O Encontro Nacional de Comunicação do PCdoB, ininciado em São Paulo na última sexta-feira (1º), termina neste domingo (3). Durante os trabalhos no sábado, o jornalista José Reinaldo Carvalho, secretário nacional de Comunicação do Partido, expôs diretrizes para a ação do setor durante a campanha eleitoral e as linhas gerais da atividade nessa área, destacando que sua essência é a luta de ideias. Leia a íntegra da intervenção.
Realizamos mais um Encontro Nacional de Comunicação do nosso Partido, em meio às celebrações do 90º aniversário do Partido, do 10º aniversário do Portal Vermelho e às vésperas de se iniciar a campanha das eleições municipais.
Nesta ocasião, estamos lançando uma cartilha voltada para o militante da campanha e os candidatos a vereadores e prefeitos.
A campanha eleitoral é uma grande batalha política. Estão em jogo os destinos das cidades. Hoje, nas médias e grandes cidades e ainda mais nas metrópoles, a vida tem se tornado difícil, em face da profunda crise urbana. O comentário mais comum dos cidadãos é “A cidade está um caos”. A campanha eleitoral municipal é uma oportunidade para o povo debater em profundidade estes problemas e comprometer os candidatos com a sua efetiva solução. É hora de pôr fim à demagogia e às propostas mirabolantes, estapafúrdias e irrealizáveis de fundo eleitoreiro.
Propostas mobilizadoras
Por isso os candidatos comunistas devem ir ao encontro do povo com propostas mobilizadoras, construtivas e viáveis, para construirmos cidades mais humanas. O encontro de comunicação pretende contribuir para este debate e sobre a linguagem mais adequada dos materiais de campanha.
Os comunistas podem e devem fazer uma campanha diferente. Sem inventar a roda e sabendo que devem usar à exaustão os modernos meios de comunicação e as modernas técnicas de campanha eleitoral, que exigem profissionalismo, fazemos uma campanha militante.
Desde 1985, quando o nosso Partido conquistou a legalidade, temos participado dos processos eleitorais, fazendo política ao lado das forças progressistas do país e do povo brasileiro. Gente comum, trabalhadores das cidades e do campo, jovens, mulheres, negros, estudantes, artistas, líderes comunitários, esportistas, cientistas, cidadãos de todos os lugares que sonham com a transformação de seu futuro.
As eleições estão cada vez mais profissionais, organizadas e caras. Que sejam organizadas e profissionais no sentido do uso de ferramentas modernas, isto é uma tendência dos tempos e faz bem o nosso Partido em se especializar. Mas que seja cara e que eleger candidatos exija rios e montanhas de dinheiro e financiamento privado que só reforça o poder econômico nos processos eleitorais, isto é um fenômeno antirrepublicano que devemos combater cada vez mais politicamente, exigindo financiamento público exclusivo das campanhas eleitorais.
Vencer a batalha requer equipe disposta, planejamento, organização e, principalmente, militância. O objetivo do nosso seminário, assim como da cartilha que estamos lançando, é reunir uma série de reflexões, dicas e sugestões sobre os mais diversos aspectos da campanha: Estrutura de trabalho, comunicação, rádio e TV, internet, redes sociais, questões jurídicas e financeiras para colaborar com este momento importante da sua vida.
Campanha politizada
Os comunistas fazem uma campanha politizada, em sintonia com as mais sentidas aspirações do povo brasileiro. Defendem a solução adequada para os graves problemas que afetam a vida da população nas cidades pequenas e médias e nas metrópoles. Ao mesmo tempo, lutam por plataformas nacionais, que têm tudo a ver com o futuro do país.
Nas campanhas eleitorais, os candidatos comunistas traduzem em linguagem popular as bandeiras programáticas do Partido. Estão em pauta a luta pelo desenvolvimento nacional com justiça e progresso social e valorização do trabalho, assim como por reformas estruturais democráticas que façam do nosso país uma forte nação progressista. Não perdemos de vista as reivindicações fundamentais do povo e procuramos demonstrar a relação que têm com a luta pelo socialismo.
