Do Blog do Luís Nassif
Ontem houve uma reunião no BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) entre representantes da Oi e diretoria do banco. Nos últimos dias, entre representantes da Oi e fundos de pensão। O jogo está transcorrendo de maneira sigilosa, devido aos desdobramentos de mercado.
Conversei com uma das pessoas que está capitaneando as negociações, do lado do setor privado.
Do ponto de vista da lógica das empresas, a operação obviamente faz sentido. Ontem, Manuel Horacio, ex-presidente da Telemar, me contou que em 2000 fez a proposta de fusão a Daniel Dantas.
Na época, pensava-se que a fusão ajudaria a baratear bastante as metas de universalização, já que a Telemar é mais esparramada e a Brasil Telecom mais concentrada.
Hoje em dia, as duas empresas tem ótima geração de caixa, os investimentos na telefonia fixa já foram feitos, em sua maioria, a última milha (a instalação na casa do usuário) praticamente concluída. A geração de caixa permitiria acumular recursos para avançar sobre outros paises.
O negociador atual concorda com essa lógica. Acha que existe um bom espaço para avançar na América do Sul e África, não sobre paises mais desenvolvidos, que exigem fôlego maior e estão cercados por legislações restritivas ao capital estrangeiro.
Juntando as redes da Oi e da Brasil Telecom, a nova empresa teria um backbone (o esquema de ligações centrais de linhas) do tamanho da Embratel. Com isso aumentaria potencial de competição na longa distancia.
Além disso, a Brasil Telecom controla uma empresa que possui conexão própria de fibra ótica com o exterior. De seu lado, a Oi tem satélite. Quando a comunicação circula dentro da própria rede, aumenta a rentabilidade, já que economiza os custos da interconexão (pagamento pelo uso de redes de terceiros).Assim, a competição ficaria entre três grandes operadoras – Telefônica, American Moviles e a nova – com backbones nacional e internacional.
Do lado do governo, a idéia geral é que as mudanças legais ocorrerão se houver garantia de que o jogo será para valer. Ou seja, se não meramente uma operação para permitir a venda da empresa para terceiros.
Uma eventual fusão ou aquisição valorizará substancialmente as ações. Depois, sua pulverização no mercado valorizará mais ainda. Quem garante que, terminada essa fase, os controladores não passem a empresa adiante?
Esse é o primeiro dilema. O segundo, são os recursos para a aquisição. Até hoje a Telemar foi administrada com enormes conflitos de interesse entre os acionistas e as empresas. Minha fonte garante que todos estão cansados de briga e o momento é de união para se fazer a grande tele nacional.
O governo acha que com uma “golden share” (ação especial que dá direito a vetos) e com acordo com o BNDES e os fundos, esse risco de venda futura ficará minimizado. Mas há a questão da governança – a maneira como a empresa será gerida.
Enquanto os termos do acordo não estiverem claros e públicos, o enigma continua.
Comentário do blogueiro: Concordo com o Nassif. Quanto mais informação, melhor. Realmente, se os termos do acordo não tornarem públicos e compreensíveis, é natural surgirem especulações sobre as motivações do negócio. E isso não é bom para o governo, nem para boa parte dos acionistas minoritário. Espera-se por maiores detalhes, inclusive sobre a provável participação do BNDES e dos fundos de pensão.
Ontem houve uma reunião no BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) entre representantes da Oi e diretoria do banco. Nos últimos dias, entre representantes da Oi e fundos de pensão। O jogo está transcorrendo de maneira sigilosa, devido aos desdobramentos de mercado.
Conversei com uma das pessoas que está capitaneando as negociações, do lado do setor privado.
Do ponto de vista da lógica das empresas, a operação obviamente faz sentido. Ontem, Manuel Horacio, ex-presidente da Telemar, me contou que em 2000 fez a proposta de fusão a Daniel Dantas.
Na época, pensava-se que a fusão ajudaria a baratear bastante as metas de universalização, já que a Telemar é mais esparramada e a Brasil Telecom mais concentrada.
Hoje em dia, as duas empresas tem ótima geração de caixa, os investimentos na telefonia fixa já foram feitos, em sua maioria, a última milha (a instalação na casa do usuário) praticamente concluída. A geração de caixa permitiria acumular recursos para avançar sobre outros paises.
O negociador atual concorda com essa lógica. Acha que existe um bom espaço para avançar na América do Sul e África, não sobre paises mais desenvolvidos, que exigem fôlego maior e estão cercados por legislações restritivas ao capital estrangeiro.
Juntando as redes da Oi e da Brasil Telecom, a nova empresa teria um backbone (o esquema de ligações centrais de linhas) do tamanho da Embratel. Com isso aumentaria potencial de competição na longa distancia.
Além disso, a Brasil Telecom controla uma empresa que possui conexão própria de fibra ótica com o exterior. De seu lado, a Oi tem satélite. Quando a comunicação circula dentro da própria rede, aumenta a rentabilidade, já que economiza os custos da interconexão (pagamento pelo uso de redes de terceiros).Assim, a competição ficaria entre três grandes operadoras – Telefônica, American Moviles e a nova – com backbones nacional e internacional.
Do lado do governo, a idéia geral é que as mudanças legais ocorrerão se houver garantia de que o jogo será para valer. Ou seja, se não meramente uma operação para permitir a venda da empresa para terceiros.
Uma eventual fusão ou aquisição valorizará substancialmente as ações. Depois, sua pulverização no mercado valorizará mais ainda. Quem garante que, terminada essa fase, os controladores não passem a empresa adiante?
Esse é o primeiro dilema. O segundo, são os recursos para a aquisição. Até hoje a Telemar foi administrada com enormes conflitos de interesse entre os acionistas e as empresas. Minha fonte garante que todos estão cansados de briga e o momento é de união para se fazer a grande tele nacional.
O governo acha que com uma “golden share” (ação especial que dá direito a vetos) e com acordo com o BNDES e os fundos, esse risco de venda futura ficará minimizado. Mas há a questão da governança – a maneira como a empresa será gerida.
Enquanto os termos do acordo não estiverem claros e públicos, o enigma continua.
Comentário do blogueiro: Concordo com o Nassif. Quanto mais informação, melhor. Realmente, se os termos do acordo não tornarem públicos e compreensíveis, é natural surgirem especulações sobre as motivações do negócio. E isso não é bom para o governo, nem para boa parte dos acionistas minoritário. Espera-se por maiores detalhes, inclusive sobre a provável participação do BNDES e dos fundos de pensão.