Do Viomundo - publicado em 18 de dezembro de 2013 às 18:51
O noticiário da principal emissora sueca, a tv pública SVT1
18/12/2013 às 16h26 7
Brasil escolhe caça sueco Gripen NG; vitória beneficia Embraer e Akaer
Por Virgínia Silveira | Para o Valor
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS – Depois de quase 17 anos de espera e muita especulação, o caça sueco Gripen NG foi o escolhido pelo governo brasileiro na concorrência para a aquisição de aviões de combate da Força Aérea Brasileira (FAB), no âmbito do programa FX-2, segundo o Valor apurou. O anúncio oficial será feito às 17h de hoje pelo ministro da Defesa, Celso Amorim e o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito.
A empresa brasileira Akaer e a Embraer serão as principais beneficiadas pela vitória do caça sueco Gripen na concorrência, que também envolveu as empresas Boeing, com o caças F-18 e a francesa Dassault, com o caça Rafale. A parceria entre a Akaer e a Saab, fabricante do Gripen, já dura quatro anos. A Akaer foi contratada pela Saab para projetar a fuselagem central, traseira e as asas do Gripen NG, nova geração de caças da Suécia.
“A vitória do Gripen representa o nascimento das empresas de base do setor aeronáutico brasileiro. Este contrato dará um grande impulso às pequenas empresas do setor e a Akaer está no centro disso”, disse uma fonte do setor. Toda a parte de estrutura do avião será produzida em uma nova fábrica que a Saab pretende construir em São Bernardo do Campo (SP). O investimento previsto é de US$ 150 milhões.
A Saab também adquiriu 15% de participação no capital social da Akaer. A operação, conhecida como empréstimo conversível em ações, poderá ser estendida até o limite de 40%, segundo informou a Akaer, na época do acordo.
Pela proposta da Saab, cerca de 40% do caça Gripen e até 80% da sua estrutura serão feitos no Brasil.
Perguntas & Respostas sobre a definição do Programa F-X2
do site do Ministério da Defesa
Aquisição da aeronave GRIPEN-NG para a Força Aérea Brasileira (FAB)
1 – O que motivou a escolha dos caças suecos Gripen NG para a Força Aérea Brasileira (FAB)?
A motivação teve caráter técnico. A partir da análise realizada pela FAB, chegou-se à conclusão de que a aeronave sueca era a melhor opção, tanto do ponto de vista operacional quanto do ponto de vista de custo. Dos três finalistas da concorrência, o caça sueco apresentou o melhor preço. Pesaram também na escolha aspectos relativos à transferência de tecnologia e às contrapartidas comerciais (offsets) oferecidas pela proposta sueca. A propósito do assunto, eis o que dispõe a Estratégia Nacional de Defesa (END):
“Consideração que poderá ser decisiva é a necessidade de preferir a opção que minimize a dependência tecnológica ou política em relação a qualquer fornecedor que, por deter componentes do avião a comprar ou a modernizar, possa pretender, por conta dessa participação, inibir ou influir sobre iniciativas de defesa desencadeadas pelo Brasil”.
2 – Quantos caças serão adquiridos e qual o valor total da aquisição?
A oferta vencedora engloba o fornecimento de 36 (trinta e seis) aeronaves. Os investimentos são da ordem de US$ 4,5 bilhões, em um cronograma de desembolso que se estenderá até 2023.
3 – Como ocorrerão as negociações contratuais e quando se iniciam os desembolsos?
Com a decisão tomada, iniciam-se agora as discussões relativas aos contratos comercial e de suporte logístico. Também serão tratados os detalhes do acordo de offset entre a FAB e a empresa vencedora. Paralelamente, serão iniciadas as tratativas relativas ao contrato de financiamento, que cobrirá toda a aquisição. O prazo previsto para os acertos relativos a essa primeira etapa é de nove a doze meses. Portanto, não haverá desembolso imediato de recursos orçamentários.
4 – Quando deverá ser assinado o contrato de compra e quando a FAB receberá as primeiras unidades?
