A política externa da canalhice

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  • terça-feira, 22 de setembro de 2009
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  • Texto de Augusto Nunes

    Em janeiro de 2003, o Brasil liderava a América do Sul sem bravatas nem requebros exibicionistas. No poder desde 1998, Hugo Chávez não ousara provocar nenhum vizinho. O acordo de fronteiras entre o Equador e o Peru, consumado com a mediação pessoal do presidente Fernando Henrique Cardoso, removera do mapa do subcontinente a última zona conflagrada. O Paraguai respeitava o acordo de Itaipu, a Bolívia entendia que o preço do gás levava em conta o gasoduto bilionário construído pelo parceiro. Ninguém se atrevia a desafiar o Brasil.

    O governo Lula precisou de sete anos e meio para exterminar a herança bendita. Acanalhado pela conjugação do deslumbramento do presidente com o servilismo do chanceler Celso Amorim, o Itamaraty cedeu ao Paraguai e ao Equador, recuou diante da Argentina e da Bolívia, rendeu-se à Venezuela e acaba de ajoelhar-se diante de Hugo Chávez. Ao instalar na embaixada em Tegucigalpa o golpista Manuel Zelaya, deposto da presidência por tentativa de estupro contra a Constituição, o país colocou Honduras a um passo da guerra civil.

    Tomara que Barack Obama acorde a tempo de descobrir que uma pequena república que luta para livrar-se da quadrilha bolivariana foi simbolicamente (por enquanto) invadida pelo Brasil. Tomara que entenda que um presidente que age como comparsa da ditadura cubana não pode meter as patas em outros países em nome da democracia que não respeita. O que houve não foi um lance no xadrez da política internacional. Foi coisa de gângster.


     
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