Carlinhos Cachoeira deixa o presídio da Papuda, no DF

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  • terça-feira, 20 de novembro de 2012
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  • Empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, é escoltado após interrogatório na Justiça do Distrito Federal

    Justiça determinou, na noite de terça-feira, a libertação do contraventor, condenado a cinco anos de prisão em regime semiaberto

    Empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, é escoltado após interrogatório na Justiça do Distrito Federal (Pedro Ladeira/Folhapress )
    O bicheiro Carlinhos Cachoeira foi libertado à 0h03 desta quarta-feira, depois de passar quase nove meses preso. O contraventor deixou o presídio da Papuda, em Brasília, sem falar com a imprensa, no banco do passageiro de um carro dirigido por seu advogado, Antonio Nabor Bulhões. A juíza Ana Claudia Barreto, da 5ª Vara Criminal do Distrito Federal, determinou na noite de terça-feira a libertação do bicheiro, cujas atividades motivaram a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Congresso Nacional. O alvará de soltura foi emitido às 19h01.
    A expedição do alvará ocorreu após a juíza do Tribunal de Justiça do Distrito Federal ter confirmado a condenação de Cachoeira a cinco anos de reclusão pelos crimes de formação de quadrilha e tráfico de influência em regime semiaberto. A sentença se refere às atividades do contraventor em esquemas criminosos no Distrito Federal, investigados pela Operação Saint Michel, desencadeada pela Polícia Civil do DF. Bulhões disse que a defesa pretende recorrer da sentença. "Estamos convictos de que ele não praticou nenhum dos crimes pelos quais foi condenado", afirmou. "Agora, ele tem o direito de recorrer em liberdade."

    A mulher do contraventor, Andressa Mendonça, chegou ao presídio às 22h35 para acompanhar o processo de soltura. "Daqui vamos direto para Goiânia", disse, antes de entrar na penitenciária.

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    Para os policiais, o bando de Cachoeira tentou fraudar o sistema de bilhetagem eletrônica do transporte público na capital federal, tentando infiltrar uma empresa sul-coreana na empresa pública de transporte do Distrito Federal e, com isso, obter 50% dos lucros do contrato de bilhetagem.
    Paralelamente à decisão de soltar Cachoeira, determinada nesta terça-feira, a defesa do bicheiro já havia impetrado um novo pedido de habeas corpus para garantir sua liberdade. No entanto, um pedido de vista interrompeu a conclusão do caso. Com a autorização de liberdade decretada hoje, na retomada do outro julgamento, a solicitação deve ser declarada prejudicada.
    De acordo com o criminalista Antonio Nabor Bulhões, que atua na defesa do contraventor, com a confirmação do alvará, a 5ª Vara encaminhará a decisão judicial ao presídio que, por lei, vai verificar a veracidade do documento. Em seguida, antes da libertação do condenado, é realizado um exame médico para atestar as condições físicas do detento.
    Monte Carlo – Carlinhos Cachoeira foi o protagonista da Operação Monte Carlo, que revelou que o esquema de contravenção que atuava para corromper empresas e governos estaduais em proveito do esquema criminoso. Os braços da quadrilha envolviam a construtora Delta, uma das maiores empreiteiras com maior contrato junto ao governo federal.
    No périplo judicial do bicheiro goiano, sua principal batalha era tentar anular os grampos telefônicos que desvendaram a relação próxima de governos estaduais, como o de Goiás, e de empresas laranjas no esquema criminoso relevado por escutas da Operação Monte Carlo da Polícia Federal. Se consideradas ilegais as interceptações, feitas com autorização da Justiça, os réus presos seriam libertados por falta de base para acusação. O Tribunal Regional Federal da 1º Região, em Brasília, considerou todos os grampos dentro da lei.
    A partir da denúncia anônima de um esquema ilegal de exploração de jogos, o Juiz de Direito da 1ª Vara de Valparaíso de Goiás havia autorizado a quebra dos sigilos telefônicos de Carlinhos Cachoeira e de seus comparsas, garantindo a investigação.

    (Com reportagem de Marcela Mattos)
     
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