O debate entre Dilma e Serra, o Terrível, (na Rede TV!, no domingo de 18 de outubro) marcou uma ligeira mudança de postura entre os dois candidatos. Basicamente, ambos entenderam que ficar na TV falando de aborto já não rende mais tantos votos.
77% das lideranças anti-aborto são homens. 100% deles nunca irão engravidar.
Na verdade, o tema é desnecessário. Para Serra, o Terrível, o estrago já está feito, afinal ele já conseguiu imprimir na testa da Dilma a palavra "aborto". E para ele é melhor não ficar mais atinçando tanto esse assunto, pois não dá para apresentar como única proposta de governo para o Brasil a manutenção da criminalização do aborto (digamos que o Brasil tem preocupações mais urgentes que essa).
Já para Dilma, a "assassina de criancinhas", quanto menos se tocar nesse assunto, tanto melhor! Afinal, por conta de representar o perigo do aborto (dos soviéticos e da bomba atômica), ela perdeu mais votos do que o planejado.
Mas o grande agente dessa histeria anti-aborto/Dilma nós sabemos muito bem quem é! Veja você mesmo!
A VITÓRIA DOS JESUÍTAS
É nessas horas em que percebemos que o trabalho de catequese dos jesuítas funcionou mais que qualquer outro elemento da colonização!
Debate eleitoral fedendo a hóstia! Um país de beatas e carolas! A "Marcha da Família com Deus" e a TFP saídas do fundo do porão para disseminar e povo demente, ou melhor, temente a deus!
Pois é, Hatzinger! Quanto mais criancinhas melhor, não é mesmo?!
Aliás, recomendo aqui o mais novo blog do pedaço: Por Uma Vida Menos Ordinária., do camarada Giul, um bródi beberrão das antigas! Em seu post inicial, o assunto é exatamente esse: Sagrado e Profano em Política. Lê aí!
Nessas horas, uma mídia golpista corporativa e, obviamente, anti-Dilma, vai intensificar esse irracionalismo religioso contra o aborto. Ou seja, nossa mídia não pensa duas vezes antes de arremessar o Brasil numa moral típica da Idade Média se for para ganhar a presidência. Como dizia Henrique IV, da França, "Brasília bem vale uma missa"!!
O ABORTO DA MÍDIA
Capa da Veja de outubro de 2010,
contra o aborto, contra Dilma, pró-Serra
A revista Veja (argh) foi descaradamente a que mais investiu nesse discurso reacionário anti-aborto. Mais uma vez, portanto, fica explícito que é IMPOSSÍVEL confiar nessa revista e em toda essa mídia corporativa tucana!
O blog Tudo em Cima fez uma publicação muito boa desmascarando a Veja. A matéria completa está aqui neste link.
Basicamente, na era da Internet fica mais fácil apontar as farsas e as contradições dessa mídia nojenta. Bastou a Veja divulgar a capa "bombástica" demonstrando Dilma como duas-caras que, imediatamente na sequência, pesquisaram e econtraram outra capa da mesma revista, de setembro de 1997, que trazia uma matéria séria sobre o tema, amplamente favorável à liberação do aborto, com confissões abertas inclusive feitas por celebridades! Confira:
"NÓS FIZEMOS ABORTO"
Mulheres de três gerações enfrentam a lei, o medo e o preconceito e revelam suas experiências
- Andréa Barros, Angélica Santa Cruz e Neuza Sanches
ELAS RESOLVERAM FALAR. Quebrando o muro de silêncio que sempre cercou o aborto, oito dezenas de mulheres procuradas por VEJA decidiram contar como aconteceu, quando, por quê. Falaram atrizes, cantoras, intelectuais mas também operárias, domésticas, donas de casa. Falaram de angústia, de culpa, de dor e de solidão. Também falaram de clínicas mal equipadas, de médicos sem escrúpulos, de enfermeiras sem preparo, de maridos e namorados ausentes. A apresentadora Hebe Camargo contou que, quando era uma jovem de 18 anos, ficou grávida do primeiro namorado e foi parar nas mãos de uma curiosa que fez a cirurgia sem anestesia nem cuidado. A atriz Aracy Balabanian, a Cassandra do Sai de Baixo, ficou grávida quando estava chegando aos 40 anos e dando fim a um longo relacionamento. Resolveu fazer o aborto, convencida de que a criança não teria um bom pai nem ela seria capaz de criá-la sozinha. Metalúrgica da Força Sindical, a mineira Nair Goulart, 45 anos, fez dois abortos nos anos 70 por motivos econômicos. Ela e o marido, também operário, ganhavam pouco, viviam num quarto de despejo e não teriam meios de educar nenhum filho.
