Funcionários da Carris protestaram na manhã de quarta-feira (21/09) por mais transparência e melhores condições de trabalho na Cia. Carris Porto-Alegrense. Empresa de transporte urbano da Prefeitura de Porto Alegre, a companhia tem sido alvo de investigações do Ministério Público, reclamações dos usuários e denúncia de seus servidores.
Empresa saneada e considerada modelo na área de transporte urbano para o país, a Carris passou a enfrentar problemas no primeiro ano do governo Fogaça. Administrada por Antônio Lorenzi (PMDB), ela passou a ser deficitária ano após ano. Ao mesmo tempo em que vereadores da oposição, funcionários e a imprensa denunciavam supostas irregularidades envolvendo gestores da empresa. As denúncias davam conta de superfaturamento de obras realizadas sem licitação, processos de licitações viciados que previam a aquisição de novos veículos com baixa qualidade fabricados por uma única empresa e desvio de vales-alimentação ocorrido durante o último processo eleitoral.
Lideranças sindicais afirmam que foram estes os motivos que levaram Lorenzi a ser substituído por João Pancinha (PMDB) no comando da empresa em março de 2010, quando Fogaça saiu para concorrer ao governo estadual e Fortunati virou prefeito.
No entanto, as denúncias contra os gestores da companhia continuaram. Embora Lorenzi tenha sido demitido e Pacinha nomeado presidente, a Carris continuava nas mãos do PMDB.
Em março deste ano, servidoras da empresa denunciaram à Câmara Municipal suposta prática de assédio moral, pressões e demissões sem justa causa. Elas mesmos teriam sido demitidas sob alegação de “necessidade de redução de custos e racionalização dos serviços”. Ao mesmo tempo, o número de cargos de confiança na Carris aumentou de 24 para 34.
Em julho, o líder do PT no legislativo questionou a contratação de empresa de software e gerenciamento via pregão eletrônico ao invés de contratar a Procempa, empresa pública da Prefeitura de Porto Alegre que presta o mesmo serviço. Constatou ainda que, em três pregões, o custo aumentou de R$ 285 mil para R$ 569 mil e houve a opção da diretoria da companhia de contratar a Sudeste Transporte Coletivo, concorrente da Carris no transporte coletivo da capital.
Em setembro, investigação do Ministério Público de Contas sobre suposto superfaturamento e contratação sem licitação de empresa de publicidade responsável por adesivar veículos da Carris divulgando a Copa do Mundo de 2014 levou a queda de Pancinha e diretores da empresa. De novo, a história se repetiu. Fortunati mudou sem mudar ao nomear Sérgio Zimmermann para a presidência da empresa. Assim como seus antecessores, o ex-secretário adjunto do Departamento de Esgotos Pluviais (DEP) também é do PMDB.
Além das supostas irregularidades e do déficit nas contas da empresa durante os últimos anos, a Carris vem recebendo duras reclamações dos usuários do transporte coletivo. Veículos de qualidade inferior, redução de horários e de ônibus em circulação, atrasos constantes e superlotação dos coletivos são alvos das críticas da grande parcela da população que depende dos serviços da companhia para se deslocar.