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INTERNET - A nova estratégia de Dilma.

A nova estratégia de Dilma para as redes sociais

Da BBC Brasil


Rogerio Wassermann
 
O governo está apostando em uma nova estratégia de comunicação com ênfase nas redes sociais para reposicionar a imagem da presidente Dilma Rousseff, após a queda de popularidade provocada pelos grandes protestos iniciados em junho.
 
O encontro de Dilma com o personagem Dilma Bolada, sátira popular nas mídias sociais, marcou no mês passado a retomada da conta da presidente no Twitter, depois de mais de 32 meses sem usar o microblog.
 
Desde então, Dilma passou de presença ocasional nas redes sociais a usuária contumaz, com uma média de quase 11 mensagens ao dia em sua conta reativada no Twitter, a abertura de um conta no Instagram e uma frequência muito maior de atualizações em uma página no Facebook que leva seu nome, administrada pelo PT.
 
Como consequência disso, a presidente ganhou mais de 40 mil "amigos" no Facebook, ampliou em mais de 90 mil o número de seguidores no Twitter, que já beira os 2 milhões, e galgou posições no ranking de líderes mais influentes no microblog, calculado pelo site americano Klout.
 
Protestos e eleições
 
Na avaliação de especialistas consultados pela BBC Brasil, essa nova estratégia seria uma resposta aos protestos de rua, em sua grande parte mobilizados justamente por meio das redes sociais, e pela antecipação do calendário eleitoral, com as recentes movimentações políticas provocadas pelo fim do prazo para filiação partidária para a disputa das eleições do ano que vem.
 
"Se eles (os manifestantes) estão se organizando pelas mídias sociais, o governo diz: 'Também precisamos estar presentes lá'", observa Carlos Manhaneli, presidente da ABCOP (Associação Brasileira de Consultores Políticos).
Para ele, a proximidade da campanha para as eleições do ano que vem, nas quais Dilma deve tentar a reeleição, intensifica essa necessidade. "É uma ação que tem obviamente também fins eleitoreiros", comenta.
"O governo foi surpreendido pelos protestos porque era um governo alheio às mídias sociais. Sem informações, também não sabiam responder às pressões", afirma Paula Bakaj, diretora de relações públicas da consultoria Burson-Marsteller, que recentemente publicou o estudo Twiplomacy 2013, no qual analisa o uso do Twitter pelos líderes globais e seus governos.
No estudo, Dilma Rousseff aparecia como exemplo negativo de líder que utilizava a ferramenta durante a campanha eleitoral e depois abandonava seu perfil. Antes da retomada da conta, no dia 27 de setembro, o último tuíte da presidente havia sido em 13 de dezembro de 2010, poucos dias após sua eleição.
Para a publicitária e consultora Gil Castillo, editora do site marketingpolitico.com, as manifestações "expuseram a falta de sintonia entre os cidadãos e os governos e seus representantes", que usavam em sua maioria a internet "com estratégias de concepção analógica, ou seja, apenas para distribuir informação".
"De repente, parece que os políticos descobriram que é preciso trabalhar a sua presença digital, através da interação. Todos, inclusive a presidente, estão aprendendo a construir uma imagem através do diálogo, o que é algo complexo e que leva tempo", diz.
Para ela, a presidente tem muito a ganhar com a nova estratégia. "Pela relevância de seu cargo, há uma grande cobertura e interesse de todos os meios de comunicação, que replicam e analisam essas ações, realimentando a própria rede e aumentando a percepção da mensagem", comenta.
O professor Victor Aquino, coordenador do MBA em marketing político da USP (Universidade de São Paulo) concorda com a análise da motivação para a ofensiva da presidente nas mídias sociais, mas se diz mais cético em relação aos resultados.
"Temos a tendência a nos fascinar pela adoção de novas tecnologias, mas ainda não existe nenhum estudo conclusivo sobre a influência das redes sociais sobre o voto", afirma. "Mais que o canal de comunicação, o que importa ainda é o fato. Não adianta tentar usar as redes sociais para mascarar um escândalo de corrupção, por exemplo", diz.
Aquino observa que a grande maioria da população brasileira ainda não tem contato de maneira consistente e sólida com os conteúdos das mídias sociais e ainda é mais influenciado pelas mídias tradicionais - jornais, rádio e TV -, ainda que estas possam reproduzir e repercutir questões ou afirmações provenientes das redes sociais.
Interação
Segundo a assessoria de imprensa da Presidência, a adoção da nova estratégia de comunicação por parte do governo, com a criação de um Gabinete Digital, assessoria responsável por articular as várias iniciativas digitais do governo, já vinha sendo formulada desde o ano passado, e as manifestações de junho apenas fortaleceram a convicção de que esse era o caminho a ser seguido.
A volta de Dilma ao Twitter foi acompanhada de outras iniciativas por parte do governo, como a reformulação do Portal Brasil (www.brasil.gov.br), que passou a agregar notícias e serviços antes dispersos em vários sites de diferentes ministérios.
Outra iniciativa do governo foi o lançamento do Participatório, uma rede social para a discussão de temas políticos e para mobilização social. Até esta quarta-feira, no entanto, a rede contava com menos de 9 mil membros.
A decisão de retomar a conta no Twitter, a pouco mais de um ano da eleição presidencial de 2014, está relacionada à nova postura do governo de ter mais contato com a sociedade "nas ruas e nas redes", conforme a própria presidente já afirmou. Segundo a assessoria da Presidência, é a própria Dilma quem faz os textos de seus tuítes.
Mas apesar da nova hiperatividade na rede, os analistas advertem que a presidente ainda peca pela falta de interatividade em sua comunicação pela internet.
"Políticos não gostam de dar satisfação, não gostam que contestem o que eles fazem, não querem se expor. Mas as ferramentas de comunicação na internet são interativas, exigem que ele dê retorno", afirma Carlos Manhaneli.
"O Twitter, por exemplo, abre a possibilidade de o eleitor entrar na intimidade do político, de cobrá-lo diretamente. Mas se a ferramenta for usada apenas com mão única, como propaganda, há uma resposta da militância, mas o público em geral acaba desistindo por não receber resposta", observa.
Para Gil Castillo, os políticos cometem um equívoco se tratam as plataformas digitais como meios de comunicação de massa. "As relações se dão através de muitas interações e um longo tempo. Logicamente que os estrategistas da presidente sabem disso e devem implementar uma rotina de diálogo cada vez maior", comenta.
Influência
Os efeitos práticos da mudança de estratégia do governo com as mídias sociais ainda são pouco mensuráveis, mas segundo levantamento feito pelo site americano Klout, a pedido da BBC Brasil, ela teve um aumento de 2,5 pontos em um índice de influência no Twitter, com escala de 1 a 100.
O índice "Klout score", popularizado como medida da influência de pessoas ou empresas nas redes sociais, é calculado com base em um algoritmo que leva em consideração questões como número de seguidores e de contas seguidas, retuítes (reenvio das mensagens por outros usuários), menções em mensagens e nível de influência dos seguidores e dos seguidos.
A conta oficial de Dilma no Twitter (@dilmabr), com pouco menos de 2 milhões de seguidores, tem um Klout score de 87, segundo o site. Entre os principais líderes mundiais, a presidente aparece atrás de alguns nomes como Barack Obama (@BarackObama), com 38,7 milhões de seguidores e Klout score 99, ou do premiê israelense Biniyamin Netanyahu (@netanyahu), com 180 mil seguidores e índice 89, mas também de outros líderes menos óbvios, como o premiê do Canadá, Stephen Harper (@pmharper, com 379 mil seguidores e Klout score 91), o presidente mexicano, Enrique Peña Nieto (@EPN, 2,3 milhões de seguidores e índice 88) ou o presidente do Equador, Rafael Correa (@MashiRafael, com 1,3 milhão de seguidores e índice 88).
Mas ela fica à frente de outros líderes conhecidos pelo uso intenso das mídias sociais, como a presidente argentina, Cristina Kirchner (@CFKArgentina), que tem 2,4 milhões de seguidores e um Klout score de 82, ou o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro (@NicolasMaduro, 1,4 milhões de seguidores e índice 80). A conta @chavezcandanga, do ex-presidente venezuelano Hugo Chávez, morto em março deste ano, ainda mantém um alto nível de influência, com Klout score 78, apesar de mais de sete meses sem tuítes.
Na comparação com seus principais adversários políticos no Brasil, no entanto, Dilma leva vantagem. O ex-governador e ex-prefeito de São Paulo José Serra (@joseserra_), derrotado por ela na eleição de 2010, conta com 1,1 milhão de seguidores e tem um Klout score de 82. A ex-ministra Marina Silva (@silva_marina) que aparecia nas últimas pesquisas de intenção de voto à Presidência como a segunda mais bem colocada, atrás somente de Dilma, tem 773 mil seguidores e um índice de influência de 81. Seu agora colega de partido Eduardo Campos (@eduardocampos40), governador de Pernambuco, tem apenas 7,7 mil seguidores e um Klout score de 62.
O senador Aécio Neves, pré-candidato do PSDB à Presidência, não tem um Klout score no Twitter, já que apesar de ter uma conta oficial no microblog (@AecioNeves), com quase 27 mil seguidores, nunca usou a ferramenta.
Dilma Rousseff também pode ficar tranquila com a comparação com Dilma Bolada (cuja conta, @diImabr, é quase idêntica à da presidente, com a troca somente de um L minúsculo por um I maiúsculo). Com 160 mil seguidores, a sátira tem um Klout score de 78.
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Pra quem não lembra, New Radicals era uma antiga nova banda... Tão expressiva e autêntica quanto este "Despertar do Gigante".
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O velho está mais novo que o novo

