2010: O sonho da oposição

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  • terça-feira, 22 de janeiro de 2008
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  • O ano de 2010 já chegou. É só olhar os movimentos da oposição – DEM e PSDB. E também de segmentos da imprensa. O sonho da oposição é recuperar o poder em 2010. E para isso, farão de tudo para enfraquecer o governo para a batalha eleitoral de 2010. A vitória da oposição na derrubada da CPMF é apenas um capítulo à parte.

    Os partidos de oposição juram que têm dois candidatos potenciais – mas só um é realmente candidato – e que o governo não tem nenhum. Essa autoconfiança só seduz jornalistas alinhados. Sabem que se o governo chegar em 2010 fortalecido e a economia bombando, o eleitor poderá ser levado a ter que escolher entre dois projetos políticos. Embora possam ser parecidos, não é igual. E a lembrança do projeto da oposição não é boa. Em time que está ganhando, a sabedoria popular diz que é bom não mexer. Votar contra um projeto que está dando certo, na expectativa de que poderá escolher um projeto ainda melhor. O eleitor pode resolver não trocar o certo pelo duvidoso. Nada de anormal nisso, é cálculo puro e simples.

    Em 2005, em plena crise do mensalão, setores da imprensa e da oposição também vendiam no mercado político a idéia de que a eleição de 2006 estava no papo. Era só escolher o candidato da oposição e encomendar o terno para receber a faixa presidencial. Mas Lula reagiu e venceu as eleições. E o PT, o mais atingido pelo mensalão não saiu ruim das urnas. Foi o mais votado para deputado federal e a segunda maior bancada. E ainda teve vitórias importantes como os governos da Bahia e do Pará. Mas isso já é história, faz parte da coleção de “nunca antes nesse país”.

    É de se esperar que a oposição tenha aprendido algo naquela eleição de 2006. Não subestimar o adversário talvez seja a mais importante lição a ser apreendida. Alguns poderão dizer que Lula não será candidato em 2010. Não podem negar é que poderá ele ser o principal eleitor naquela eleição. Transferência de votos existe. Só não transfere votos quem não possui mais os votos. Isso aconteceu em 2002, em que o desgaste de FHC era tanto que o seu candidato Serra buscou desvincular de sua imagem.

    Nesse sentido, o melhor cenário para a oposição em 2010 é um governo fraco. A derrota da CPMF é uma tentativa de frear a ambição governista: acelerar o crescimento com o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) sem reduzir os gastos sociais. O governo entendeu o recado, buscando preservar o máximo os programas sociais e os dispêndios com o PAC. O governo sabe que se manter o crescimento distribuindo renda (mesmo que timidamente), assegura o alicerce que poderá ser usado por um candidato governista em 2010. Simples assim.

    A oposição torce o nariz para que o país seja contaminado pela crise americana. Mas não vai admitir isso publicamente. Agora, sem os recursos da CPMF, teoricamente o país estaria mais vulnerável. Mas não foi ela que derrotou o governo, justamente num momento que o cenário econômico mundial se deteriora. Isso pouco importa. Se a economia não estiver indo bem, o eleitor terá um motivo real para votar na oposição, contra o governo.

    Do lado do governo, ele toma as medidas que julga pertinente e tenta afastar a onda da crise americana. A elevação da alíquota de IOF e a maior tributação dos lucros dos bancos são medidas nessa direção. A oposição esbraveja, sob o argumento de que o governo quebrou o acordo. Mas qual o acordo se a CPMF não foi derrotada? Poderão dizer que o governo prometeu não elevar a carga tributária para aprovar a DRU (Desvinculação de Receitas da União). Quebrou a promessa? Será mesmo? Quem disse que a carga tributária está subindo se a CPMF arrecadaria quatro vezes mais que essas medidas? O xadrez político está dado. Cada lado toma as posições que melhor lhe cabem.

    Segmentos da imprensa também torcem abertamente contra o governo. Ou será que torcem para que o país entre em crise. Então, torcem contra o país. Será que é isso mesmo? Estranho não é. Isso ficou evidente na cobertura que a mídia fez da nova descoberta de gás – o poço de Júpiter. A mídia torceu o nariz, parece que não gostou. A cobertura foi pífia, como se fosse algo que pouco interessa ao país. Quer dizer que o país vislumbrar num futuro próximo auto-suficiência em gás não é importante. Os especialistas dizem que o país poderá tornar futuramente exportador de gás. Será o adeus à dependência energética.

    Descoberta de novas reservas de gás – energia mais barata - para o desenvolvimento não merece destaque. É verdade que a notícia não combina com o discurso que já coloca o país numa crise energética. Não entendo da área, e nem vou tentar opinar. Só sei que existe gente que entende menos ainda falando de crise energética como se fossem verdadeiras autoridades no assunto. Torcida não combina com realidade. Torço que meu time seja campeão, não importa a qualidade do seu elenco. Tem gente torcendo para brotar crise em todo lado, mesmo que algumas delas sejam apenas factóides – a febre amarela, por exemplo.

    A turma do quanto pior melhor está em toda parte. É o que a oposição política espera para 2010. Um governo enfraquecido, uma economia em frangalhos e crises por toda parte. É o sonho. A realidade pode ser diferente. E o governo trabalha com outro cenário – economia forte, desemprego baixo, programas sociais, etc. Hoje a oposição só pode sonhar e tentar atrapalhar o caminho do governo. Pode ainda esperar que o ano de 2010 chegue e seu sonho se concretize – a conquista do poder. É a política.
     
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