1a. parte
Haddad venceu e esteve bem melhor no debate do que José Serra. Estava melhor preparado, mais concentrado, e mais convincente do que Serra, que mostrou um certo cansaço.
Uma análise generosa para o lado do tucano no debate dá vitória do Haddad por 20 x 5 pontos.
Uma análise mais considerando afinidade ideológica, poderia dar uns 23 x 2 pontos a favor de Haddad.
Haddad 1 x 0 - Perguntou sobre avaliação que Serra faz da gestão Kassab. Obrigou Serra a ficar na defensiva e mostrar caráter duvidoso ao querer se esquivar de Kassab, já que foi ele quem o colocou na prefeitura.
Haddad 3 x 1 - Serra pergunta saúde da mulher, para fazer propaganda de seu programa mãe paulistana.
Haddad desnorteia Serra ao dizer que o tucano tem uma visão limitada da mulher: vê ela apenas como gestante, enquanto ele (Haddad) preocupa-se com a saúda da mulher criança, jovem, trabalhadora até a idade avançada. Disse que o mãe paulistana é um bom programa.
Serra ficou na defensiva, e perdeu a vantagem de propagar seu programa.
Na tréplica Haddad ainda acertou ao dizer que a mulher é quem mais sofre inclusive no transporte público lotado, por falta de investimento suficiente na gestão Serra-Kassab.
Haddad marcou 2 pontos e Serra conseguiu marcar 1 porque, bem ou mal, vendeu seu peixe.
Haddad 5 x 1 - pergunta sobre aumento da criminalidade como ex-governador e o que Serra fará como prefeito.
Serra fica na defensiva, e repete o que fala em seu programa de TV: operação delegada, diz que resolverá a má iluminação pública em 1 ano, aumento da guarda municipal.
Haddad critica a explosão de homicídios. Mostra que a iluminação teve 8 anos para resolver. Diz que fará policiamento comunitário.
Sera empurra o assunto para o crack e fronteiras, governo federal, mas não convence como agirá como prefeito.
Haddad marcou 2 pontos, porque cobrou a responsabilidade da gestão demotucana, e Serra respondeu mal.
Haddad 6 x 1 - Serra pergunta sobre Metrô e monotrilho.
Haddad responde que vai investir nos dois, mas também em corredores do ônibus, que Kassab prometeu e não fez. Disse que o metrô está com cronograma atrasado.
Serra fica na defensiva, e usa o tempo para falar do que fez como governador, e do que o governo estadual está fazendo a longo prazo.
Haddad diz que Serra está repetindo promessas do passado, e estão sendo adiadas a cada ano.
Neste próximo bloco os temas são sorteados.
Haddad 7 x 2 - Cabe a Serra perguntar sobre corrupção. Acusa o PT pelo "mensalão", e pede a Haddad para explicar o escândalo.
Haddad se sai bem dizendo que Serra está mais preparado para responder sobre o assunto, por ter mais familiaridade com o mensalão tucano, mais antigo e que funcionou mais tempo. Diz que no governo do PT as instituições não foram impedidas de funcionar, e que não há impunidade.
Serra insiste em bater boca. Tira da cartola que o "mensalão" teria movimentado 200 milhões (porém Serra não disse que esse dinheiro ainda não foi rastreado), e daria para construir muitas unidades de saúde.
Haddad responde bem dizendo que o governo Lula e Dilma não tem problemas com apurar tudo o que tiver que ser apurado e diz que o Aref sozinho, um único funcionário, conseguiu esse valor em imóveis.
Como o tema não beneficiou nenhum dos dois, deu empate, e cada um marcou um ponto.
Haddad 9 x 3 - Coube ao petista perguntar sobre transporte. Por que Serra-Kassab não fez corredores de ônibus?
Serra desviou o assunto para o Metrô. Inventou uma desculpa esfarrapda de que teve que "consertar" os corredores de ônibus deixados pela gestão de Marta que ficaram "estragados" (ninguém entendeu bem o que quiz dizer). Disse que vai implantar o bilhete único de 6 horas.
Haddad ironizou dizendo que era proposta tirada da cartola de última hora e cópia da proposta de Levy Fidelix no segundo turno. Reafirmou que construirá 150km de corredores de ônibus e investirá no metro cobrando cronograma. Estourou o tempo.
Serra diz que que não tirou da cartola e sim da cachola.
Haddad marcou 2 pontos porque argumentou melhor e mostrou proposta. Serra marcou 1 ponto porque conseguiu passar a mensagem das tais 6 horas, que ele queria passar.
Haddad 10 x 3 - Coube a Serra perguntar sobre Educação e ele usou a pergunta para repetir o que fala no programa eleitoral.
Haddad diz que trará o programa de turno integral nas escolas, o programa de qualificação dos professores, e cumprirá pauta de compromissos assumido com os professores.
Serra fala que deu aumento na gestão Serra-Kassab, que dará 25% de aumento nos próximos anos, e fará centro de reciclagem de professores, além de dar piso aos professores das creches conveniadas.
Haddad ironiza que não cabe a palavra reciclagem ao professor, e diz que o reajuste de 25% nos próximos anos é lei já aprovada, e ele como prefeito vai cumprir.
Haddad marcou 1 ponto e Serra ficou na mesma.
Haddad 12 x 3 - Coube a Haddad perguntar sobre habitação. Pergunto a Serra se achava a meta de 3500 moradias por ano executada na gestão Serra-Kassab razoável?