Sebastião Bocalom Rodrigues, o Tião Bocalom (PSDB), é o candidato mais velho entre os prefeituráveis em Rio Branco. Com 58 anos, o paranaense de Bela Vista do Paraíso é apresentado por seus adversários como o velho, o arcaico e o atrasado. Do outro lado Marcus Alexandre, de 35 anos, surge como o novo, a força da juventude, a estirpe da renovação.

Mas como no mundo de hoje juventude está ligada ao mundo das redes sociais e da internet, o velho Bocalom é mais novo do que o novo. Passado um mês da campanha, o adversário petista não possui um único blog, fotolog ou qualquer que seja um instrumento de interação com os eleitores.

Resume-se aos 140 caracteres do Twitter. Nem uma página no Facebook há. Marcus Alexandre paga o preço da ojeriza histórica de seus marqueteiros da Companhia de Selva pelo mundo livre da internet. Assim foi em 2010 e outras campanhas, quando as candidaturas majoritárias do PT ficaram de costas para a rede mundial de computadores.

Desde o início de junho o tucano tem seu site no ar e mantém contas no Twitter e Facebook. Seus jovens militantes espalham pela rede jingles em MP3, banners e outros aplicativos. Inovando a eleição em Rio Branco, passa a colocar na página uma ferramenta para o eleitor-simpatizante fazer doações ao comitê da campanha. É a Obamania de 2008 incorporada no Acre pelo senhor calvo de poucos cabelos brancos. 

Já no campo do PT, a molecada teve que recorrer a um blog para mobilizar sua militância. Pobres coitados.

