CENAS DE UMA DITADURA - 11 - PCB OU PCdoB?

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  • quarta-feira, 15 de junho de 2011
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  • Precisávamos de uma sala para reunir o pequeno grupo de agitadores e criar o Centro de Estudos Sociais... Foi quando o José Fernandes, um dos jovens, deu a idéia de procurarmos nas redações dos jornais de esquerda da época.

    E  fomos nós em direção ao Edifício Santos Vahlis, no Centro. No saguão do prédio  decidimos a linha política:

    -“Aqui  tem o “Novos Rumos” e tem a “A Classe Operária”. Em qual vamos pedir  a sala? Disse ele.

    Perguntei:
    -“Qual a diferença?”

    - “Novos Rumos” é a favor da União Soviética e da coexistência pacífica. É do PCB. Já “A Classe Operária” é a favor da China e pela Revolução Socialista. É do PCdoB.”

    A mim, tanto fazia.  PCB ou PCdoB naqueles tempos não me dizia nada. Mas eu, que sempre fui muito do radical, resolvi:
    -“Vamos à “A Classe Operária!”

    Quando chegamos lá em cima, na sala, havia três “velhos” sentados, conversando. Depois vim saber que eram: Maurício Grabois, Pedro Pomar e João Amazonas. O Comitê  Central do PC do B  estava em reunião e nem imaginávamos o que fosse aquilo.

    Grabois e Pomar eram vistosos e brilhantes. Já o Amazonas era pequeno e sem brilho,  passava desapercebido na multidão.

    Perguntaram o que desejávamos, explicamos e nos levaram para uma salinha contígua,  para a nossa reunião, enquanto eles ficaram numa conversa sussurrada na outra sala. Sussurros que naturalmente deveriam estar definindo a continuidade do Partido e a “Revolução Brasileira”.

    E eu lá, café com leite puro , no que tangia aos meandros partidários.

    Claro que na segunda reunião já estávamos cooptados pelo PCdoB.

    E eu junto. Lá ia eu,  Pinóquio novamente, em meu caminho de tornar-me gente.

    Assim criamos a base da Ilha do Governador, Rio,  que foi do PC do B até perdermos total contato com o Partido Comunista do Brasil - que  à época não chegava a 50 militantes no Rio de Janeiro – após o golpe militar.

    Com a criação e militância da base afastei-me da UBES, o que me livrou do incêndio, e postergou minha detenção.

    Próximo: O DIA DO GOLPE. CHOVIA NO RIO.
     
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