos 60.952 pontos, e acumulou alta de de 7,40% no ano. O ganho não chegou a ser brilhante. Outras Bolsas ganharam mais, como Nasdaq (14%), Paris (14,57%) e Frankfurt (29%).

    Segundo José Costa Gonçalves, analista da Máxima Corretora, o desempenho não foi melhor por causa de intervenções do governo em algumas setores relevantes da Bolsa.

    - A Petrobras sofreu com a defasagem da gasolina; os bancos, com a pressão sobre os juros; o setor elétrico, com a renovação da concessão. São setores importantes que deixaram de contribuir para o aumento do índice - avaliou.

    Os trabalhadores que destinaram dinheiro do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para ações da Petrobras tiveram o pior retorno no ano. Os fundos tombaram 8,25% no ano. O FGTS Vale, porém, ganhou 10,65%, segundo os dados da Anbima.

    No câmbio, a propagada guerra cambial não aconteceu, segundo economistas. Os fundos cambiais - que investem em diferentes moedas, principalmente dólares - fecharam o ano com um ganho de 11,91%. O resultado expressa a valorização de 9,42% do dólar comercial no período, para R$ 2,045. Com uma mão do governo, o real escapou nos últimos dias de encerrar o ano como a moeda que mais se desvalorizou no ano no mundo.

    Fonte: O Globo
     
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