Com seu arcaísmo publicitário, a Companhia de Selva está fazendo do velho o novo.
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• Michel Teló em todo lugar

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A internet não é tão democrática

Artigo de Renato Janine Ribeiro, publicado no Valor

Sou fã da internet. Graças a ela, confiro datas, citações e muito mais, cada vez que escrevo. Descubro autores e ideias novas. Tenho, claro, que tomar cuidado com o que leio, porque há informações sem conhecimento, afirmações sem base. Mas também acho democrático que a rede permita difundir valores que antes não tinham lugar. Um jornal é um produto caro, por seus custos industriais e de distribuição. Daí que seja difícil fazer um jornal, como antes se dizia, alternativo. Já um blog pode ser barato - e servir de contraponto aos jornais maiores, expondo valores diferentes (como os blogs de esquerda fazem, no Brasil), oferecendo análises, algumas delas boas, ou, ainda, produzindo informação própria (o que é o mais raro - só lembro o caso de Geisy Arruda, revelado pelo Boteco Sujo).

Mas a maior esperança que muitos tiveram, inclusive eu, foi que a internet se mostrasse uma grande ágora, o espaço de uma cidadania global, um fórum de democracia quase-direta. A palavra grega - que significa a praça onde os cidadãos deliberam sobre assuntos públicos - parecia caber perfeitamente ao terreno virtual, em que todos adquirem igual cidadania e debatem temas de interesse geral. Ao pé da letra, a internet é republicana, porque abre lugar para a "res publica", a coisa pública. Assim, quando concorri à presidência da SBPC, em 2003, criei uma página na Web para a campanha; ela até surtiu efeito, pois tive uma boa votação (tratei do assunto em meu livro "Por uma nova política", Ateliê editorial). 

Por ora, o que lamento é que, ao contrário do esperado, o espaço virtual exponha pouca divergência e pouca reflexão. Quase sempre, escreve num blog quem compartilha as ideias do blogueiro. Esse é o primeiro problema. A internet é democrática porque torna mais fácil surgir a divergência, limita o quase-monopólio da mídia tradicional, impressa ou não - mas a divergência que ela admite está no confronto entre os sites, não dentro de um site que seja, ele mesmo, democrático. Ou seja, a internet é democrática porque encontramos URLs para todos os gostos - mas não porque algum portal abrigue uma discussão inteligente sobre um assunto de relevo. A democracia dela está em que os vários lados têm como e onde se expressar. Mas não está na tolerância. A internet é democrática na luta entre os sites - não dentro deles, embora alguns tentem, heroicamente, fazer funcionar a democracia do debate e do respeito mútuos.

Os leitores são mais radicais, às vezes, que os próprios blogueiros. Vejamos o blog de Luis Nassif que, por exemplo, não esconde seu respeito pelas "raposas políticas" mineiras e publica posts de quem diverge dele. Só que os comentários dos leitores estão, na maioria, divididos entre a condenação, a ridicularização e a acusação. O debate esquenta, mas isso não quer dizer que os leitores respeitem a opinião alheia. Isso também acontece em órgãos da imprensa. É comum os leitores radicalizarem a posição do jornal ou do blog.

Até aqui, discuti o caráter pouco democrático - considerando um aspecto fundamental da democracia, que é o respeito ao outro, a liberdade de divergir - da internet. Mas há outro ponto importante. É que a democracia funciona melhor quando ela é produtiva. Em outras palavras, se a democracia não melhorar as condições de vida mas, ao contrário, piorá-las, nosso apreço por ela dificilmente se manterá. É triste lembrar isso, mas a democracia não é fim em si. Quando a República de Weimar levou a Alemanha a um impasse, deu no nazismo. Os constitucionalistas aprenderam com isso e as constituições recentes evitam ao máximo as falhas que permitiram o advento do regime mais criminoso da história moderna.

A questão, então, é: a internet, enquanto espaço em que se exprimem diferentes opiniões, não tanto no interior de cada unidade sua (portal, blog, site), mas delas entre si, é produtiva? Ela gera ideias novas, propostas, mudanças? Receio que pouco. Noto isso pela fraqueza da argumentação. É frequente haver comentários que são reações epidérmicas irritadas, imediatas, mais do que um pensamento. Nada proíbe as pessoas de se exprimirem. Nada as obriga, também, a pensar. Mas, quando se torna fácil divulgar urbi et orbi o que cada um acha, muitos sentem que é mais fácil escrever do que ler.

Hemingway dizia, de um desafeto: "He is not a writer. He is a typist". Pois há pessoas que não escrevem, digitam. Ou que escrevem sem ter lido o assunto em pauta e, pior, emitem julgamentos peremptórios. Recentemente, notei isso quando postei no Facebook um artigo de um analista que respeito, colaborador aqui no Valor, e algumas pessoas o atacaram severamente. Direito delas. Mas uns três confessaram só ter lido minha chamada de 420 caracteres, não o artigo que estava linkado. Ora, como se pode julgar algo ou alguém sem ler? Por espantoso que pareça, esse pequeno fato transmite a impressão de que é mais fácil escrever do que ler. Fácil, talvez seja; mas não quer dizer que seja melhor. Sempre houve mais leitores do que escritores. A internet inverte esse dado, talvez, mas ganha-se com isso? É perigoso quando as pessoas nem escutam direito o pensamento dos outros.

Em suma, o que falta para a internet ser o tão almejado espaço de criação democrática de ideias e projetos? Primeiro, o respeito ao outro. Segundo, uma argumentação racional. Não basta reagir com o fígado. Talvez, terceiro, seja preciso tempo: ler com atenção, refletir, só depois postar. A internet favorece a imediatez. Isso não ajuda a amadurecer o pensamento. Mas ela continua sendo uma arma poderosa, notável. Só que é preciso melhorá-la, e muito.

