Se você visitou este Cloaca News no dia 23 de setembro de 2009, decerto tomou conhecimento do caderninho que encontramos em um latão de lixo, na portaria dos fundos da sede do tabloide gaúcho, com anotações feitas, presumidamente, durante um reunião de pauta com editores e colunistas daquela gazeta.
Nosso achado, a propósito, ocorreu no dia seguinte à publicação, por aquele diário, de escandalosa reportagem sobre as “estratégias do MST”, baseada integralmente em supostas anotações feitas “à mão” em um caderno escolar “de 26 páginas” encontrado em um recipiente de lixo no estacionamento do INCRA.
Por ocasião de nossa postagem naquele 23/09, reproduzimos fac-símiles de três páginas de nosso achado, e, em uma delas, lia-se, à guisa de instrução normativa, a singela recomendação sobre a prefeitura de Porto Alegre: “aliviar Fogaça”.
Pois não é que os editores e colunistas de Zero Hora estão cumprindo à risca o combinado naquela reunião?
Basta relembrar que, tão logo estourou a denúncia da Operação Pathos, de que quase 10 milhões de reais foram desviados da Saúde de Porto Alegre, o jornalzinho do Grupo RBS tratou imediatamente de sepultar o assunto, publicando a notícia em pé de página, sem qualquer destaque, e cavilosamente distorcida. Clique aqui para reler o que publicamos no dia 24 de janeiro último, sobre a exemplar cobertura jornalística que Zero Hora fez sobre o escândalo.
Pois, agora, a situação de José Fogaça, o Pacificador do RS, complicou-se ainda mais. Descobriu-se que o hiperativo prefeito da capital gaúcha fora alertado pelo Ministério Público Estadual, em 2007, de que o contrato feito pelo governo municipal com o Instituto Sollus estava eivado de irregularidades, e que, daquele jeito, ele estaria dando carta branca para a gatunagem do dinheiro público. Fogaça assinou, de próprio punho – com carimbinho e tudo – documento em que declarava-se ciente das recomendações do MPE sobre as falcatruas iminentes.
Diante de provas tão cabais e irrefutáveis sobre a conduta desidiosa do prefeito Fogaça em relação ao esquema criminoso que se instalou em seu governo, a bancada de vereadores do PT na Câmara Municipal de Porto Alegre preparou um libelo, fartamente documentado, e o entregou ao Ministério Público Federal. O ato ocorreu nesta última quinta-feira, dia 11. O documento, publicado aqui, em primeira mão, pede a responsabilização de Fogaça por ato de improbidade administrativa.
Cazzo! Isso não é notícia??? Para os editorialistas, editores, chefes de reportagem e colunistas de Zero Hora, não. Caso não acredite, aceite o desafio: revire este monturo digital e encontre um link, unzinho que seja, com algum registro – uma linhazinha que seja – sobre o tema.
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Aproveite e rememore conosco as circunstâncias desta imagem, colhida em 16 de agosto de 2007.
Aproveite e rememore conosco as circunstâncias desta imagem, colhida em 16 de agosto de 2007.
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Na foto, o prefeito de Porto Alegre, José Fogaça (então no PPS), e o diretor-presidente do Grupo RBS, Nelson Sirotsky, assinam contrato de cedência da Usina do Gasômetro – o cartão-postal da cidade – para a corporação mafiomidiática fazer sua festa-exposição de aniversário, durante 78 dias, entre 1° de setembro e 18 de novembro daquele ano. Tudo na faixa, em nome da liberdade de imprensa.
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Agora, Fogaça quer ser o governador do Rio Grande do Sul. É provável que, na negociação da blindagem, esteja a cedência da ala residencial do Palácio Piratini para a colunista-abelha de Zero Hora economizar no vale-transporte. Ali, pelo menos, a mobília é novinha. E a lata de lixo é de última geração: já vem com fragmentadora de papéis.