CENAS DE UMA DITADURA – 10 – O MOVIMENTO DE LIBERTAÇÃO DE VARGINHA : MOLIVAR

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  • segunda-feira, 13 de junho de 2011
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  • Naquele ano de 1963 eu já estava totalmente convertido ao socialismo. De espírita, tornara-me ateu. Tinha ainda 15 anos. Mas a leitura do livro “Dois Mundos” e o assédio diário dos comunistas varginhenses sobre mim tornaram-me um militante do “temido  e revolucionário” Movimento Libertador de Varginha: MOLIVAR. 

    Pra dizer a verdade eu nem sabia o que era aquilo. Eu era o verdadeiro Et de Varginha.  Sabia do socialismo, vagamente e de mais nada. Mas estava junto. 

    Lembro-me que uma noite levaram-me para ouvir  a palestra de um camarada que vinha de Belo Horizonte discutir o Plano trienal de João Goulart.
    O que podia entender disto um jovem de 15 anos?

    Mas lá estava eu.

    Aos dezesseis anos, em 1963 após a morte da minha mãe e uma breve moradia em Elói Mendes com meu pai, voltei ao Rio. Levava no bolso uma carta datilografada, sem timbre, em papel de seda azul, em nome do MOLIVAR apresentando-me à União Brasileira de Estudantes Secundários, a UBES, no Rio de Janeiro. 

    Cheguei, dei meu tempo no Rio , fui à UBES , apresentei-me com a carta  e no dia seguinte já era Diretor de Organização Política e  Administrativa da UBES. Tão simples...

    Mas eu não entendia nada. Era um “café com leite”no meio de todas aquelas organizações clandestinas que pululavam na UBES.

    Mas eu estava lá. Lembro-me de um rapaz paraense que me procurou um dia pedindo apoio para a criação da Quadrinhobrás. Seu projeto era lutar por  uma empresa estatal para as histórias em quadrinhos brasileiras. Seu nome? Maurício de Souza. 

    Fiquei na UBES até ás vésperas do golpe militar de 64. A maioria dos Diretores iam sempre pra um tal de “ativo” (reunião de Partido, só depois vim saber) e ninguém me chamava.

    Como não gostava de burocracia acabei me interessando mais pela agitação e propaganda nas ruas do Rio. Fazia grandes agitações políticas no “senadinho”  como era chamada a esquina  da Rua da Assembléia com Avenida Rio Branco,  e também na esquina do Hotel Serrador na Cinelândia.
    E  foi assim, que com um pequeno grupo de agitadores resolvemos estudar a “realidade política brasileira” de forma organizada. A UBES não me seduzia. 

    Procurando um lugar para estudar a “realidade política”,  acabamos nos reunindo, sem saber,  no Comitê Central do Partido Comunista do Brasil.  O PCdoB.  

    Eu estava dentro do Partido, no Comitê Central, e nem sabia.

    Próximo: NOVOS RUMOS, OU A CLASSE OPERÁRIA?
     
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