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Como seria, por Luis Fernando Veríssimo
Alguém aí se lembra que um dos primeiros atos do Collor na Presidência foi fechar um local onde faziam experiências nucleares, simbolizando o fim da pretensão do país a ser uma potência atômica? Ou eu estou delirando?A pretensão era defendida pela facção Brasil Potência, entre os militares, e imagina-se que a negociação secreta para o seu fim, talvez instigado pelos americanos, não tenha sido fácil. De qualquer maneira, não se ouve mais falar em programa nuclear brasileiro nem em Brasil Potência, os militares estão quietos e o próprio Collor anda meio apagadão.
Só pensei no assunto porque é interessante especular sobre como teria sido se o Brasil não desistisse do programa e estivesse hoje a ponto de dominar a tecnologia nuclear, na última fase do enriquecimento de urânio e prestes, Deus meu, a ter a bomba.
Seríamos considerados uma ameaça à paz continental e ao equilíbrio geopolítico da região? As grandes potências se uniriam contra nós, como fizeram com o Irã, e nos mandariam voltar para nossa insignificância bélica? Especulações, especulações. Seja como for, seria bom ter a bomba, nem que fosse só para ver a cara dos argentinos.
PESOS E MEDIDAS
Recorre-se tanto à frase “dois pesos e duas medidas” para reclamar isonomia no julgamento dos casos de corrupção no país que eu proponho o fim da hipocrisia. Oficialize-se, já, dois sistemas de pesos e medidas diferentes no Brasil, um que vale só para o PT (Sistema 1) e outro para os outros, principalmente o PSDB (Sistema 2).
As previsíveis confusões — desencontros em construções, conflitos na medição de terras etc — seriam resolvidas por um conselho arbitral formado por representantes dos dois sistemas. Desde que não fosse presidido pelo Barbosa, claro.