Renato Janine Ribeiro é professor titular de ética e filosofia política na Universidade de São Paulo. Escreve às segundas-feiras

E-mail rjanine@usp.br 

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• Dia Internacional da Mulher

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Cloacaleaks

Cloaca News, Somos Andando e Relatividade anunciam importante vazamento:






Frente de Libertação dos Blogues
Produtora: بلوق شركة القذرة.
Al Cloacah – O Mensageiro
Al Coxa – Fotografia de cena
Carmencita – Infraestrutura e locação
Cris Rabi’ah – Cinegrafia
El Cuervo – Roteiro e efeitos especiais
Hassam Berdan – Contra regra e efeitos especiais
Jamüllermileumanoites – Assistência geral
Khadija Kunze – Cinegrafia
Princesa Carla – Contra regra
Shazadi Corrêa – Cinegrafia
Sakineh Barenho – Cinegrafia
Samir Braum – Sonoplastia
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Ainda sobre a entrevista de Tarso com blogueir@s do RS

Foto: Eduardo Seidl/Agência Cel3uma de Imagens
Escreve Cris Rodrigues no blog Somos Andando:

Tarso Genro se compromete com a democratização da comunicação e deixa a mídia gaúcha de cabelo em pé

Na entrevista coletiva concedida pelo governador eleito Tarso Genro, teve um pouco de tudo. Assuntos diversos foram tratados, com crítica à oposição, à imprensa e à base aliada. Essas menos que aquelas, e identifico dois motivos para isso. Primeiro, o óbvio, de que os blogueiros eram de esquerda e, portanto, mais identificados ideologicamente. E outro fator de peso, o fato de o PT, até agora, ser oposição no RS. É muito mais fácil fazer perguntas críticas a quem é governo e já teve bastante oportunidade de errar do que a quem vai assumir, cheio de propostas para fazer tudo lindo.

A ideia de que a crítica deve orientar as perguntas é lógica, parte do pressuposto de que o fulano entrevistado não vai dizer por livre e espontânea vontade coisas de que não gosta. Cabe a quem está de fora perguntar. Mas acho que a ideia de uma entrevista coletiva não é fazer crítica. Como qualquer entrevista, ela vem com a proposta de obter informações. Assuntos pouco tratados podem ser aprofundados, temas nem tocados durante a campanha podem ser esclarecidos. E informações foram obtidas.

Tarso falou de economia solidária, relações internacionais, movimentos sociais, ambientalismo, economia, comunicação, corrupção, alianças, PPPs, transversalidade, saúde, agricultura, transição, educação, rádios comunitárias.

Tarso já tinha chamado a atenção durante a campanha e essa entrevista confirmou: além de um grande orador, fala com muito conteúdo, preocupado em acertar, com um discurso de fato de esquerda, sem ranço. E mostra, acima de tudo, que aprendeu demais durante seu período como ministro no governo Lula.

E, importante, aproveitou o evento para prestar uma deferência às novas mídias e fazer dos blogueiros o público para o anúncio de sua mais nova secretária, Vera Spolidoro, para a Comunicação e Inclusão Digital, além do jornalista Pedro Osório para a presidência da Fundação Piratini, que agrega TVE e FM Cultura. É um ato simbólico, a informação já tinha vazado, mas é significativo porque mostra que o governador está disposto a prestar atenção ao mundo da internet e, o fundamental, à democratização da comunicação de um modo geral.

Economia Solidária

Disse que economia solidária não é política social, mas política econômica. Usou uma expressão que se repetiu mais adiante com relação a mídia alternativa: não fará políticas paternalistas. Disse que é bem diferente de políticas sociais, que deverá implementar nesse segundo caso, mas que “paternalismo é humilhação”. Economia solidária, apesar de ter sido pouco valorizada no governo Lula, entrou no Pronasci, programa criado e desenvolvido por Tarso no Ministério da Justiça, e que terá atenção especial.

Relações Internacionais

Respondeu que a viagem feita à Europa não significa que os países do Norte serão privilegiados, como questionei, em detrimento da integração regional e do fortalecimento das relações Sul-Sul, mas que a integração regional tem que ser feita através de uma visão universal, e que as relações triangulares incluindo a Europa (principalmente Espanha e Portugal por causa da relação com os países da América do Sul) são fundamentais para o crescimento regional, até porque, com a crise, a relação se inverte e eles se tornam mais dependentes da gente do que a gente deles, segundo Tarso.

Movimentos sociais

Tarso deve ter deixado a imprensa tradicional de cabelo em pé ao afirmar que deve tratar o MST da mesma forma que trata a Farsul, com respeito, diálogo e negociação e que vai valorizar a agricultura familiar em detrimento de grandes empresas exportadoras que não gerem desenvolvimento e renda no estado, sempre respeitando o meio ambiente. Afinal, “o Brasil ainda deve uma reforma agrária”.
Foto: Dialógico
Comunicação

Mas deve ter arrepiado principalmente nas questões específicas sobre comunicação. Disse que vai trabalhar pela criação de um conselho de comunicação, embora tenha ficado devendo a especificação da atuação e da composição desse conselho, e pela democratização da comunicação. Classificou nossa imprensa de “mídia uníssona neoliberal, dentro da qual transitam valores que têm sido derrotados” com a eleição de Lula e agora de Dilma. Enfatizou que o conselho não fará controle da opinião ou da informação, mas um passo para a efetiva democratização das fontes de produção e de reprodução, em busca do equilíbrio. E afirmou que temos liberdade de imprensa, que deve ser intocável, mas que não temos o “direito de livre circulação da opinião”.

Tarso criticou a prisão de Assange mostrando a incoerência entre prendê-lo e deixar soltos os donos dos veículos que divulgaram os documentos. Todos fizeram a mesma coisa, divulgação, ou seja, “se foi crime, e eu não acho que foi, foi um concurso criminal”. E o mais incrível para Tarso é a falta de protesto da grande imprensa, “ninguém está reclamando”.