Serra usou de malandragem para travar o debate e ganhar tempo, em um tema que lhe é desfavorável. Disse que Haddad está muito nervoso e isso não ajudaria no debate. Depois entrou na resposta dando desculpa que investiu em saneamento e urbanização, como se fosse em moradia.
Haddad replicou que o que Serra acha nervosismo é indignação. Disse que visitou áreas mais carentes da cidade, e que se Serra percorresse estas áreas carentes das cidades ficaria tão indignado quanto ele.
Serra ficou na defensiva enrolando, dizendo que São Paulo é cheia de problemas e ele é "resolvedor". Acusou de ter feito mais creches do gestões anteriores do PT, e estourou o tempo.
Haddad marcou 2 pontos porque mostrou o mau desempenho de Serra-Kassab na habitação e tranformou a malandragem do Serra em indignação.
Haddad 13 x 4 - Serra pergunta sobre medicamentos. Diz que quando chegou a prefeitura estaria paralisado, e teria informatizado, criado o remédio em casa e vai criar a cesta para o idoso.
Haddad disse que os programas são bons conceitualmente, mas há problemas de gestão e não atinge toda a população que precisa, porque faltam médicos, há filas para consultas, exames, então tem muita gente que nem consegue receita para ter direito ao remédio. Disse que a saúde tem hoje 4 vezes mais orçamento do que antes de Serra-Kassab, e o atendimento não acompanhou esse crescimento nas verbas.
Serra volta a falar do mãe paulistana, e diz que dará uma bolsa creche de 200 reais.
Haddad diz que há 8 anos as medidas simples que Serra anuncia não foram feitas. Diz que fará 3 hospitais, critica 25% dos leitos, e criará a rede hora certa.
Cada um marcou 1 ponto (Haddad foi melhor, mas Serra tem uma imagem vinculada à saúde criada pela propaganda)
Haddad 15 x 4 - Haddad questiona Serra ignorar as parcerias federais em suas propostas, citando diversos programas de sucesso como o Prouni.
Serra diz que a prefeitura tem vários convenios com o gov. federal, e muda de assunto atacando o PT repetindo o boato de que Haddad acabaria com as OS`s.
Haddad diz que tem um programa de governo só desde o início da campanha e nunca previu acabar com OS's, e que Serra não pode propagar boatos, quando ele está dizendo ali ao vivo que não vai manter.
Serra insiste em usar declarações em outro contexto do Haddad, e até do Dirceu. Estourou o tempo.
Haddad marcou 2 pontos. Mostrou que Serra não tem boa vontade em parcerias com o governo federal por politicagem e ambição eleitoral. E Serra foi antipático ao insistir em boatos, que caíram no vazio com o próprio Haddad desmentindo ali ao vivo.
Haddad 16 x 5 - Serra pergunta sobre suposto fechamento de leitos em Hospitais Universitários.
Haddad diz que Serra está mal informado e desatualizado. Disse que se houve problemas nos Hospitais Universitários foi porque a oposição atrasou aprovação de medida provisória para contratar pessoal, o que foi resolvido por decreto.
Haddad disse que a gestão Serra-Kassab é que está devendo hospitais e leitos. prometidos. Disse também que, como ministro da Educação, autorizou curso de medicina no Santa Marcelina, gestora de uma OS.
Serra faz terrorismo ao dizer que as OS's "ficaram em pânico". Serra apela para 12 anos atrás quando era ministro da saúde para falar de realizações, o que só comprova que não fez quando eque quando era ministro da saúde reformou para o bom entendedor comprova que a gestão Serra-Kassab não fez nada na prefeitura.
Haddad se concentrou em papéis e se atrapalhou na tréplica, achando que era para fazer a próxima pergunta. Corrigiu, não chegando a comprometer. Disse que Serra não mencionou o governo federal na resposta, e disse que há uma contradição de Serra quando diz que precisa voltar recursos para São Paulo, e o tucano não busca, com projetos que viabilizem as parcerias.
Cada um marcou um ponto. O assunto saúde favorece Serra, mas Haddad foi mais convincente.
Haddad 18 x 5 - Haddad pergunta sobre ausência de politica social na gestão demotucana, pois aumentou população de rua em São Paulo, mesmo com crescimento econômico e com aumento do emprego.
Serra recorre ao escapismo. Diz que o dinheiro do "mensalão" é que faz falta para política social. Diz que tem muita coisa pra mostrar em seu passado na área social, e cita o FAT, mutirões da saúde, ensino técnico, rede Lucy Montoro. (Detalhe: nada disso tem a ver com a prefeitura, com os 8 anos de Serra-Kassab).
Haddad diz que vai trazer todos os programas sociais federais e que não tem cabimento não trazer por capricho. Diz que a educação em São Paulo está abaixo da meta, pior do que cidades com menos recursos, como Teresina, que evoluíram mais.
Serra repete que a prefeitura tem 83 convênios com o governo federal, enrola mas não explica.
Haddad marcou 2 pontos. Vendeu seu peixe na área social onde sua imagem é forte e a de Serra é fraca, e Serra se enrolou.
Haddad 20 x 5 - Entra nas considerações finais. Cada um marca um ponto ao vender seu peixe. Haddad marca outro ponto a mais ao dizer que quer trabalhar por 4 anos sem renunciar (o que faz lembrar a renúncia de Serra). Serra perdeu o ponto que ganhou ao insistir no "mensalão", o que costuma trazer rejeição para ele mesmo. Afinal Haddad é renovação na política, e Serra é quem é político profissional convivendo com as mazelas há décadas.
