O informante Waack e a necessidade de regular a mídia brasileira

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  • sábado, 29 de outubro de 2011
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  • Não chega a assombrar a revelação do Wikileaks de que William Waack, âncora do Jornal da Globo e mediador de um programa sobre política internacional na Globonews, seja um informante do governo dos EUA. Na verdade, isso esclarece o compromisso de grande parte da mídia brasileira com a política norte-americana. Compromisso que não é novo. Assim como Waack, outros informantes e outros colaboradores diretos existem e sempre existiram dentro da mídia brasileira.

    Monopolizados por algumas poucas famílias, os grandes meios de comunicação de massa no Brasil dificilmente apresentam versões divergentes sobre política internacional. Todos servem aos mesmos interesses. Sempre estão do mesmo lado.

    Nenhum canal de TV ou jornal condenou a censura à imprensa e internet na Arábia Saudita e, mais recentemente, na França e Itália. Nem as guerras violentas e os milhares de mortos por armas norte-americanas no Afeganistão, Iraque e tantos outros países no passado recente. O assassinato do negro inocente Troy Davis no estado norte-americano da Georgia há pouco mais de um mês teve pouca repercussão na mídia brasileira. Pouco se noticiou sobre a injusta prisão de cinco cubanos que há anos são mantidos isolados e sem direito a defesa nos porões dos EUA. Condenam os palestinos por lutarem pela independência de seu país, mas absolvem Israel por ocupar terras palestinas e bombardear sistematicamente o povo palestino. Acusam Kadhafi de ditador sanguinário, mas deixam de noticiar milhares de mortes patrocinadas pela OTAN e pelos EUA na Líbia. Repercutem a chamada primavera árabe, mas poucos segundos dedicam ao movimento Occupy Wall Street. Falam da crise mundial, mas escondem seus responsáveis.

    Os laços das famílias que monopolizam a mídia brasileira com a CIA, grandes empresas, bancos multinacionais e com o governo dos EUA foi sempre forte. Hoje atacam a política externa iniciada no governo Lula e que tem continuidade no governo Dilma. Ontem, defendiam o alinhamento de Fernando Henrique com a política externa norte-americana. Anteontem, justificavam a necessidade da existência das ditaduras militares e de seus bárbaros crimes.

    Neste contexto, buscar instrumentos de regulação é uma necessidade. Sim, regular e democratizar. Afirmação diferente da informação manipulada que as poucas famílias que detém a maioria das concessões de rádio e televisão no Brasil tentam difundir. Não há nenhuma tentativa maquiavélica de censurar a mídia e sim de regulá-la. Tal qual se regula qualquer concessão pública à iniciativa privada. Com regras claras, compromissos expressos, responsabilidades de ambas as partes e, sobretudo, controle social. Tal qual ocorre com toda a concessão. Simples assim.
     
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