Fachadas de Casas, em Piedade (2008) e a Estação Ferroviária de Madureira (1937).
Sem entrar no mérito da atuação parlamentar da vereadora Lucinha que - como a maioria dos vereadores do Rio de Janeiro, inclusive os quem têm sua base eleitoral na Zona Sul e na Barra/Recreio – tem sido eleita e reeleita através de práticas assistencialistas traduzidas nos indefectíveis “Centros Sociais” mantidos por ela, o comentário do Deputado Federal e candidato à Prefeito Fernando Gabeira a seu respeito – amplamente noticiado pelos meios de comunicação ao longo dos últimos dias – foi de um elitismo levado ao extremo. Ao dizer que a vereadora é dotada de uma “visão suburbana e precária”, o nobre Deputado – que tem procurado construir ao longo dos anos uma imagem pública de “paladino” da “ética” e das “causas libertárias” - demonstrou possuir uma visão bastante preconceituosa – que é compartilhada por muitos dos moradores das zonas mais abastadas desta cidade partida – em relação à região onde mora a maior parte da população da urbe carioca. Assim, só nos resta perguntar: o que será que o verde parlamentar entende por “visão suburbana”? Ou melhor, será que ele tem uma real noção do que sejam os subúrbios do Rio? Não sei. Mas, neste momento, só peço a benção de Lima Barreto, Pixinguinha, Aracy de Almeida, Nélson Rodrigues, Noel Rosa, Candeia e de tantos outros ilustres suburbanos e/ou moradores da Zona Norte e lhes rogo para que intercedam junto ao Todo-Poderoso para que esta velha Cidade de São Sebastião não tenha, mais uma vez, um “prefeito virtual” que ache que o Rio de Janeiro termina no Túnel Rebouças.
Para encerrar este comentário, tenho uma sugestão a fazer ao novo prefeito do Rio de Janeiro: já que o pivô do desentendimento entre Gabeira e Lucinha foi a instalação de um Aterro Sanitário, no Bairro de Paciência (a vereadora é contra), por que não instalar o tal Aterro no terreno onde fica o vigésimo-terceiro Batalhão da PM, no Leblon? Afinal de contas, é uma propriedade de mais de 35 mil metros quadrados, o governo do estado está estudando se desfazer dela, situa-se em uma área central que reúne todas as condições para o acesso dos caminhões de lixo e, isto é o mais importante, no Leblon não moram pessoas de “visão suburbana e precária” e que, portanto, não ficariam contra um projeto tão útil para a Cidade.
Em tempo: dois ilustres moradores da Zona Sul – Vinícius de Moraes e Chico Buarque de Hollanda – estão entre os que melhor traduziram – na letra de “Gente Humilde”, parceria dos dois com o grande músico Garoto - a poesia dos velhos subúrbios da Central do Brasil:
Há certos dias
Em que eu penso em minha gente
E sinto assim,
Todo o meu peito se apertar
Porque parece,
Que acontece de repente,
Como um desejo,
De eu viver sem me notar...
Igual a como,
Quando eu passo no subúrbio,
E muito bem,
Vindo de trem, de algum lugar,
E aí me dá,
Uma inveja dessa gente,
Que vai em frente,
Sem nem ter com quem contar.
São casas simples,
Com cadeiras na calçada,
E na fachada,
Escrito em cima, que é um lar!
Pela varanda,
Flores simples e baldias,
Como a alegria
De não ter como lutar.
E eu que não creio,
Peço a Deus, por minha gente,
É gente humilde,
Que vontade de chorar...
Em tempo: dois ilustres moradores da Zona Sul – Vinícius de Moraes e Chico Buarque de Hollanda – estão entre os que melhor traduziram – na letra de “Gente Humilde”, parceria dos dois com o grande músico Garoto - a poesia dos velhos subúrbios da Central do Brasil:
Há certos dias
Em que eu penso em minha gente
E sinto assim,
Todo o meu peito se apertar
Porque parece,
Que acontece de repente,
Como um desejo,
De eu viver sem me notar...
Igual a como,
Quando eu passo no subúrbio,
E muito bem,
Vindo de trem, de algum lugar,
E aí me dá,
Uma inveja dessa gente,
Que vai em frente,
Sem nem ter com quem contar.
São casas simples,
Com cadeiras na calçada,
E na fachada,
Escrito em cima, que é um lar!
Pela varanda,
Flores simples e baldias,
Como a alegria
De não ter como lutar.
E eu que não creio,
Peço a Deus, por minha gente,
É gente humilde,
Que vontade de chorar...