Poema do mais triste Maio

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  • domingo, 2 de junho de 2013
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  • Meus amigos, meus inimigos,
    Saibam todos que o velho bardo
    Está agora, entre mil perigos,
    Comendo, em vez de rosas, cardo. 

    Acabou-se a idade das rosas!
    Das rosas, dos lírios, dos nardos
    E outras espécies olorosas:
    É chegado o tempo dos cardos. 

    E passada a sazão das rosas,
    Tudo é vil, tudo é sáfio, árduo.
    Nas longas horas dolorosas
    Pungem fundo as puas do cardo. 

    As saudades não me consolam,
    Antes ferem-me como dardos.
    As companhias me desolam,
    E os versos que me vêm, vêm tardos. 

    Meus amigos, meus inimigos,
    Saibam todos que o velho bardo
    Está agora, entre mil perigos,
    Comendo, em vez de rosas, cardo.

                                   Manuel Bandeira
     
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