É isso o que marca a campanha do PCdoB, a disposição dos seus candidatos, a vontade de superar os maiores desafios e o desejo real de mudar o Brasil. Mas só vontade não basta. É necessário que o militante forme e organize uma rede de apoiadores nas ruas, bairros, associações e sindicados. Nosso projeto deve estar em atividades de ruas, intervenções em mídias sociais e também no debate de ideias do dia a dia.
Comunicação, planejamento, organização e politização das campanhas e das lutas são imprescindíveis para uma vitória.
Ao enfrentar a batalha eleitoral, os comunistas não perdem de vista que a crise da vida urbana está relacionada com os problemas estruturais do Brasil e do mundo. Os militantes do PCdoB e os candidatos comunistas debatem os problemas locais em sintonia com as formulações mais gerais do programa partidário. Como concatenar estas questões nos materiais de campanha é um desafio para a área de comunicação, o desafio, portanto, do nosso seminário.
Luta de ideias
Um encontro desta envergadura é um momento propício também para passar em revista a luta de ideias. Recentemente, celebramos o 90º aniversário da fundação do partido, ocasião em que a história, os personagens mais destacados das diversas etapas do partido, suas lutas, sua identidade, seus programas e sua ideologia estiveram na ordem do dia nas reuniões internas e nos eventos públicos organizados pelo partido.
É que não desvinculamos a luta concreta cotidiana da identidade política e ideológica do partido. Somos um partido comunista, de trabalhadores, empenhado na luta pelo socialismo no Brasil e na emancipação da humanidade. Somos de esquerda, patriotas e internacionalistas. E temos uma doutrina científica, o marxismo-leninismo.
Faz parte deste Encontro de Comunicação a celebração do 10º aniversário do Portal Vermelho.
O Portal Vermelho, a esquerda bem informada, completa sua primeira década de existência, com um rico balanço de realizações. Somos um dos porta-vozes legítimos da esquerda, dos movimentos populares e de suas justas reivindicações, uma trincheira na luta contra a mídia golpista e pela democratização dos meios de comunicação. Reivindicamos a herança histórica, nacional e internacional da imprensa operária, popular, de esquerda, socialista e comunista.
Pertencemos à linhagem das publicações que fizeram e fazem a propaganda das ideias do socialismo. Este ano, o jornal soviético Pravda, a Verdade, em português, completou 100 anos de existência. No ano passado, completou 110 anos o jornal A Iskra, Centelha, em Português. Na mesma época Lênin escreveu sua célebre obra Que Fazer?, quando desenvolveu a tese da construção do partido comunista e elaborou não um modelo de organização, mas demonstrou algo essencial para a luta, um conteúdo que se consubstanciou em princípios organizativos.
O líder da Revolução de Outubro no citado livro formulou a pergunta: “Por Onde Começar?” Concluiu que seria criando um jornal, cuja função precípua era propagar as ideias revolucionárias, educar a classe trabalhadora, difundir o programa socialista e constituir-se como núcleo organizador. Ao invocar esta passagem da história do Movimento Comunista, afirmamos que ainda hoje fazemos jornalismo revolucionário inspirados no Pravda e na Iskra. Reivindicamos a tradição leninista e nos sentimos herdeiros dessas publicações.
Os tempos atuais são outros, a exigir novas formas, novos métodos, linguagem contemporânea, atenção para fenômenos sociais, culturais e políticos surpreendentes, antes inimagináveis, entre eles a revolução tecnológica na área da informação.
Sede de aprender
Lidamos com uma correlação de forças ainda desfavorável aos que querem mudar o mundo. Por isso, atuamos com a mente aberta e sequiosos de aprender as melhores maneiras de fazer com que nossa mensagem chegue à esmagadora maioria da população e, como dizia Gramsci, alcance a hegemonia na sociedade contemporânea. Ao mesmo tempo dizemos: Para nós, contrariamente ao senso comum, vão-se os tempos, mas não se mudam as vontades.