Quando o Congresso brasileiro debate a regulamentação de uma legislação que autoriza a realização de aborto apenas em caso de estupro e de risco de vida para a mãe como está previsto no Código Penal desde 1940 , a disposição das mulheres que falaram a VEJA não é apenas oportuna, mas também corajosa. Embora o 1º Tribunal do Júri de São Paulo, o maior do país, já tenha completado mais de uma década sem condenar nenhuma mulher em função do aborto, a legislação estabelece para esses casos penas que vão de um a três anos de prisão. E a maioria delas não fez aborto pelos motivos previstos em lei, mas porque, cada uma em seu momento, cada uma com sua história pessoal, considerou as circunstâncias e concluiu que interromper a gravidez era uma saída menos dolorosa do que ter um filho que não poderia criar. (a reportagem continua neste link).
Mulheres de três gerações enfrentam a lei, o medo e o preconceito e revelam suas experiências
- Andréa Barros, Angélica Santa Cruz e Neuza Sanches
ELAS RESOLVERAM FALAR. Quebrando o muro de silêncio que sempre cercou o aborto, oito dezenas de mulheres procuradas por VEJA decidiram contar como aconteceu, quando, por quê. Falaram atrizes, cantoras, intelectuais mas também operárias, domésticas, donas de casa. Falaram de angústia, de culpa, de dor e de solidão. Também falaram de clínicas mal equipadas, de médicos sem escrúpulos, de enfermeiras sem preparo, de maridos e namorados ausentes. A apresentadora Hebe Camargo contou que, quando era uma jovem de 18 anos, ficou grávida do primeiro namorado e foi parar nas mãos de uma curiosa que fez a cirurgia sem anestesia nem cuidado. A atriz Aracy Balabanian, a Cassandra do Sai de Baixo, ficou grávida quando estava chegando aos 40 anos e dando fim a um longo relacionamento. Resolveu fazer o aborto, convencida de que a criança não teria um bom pai nem ela seria capaz de criá-la sozinha. Metalúrgica da Força Sindical, a mineira Nair Goulart, 45 anos, fez dois abortos nos anos 70 por motivos econômicos. Ela e o marido, também operário, ganhavam pouco, viviam num quarto de despejo e não teriam meios de educar nenhum filho.
Quando o Congresso brasileiro debate a regulamentação de uma legislação que autoriza a realização de aborto apenas em caso de estupro e de risco de vida para a mãe como está previsto no Código Penal desde 1940 , a disposição das mulheres que falaram a VEJA não é apenas oportuna, mas também corajosa. Embora o 1º Tribunal do Júri de São Paulo, o maior do país, já tenha completado mais de uma década sem condenar nenhuma mulher em função do aborto, a legislação estabelece para esses casos penas que vão de um a três anos de prisão. E a maioria delas não fez aborto pelos motivos previstos em lei, mas porque, cada uma em seu momento, cada uma com sua história pessoal, considerou as circunstâncias e concluiu que interromper a gravidez era uma saída menos dolorosa do que ter um filho que não poderia criar. (a reportagem continua neste link).
E atenção! Nosso dedo na cara da revistinha dispensável não para por aqui não!
Pesquisando um pouco mais pela Internet, os incríveis redatores d'A CORTIÇA encontraram por aí uma edição ainda mais recente da revista Veja (argh) defendendo o aborto. Trata-se de uma edição de janeiro de 2009 (isso mesmo, ano passado, ainda ontem)!
A edição apresenta os depoimentos de Malcolm Montgomery, ginecologista do Hospital Albert Einsten, Osmar Ribeiro Colás, obstetra da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Jorge Andalaft, ginecologista da Casa da Saúde da Mulher, da UNIFESP, todos eles apontando os problemas da criminalização do aborto.Thomaz Gollop, ginecologista e professor de genética médica da USP, ainda afirma na revista: "Essa polêmica é infrutífera, pois o aborto sempre existirá, independentemente de qualquer conclusão científica, dogma religoso ou convicção ética. O aborto é acima de tudo uma questão de foro íntimo, uma decisão exclusivamente pessoal da mulher"!
Na reportagem entrevistaram ainda algumas mulheres que relatam sobre seus aborotos. Entre elas, a atriz Luiza Brunet comentando sobre o aborto que ela fez quando tinha apenas 17 anos...