Especificamente sobre uma nota que gerou controvérsia, publicada na coluna de Rosane de Oliveira há alguns dias que dizia “Se for suspensa sem um argumento convincente, a revitalização do Cais Mauá corre o risco de se transformar na Ford de Tarso Genro” e sobre o tratamento que o governo dará à imprensa, Tarso disse que recebe esse tipo de informação “com respeito, mas com certa ironia”, porque a nota foi uma espécie de ameaça, que diz para se cuidar, senão vai ser massacrado como foi o Olívio. Acrescentou que essa é uma informação ideologizada e foi muito feliz ao criticar a postura da imprensa, crente que detém isenção e “pureza”, que fica distante da relação do Estado com a sociedade, como se assistisse de longe e não participasse, não sofresse influência do processo de formação ideológica que cada um sofre com sua vivência cotidiana. Mostrou-se sereno diante da crítica, afirmou respeitá-la, mas não orientar sua ação política por esse tipo de manifestação.

Onde faltou

Senti falta de uma resposta mais firme no questionamento sobre o Cais Mauá. Tarso falou que não é contra as PPPs, com a ressalva de que não podem ser uma atitude do estado para proporcionar acumulação privada, que a do Cais está sendo revista juridicamente, mas não se comprometeu a revisar o mérito da parceria, o projeto em curso. Fará isso apenas se houver algum impedimento jurídico, para não ter que quebrar contrato e trazer prejuízo econômico. Resta saber se o prejuízo ambiental e urbanístico trazido pela realização da obra não será maior que o econômico.

Também deixou a desejar na resposta à questão sobre o código florestal e o gerenciamento dos órgãos do estado voltados ao meio ambiente. Mostrou não ter domínio sobre o tema, afirmou não saber exatamente o conteúdo das mudanças no código florestal, não sabia que ele seria votado já em plenário na próxima terça-feira e ficou de se informar melhor.

Por fim, é importante não confundir, como aconteceu na entrevista com Lula (vide a matéria d’O Globo), blogueiro com jornalista. Pesem algumas ausências e algumas presenças, havia alguns jornalistas formados e que atuam como tal, mas havia pessoas de várias formações, perguntando sobre a área de interesse do seu blog.
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Sobre a entrevista de Tarso Genro com blogueir@s


Escreve Marco Weissheimer em seu blog RSurgente:

Tarso Genro: “Teremos políticas de Estado para democratizar a Comunicação”

O governador eleito do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), entrou no bolicho do Centro de Treinamento da Procergs, para a entrevista coletiva com blogueiros e blogueiras, anunciando dois nomes chave de sua equipe de comunicação: Vera Spolidoro assumirá a Secretaria de Comunicação e Pedro Osório a Fundação Piratini. Ambos acompanharam a entrevista que se desenrolou por aproximadamente uma hora e meia. Definitivamente, não foi uma “entrevista chapa-branca”, como alguns críticos chegaram a afirmar. Tarso Genro foi questionado sobre propostas de governo e sobre temas polêmicas como a presença no governo de representantes de partidos envolvidos em denúncias de corrupção, a relação com o MST e demais movimentos sociais, o destino dos investimentos das papeleiras, o projeto do Cais do Porto, na capital, e a relação com a mídia, entre outros temas.

Transmitida ao vivo pela internet e também pelo twitter, a entrevista marca um novo tipo de relacionamento entre governo e sociedade no Estado. Embora não sejam representativos de toda a sociedade, os blogs consolidaram uma posição no debate público que não pode mais ser negada. A exemplo do que aconteceu na entrevista do presidente Lula, abriu-se um espaço de interlocução com o poder estatal que até então estava restrito aos grandes meios de comunicação. A coletiva realizada na tarde desta sexta-feira no centro da Procergs mostrou que a famosa “democratização da comunicação” pode assumir formas concretas que não tiram pedaço de ninguém. Pelo contrário, tem o potencial de aproximar os governantes da sociedade e de exigir maior transparência por parte do Estado. Foi apenas a primeira experiência desse tipo e provavelmente deve ser reeditada ao longo do governo, com a ampliação e diversificação do número de participantes.

“Não teremos postura paternalista na Comunicação”
A pauta da entrevista foi diversificada. Tarso Genro respondeu a perguntas sobre temas que foram da economia solidária à prisão de Julian Assange, do Wikileaks. O governador repetiu posição expressa ontem pelo presidente Lula que cobrou dos grandes meios de comunicação e de suas entidades de classe uma posição condenando a prisão de Assange e ao cerceamento à liberdade de expressão. Para Tarso, o silêncio sobre a prisão de Assange expressa um cinismo radical de setores da grande mídia. Ainda no terreno da comunicação, ele anunciou que o debate sobre a criação do Conselho Estadual de Comunicação se dará no âmbito do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social e que seu governo não adotará uma postura paternalista em relação à chamada “mídia alternativa”. “Teremos políticas de Estado visando a democratização das fontes de produção e reprodução de informação e de opinião pública. Não existe hoje no Brasil o direito da livre circulação da opinião”. Seu governo buscará avançar nesta direção.

Uma ideia organizou quase todas as respostas de Tarso: inspirado nas experiências do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, do governo Lula, e do Orçamento Participativo no RS, ele promete adotar o diálogo entre os diferentes setores sociais como mecanismo de resolução de conflitos e de elaboração de propostas para os problemas do Estado. Isso ficou claro, por exemplo, quando foi indagado sobre a relação com o MST, os movimentos sociais e os sindicatos que, como se sabe, no governo Yeda foram tratados como um caso de polícia. “A polícia não deve ser uma polícia de classe, de nenhuma classe em particular, mas sim uma polícia de Estado, uma instância republicana responsável pelo cumprimento da lei”, resumiu. Tarso disse que pretende conversar com o MST e outros movimentos para adotar uma estratégia de antecipação e resolução prévia de possíveis conflitos. “Queremos nos antecipar a qualquer confronto, usando a via do diálogo”, afirmou. Por outro lado, ainda falando sobre o MST, lembrou que o Estado brasileiro ainda deve uma Reforma Agrária à sociedade.

