MÍDIA - A Veja e o propinoduto tucano

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  • sábado, 19 de outubro de 2013
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  • Discretamente e com pé atrás, Veja embarca no "trensalão" tucano


    Reportagem discreta da revista dos Civita aborda o enriquecimento inexplicável de servidores do governo de São Paulo, que teriam recebido propinas de empresas como Alstom e Siemens.


    Ao governador Geraldo Alckmin, interessa tratar o caso como desvio isolado de alguns servidores, e não como um esquema de corrupção, vinculado ao financiamento de campanhas políticas; alguns anos atrás, a própria Veja apontava que a cúpula do PSDB montava seu caixa dois a partir de empresas como a Alstom.

    Aos poucos, de forma cautelosa e extremamente discreta, a revista Veja, da família Civita, começa a embarcar no chamado "trensalão" tucano. 

    Neste fim de semana, a reportagem "Trilha de Dinheiro", assinada pela jornalista Alana Rizzo, aborda o escândalo das propinas pagas por empresas como Alstom e Siemens a governos do PSDB em São Paulo.

    O discurso é bem mais cuidadoso do que o de alguns anos atrás, quando a própria Veja investigava esquemas de caixa de dois para a segunda campanha presidencial de Fernando Henrique Cardoso, em 1998. 

    Naquele ano, a revista afirmava, com todas as letras, que Andrea Matarazzo, hoje vereador, arrecadou parte do caixa dois, num esquema que passou pela multinacional Alstom. Ou seja: era um esquema de corrupção sistêmica, que passava pela alta cúpula do partido, com o propósito de perpetuá-lo no poder.

    Agora, o discurso é diferente – e está alinhado com a estratégia do governador Geraldo Alckmin de se colocar como vítima do cartel, disposto a combatê-lo. Tudo não passaria de desvios cometidos por servidores graduados, mas não pela cúpula partidária.

    "Nunca saiu da fase genérica a acusação de formação de cartel de companhias estrangeiras fornecedoras de equipamentos para governos de São Paulo comandados desde 1995 pelo PSDB", diz a reportagem, em sua primeira frase. "Mas, até a semana passada, faltava ao caso um elemento crucial: para que a cartelização funcionasse, muito provavelmente teria sido necessária a colaboração de altos funcionários do governo".

    Veja cita os nomes de João Roberto Zaniboni, ex-diretor de operações da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, de Jorge Fagali Neto, ex-secretário de Transportes Metropolitanos, de Eduardo Bernini, ex-presidente da Eletropaulo e de Henrique Fingermann, ex-presidente da Empresa Paulista de Transmissão de Energia. O atual governador, Geraldo Alckmin, e seus dois antecessores, José Serra e Mário Covas, entram "en passant" pela reportagem.

    A Alckmin, interessa consolidar o discurso de que os desvios teriam sido falhas isoladas de servidores – e não um esquema de corrupção sistêmica, destinado ao financiamento de campanhas. Veja, desta vez, parece disposta a ajudar.

    Fonte: Brasil 247
     
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