POLÍTÏCA - Haddad mal avaliado.

Posted on
  • segunda-feira, 2 de dezembro de 2013
  • by
  • Editor
  • in
  • Marcadores:

  • Só Haddad não se recupera dos protestos de junho


     Só Haddad não se recupera dos protestos de junho
    Governantes de todos os níveis no país inteiro sofreram tombos variáveis em seus índices de popularidade após os protestos de junho. Aos poucos, eles foram se recuperando nos últimos meses, com raríssimas exceções, a exemplo de São Paulo, justamente a cidade que foi o estopim das manifestações.
    Em seu primeiro ano de mandato, o prefeito Fernando Haddad, do PT, não se levantou mais. Caiu dos 34% de ótimo e bom no começo de junho, para 18%, e lá ficou encalhado, como mostra a mais recente pesquisa Datafolha divulgada nesta segunda-feira.
    É um índice desastroso, próximo aos que tiveram os ex-prefeitos Celso Pitta e Gilberto Kassab, de má memória, ao final do primeiro ano de seus mandatos.
    Para 39% dos eleitores, a administração de Haddad é ruim ou péssima. No sentido inverso, o governador tucano Geraldo Alckmin, que havia caído de 52% para 38 , em junho, subiu três pontos na nova pesquisa, chegando a 41%, enquanto seus índices de ruim e péssimo caiam de 20% para 17%.
    No mesmo período, a aprovação da presidente petista Dilma Rousseff subiu  11 pontos, de 30% para 41% (clique aqui para ler). Tanto Alckmin como Dilma também viram crescer seus índices de intenção de votos e seriam reeleitos já no primeiro turno.
    Pressionado pela presidente Dilma e por Lula, Haddad foi obrigado a recuar do aumento das tarifas de ônibus de R$3,00 para R$ 3,20, mas já era tarde demais. Os movimentos de protesto, que depois se transformaram em puro vandalismo, se espalharam por todo o país, enquanto o prefeito e o governador Alckmin participavam de um evento em Paris, onde cantaram juntos o samba "Trem das Onze", de Adoniram Barbosa.
    A divulgação do vídeo da cantoria, no entanto, só fez piorar a situação do prefeito, que mantem melhores relações com o governador tucano do que com o PT de São Paulo.
    Enfrentando um cerrado fogo amigo e derrotado na batalha da comunicação, quando exagerou na dose do aumento do IPTU, sem explicar direito quem pagaria mais e quem teria o imposto reduzido ou isento, a principal marca de Haddad neste primeiro ano de governo acabou sendo a criação de faixas exclusivas para ônibus. O combate à corrupção dos fiscais do ISS, que também teve apoio da opinião pública, acabou derrubando seu secretário de Governo, Antônio Donato.
    Bem aceita no começo, por reduzir o tempo de viagem dos que dependem de transporte coletivo, as faixas exclusivas foram sendo espalhadas aleatoriamente por toda parte, sem estudos prévios, o que apenas fez piorar o já caótico trânsito pré-natalino, que foi parando, à medida em que se intensificam as chuvas.
    Os sábios da prefeitura que assessoram Haddad se esqueceram que hoje não apenas os ricos e a classe média alta entopem as ruas com seus carrões, mas também a emergente classe média baixa, que comprou seu primeiro carrinho nos últimos tempos e, agora, simplesmente não consegue circular pela cidade.
    Tudo junto, estas ações só fizeram aumentar o mau humor do paulistano com o prefeito, que era a grande esperança do PT para alavancar as candidaturas de Alexandre Padilha, para o governo do Estado, e de Dilma Rousseff, para a reeleição em São Paulo. Deu-se, até agora, exatamente o contrário.
    Muitos petistas já se perguntam se não teria sido melhor perder as eleições municipais para José Serra no ano passado. Todo o ônus de uma cidade falida e inviável como São Paulo ficaria para o PSDB, e o PT poderia fazer uma forte campanha de oposição, tanto no plano municipal, como no estadual, onde os tucanos reinam absolutos há duas décadas.
    Agora, com Alckmin se recuperando (subiu de 40% para 43% a sua intenção de votos de uma pesquisa para outra) e os outros candidatos bem longe dele (Paulo Skaf, do PMDB, tem 19%; Gilberto Kassab, do PSD, conta com 8% e, na lanterna, vem Padilha, com 4%), ficou bem maior o desafio dos petistas para, pela primeira vez em sua história, conquistar o Palácio dos Bandeirantes.
    A grande esperança estava justamente em fazer uma bela administração na capital para melhorar a imagem antipática que o partido tem na classe média tradicional, já que o interior paulista é historicamente conservador e costuma garantir a vitória dos tucanos no Estado.
    Como faltam apenas 10 meses para as eleições gerais do ano que vem, Fernando Haddad e o PT têm pouco tempo para mudar o quadro amplamente desfavorável do momento. Para isso, teriam que melhorar urgentemente a articulação política e a comunicação da prefeitura porque a gente sabe que colocar a culpa nos adversários não costuma resolver os nossos problemas.
    Grande Marcelo Déda
    Déda foi grande em tudo: na bondade e no tamanho, grande amigo, grande político, um dos maiores líderes da nova geração do PT.
    Além de tudo, tinha muito bom humor, o que ajuda a tocar o barco mesmo nas horas de tempo ruim.
    A última vez que o vi foi semanas atrás, no Hospital Sírio-Libanês, quando ele já estava bem fraco, e ainda sorria.
    Mas a imagem que vou guardar dele é a da gente comendo caranguejos até de madrugada, na praia do Atalaia, em Sergipe.
    Foi-se embora cedo demais.
    Este vai deixar saudades.
     
    Copyright (c) 2013 Blogger templates by Bloggermint
    Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...