A primeira aeronave tem previsão de chegada em torno de 48 meses após a assinatura do contrato de financiamento que deve ocorrer em dezembro de 2014. Considerando que os prazos serão cumpridos, a primeira aeronave deverá ser incorporada à FAB no final de 2018.
5 – E até lá, como será feita a defesa aérea brasileira?
Até a chegada dos Gripen NG, a defesa aérea ficará, principalmente, a cargo dos caças F5-M que foram recentemente modernizados pela Embraer. Além disso, existe a possibilidade de o país vencedor do FX-2 colocar à disposição da FAB, como solução intermediária, um quantitativo de caças Gripen, modelo CD, para reforço da proteção do espaço aéreo brasileiro, em condições e prazos a serem definidos.
6 – O contrato de aquisição cobre apenas a compra dos aviões?
O contrato cobrirá também a logística inicial, o treinamento de pilotos e mecânicos e a aquisição de simuladores de voo. O contrato também contempla, como visto, os projetos de transferência de tecnologia e de offset, alinhado com o que dispõe a Estratégia Nacional de Defesa (END).
7 – O contrato prevê o desenvolvimento dos aviões de combate de 5ª geração?
A 5ª geração já existe em alguns países, mas os custos de desenvolvimento são naturalmente altos. O importante é que os aviões que estão sendo comprados no âmbito do FX-2 atendem, plenamente, as necessidades de defesa aérea do nosso País nesse momento. Obviamente, o Brasil estará atento ao desenvolvimento nesta área, inclusive no que se refere a potenciais parceiros.
8 – Qual a função dos novos caças no contexto da defesa aérea brasileira?
A tarefa primordial da FAB no contexto amplo da defesa é manter a soberania no espaço aéreo nacional para defender o País, impedindo o uso desse espaço para a prática de atos hostis ou contrários aos interesses nacionais. Para realizar essa tarefa, a Força precisa dispor de capacidade de vigilância, controle e defesa do espaço aéreo, com recursos de detecção, interceptação e destruição. Os caças Gripen NG são aviões supersônicos multimissão que cumprirão tarefas de interceptação, interdição e eventual destruição de alvos que possam atentar contra a soberania nacional. As aeronaves são projetadas para emprego em missões ar-ar, ar-mar e ar-solo. Elas também são dotadas de um sistema de reabastecimento em voo que permitirá a realização da defesa do espaço aéreo nos pontos mais remotos do Brasil.
9 – A aeronave já existe? Quais outros países a operam?
O Gripen existe, hoje, nas versões A, B C e D. O Gripen NG (NEW GENERATION) é uma evolução tecnológica destas duas últimas consagradas versões. O desenvolvimento do modelo NG deverá proporcionar à indústria brasileira ganhos diversos advindos da transferência de tecnologia inédita para o setor aeroespacial. Um dos aspectos a serem destacados nesse campo é a abertura dos códigos-fonte dos sistemas de armas que serão utilizados na aeronave. Entre os países cujas forças aéreas já operam com o Gripen podemos citar a Suécia, Hungria, República Tcheca, África do Sul e Tailândia.
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Do Defense News:
Brazil Picks Sweden’s Gripen Fighter Jet
Dec. 18, 2013 – 05:59PM
By AARON MEHTA and wire reports
BRASÍLIA — Swedish aerospace maker Saab won a $5 billion contract to equip the Brazilian air force with 36 new fighter jets, Defense Minister Celso Amorim announced Wednesday.
Saab’s Gripen, a state-of-the-art multi-role fighter jet, beat its two rivals — the Rafale, made by France’s Dassault company, and US aviation giant Boeing’s F/A-18 fighter — for the lucrative contract.
“After analyzing all the facts, President Dilma Rousseff directed me to inform that the winner of the contract for the acquisition of the 36 fighter jets for the Brazilian Air Force is the Swedish Gripen NG,” Amorim told a press conference.
The announcement came after more than 10 years of discussions and repeated delays due to budgetary constraints.
