Tucanos divergem sobre a melhor postura do senador, consolidado como principal oposicionista
Expectativa é de conciliação entre críticas à corrupção e novas propostas
Isabella Lacerda
O ano de 2013 tem sido encarado pelo PSDB como o período ideal para o senador Aécio Neves consolidar sua postura como o próximo candidato da oposição a disputar a Presidência da República. Estratégias já estão sendo pensadas pelos tucanos, mas a definição do melhor caminho ainda é dúvida.
O primeiro passo, segundo alguns, era a consolidação, "agora ou nunca", do nome do ex-governador mineiro como o maior líder da oposição, o que, para alguns, ainda está longe de acontecer.
Se a postura política já está bem encaminhada, a principal bandeira a ser levantada por Aécio ainda é motivo de conflitos de opiniões. Enquanto as lideranças do partido de fora de Minas acreditam que a única forma de o senador alavancar seu nome é adotando uma postura de "moralizador", colocando em cheque os maiores escândalos do PT no comando do país, os tucanos de Minas acreditam que o melhor caminho é outro.
"Aécio tem seguido uma estratégia já planejada de deixar para o início de 2013 um posicionamento mais objetivo e claro sobre a sua candidatura, apontado de forma mais forte os erros do governo e, enfim, se posicionando como líder da oposição", explica o deputado federal Paulo Abi-Ackel.
Segundo o tucano, no entanto, apesar de a moralização da política ser um tema necessário na discussão, a modernização da gestão e as questões da federação são mais urgentes e importantes. Entre elas, o pacto federativo e as reformas fundamentais, como a da federação, a tributária e a política.
Na mesma linha, o presidente estadual do PSDB, deputado federal Marcus Pestana, já consegue sugerir cinco temas fundamentais para nortear a postura do futuro candidato à Presidência.
Entre eles, no âmbito econômico, um pacto mais forte com o setor privado; um Estado mais forte e "enxuto" do ponto de vista da máquina pública; e o fortalecimento dos Estados e municípios no que diz respeito aos repasses de recursos pela União.
Além desses, Pestana também inclui a criação de uma política social que não se resuma à transferência de renda e uma melhor capacidade de diálogo com a sociedade.
Viagens. Para trabalhar o desconhecimento, Aécio deve assumir, a partir de abril de 2013, a presidência nacional do PSDB.
O cargo é visto como uma oportunidade para o senador aumentar as viagens pelo país e passar a ser conhecido pelo eleitorados, especialmente em duas regiões: Norte e Nordeste. Em ambas, o PT tem grande força e, historicamente, conquista a maior parte dos votos.
Outra vantagem em comandar o partido é a possibilidade de ocupar todos os espaços da sigla na televisão, o que deve ocorrer nas inserções gratuitas da sigla previstas em lei.
Partido quer encontro nacional
Antes do lançamento oficial da candidatura do senador Aécio Neves à Presidência da República, o PSDB de Minas defende a realização de um congresso nacional do partido. A proposta foi sugerida pelo presidente estadual da legenda, deputado federal Marcus Pestana, e está sendo analisada pela Executiva Nacional da sigla.
O objetivo é colocar a candidatura do tucano como um "clamor" de todo o partido, já que o encontro reuniria todas as alas do PSDB no país, desde detentores de mandatos a apenas filiados. Cada um deles receberia um texto-base, elaborado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, direcionando estratégias para a oposição.
Caso tenha apoio, o congresso deve ser realizado em 2013. A partir dele, também poderia haver uma consulta sobre possíveis discursos a serem adotados por Aécio ao longo do ano, como forma de fortalecer seu caráter oposicionista. O grande encontro também deve ajudar a elaborar um plano de governo para o senador seguir em 2014.
"Campanha precisa ser profissional"
Em Minas, as principais lideranças do PSDB já pensam em "instrumentalizar" a campanha do senador Aécio Neves e tratá-la, já a partir de agora, de uma forma "mais profissional".
Esse seria um dos primeiros passos pensados pelos tucanos para disputar com a máquina pública que a presidente Dilma Rousseff tem à disposição desde que foi eleita, em 2010.
Essas estratégias já contemplam a escolha, desde já, de um marqueteiro para traçar as estratégias de imagens a serem passadas ao eleitor brasileiro, a realização de pesquisas internas e a escolha de uma marca para um possível governo, que será a "porta de visita" de Aécio durante as suas viagens. A expectativa é que elas aconteçam por todo o país.
Fonte: O Tempo (MG)