José Serra se descontrolou ontem (16), mais uma vez, com dois jornalistas que fizeram perguntas sobre kit gay lançado quando ele era governador, em 2009. Serra disse que os repórteres não leram a cartilha, chamou um de mentiroso e os acusou de tentar beneficiar o PT.
A coordenação de campanha de Serra diz que a discussão sobre o tema "kit gay" não beneficia o José Serra e que mesmo as críticas feitas por pastores evangélicos ao material podem colar ao candidato do PSDB uma imagem de político conservador.
Um grupo de aliados defende que Serra abandone o tema aos poucos e que, por enquanto, destaque os pontos positivos do material de combate ao preconceito desenvolvido no Estado.
Serra criticou o "kit gay" pela primeira vez na campanha em agosto, durante uma entrevista à rádio Jovem Pan. Na ocasião, ele disse que o material tinha "aspectos ridículos e impróprios".
Há duas semanas, o pastor Silas Malafaia atacou o material de combate à homofobia de Haddad e declarou apoio a Serra.
Na semana seguinte, o tucano se encontrou com o líder religioso.
Contra-ataque. Em entrevista à rádio CBN na manhã de ontem, Serra se irritou com o jornalista Kennedy Alencar, que comparou o material desenvolvido pelo MEC à cartilha elaborada pelo governo tucano em São Paulo.
Kennedy perguntou se as críticas de Serra ao material de Haddad eram "conveniência eleitoral" ou se o tucano havia se tornado um "político conservador".
"Você leu a cartilha do Estado? Você leu inteira?", perguntou o tucano. "As cartilhas são completamente diferentes."
O candidato do PSDB também acusou o jornalista de tentar beneficiar o PT. "Eu sei que você tem suas preferências políticas, mas modere-se, Kennedy", disse o tucano
Serra se irritou também com uma repórter do portal UOL que fez uma pergunta sobre o material elaborado em seu governo e insinuou que a jornalista tentava beneficiar seu adversário. "Vai com o Haddad e trabalha com ele. É mais eficiente", afirmou.
Após visita ao Mercado da Lapa, na zona oeste, Haddad disse que Serra promove "desinformação" em torno do kit anti-homofobia, o que serviria de estímulo indireto à intolerância. "Quando você desinforma, você cria uma nuvem de insegurança nas pessoas, que é própria de quem quer promover esse tipo de preconceito", afirmou.