A edição da Veja (argh), nessa sua militância de outrora pró-aborto, apresenta um mapa bem interessante do aborto no mundo. Vejam só que interessante (cliquem na imagem que ela amplia, dã!)
Enfim, para baixar essa edição, é só clicar aqui. MAS, CUIDADO: trata-se de mais uma daquelas edições da Veja (argh) carregadas de ataques ao MST e de todo aquele tró-ló-ló tucano de enojar qualquer um!
O que mudou então? Por que será que a revista, que antes tentava convencer a classe média de que a descriminalização é o melhor remédio, agora altera toda sua postura e aponta o aborto como "coisa da Dilma"? Fácil! Como disse André Lux: "Que a revista Veja não passa de um panfleto da extrema direita tupiniquim, atualmente a serviço da campanha de José Serra, ninguém tem mais dúvida. O objetivo é claro, mostrar que Dilma é "do mal", a favor de "matar criancinhas", além de mentirosa e incoerente".
O ABORTO DE SERRA
Nós, aqui d'A CORTIÇA, defendemos a mesma opinião do link abaixo
Trata-se da entrevista que a Kehl deu à Carta Capital depois de ser censurada despedida do Estadão. Em dado momento da entrevista a psicanalista apavora e manda na lata "O que me espanta é o atraso da sociedade brasileira. E a ignorância aí é apoiada pelo Serra de misturar questões religiosas com questões políticas. Como é que as igrejas começam a pautar a lei agora? Uma coisa é eles decidirem o que é pecado e o que não é, outra coisa é eles decidirem o que é ilegal e o que não é."
Mas será que Serra, o Terrível, é assim tão contra o aborto realmente? Longe dos holofotes, parece que ele é bem mais a favor do que ele tenta parecer dentro da igreja!
De forma explosiva, o jornal Folha de S.Paulo publicou no sábado de 16 de outubro reportagem intitulada "Monica Serra contou ter feito aborto, diz ex aluna." A matéria é da colunista Monica Bergamo e ocupa a metade inferior da página 10. A ex-aluna é Sheila Canevacci Ribeiro, de 37 anos, que teve Monica Serra como professora de dança na Universidade de Campinas (Unicamp).
De acordo com Sheila, Serra não respeitava "tantas mulheres começando pela sua própria mulher. Sim, Mônica Serra já fez um aborto", relatou a ex-aluna em texto republicado por sites e blogs ao longo da semana e que agora teve sua veracidade de autoria confirmada pela Folha. A colunista Monica Bergamo relata ter conversado não apenas com Sheila, mas também com outra das ex-alunas de Mônica Serra que ouviram o relato da então professora sobre o aborto. À Folha, está dito na reportagem, "a bailarina diz que confirma 'cem por cento' tudo que escreveu" em seu Faceboook.
Depois dessa matéria de 16 de outubro, quanto tempo
será que a Monica Bergamo vai durar na Folha?
Além desse novo escândalo de hipocrisia tucana, a famíla Serra ainda terá de encarar as declarações de Soninha Francine (apresentadora de TV, ex-PT, atual coordenadora de campanha de Serra, o Terrível) confirmando à revista Trip Para Mulheres (TPM), nº41, que já fez aborto. Veja a matéria clicando aqui.
E agora, José? Como o Serra irá reagir a tudo isso? Será que sua amada esposa vai sair por aí gritando que a coordenadora de campanha de seu maridinho é pró-aborto? O que a Luiza Brunet, a Hebe Camargo "assassinam criancinhas"?
Não! O melhor é se calar de forma incorrigivelmente hipócrita e canalha e deixar a fama de maníaca para Dilma. Afinal, há toda a mídia para ajudá-lo nisso e manter a população nesse estado de cretinismo mental em que se encontra.
O ABORTO DOS OUTROS
E para tentar jogar ainda mais gasolina nessa fogueira (só para ver se ilumina mais, hehe), recomendamos a todos nossos assíduos leitores que assistam ao documentário "O Aborto dos Outros"! Fundamental para a discussão atual sobre a descriminalização do aborto.
Realizado em 2008, por Carla Gallo, o documentário percorre situações de aborto dentro de hospitais públicos que atendem mulheres vítimas de estupro, interrupções de gestações em casos de má-formação fetal sem possibilidade de sobrevida após o nascimento e abortos clandestinos. Ao mostrar os efeitos perversos da criminalização para as mulheres, o longa aponta a necessidade urgente de revisão da lei brasileira.
Para baixar, basta clicar no link abaixo
Já dizia Macunaíma: Muita Hipocrisia, pouca informação, os males do Brasil são!