Porque vivemos em um mundo de permanentes ameaças neocolonialistas e de guerra. A crise do capitalismo não torna mais fácil a luta pela destruição desse sistema iníquo, que não cairá por si, mas se for destruído pelas forças do progresso social.
O sistema de poder em cujo vértice continuam o imperialismo estadunidense e as demais potências a ele aliadas segue sendo um sistema de espoliação dos trabalhadores, dos povos e das nações pobres. Diante da resistência e da luta que este sistema desperta, faz valer a política de força, o intervencionismo, a militarização, a guerra. Lutar contra esse sistema de poder, defender a paz, a soberania nacional, a libertação dos povos e dos trabalhadores é um dos nossos deveres como veículo de comunicação.
Difundir o Programa do Partido
No momento em que o Partido Comunista do Brasil – uma organização política com presença tão marcante na história do Brasil – completa 90 anos, o Brasil enfrenta sérios desafios. Mais do que nunca, é indispensável orientação política, horizonte ideológico, rumo, caminho, métodos e procedimentos para conduzir uma luta de fôlego a fim de revolver a nação no sentido progressista e transformador.
O setor de Comunicação do Partido desempenha um importante papel na realização desta tarefa, sobretudo a luta de ideias e a difusão do Programa Socialista do Partido.
Sem este Programa, seríamos ativistas cegos, espontaneístas, perdidos nos vaivéns e descaminhos da conjuntura imediata.
Atualmente, os comunistas se confrontam cotidianamente com o desafio de produzir novas respostas a novos problemas, de estar em sintonia com os novos tempos, em linha com as exigências da luta contemporânea.
O programa do Partido Comunista do Brasil aponta que o objetivo estratégico da luta dos trabalhadores e do povo brasileiro é o socialismo, o que ganha ainda mais força nos tempos atuais, porquanto o capitalismo, decadente e senil, encontra-se engolfado em profunda e extensa crise, exibindo suas insanáveis contradições econômicas, sociais e políticas, incapaz de oferecer perspectivas de progresso, desenvolvimento e bem-estar aos povos e às nações que lutam por sua independência. Fome e miséria, desemprego, opressão nacional, instabilidade crônica, corte de direitos, intervenções militares, agressões e guerras – eis a “obra” e as “realizações” do capitalismo dos nossos dias.
Para o Partido Comunista do Brasil, o socialismo não é apenas a proclamação de um ideal de justiça social, desenvolvimento nacional, soberania, liberdade, fraternidade e solidariedade. Não é utopia, nem uma etapa inatingível ou distante do desenvolvimento histórico. O socialismo é uma necessidade objetiva para evitar a barbárie e assegurar a evolução da humanidade.
No Brasil, o socialismo, na visão do PCdoB, é também uma exigência do desenvolvimento histórico nacional, o indispensável salto civilizacional para tornar o País uma nação progressista, apanágio do desenvolvimento com justiça social e valorização do trabalho, garantir o exercício de plenos direitos sociais e alcançar a democracia popular, através do exercício do poder político pelas forças vivas da sociedade – os trabalhadores das cidades e do campo e seus aliados das camadas médias, da intelectualidade, da economia produtiva, da esmagadora maioria de democratas e patriotas. É um caminho de luta contra o imperialismo e as classes dominantes, sob cuja hegemonia qualquer surto de crescimento e desenvolvimento nacional, desvinculado de uma perspectiva socialmente progressista, só resultaria em mais opressão para o povo brasileiro.
