Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho:
A semana começou repleta de teorias conspiratórias, em virtude do escândalo envolvendo a chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Noronha. A teoria tem razão de ser. A ala da Polícia Federal que invadiu o escritório já começou a vazar – seletivamente – para a imprensa dados sigilosos à mídia. O alvo, como sempre, é Lula. Dessa vez, encontraram um flanco desguarnecido, e os ataques serão pesados.
Em sua coluna de hoje, Merval Pereira já iniciou o que parece ser a nova linha de ataque: chegar à presidenta. Lula não é mais presidente e os ataques desferidos contra ele não costumam dar resultado, até porque a maioria da população já se acostumou com a artilharia diária da mídia contra seu líder. O bicho pega, como sempre, em setores minoritários (embora influentes) da classe média.
Os primeiros dias de um escândalo são os mais propícios ao sensacionalismo, porque ainda há um grande conjunto de informações não confirmadas. São jogados nomes, fatos, e dados no ar sem critério. Há um clima de perplexidade e irritação.
A mídia aproveita o nervosismo coletivo para fazer bombardeios pesados, amarrando escândalos uns nos outros, mesmo que um não tenha nada a ver com outro. É assim que, nas matérias que falam em Rosemary, acaba-se falando em Dirceu, em mensalão. Colunistas passam a fustigar Lula por coisas que ele sequer disse. Manchetes são feitas em cima delas. Criam-se ilações inspiradas nessas manchetes, e outros colunistas elocubram sobre essas teorias, tecendo-se um fio interminável de intrigas. Daí publicam-se centenas de cartinhas com base em teses que, no dia seguinte, esvaziam-se.
O que sempre impressiona é o nível de agressividade dos jornalões. Por exemplo, observe essa missiva publicada no Estadão de hoje:
Este é um jornal que recebe recursos públicos, via publicidade institucional! Isso aí, a meu ver, não é fazer oposição, é apelar para a baixaria.
Por outro lado, é uma oportunidade a mais para forçar o governo federal a não apenas combater duramente a corrupção. Isso é uma obrigação ética óbvia. É preciso também possuir um serviço de inteligência que previna esse tipo de escândalo antes que ele aconteça, sobretudo se ele se dá nas imediações da presidência da república.
Não vamos dourar a pílula. Mesmo com toda a exploração e sensacionalismo, temos um escândalo genuíno, que não foi criado pela imprensa. Não é uma história fantasiosa da Veja. É uma operação da Polícia Federal, mesmo que de uma ala dissidente, mesmo que movida pelo desejo de infringir dano ao governo por questões sindicais internas.
Essas brigas domésticas podem ter consequências salutares e saneadoras. Os envolvidos agiam com uma desenvoltura acima de qualquer racionalidade. O tal Vieira, diretor da Anac, pede a um funcionário do Ministério da Educação uma senha para alterar dados de uma faculdade pertencente à sua família, e este fornece, descaradamente!
Pareceres internos fraudados, tráfico de influência, corrupção ativa, o escândalo é daqueles de dar náuseas, e se for para combater esse tipo de podridão, até vale a pena enfrentarmos uma crise política e assistirmos o governo apanhar um bocado da mídia e da oposição.
Entretanto, não vamos esquecer que o golpe contra Getúlio teve resultado porque havia, de fato, problemas de corrupção, e houve tentativa de assassinato de uma figura ligada à oposição. Atiraram em Lacerda, mas acertaram, fatalmente, no Major Vaz.
A luta contra a corrupção deve ser constante, mas é triste que, no Brasil, ela seja, sistematicamente instrumentalizada para desestabilizar/derrubar governos trabalhistas. Há um clima de golpe constante na sociedade, sempre instigado pela mídia, o que nos obriga a jamais descansar, jamais relaxar.
Em sua coluna de hoje, Merval Pereira já iniciou o que parece ser a nova linha de ataque: chegar à presidenta. Lula não é mais presidente e os ataques desferidos contra ele não costumam dar resultado, até porque a maioria da população já se acostumou com a artilharia diária da mídia contra seu líder. O bicho pega, como sempre, em setores minoritários (embora influentes) da classe média.
Os primeiros dias de um escândalo são os mais propícios ao sensacionalismo, porque ainda há um grande conjunto de informações não confirmadas. São jogados nomes, fatos, e dados no ar sem critério. Há um clima de perplexidade e irritação.
A mídia aproveita o nervosismo coletivo para fazer bombardeios pesados, amarrando escândalos uns nos outros, mesmo que um não tenha nada a ver com outro. É assim que, nas matérias que falam em Rosemary, acaba-se falando em Dirceu, em mensalão. Colunistas passam a fustigar Lula por coisas que ele sequer disse. Manchetes são feitas em cima delas. Criam-se ilações inspiradas nessas manchetes, e outros colunistas elocubram sobre essas teorias, tecendo-se um fio interminável de intrigas. Daí publicam-se centenas de cartinhas com base em teses que, no dia seguinte, esvaziam-se.
O que sempre impressiona é o nível de agressividade dos jornalões. Por exemplo, observe essa missiva publicada no Estadão de hoje:
Este é um jornal que recebe recursos públicos, via publicidade institucional! Isso aí, a meu ver, não é fazer oposição, é apelar para a baixaria.
Por outro lado, é uma oportunidade a mais para forçar o governo federal a não apenas combater duramente a corrupção. Isso é uma obrigação ética óbvia. É preciso também possuir um serviço de inteligência que previna esse tipo de escândalo antes que ele aconteça, sobretudo se ele se dá nas imediações da presidência da república.
Não vamos dourar a pílula. Mesmo com toda a exploração e sensacionalismo, temos um escândalo genuíno, que não foi criado pela imprensa. Não é uma história fantasiosa da Veja. É uma operação da Polícia Federal, mesmo que de uma ala dissidente, mesmo que movida pelo desejo de infringir dano ao governo por questões sindicais internas.
Essas brigas domésticas podem ter consequências salutares e saneadoras. Os envolvidos agiam com uma desenvoltura acima de qualquer racionalidade. O tal Vieira, diretor da Anac, pede a um funcionário do Ministério da Educação uma senha para alterar dados de uma faculdade pertencente à sua família, e este fornece, descaradamente!
Pareceres internos fraudados, tráfico de influência, corrupção ativa, o escândalo é daqueles de dar náuseas, e se for para combater esse tipo de podridão, até vale a pena enfrentarmos uma crise política e assistirmos o governo apanhar um bocado da mídia e da oposição.
Entretanto, não vamos esquecer que o golpe contra Getúlio teve resultado porque havia, de fato, problemas de corrupção, e houve tentativa de assassinato de uma figura ligada à oposição. Atiraram em Lacerda, mas acertaram, fatalmente, no Major Vaz.
A luta contra a corrupção deve ser constante, mas é triste que, no Brasil, ela seja, sistematicamente instrumentalizada para desestabilizar/derrubar governos trabalhistas. Há um clima de golpe constante na sociedade, sempre instigado pela mídia, o que nos obriga a jamais descansar, jamais relaxar.