Por Humberto Dantas – cientista político e professor do Insper
Em 2006 o PSDB apostou no escândalo do Mensalão para eleger Alckmin presidente. Era o óbvio para segmentos da sociedade que colocavam a ética acima dos resultados propagandeados pelo governo. O PT respondeu com o bordão “deixa o homem trabalhar”, sugerindo que o país avançava a despeito da crítica moral e legal. O quadro se repetiu em 2010. Serra começou afirmando ser amigo de Lula, sugerindo a troca do Silva pelo Zé. Terminou utilizando os escândalos de Erenice Guerra na Casa Civil. A popularidade de Lula, no entanto, elegeu Dilma.
Na onda dos escândalos, o que não faltam desde então são denúncias envolvendo agentes nomeados na era Lula. Seria um desmonte do seu legado? Da derrubada de ministros à demissão dos irmãos Vieira o governo tem afirmado combate à corrupção. Seria tal variável capaz de explicar os 80% de aprovação de Dilma e o fato de o Ibope mostrá-la a frente de Lula num cenário improvável e precoce para 2014?Em 2006 o PSDB apostou no escândalo do Mensalão para eleger Alckmin presidente. Era o óbvio para segmentos da sociedade que colocavam a ética acima dos resultados propagandeados pelo governo. O PT respondeu com o bordão “deixa o homem trabalhar”, sugerindo que o país avançava a despeito da crítica moral e legal. O quadro se repetiu em 2010. Serra começou afirmando ser amigo de Lula, sugerindo a troca do Silva pelo Zé. Terminou utilizando os escândalos de Erenice Guerra na Casa Civil. A popularidade de Lula, no entanto, elegeu Dilma.
Em 1989 Lula se disse vítima do uso de questões pessoais por parte da campanha de Collor. O que uma filha fora do casamento teria de relação com sua capacidade de presidir a nação? Hoje vemos que como presidente Lula trouxe sua vida pessoal para o setor público, permitindo que sua amiga-assessora Rose Noronha operasse a máquina federal. Tais questões abalam Lula?
Escândalos o têm atingido desde sua saída da presidência. A conversa com Gilmar Mendes, intermediada por Nelson Jobim é emblemática. Tais acusações seriam capazes de lhe tirar capital político? Ainda é cedo para saber. Nas eleições municipais, o desejo de mudança e novidade na cidade de São Paulo, associado ao patrimônio de votos do PT parecem mais fortes que a imagem do ex-presidente, apesar de Haddad ser criação sua. Mas se a maior joia da coroa municipal foi conquistada, o que dizer das derrotas em Salvador, Manaus, Porto Alegre, Recife e Belo Horizonte? Como desprezar a relevância histórica da derrota em Diadema? Lula se envolveu em parte expressiva dessas cidades.
Em meio à conjuntura há quem aposte que Lula perdeu fôlego. Não apenas por sua doença ou pela incapacidade de separar o público do privado. Mas porque Dilma leva adiante o sonho econômico brasileiro. E esse talvez seja o ponto crucial. Prova disso é que Aécio foi lançado à presidência avaliando que mergulhamos em desastre econômico. A operação Porto Seguro foi lembrada, mas os holofotes não lhe dão exclusividade, pelo contrário. A oposição sabe que se o Brasil chegar bem em 2014, o homem vai continuar trabalhando!