“Decisões da governadora Yeda vale até o fim de seu mandato”
Indagado sobre a presença, no governo, de partidos envolvidos em denúncias de corrupção, Tarso respondeu que nenhuma pessoa indicada para o governo estaria impedida pelos termos da Lei da Ficha Limpa. Ele anunciou que o governo terá uma Comissão de Ética Pública e que a Secretaria de Segurança terá um departamento especial para tratar do tema da corrupção. Por outro, defendeu uma alteração no foco desse debate, propondo que a sociedade passe a se preocupar também com os agentes corruptores do setor privado.

Tarso também falou sobre a polêmica envolvendo a direção do Instituto Riograndense do Arroz (Irga). A pouco menos de um mês do final de seu governo, Yeda Crusius (PSDB) indicou um nome para presidir o órgão, apoiado por 76 arrozeiros do Estado, contra a vontade do governador eleito que indicou para o cargo o nome do prefeito de Santa Vitória do Palmar, Cláudio Pereira. “O Irga é uma instituição do Estado e a função do presidente do órgão é conduzir políticas de Estado e não atender a interesses de um grupo de arrozeiros, com todo o respeito que tenho a esse setor produtivo. As decisões da governadora Yeda valem até o fim do seu mandato. A vontade de 76 arrozeiros deve valer mais que a vontade de um governador eleito com milhões de votos?” – indagou.

Órgãos ambientais serão recuperados
O governador anunciou, por fim, que pretende recuperar os órgãos ambientais do Estado, fortemente sucateados nos últimos anos, reaparelhando suas estruturas e realizando concursos públicos para remontar as equipes que foram desmontadas. Indagado sobre as divergências envolvendo a legislação ambiental e o novo Código Florestal, Tarso admitiu que há problemas que ele ainda não sabe como vai resolver aqui no Estado. Citou como exemplo a preocupação de pequenos agricultores com certos dispositivos da legislação que poderiam inviabilizar sua atividade produtiva. “Vamos ter que debater isso com todos os setores envolvidos”, avisou.


Foto: Caco Argemi para o rs13.
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Wikileaks: os casos Couso e Khaled O-Masri, ou até que aconteça com você

Assim que começaram os últimos vazamentos do Wikileaks, alguns articulistas, ingênuos ou alinhados, tentaram caracterizar os tais cabos diplomáticos dos EUA como meras fofocas.

Abaixo, seguem dois exemplos dessas fofocas. Gostaríamos de saber, como reagiriam tais articulistas, se algum de seus parentes aparecessem, de repente, no Afeganistão?

E que ninguém se iluda: num total estado de ilegalidade em que se vive, ninguém está salvo como prova o caso de Khaled O-Masri.

Escreve Amy Goodmann, publicado especialmente em Estratégia e Análise:



WikiLeaks e o fim da “diplomacia” estadunidense



The one click group 

No mundo da globalização corporativa, o criminoso é quem pratica o ato justo. Julian Assange, editor e fundador do WikiLeaks, de caçador de segredos inconfessos oriundos dos núcleos mais sórdidos do poder planetário, torna-se caça através de um alerta vermelho dado pela Interpol contra a sua pessoa. Quem supor esta virada como armação do Departamento de Estado do Império, estará muito perto da verdade a ser revelada. 

Uma vez mais WikiLeaks tem publicado uma enorme quantidade de documentos. Desta vez, trata-se de correspondência diplomática do Departamento de Estado estadunidense. O site de revelação de dados secretos anunciou que publicará gradualmente mais de duzentos e cinqüenta mil documentos durante os próximos meses. Desta maneira, os documentos poderão ser analisados e receber a atenção que merecem. Os “cabos” são comunicações internas escritas entre embaixadas dos Estados Unidos de todo mundo e também com o Departamento de Estado (correspondência diplomática interna). WikiLeaks fala do vazamento como “o maior conjunto de documentos confidenciais que jamais se tenham dado a conhecer, que proporcionam uma visão sem precedentes das atividades no exterior do governo estadunidense.”
Os críticos sustentam, assim como fizeram quando vazaram documentos secretos referidos a Iraque e Afeganistão, que terá vítimas fatais como resultado destas vazamentos. No entanto, se poderia, em realidade, salvar vidas, dado que a forma em que os Estados Unidos fazem diplomacia se encontra mais exposta que nunca – bem como a aparente facilidade com a qual o governo dos Estados Unidos cumpre (ou não) com o dito do jornalista pioneiro I.F. Stone: “Os governos mentem.”

Observemos o caso de Khaled O-Masri. O-Masri foi seqüestrado na Macedônia no marco do chamado "programa de rendição extraordinária" da CIA, por meio do qual o governo dos Estados Unidos seqüestra pessoas em qualquer parte do mundo e a entrega secretamente a um terceiro país, onde possam ser objeto de torturas. Khaled O-Masri conta o que lhe sucedeu: “Levaram-me a uma habitação, estava algemado e me vendaram os olhos. Quando a porta se fechou, fui golpeado em todas as partes do corpo. Então fui humilhado. Pude ouvir que tiravam fotos durante o processo de tortura, quando já estava completamente nu. Depois amarraram as minhas mãos atrás das costas, puseram-me correntes nos tornozelos e um saco plástico na cabeça. Depois fui atirado brutalmente em um avião e no aeroporto me jogaram no chão. Quando acordei, estava no Afeganistão. Sacaram-me brutalmente do avião e puseram-me no porta-malas de um automóvel.”

