Avanços e temores na América Latina

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  • sábado, 15 de dezembro de 2012
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  • Editorial do jornal Brasil de Fato:

    Na última semana, alguns fatos sacudiram a conjuntura da América Latina. Entre os acontecimentos positivos, que tem muita influência na correlação de forças da luta de classes internacionais e do continente, destacam-se, em primeiro lugar a reunião de Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados, realizada dia 7, em Brasília. A reunião foi muito importante porque manteve o isolamento do governo golpista do Paraguai e aceitou a condição de membros associados a Bolívia e o Equador, antes eram apenas observadores.

    Assim, o bloco deixa de ser apenas um acordo comercial de tarifas aduaneiras e caminha a passos largos no sentido mais político de se transformar no instrumento de integração econômica da Unasul. Espera-se que com as novas adesões o Mercosul passe então a ser uma ferramenta de todos os países da América do Sul. Será apenas uma questão de tempo. Em janeiro haverá reunião da Unasul no Chile. Oxalá os presidentes possam acelerar o passo nesse caminho de maior integração política e econômica da América do Sul.

    Assim, com a adesão de todos os países, o Mercosul poderá deixar de ser apenas um acordo de conveniências comerciais que na atualidade beneficia apenas a grandes empresas exportadoras da Argentina e do Brasil, como denunciou seu ex-secretário executivo embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, para transformar-se de fato num bloco econômico que construa uma integração econômica, monetária e fiscal da América do Sul. Nesse sentido, quem sabe, abram as portas para acelerar a adoção do Sucre como uma moeda de intercâmbio comercial fora da esfera do dólar e a implantação – já aprovada – do Banco do Sul, que representaria uma alternativa para os depósitos em moeda estrangeira de nossos países, que ora estão em Nova Iorque!

    O segundo fato positivo foi a coragem do governo da Argentina em travar a batalha contra o monopólio dos meios de comunicação em seu país. O grupo econômico Clarín controla a ampla maioria da mídia burguesa local, na televisão, revistas e jornais. Basta saber que o grupo tem mais de 200 licenças de televisões regionais, além do jornal impresso, revistas e páginas na internet. Pois bem, a nova lei aprovada pelo Congresso argentino, que entrou em vigor agora em dezembro, permite que um mesmo grupo econômico controle apenas 30 concessões públicas. E mesmo assim a burguesia midiática argentina está esperneando. 

    De fato a presidenta Cristina acertou no coração e no fígado da burguesia argentina, sempre muy subserviente aos interesses do capital internacional. Mas lá como cá, a burguesia buscou abrigo entre o Poder Judiciário e não faltaram “funcionários” de plantão para tentar anular a lei já aprovada no Congresso. No entanto, veio ao conhecimento do público que os juízes agora tão servis, recentemente recebiam favores do grupo Clarin. Ou seja, tudo em família.

    A América Latina está atenta e torcendo para que o governo Argentino consolide a sua “Lei de Medios”, que de fato seria um passo importantíssimo para um processo de redemocratização da imprensa na Argentina com consequências em todo o continente.

    Aqui no Brasil, o corajoso Mino Carta publicou na revista Carta Capital ampla reportagem denunciando a nova modalidade de golpes da burguesia em curso em todo continente: uma diabólica aliança entre o Poder Judiciário e a imprensa burguesa. Essa costura de articulações golpistas é feita em nível continental pelas reuniões da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) e pela entidade coordenada pela Globo, com sede no Brasil chamada Instituto Millenium. Falar das operações clandestinas da CIA e seus tentáculos, nesses casos, seria quase redundância.

    Já o governo brasileiro está em dívida com a sociedade brasileira em relação a uma atitude democrática e mais corajosa frente à ofensiva da direita na imprensa burguesa. Continua gastando a maior parte dos recursos públicos, de todos os brasileiros, para financiar e locupletar os balanços dos grandes veículos da burguesia como a Globo, revista Veja etc., que fazem campanha cotidiana contra o governo e os avanças sociais no Brasil. Recentemente elegeram dois novos ícones para a direita brasileira: o presidente do STF e o presidente do PSB. Falta apenas eles combinarem com o povo, se aceitaremos seus líderes, como fizeram tantas vezes no passado, por exemplo, com o fatídico caso Collor e outros personagens Globais!

    Já a notícia ruim para a correlação de forças da América Latina é o ressurgimento da enfermidade do presidente Chávez. A enfermidade causa preocupações humanitárias, pelo sofrimento e pela falta de saúde e energia necessárias ao mandatário da Venezuela. E seu afastamento, mesmo que temporário, do comando do governo, sempre desperta anseios golpistas e manipulações de todo tipo por parte da burguesia venezuelana e seus aliados nos Estados Unidos. Todas as forças progressistas do continente – que apoiamos o processo de mudanças na Venezuela – estamos atentos e preocupados para que haja um desfecho positivo e que o presidente Chávez volte a assumir seu posto, eleito democraticamente pelo povo da Venezuela.
     
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