O programa do Partido Comunista do Brasil propõe um Projeto Nacional de Desenvolvimento como via concreta de transição e luta, nas condições atuais do Brasil e do mundo. Esse projeto enfeixa um conjunto de propostas com caráter nacional, democrático e popular, apresenta reformas estruturais e rupturas indispensáveis ao desenvolvimento econômico, à defesa da soberania nacional, ao fortalecimento do poderio nacional sob orientação das forças progressistas e populares, para enfrentar as ameaças dos potentados internacionais, assim como ao atendimento de reclamos históricos do movimento democrático e popular, como a reforma agrária, a reforma urbana, a reforma política democrática, a democratização profunda da vida nacional, a universalização do acesso à saúde, à educação, os direitos sociais, trabalhistas e previdenciários, a proteção do meio ambiente etc.
As orientações do Programa Socialista do 12º Congresso adquirem nesse contexto dimensões maiúsculas no que fazer cotidiano do partido. É preciso se perguntar, com espírito autocrítico, que esforço político e orgânico tem sido feito nessa direção. E escrutinar sem espírito burocrático por que razão o Programa Socialista não é sempre tomado em conta como a referência fundamental das nossas ações.
O trabalho de difusão do programa partidário tem ligação direta com uma luta ainda maior – a da preservação e fortalecimento da identidade comunista do partido, indissociável do seu objetivo estratégico e da sua missão histórica.
Seria uma postura vulgar considerar ultrapassado o debate sobre a tarefa de difundir o Programa do Partido e insistir na propaganda do socialismo. Se o socialismo é o objetivo estratégico do Partido, isto deve fazer parte das tarefas do setor de Comunicação, pois, como dissemos, a nossa tarefa não se resume à identidade estética ou à forma pela qual apresentamos os símbolos partidários, suas lideranças e titulares de mandatos eletivos e em órgão de governo. Antecede a isso o conteúdo da mensagem e este encontra-se na ideologia e na linha política, portanto no Programa. Esta é a nossa diferenciação com os demais partidos.
Nessa perspectiva, os debates sobre as tarefas de da Comunicação permanecem ligados com as tarefas políticas do momento e as que têm a ver com a construção do Partido.
Tarefas do momento
Neste ano de 2012, o centro de gravidade da nossa atuação política será o embate eleitoral pelas câmaras de vereadores e prefeituras.
Este embate se dá em meios aos esforços da presidenta Dilma Roussef para consolidar seu governo e abrir caminho às mudanças necessárias para fazer de nosso país uma nação forte, progressista e socialmente justa. Para isso, é cada vez mais necessário angariar apoio junto ao povo e unir a base política, tendo por núcleo as forças de esquerda. É um embate indispensável que irá plasmar a correlação de forças do país tendo em vista a eleição presidencial daqui a dois anos.
A nossa atividade de Comunicação não se desvincula deste cenário e deve auxiliar a condução política do partido no apoio ao governo da presidenta Dilma. Difundir com rapidez e em massa as resoluções do Comitê Central, da Comissão Política, das conferências e encontros setoriais faz parte das nossas tarefas principais.
Quanto à construção partidária, faz parte das tarefas da Comunicação auxiliar a atividade do conjunto da direção partidária no sentido de construir um partido de militantes, de quadros e de massas. Partido de luta e para a luta, ligado umbilicalmente ao povo brasileiro.
Também aqui, nada se fará sem a fonte e a essência política e ideológica, sem a consciência elevada de cada militante e a perspectiva estratégica clara. Como tem dito reiteradamente o camarada renato Rabelo, presidente do nosso Partido, "Não construímos um Partido qualquer nem um Partido Conjuntural ou apenas eleitoral, mas um Partido Comunista com vida permanente, estrutrurado e com missão histórica".
Em todas as tarefas que realizamos, temos presente a luta de ideias. Podemos mesmo dizer que a luta de ideias é a tarefa principal da Comunicação, entendida como agitação e propaganda partidária. É por isso que insistimos tanto na identidade comunista do partido, fator que o diferencia dos demais, ponto de partida para nos posicionarmos nos grandes embates políticos e ideológicos dos nossos dias.
Da Redação do Vermelho