Khaled O-Masri esteve prisioneiro e foi torturado em um cárcere secreto no Afeganistão durante meses até que a CIA o deixou abandonado em uma estrada deserta da Albânia. Isto aconteceu apesar de que a CIA sabia já de algum tempo que tinha seqüestrado ao homem equivocado. O-Masri, cidadão alemão, tentou que se fizesse justiça nos tribunais alemães e tudo indicava que treze agentes da CIA enfrentariam processos. Nesse momento interveio a embaixada dos Estados Unidos em Berlim e realizou, segundo um dos cabos diplomáticos, a seguinte ameaça: “a emissão de ordens de captura internacional teria um impacto negativo nas relações bilaterais.” Nunca se apresentaram denúncias na Alemanha, o que sugere que a ameaça diplomática funcionou. Mesmo assim, os treze agentes enfrentam ainda denúncias legais e processos na Espanha, onde os promotores gozam de um pouco mais de liberdade com respeito às pressões políticas.

Ou ao menos nisso acreditávamos. De fato, a Espanha também se destaca nos documentos vazados. Entre os cabos-diplomáticos, há um datado de 14 de maio de 2007 escrito por Eduardo Aguirre, um banqueiro cubano-estadunidense conservador que fora nomeado embaixador em Espanha por George W. Bush. Na correspondência, Aguirre escreveu: “Para nós, terá conseqüências importantes que se continue propondo o caso Couso, pelo qual três soldados estadunidenses enfrentam denúncias em relação à morte do câmara espanhol José Couso, ocorrida durante a batalha por Bagdá em 2003.”

Couso era um jovem operador câmara da corrente espanhola de televisão Telecinco que estava filmando da sacada da varanda do Hotel Palestina em Bagdá, no dia 8 de abril de 2003, quando um tanque do exército estadunidense disparou sobre o hotel, onde estavam alojados principalmente jornalistas, causando a morte a Couso e a um da agência de notícias Reuters. O Embaixador Aguirre tentava invalidar o julgamento iniciado pela família Couso na Espanha.

O irmão de José Couso, Javier Couso, iniciou o processo judicial em nome de seu irmão José, e o fez em conjunto com a sua mãe. Ainda que um tribunal espanhol tenha reaberto a causa recentemente, Javier Couso reagiu ante o cabo-diplomático vazado nestes dias pelo WikiLeaks e disse: “Nós estamos em primeiro lugar indignados e horrorizados; horrorizados porque não podemos achar que o governo de meu país e a promotoria atuem conspirando com um governo estrangeiro para impedir a investigação do que lhe passou a um cidadão espanhol; e indignados porque mentiram-nos continuamente, nos reunimos com todas essas pessoas do governo e da promotoria e eles diziam que não iam a obstaculizar o caso.”

Ademais, o embaixador estadunidense pressionou ao governo espanhol para que desistisse de realizar um julgamento, que abriria precedente, contra o ex-Secretário de Defesa Donald Rumsfeld e outros servidores públicos do governo de Bush. No mesmo memorando Aguirre escreve: “O Vice Ministro de Justiça disse também que o governo espanhol se opõe firmemente à acusação apresentada contra o ex Ministro Rumsfeld e tratará de que seja desestimada. O juiz que é titular na causa nos disse que tem iniciado já os procedimentos para desestimar o caso.”

Estas revelações têm convulsionado ao governo de Espanha, já que os cabos-diplomáticos mostram claramente as tentativas dos Estados Unidos para incidir no sistema de justiça desse país.

Há vários anos, o Embaixador Aguirre declarou ao jornal espanhol O País: “Sou o bombeiro de George Bush, vou resolver todos os problemas que George ponha em minhas mãos.”

Em outra série de cabos-diplomáticos, o Departamento de Estado dos Estados Unidos ordena a seu pessoal das Nações Unidas e do resto do mundo que espionem a servidores públicos governamentais, e incrivelmente, também dá instruções de que consigam informação biométrica dos diplomatas. O cabo-diplomático diz textualmente: “Os dados devem incluir endereços de correio eletrônico, números de telefone e fax, impressões digitais, imagens faciais, escaneio de íris e de DNA.”

WikiLeaks segue associada a um grupo de meios de comunicação de todo mundo: o jornal inglês The Guardian; El País, da Espanha; o New York Times; a revista alemã Der Spiegel e o jornal francês Le Monde. David Leigh, editor de investigações do jornal The Guardian me disse: “Esta série de revelações não acabou ainda. Desde o jornal The Guardian e outras cadeias de notícias do mundo iremos fazendo revelações, a partir de agora e dia a dia, possivelmente durante toda a semana próxima e quiçá mais. Pelo qual, ainda não temos visto nada.” Restam ainda mais de 250 mil cabos-diplomáticos que ainda não vieram a ser conhecidos publicamente.

Faz quarenta anos, Noam Chomsky, reconhecido analista político e lingüista, professor do Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT), ajudou a Daniel Ellsberg, o primeiro informante dos Estados Unidos, a revelar os Documentos do Pentágono. Perguntei-lhe a Chomsky a respeito das correspondências diplomáticas recentemente publicados por WikiLeaks e ele me respondeu: “A principal importância dos cabos-diplomáticos que têm sido publicados até agora radica no que nos dizem sobre a liderança ocidental. O que revelam é um profundo ódio à democracia.”

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Denis Moynihan colaborou na produção jornalística desta coluna.

© 2010 Amy Goodman
Texto traduzido da versão em castelhano e revisado do original em inglês por Bruno Lima Rocha; originalmente publicado em português em Estratégia & Análise. É livre a reprodução de conteúdo desde que citando a fonte.

Amy Goodman é a âncora de Democracy Now!, um noticiário internacional transmitido diariamente em mais de 550 emissoras de rádio e televisão em inglês e em mais de 250 em espanhol. É co-autora do livro "Os que lutam contra o sistema: Heróis ordinários em tempos extraordinários nos Estados Unidos", editado por Le Monde Diplomatique Cono Sur.
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Desculpe a nossa fAlha!

