A guerra do Afeganistão em gráficos e mapas

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  • quinta-feira, 12 de agosto de 2010
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  • Tradução: Caia Fittipaldi

    Ferramentas de Fonte Aberta & os dados vazados em WikiLeaks para fazer-ver o andamento da guerra no Afeganistão (atualizado)
    9/8/2010, Noah Shachtman, Blog “Danger Room”, revista Wired
    http://www.wired.com/dangerroom/2010/08/open-source-wikileaked-docs-illustrated-afghan-meltdown/

    Uma coisa é ler sobre os ataques dos Talibã nos arquivos vazados em WikiLeads. Outra coisa, muito diferente é ver a evolução dos bombardeios e ataques, e assistir ‘ao vivo’ à metátase da guerrilha Talibã – e vê-la arrastando as forças de ocupação dos EUA e OTAN para dentro de seu (dos Talibã) território.

    Drew Conway, aluno de ciências políticas da University of New York (e colaborador ocasional desse “Danger Room”) fez exatamente esse serviço[1], usando uma linguagem de programação estatística chamada “R” e um programa de plotagem gráfica[2]. Os resultados são impressionantes, como assistir a um filme em câmera lenta de um engavetamento em autoestrada. Na imagem acima, vê-se exemplo disso: as imagens mostram a evolução dos combates, de 2004 a 2009.

    É exatamente o que ninguém quer ver, ao mesmo tempo em que a guerra avança.

    “A imensa quantidade de observações e dados [na base de dados de WikiLeaks] impede que a maioria das pessoas extraia a informação e o conhecimento que estão lá, ainda não construídos. Se se constroem sumários gráficos daqueles dados, as pessoas veem facilmente e podem tirar suas conclusões, o que seria quase impossível a partir da simples leitura dos dados vazados” – escreveu Conway em e-mails para esse Blog “Danger Room”.

    “Por exemplo, a partir das últimas imagens divulgadas [a imagem acima reproduzida], as pessoas já começam a ver[3] o crescente número de ataques em torno do “anel de estradas” do Afeganistão, ao longo do tempo. Pode ser sinal claro de que os Talibã trabalham para enfraquecer o governo do Afeganistão, separando as vilas e cidades, umas das outras.”

    Boa parte dos achados de Conway levam a conclusões semelhantes às das equipes de inteligência militar interna dos EUA[4]. Mas Conway e Mike Dewar[5] trabalharam sozinhos, confiados exclusivamente em ferramentas de fonte aberta e nos dados vazados por WikiLeaks[6] . Aplicando análise estatística àqueles dados, começaram por demonstrar que é baixíssima a probabilidade de os arquivos serem falsificados ou terem sido manipulados.[7]

    No próximo mês, espera Conway, vários usuários de R reunir-se-ão em New York, para analisar juntos os resultados que têm obtido, todos trabalhando com os dados vazados.

    Evidentemente, os dados vazados não contam toda a história da guerra, como já comentamos nesse “Danger Room”.[8] E as estatísticas podem tem influenciado indevida e temerariamente as forças da Otan[9], para ações em diferentes partes do país.

    Até agora, o ponto mais perturbador das descobertas de Conway estão nas provas de o quanto as coisas estavam dando errado em 2006 e 2007. No sul do Afeganistão, por exemplo, só havia raros e mínimos confrontos, no início de 2006. Quanto ao ano que seguinte... Vejam vocês mesmos..., em http://www.drewconway.com/zia/?p=2226.

    ATUALIZAÇÃO: O trabalho de Conway é um dentre dúzias de esforços, em andamento em todo o mundo, para tornar visíveis e acessíveis para o grande público os dados vazados por WikiLeaks. Por exemplo, o blog “Visualising Data” (em http://visualisingdata.com/).

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    NOTAS

    [1] O trabalho está, na íntegra, em http://www.drewconway.com/zia/, Blog “Zero Intelligence Agents”, 16/12/2009, em http://www.drewconway.com/zia/?p=1623

    [2] Sobre o programa, ver http://had.co.nz/ggplot2/

    [3] Em http://www.reddit.com/r/worldnews/comments/cyj26/wikileaks_attack_data_by_year_and_type_projected/, vê-se uma longa troca de comentários de internautas que já estão trabalhando com os gráficos.

    [4] Ver “Afghan Insurgency Can Sustain Itself Indefinitely’: Top U.S. Intel Officer”, 8/1/2010, Noah Shachtman, revista Wired, em http://www.wired.com/dangerroom/2010/01/afghan-insurgency-can-sustain-itself-indefinitely-top- us-intel-officer/.

    [8] Ver “My War, WikiLeaked: Why the Public (and the Military) Can’t Count on Those Battle Logs”, 28/6/2010, Noah Shachtman, revista Wired, em http://www.wired.com/dangerroom/ 2010/07/my-war-wikileaked-why-the-public-and-the-military-cant-count-on-those-battle-logs/

    [9] Sobre isso, interessante, ver Drew Conway “On the Ecology of Human Insurgency”, 16/12/2009

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    O vazamento das informações sobre a guerra dão uma nova dimensão a Internet. Além de revelar dados secretos, tais dados são apropriados por várias pessoas que, num esforço conjunto, constroem uma visão da guerra que vai além daquela percepção que os próprios militares tem do conflito. O que se pode depreender, até aqui, que esta é mais uma guerra que os EUA não podem vencer.

    Imagem: Drew Conway e Michael Dewar

     
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