José Serra pedia votos por uma rua comercial na região do Ipiranga (zona sul). A pensionista Nilza Franzé, 58 anos, quando viu o candidato, o parou aos gritos, reclamando do descaso no Hospital Heliópolis:
"Isso é uma sem-vergonhice. Filma o hospital. Vamos lá comigo agora", disse para o tucano, que refutou a ideia de ir ao local.
Fiel escudeiro de Serra, o deputado estadual Orlando Morando (PSDB-SP) tentou chamar a discussão para si, e disse que a cidadã estava fazendo "show".
"Show não. Mande a sua mãe ir no hospital e pergunta para ela", disse a senhora Nilza.
O tucano afirmou que ela estava sendo "mal educada". "Principio elementar de educação é um político atender a gente bem", argumentou ela.
Ela afirmou que estava irritada porque na última segunda-feira (15) levou uma amiga “com princípio de AVC” (Acidente Vascular Cerebral) ao Hospital Heliópolis.
— Eu queria que vocês vissem. O inferno é muito melhor do que aquilo. O descaso com o ser-humano.
Ela disse que avisou uma enfermeira que uma pessoa sob efeito de drogas ia embora apesar de estar com o dedo cortado:
— Ela respondeu, ‘deixa, é um a menos’. Você não quer que eu fique brava? Vai dizer que estou fazendo show? Eu não estou fazendo show, estou relatando a realidade brasileira.
Depois que José Serra fugiu dali, a senhora Nilza falou com a reportagem do R7 e mostrou-se desiludida com a política após anos de gestão demotucana:
— Eu dei uma passadinha no banco e, infelizmente, cruzei com ele aqui porque se eu pegasse qualquer político hoje e tivesse uma arma, eu juro por Deus, eu ia presa! Qualquer político é sem-vergonha. Todo o político é corrupto.
Questionado por repórteres após o incidente, Serra tentou desqualificar as reclamações de dona Nilza de forma arrogante. Disse que "naquele mesmo dia havia recebido uns 15 elogios a questões da saúde, mas isso não é registrado”.
Alertado que a resposta só confirmava o descaso com a população, reclamado por Dona Nilza, Serra tentou remendar jogando a culpa em Kassab e Alckmin, como se ele não tivesse nada a ver com os dois:
— Teve uma mulher que reclamou, e eu, sinceramente, não sei o que dizer. Tem de olhar isso. Mas pode ter problema, sem dúvida não tem um sistema perfeito. Eu respeito as reclamações. Se eu fosse prefeito… Se bem que [o hospital] é do Estado. Da mesma maneira que têm pessoas maravilhadas, têm pessoas indignadas, eu respeito e se pudesse averiguaria na hora.
Isso é José Serra. (com informações do Terra e do R7)