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A chanceler mexicana, Patricia Espinosa, comunicando que seu país não pretende dar asilo político a Zelaya, depois dos desencontros diplomáticos dos últimos dias
Fontes: BBc Brasil, El Heraldo, Tiempo, Estadão, AFP
Ontem, 10, no início da noite, sem consulta prévia, ou negociações, o México requisitou a Honduras um salvo-conduto para que Zelaya deixasse a Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, onde se refugiou desde 21 de setembro, depois de regressar clandestinamente ao país, e seguisse em segurança até uma base aérea para embarcar para a capital mexicana.
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Sem ter antes negociado com o governo hondurenho, avisava no documento que já partira em direção a Tegucigalpa um avião da frota do presidente mexicana, prefixo Gulfstream III, matrícula XC-UJN, número económico TP-06. (foto) que deveria conduzir Zelaya para o México, depois das 22h.
Logo em seguida um segundo documento acrescentava que além do presidente sua esposa e dois filhos, também estariam cobertos com salvos condutos, totalmente desnecessários, pois contra eles não há nenhuma demanda judicial e qualquer impedimento para deixar o país.
O governo de Honduras vendo que havia uma jogada de pressão, para fazer com que tomassem uma decisão apressada, não autorizou o avião do governo mexicano pousasse em Tegucigalpa. A aeronave pousou no vizinho El Salvador. Enquanto uma decisão era tomada pelo presidente Micheletti.
O governo hondurenho só aprovaria a saída se o México concedesse asilo político ao presidente deposto. Como Zelaya recusa-se a pedir asilo a qualquer governo estrangeiro, ficou tudo como estava.
No dia de hoje, vendo que fora levado a erro pelo chanceler brasileiro, o presidente mexicano Felipe Calderón, que reconhece as eleições hondurenhas, através da sua chanceler Patricia Espinosa, saiu definitivamente da enrrascada anunciando que “já não há mais possibilidades de acolher o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya.
"Havia um certo senso de urgência em fazer isso (tirar Zelaya de Tegucigalpa) e, desafortunadamente, já durante o vôo, as autoridades hondurenhas solicitaram que o avião saísse do espaço aéreo e ele se viu obrigado a aterrissar em El Salvador", acrescentou.
"Acordei pensando que Zelaya já estava no México, mas me surpreendi com a dificuldade de uma exigência absurda", disse Amorim, que chegou a chamar o governo atual de Honduras de quase marginal, no programa da Radiobras.
Mais tarde o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, da trupe de Hugo Chávez, afirmou que o plano era que Zelaya viajasse para o México, onde seria recebido com todas as honras de chefe de estado, e como presidente de Honduras, em seguida, partiria até Havana, onde participaria, no fim de semana, da cúpula da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (Alba), onde também seria muito festejado, por Hugo Chávez e sua corte de presidentes latinos.
Na fulgurante democracia cubana.
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Quando souberam que Zelaya ia deixar o país, alguns dos seus partidários foram para as proximidades da embaixada brasileira
Alguns manifestantes acorreram a embaixada pensando que Zelaya ia mesmo sair da embaixada brasileira Sob o ponto de vista do direito internacional, Manuel Zelaya só pode deixar a embaixada do Brasil, ou como asilado político, ou apresentando-se a justiça do seu país, para responder as 17 ordens de captura que lhe foram expedidas pela justiça hondurenha, inclusive por traição a pátria, abuso de autoridade e malversação dos fundos públicos.
O chanceler hondurenho López Contreras, poderia inclusive ser processado, caso deixasse Manuel Zelaya sair do país, sem a legalidade do asilo político, por haver permitido a evasão de um procurado pela justiça.
Detalhe do segundo documento da embaixada do México solicitando salvo conduto para Zelaya, familiares e o assessor, procurado pela justiça. Veja o documento completo
Amorim acabou confirmando que Zelaya havia pedido aos governos brasileiro e argentino ajuda para transferir-se a outro país. Teria sugerido o México, que aceitou o encargo. A costura dessa operação foi finalizada em paralelo à Cúpula do Mercosul, que se deu no Uruguai nos últimos dias 7 e 8 e que contou com a presença da chanceler mexicana, Patrícia Espinosa. O ministro brasileiro esqueceu de citar que foi Hugo Chávez o portador do recado de Manuel Zelaya e quem articulou a operação fracassada.
Amorim disse também, que o fracasso dessa operação deixou o governo brasileiro atônito, especialmente pelo fato de ter sido provocado pela exigência do “governo de facto” de que Zelaya assinasse sua renúncia, o que não é verdade, e sua intenção de pedir asilo político ao México.
Para Amorim, tratou-se de uma tentativa de "humilhar, de querer esmagar" Zelaya. "Eu nunca vi algo semelhante. Isso apenas demonstra a total marginalidade desse “governo de facto” em relação às normas internacionais."
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Zelaya transformou a embaixada brasileira em sua prisão domiciliar, agora não sabe como sair da arapuca que ele mesmo montou
Manuel Zelaya não quer pedir asilo político pois essa condição lhe traria grandes limitações. Não poderia, por exemplo, realizar atividades políticas de dentro do país que o asilou. Com permite o governo brasileiro, que ele o faça de dentro de nossa embaixada.
Daqui há quarenta e oito dias, dia 27 de janeiro, quando acabaria o mandato de Zelaya, e o novo presidente eleito, Porfirio "Pepe" Lobo Sosa, assumir, o presidente deposto de Honduras, passará a ser um fantasma a assombrar nossa embaixada.