A última morte provocada pela KPC ocorreu no início deste mês, no Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, onde cinco pacientes continuam isolados aguardando o resultado dos exames das amostras encaminhadas ao Laboratório Central (Lacen) do estado. Na mesma época, outros três pacientes apresentaram a bactéria: dois morreram por causas diversas e um recebeu alta médica.
No Paraná, o último surto de KPC aconteceu em Londrina há cerca de dois anos, no Hospital Universitário (HU). Para evitar uma contaminação em massa, a direção do hospital, que havia anunciado a infecção de 27 pacientes, decidiu restringir o atendimento no pronto-socorro.
Problema ainda longe de ter as reais proporções conhecidas, a infecção por bactérias multirresistentes não é de notificação obrigatória à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Apenas alguns estados mantêm sistemas próprios de registro dos casos, que ajudam na elaboração de protocolos e de procedimentos preventivos e emergenciais.
Desinformação
“A falta de um indicador nacional confiável leva o problema a ser tratado de forma isolada, quando deveria ser enfrentado em conjunto”, aponta o chefe da Vigilância Sanitária Estadual, Paulo Santana. O primeiro passo, completa o supervisor da Vigilância em Saúde da Sesa, Sezifredo Paz, está na conscientização dos profissionais de saúde sobre a importância de se respeitar os mecanismos de controle das infecções. “Há uma desinformação geral sobre o assunto, o que faz cada um ter uma reação, seja supervalorizando ou menosprezando os riscos.”
Com o objetivo de garantir maior controle sobre as infecções hospitalares, uma equipe de técnicos do departamento de Vigilância em Saúde está visitando as 167 UTIs do estado – até agora foram 161. “Neste momento estamos traçando um diagnóstico da situação e fazendo as recomendações necessárias. A ideia é criar ações padronizadas e eficientes”, explica Paz.
O perigo das bactérias multirresistentes
As bactérias multirresistentes, chamadas assim por criarem resistência a certos antibióticos a ponto de esses medicamentos não surtirem mais efeito sobre elas, podem causar vários problemas aos pacientes infectados, desde uma simples ferida na pele até a morte por infecção generalizada. Ao penetrar na corrente sanguínea de pessoas com a imunidade já debilitada em função de algumas doenças, especialmente as respiratórias, agravam consideravelmente o quadro clínico do paciente.
Vulnerabilidade
Segundo a coordenadora do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde do Paraná, Ângela Maron, os mais vulneráveis são os internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Presentes em cateteres, sondas urinárias e tubos de respiração, as bactérias se espalham facilmente. “Esses pacientes são manipulados o tempo todo e essa manipulação constante é um dos mecanismos de entrada mais propícios à infecção”, observa. Entre as superbactérias, a mais comum ainda é a KPC.
Antibióticos
Outro agravante é o uso incorreto de antibióticos. “O consumo indiscriminado de antibióticos é um problema grave que precisa ser combatido. Como as bactérias vêm criando resistência cada vez maior e mais rápida, o tratamento de certas doenças exige o uso de antibióticos de última geração, mais fortes e mais caros”, reforça o secretário de Saúde de Foz do Iguaçu, Alexandre Kraemer. Os cuidados para evitar o contágio, alerta, precisam ser respeitados por todos os profissionais de saúde. “Infelizmente os médicos não gostam de lavar as mãos”, afirma.
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