The Gripen, which was said to be the cheapest of the three aircraft, is capable of performing an extensive range of air-to-air, air-to-surface and reconnaissance missions. It is in use in the air forces of Sweden, South Africa, the Czech Republic, Thailand and Hungary.
The Brazilian air force insisted it needed the new fighter aircraft to maintain an adequate air defense as it retires 12 Mirage jets in late December. Brazil bought the refurbished Mirage 2000 C/Bs from France in 2005 for $80 million to fly for five years. Brazil insisted on technology transfers so that the planes can be assembled in this country and give a boost to the domestic defense industry.
Rousseff postponed a decision on the FX-2 replacement contract in early 2011 for budgetary reasons, but air force chiefs have made it clear that it was an urgent matter.
Boeing had hoped to capture the market in order to prolong the life of the F-18 line, currently slated to stop production before the end of the decade. The American company partnered earlier this year with Brazil giant Embraer to market the KC-390, Embraer’s new competitor to Lockheed Martin’s C-130 cargo transport.
That connection, as well as a desire from Brazil for closer ties with the US, made Boeing the tentative front runner. But after National Security Agency (NSA) documents leaked by Edward Snowden revealed that American intelligence was spying on Brazil’s leaders, relations between the two nations soured to the point it likely impacted Boeing’s chances in this competition.
“Boeing is aware of Brazil’s announcement that it did not select the Super Hornet to meet the Brazilian Air Force’s F-X2 requirement,” the company wrote in a public statement. “While the decision is disappointing, it in no way diminishes the company’s ongoing commitment to grow its presence, expand its partnerships and support Brazil’s security needs. Over the next several weeks, we will work with the Brazilian Air Force to better understand its decision. Our participation in the F-X2 competition offered the opportunity to establish significant partnerships and collaboration with Brazilian government and industry, which will continue to expand regardless of the F-X2 decision.”
Incidentally, Saab’s defeat of Boeing comes just 12 days after the two companies announced a teaming effort on the US Air Force’s next-generation trainer.
While politics may have hurt Boeing, cost was the big reason Dassault was unable to stay in the competition, according to Richard Aboulafia, vice president for analysis with the Virginia-based Teal Group.
“The Rafale was always too expensive for most of Dassualt’s typical market, including Brazil,” Aboulafia said. “If you want something that gives you air space sovereignty, air patrol capability, interdiction, all the things Brazil really wants, Gripen’s a good choice. You’re not going to see a Middle Eastern front-line country go for it, but for Brazil it’s arguably just what they need.”
Dassault’s statement on the Brazil decision eschewed the typical language of runners-up in similar competitions, instead taking direct swipes at Saab.
“We regret that the choice has gone in favor of the Gripen, an aircraft provided with many items of equipment of third-party origin, especially US, and that does not belong to the same category as the Rafale,” the company said in a statement. “The Gripen is a lighter, single engine aircraft that does not match the Rafale in terms of performance and therefore does not carry the same price tag. This financial rationale fails to take into account either the Rafale’s cost-effectiveness or the level of technology offered.”
The 36-aircraft deal sets Brazil up as “arguably Saab’s most important export customer,” Aboulafia said.
“They came close to being an orphan aircraft, and instead they’ve had a series of panes that have expanded their export market presence,” he added. “They’re building something. They’re not going to be the next F-16 but they’ve been able to keep the line alive and reinvent the family — that’s a pretty good achievement especially since we’re talking about Sweden here, which isn’t exactly a major military power.”
Earlier this year, Luiz Carlos Aguiar, President and CEO of Embraer Defense & Security, told Defense News that he expected the long-running competition to come to a close soon.
“I think Brazil is going to make this decision. It is time to make this decision,” Aguiar said in March. They have everything in place. All of the contenders have offered their offset programs. It’s more than mature enough to go ahead, in my opinion. I think it’s going to be in the next months, this year, I would say. Our role in that depends — I cannot tell any details — depends on who is going to win.”
Aguiar added that his company had memorandums of understanding with all three of the contenders, ensuring that Brazil’s largest defense company will reap benefits from the finalized agreement.
Leia também:
A carta de Snowden que fala diretamente aos brasileiros
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