Caminhando pelas ruas de nossa capital, não é difícil perceber porque somos apaixonados por ela. Reunimos um povo pra lá de miscigenado com diversas caras e culturas, fomos presenteados com o mais belo pôr-do-sol do mundo e com um rio, que na verdade é lago, responsável por passeios memoráveis. A cidade é colorida na primavera e no outono nos brinda com paisagens cinzas e lindas! Enfim, somos uma capital com muita história na bagagem, história escrita pelos que aqui chegaram, pelos que se foram e especialmente por aqueles e aquelas que vivem e constroem nossa cidade todos os dias.
No entanto, o maior desafio de uma cidade é constituir-se como um referencial em qualidade de vida para sua população, com serviços funcionando e acessíveis a todos, valorizando a cidadania e a participação. Ocorre que a história da Porto Alegre de hoje já não contempla mais estes aspectos. Vivemos uma experiência de total distanciamento entre a administração pública e a população da cidade, de indiferença em relação aos direitos das pessoas e, especialmente, de descompasso com a realidade brasileira e gaúcha de aceleração do desenvolvimento.
As marcas de uma gestão que não prioriza as pessoas podem ser percebidas em cada bairro da capital.
Desde a ausência de atendimento nas unidades de saúde, passando pelas moradias indignas disponibilizadas pela prefeitura, pelo transporte de má qualidade, pelas praças abandonadas, até o lixo espalhado por todo canto! Convivemos com o descaso e o sucateamento dos equipamentos públicos da cidade.
O modelo atual, implementado pela atual prefeitura, excludente, que divide a cidade, o solo e as pessoas e não garante direitos é o que devemos enfrentar. É urgente superar o descaso que deixa parques e praças escuros e inseguros, onde as mulheres, a comunidade LGBT, a população negra, os jovens, crianças e idosos são cotidianamente expostos à violência. É urgente superar a ausência de equipamentos públicos de proteção às mulheres, às vítimas da homofobia e racismo, e às populações em condições de maior vulnerabilidade, atingidos pelo preconceito.
Ou seja, superar a ausência dos direitos humanos na cidade é um desafio posto para a cidadania em 2012.
Então, na Porto Alegre que queremos construir, a cidade é de todos e todas: dos bares e dos moradores, da cultura popular e dos investimentos, onde tenhamos o poder público atuando de forma democrática e fortalecida, com capacidade de garantir a tolerância do convívio nos espaços públicos, de promover a diversidade e de combater a violência oriunda do preconceito com políticas públicas ousadas e inovadoras na proteção social e nos direitos humanos.
As experiências que vivemos atualmente no Brasil e no Rio Grande são provas de que é possível governar promovendo e garantindo direitos. As conferências de direitos humanos, das mulheres, da juventude, LGBT, das pessoas com deficiência, da igualdade racial, da educação, da cultura, por exemplo, constituem-se como demonstrações de valorização da cidadania, onde a população indica aos governos as necessidades de cada setor da sociedade, construindo de forma conjunta a agenda de formulação e aplicação de políticas públicas. Porto Alegre, hoje, nega estas experiências, despreza este modelo, implementa um projeto de enfrentamento social, apostando em uma cidade com muitos deveres, mas poucos direitos.
É por estas razões que tenho a convicção de que é preciso reverter a paralisação social, ideológica e cultural que vivemos em nossa cidade. É preciso apostar na ousadia de nossa gente e disputá-la para um projeto de cidade renovada, justa, igualitária e participativa, que valorize a confraternização cidadã e que aponte ao mundo que por aqui, em Porto Alegre, um outro mundo possível está sendo construído de fato. As eleições de 2012 nos dão esta oportunidade, o futuro da cidade está em nossas mãos.