AJUDE NOSSA CAMPANHA INTERNACIONAL PARA DENUNCIAR O ATENTADO DA FOLHA CONTRA A INTERNET BRASILEIRA!


Um processo inédito na história da Internet e do jornalismo brasileiro //  Um blog de paródia censurado pela primeira vez na história do país, abrindo precendente para agressões de outras empresas // O maior jornal do país querendo arrancar dinheiro de dois irmãos como “indenização por danos morais”, mostrando total incompreensão sobre o que é internet e democracia // Apoio de Gilberto Gil, Marcelo Tas e centenas de blogueiros // Comentários e discussões em todas as redações, da Folha inclusive.
A gente podia tá roubando, podia tá matando, mas tamo aqui pedindo: por favor escreva para uns gringos!
Mesmo assim, nenhum veículo chamada grande imprensa (ou “velha imprensa”, ou “mídia tradicional”) noticiou o caso. Até a ombudsman da Folha, que já afirmou várias vezes que o jornal tem que “ser corajoso para noticiar as críticas que recebe”, ignorou nossos apelos.
Por isso lançamos hoje uma campanha internacional de denúncia da censura da Folha, que na verdade é um atentado grotesco contra toda a internet brasileira. No topo da página há links para textos em inglêsespanholfrancêsitaliano. Foram escritos  pensando no público estrangeiro, contextualizando a criação do blog na realidade do país e explicando, de forma didática, porque é mais do que um simples processo e porque “não é notícia” aos olhos da tradicional imprensa brasileira.
Ao longo da semana, vamos subir os vídeo de Gil legendado para inglês e francês e também o mesmo texto-denúncia em alemão. O original, em português, está disponível no botão “divulgue” acima, e é bom para ser repassado a jornalistas de Portugal e outros países lusófonos.
É A SUA GRANDE CHANCE DE AJUDAR! Por favor escreva para TODOS os contatos que tiver no exterior, jornalistas ou não, repassando os links. Se você é jornalista, por gentileza repasse para os colegas da mídia estrangeira. Se você não tem contatos, nos ajude buscando na internet emails de jornais, rádios, sites, TVs ou revistas para os quais você possa enviar os textos.
POR FAVOR PERCA UNS MINUTOS HOJE MESMO NOS AJUDANDO A DENUNCIAR ESSA PALHAÇADA QUE AMEAÇA TODA A INTERNET BRASILEIRA!
MUITO OBRIGADO MESMO!

Entenda o caso AQUI e AQUI.
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Entrevista de blogueir@s com Tarso Genro

Foto: Pesacada do blog Com Texto Livre


Tarso Genro será entrevistado por blogueiros


Um Rio Grande do Sul, do Brasil e conectado ao mundo é uma das propostas do governo Tarso. Nesta sexta (10), às 15h30, o governador eleito Tarso Genro será entrevistado por blogueiros gaúchos, no Centro de Treinamento da Procergs – local que onde ocorre a transição de governo.
O evento faz parte de uma série de iniciativas que retratam o caráter de um governo aberto ao diálogo. A inclusão digital e participação da sociedade no governo por meios eletrônicos constam como itens no programa de governo. Tarso promoveu ações durante a campanha voltadas à web, como o twitarso (que chegou a ser um dos assuntos mais comentados do país no dia) e reuniu-se com internautas, no almoço com tuiteiros, realizado no dia 1º de setembro. As iniciativas inspiraram outros candidatos, como Aloizio Mercadante, candidato petista ao governo de São Paulo. Há algumas semanas, o presidente Lula recebeu no Palácio do Planalto blogueiros de todo o país.
“Essas inovações trazidas pelas novas tecnologias colocam a democracia em um outro patamar, e esse grupo social que representa milhares e milhares gaúchos é a grande novidade no processo de formação de opinião e de interferência no processo político democrático aqui no Estado”, enfatiza o governador eleito.
A entrevista será transmitida pelo site da transição de governo e comentada através do twitter. Do microblog serão selecionados algumas perguntas para serem respondidas por Tarso Genro.
Fonte: rs13
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A ONU sobre Assange e a liberdade de expressão

ELEANOR HALL: O representante das Nações Unidas para a liberdade de opinião e expressão diz que está trabalhando em um novo relatório sobre a liberdade de expressão na Internet.


Frank La Rue diz que não acha que os Estados Unidos serão capazes de processar Julian Assange. Mas ele alerta que seria um exemplo muito ruim para a liberdade de expressão se esse governo agisse contra ele.


Ele falou comigo hoje cedo, da sua casa na Cidade da Guatemala.


Frank La Rue você monitora a liberdade de expressão e tentativas de cerceá-la ao redor do mundo. Você concorda com os defensores do Wikileaks que seu fundador Julian Assange é um mártir da liberdade de expressão?


FRANK LA RUE: Ele certamente é. Se há uma responsabilidade pelo vazamento de uma informação, ela é exclusivamente da pessoa que fez o vazamento, não da imprensa que a publica. É assim que a transparência funciona e que a corrupção foi confrontada em muitos casos.
Via ABC News
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Gleen Greenwald sobre a prisão de Julian Assange

Não importando o que você ache do Wikileaks, eles não foram acusados de crime algum, muito menos indiciados ou condenados. Apesar disso, olhe o que aconteceu com eles. Eles foram removidos da Internet [...] seus fundos foram congelados [...] personalidades da mídia e políticos pediram que fossem assassinados e rotulados como uma organização terrorista. O que de fato está acontecendo é uma guerra pelo controle da Internet, e se ou não a Internet pode de fato servir ao seu fim último -- o qual é permitir que os cidadãos se unam e democratizar os controles sobre as facções mais poderosas do mundo.
-- Gleen Greenwald é advogado de direito constitucional e colunista da Salon. Via Democracy Now!
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