MEIO AMBIENTE - Soluções científicas e técnicas não salvarão o mundo em que vivemos


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Leonardo Boff
No dia 27 de setembro, centenas de cientistas reunidos em Estocolmo para avaliar o nível de aquecimento global do planeta, o conhecido Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas (IPCC), nos transmitiram dados preocupantes: “Concentrações de dióxido de carbono, de metano e de óxido nitroso, principais responsáveis pelo aquecimento global, agora excedem substancialmente as maiores concentrações registradas em núcleos de gelo durante os últimos 800 mil anos. A atividade humana influiu nesse aquecimento com uma certeza de 95%. Entre 1951 e 2010, a temperatura subiu entre 0,5°C e 1,3°C e, em alguns lugares, já chegou a 2°C”.
As previsões para o Brasil não são boas: poderemos ter, a partir de 2050, um permanente verão durante todo o ano. Tal temperatura poderá produzir efeitos devastadores para muitos ecossistemas e em crianças e idosos. Os cientistas do IPCC fazem um apelo ardente para que se iniciem no mundo todo, imediatamente, ações, em termos de produção e de consumo, que possam deter esse processo e minorar seus efeitos maléficos. Como disse um dos coordenadores do relatório final, o suíço Thomas Stocker: “A questão mais importante não é onde estamos hoje, mas onde estaremos em dez, 15 ou 30 anos. E isso depende do que fizermos hoje”.
A percepção básica que se tem ao ler o resumo de 31 páginas é que vivemos num tipo de mundo que sistematicamente destrói a capacidade de nosso planeta de sustentar a vida.
O propósito de incontáveis grupos, movimentos e ativistas se concentra na identificação de novas maneiras de viver, de sorte que garantamos a vida em sua vasta diversidade e que vivamos em harmonia com a Terra, com a comunidade de vida e com o cosmos.
DIREÇÃO VIÁVEL
Num trabalho que nos custou mais de dez anos de intensa pesquisa, o pedagogo canadense e expert em moderna cosmologia Mark Hathaway e eu tentamos ensaiar uma reflexão atenta que incluísse a contribuição do Oriente e do Ocidente a fim de delinearmos uma direção viável para todos. O livro se chama “O Tao da Libertação: Explorando a Ecologia da Transformação” (Vozes, 2012).
Nossa pesquisa parte da seguinte constatação: há uma patologia aguda inerente ao sistema que atualmente domina e explora o mundo: a pobreza, a desigualdade social, o esgotamento da Terra e o forte desequilíbrio do sistema vida; as mesmas forças e ideologias que exploram e excluem os pobres estão também devastando toda a comunidade de vida e minando as bases ecológicas que sustentam o planeta Terra.
Para sair dessa situação dramática, somos chamados, de uma maneira muito real, a nos reinventar como espécie. Para isso, precisamos de sabedoria que nos leve a uma profunda libertação/transformação pessoal, passando de senhores sobre as coisas a irmãos e irmãs com as coisas. Essa reinvenção implica também uma transformação/libertação coletiva através de um outro design ecológico. Este nos convence a respeitar e viver segundo os ritmos da natureza. Devemos saber o que extrair dela para a nossa subsistência coletiva e como aprender dela, pois ela se estrutura sistemicamente em redes de “inter-retro-relações” que garantem a cooperação e a solidariedade de todos com todos e conferem sustentabilidade à vida em todas as suas formas, especialmente à vida humana. Sem essa cooperação/solidariedade de nós com a natureza e entre todos os humanos, não encontraremos uma saída eficaz.
Sem uma revolução espiritual que envolva uma outra mente (nova visão) e um novo coração (nova sensibilidade), em vão procuramos soluções meramente científicas e técnicas. Sem fé e esperança humanas, não construiremos uma arca salvadora para todos.
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OS ÚLTIMOS PÁRIAS DA TERRA.


 Mauro Santayana
(JB) – Há alguns dias, o mundo acompanha, com atenção, o drama de duas meninas. Uma, chama-se Leonarda. A outra, Maria. Leonarda, de quinze anos, foi tirada à força de dentro de um ônibus, em uma excursão escolar, e expulsa da França, junto com sua família. Maria, de quatro, foi encontrada, há alguns dias, em uma cidade no interior da Grécia, e retirada do casal com que estava por suspeita de rapto.
Leonarda é morena. Maria é loira. A primeira nasceu na Itália, e foi criada na França. Mas está em Kosovo, país em que nunca viveu, porque seu pai é originário dali, da antiga Iugoslávia. Seu irmão, Daniel, nasceu em, Nápoles, mas mora na Ucrânia. Sua irmã, Erina, mora na França, mas nasceu também na Itália, assim como Maria, que tem 17, Rocky, de 12, Ronaldo, de 8, e Hassan, de 5 anos. Só a caçula, Medina, nasceu na França.
Maria, encontrada com uma família em Farsala, na Grécia, pode ser filha – descobriu-se agora, de um casal de búlgaros que vive em um gueto da cidade de Nikolaevo.  O nome deles, curiosamente, é Rusev, quase como o da Presidente Dilma. O casal Dibrani, pais de Leonarda, têm oito filhos. Os Rusev, pais de Maria, tem dez, e a mãe alega que teria cedido a filha a um casal na Grécia, quando morou no país, porque não tinha como dar-lhe de comer.
Mas como é isso, em que tempo estamos? De que continente falamos? Da Europa do Século XXI, que manda sondas ao espaço, e se orgulha de sua alta renda per capita e do seu Desenvolvimento Humano? Ou da Europa do passado, com suas enormes famílias, seus guetos, sua fome, e os milhões de miseráveis  dos séculos XVIII e XIX? Falamos, infelizmente, de agora. Na Europa de hoje, Leonarda e Maria não são duas meninas  normais.Não têm passaporte, nem pátria, nem futuro. São ciganas. E em seu sangue carregam o destino dos últimos párias da terra.
OUTROS DESERDADOS
É certo que há outros deserdados, perseguidos por questões políticas ou religiosas, ou por serem minorias em seu próprio território. Mas todos têm sua terra. A lembrança do país onde nasceram, a esperança de um dia ter um documento, de voltar a ser alguém.
Em uma Europa racista, cada vez mais xenófoba, e que não reconhece o direito de jus soli, mas, na maioria dos países, apenas o de jus sanguinis (quando não basta nascer em um determinado país para adquirir a nacionalidade), os ciganos vagam, como fizeram nos últimos mil anos, sem eira nem beira, ao sabor do estado de espírito de quem manda no país em que estejam, e não podem criar raízes, nem quando deixam de agir como nômades.
Até o final da Segunda Guerra Mundial, os ciganos compartilhavam seu destino com os judeus. Com eles, eram expulsos, de um país para o outro. Com eles, foram espancados e roubados, desde que deixaram a índia, rumo ao Ocidente, há cerca de mil anos.
Em 1925, os roms passaram a sofrer, como os judeus, as restrições das Leis de Nuremberg para a Proteção Proteção do Sangue, que proibia o casamento entre alemães e “não-arianos”.
Em 1937, a Lei de Cidadania Nacional relegou os ciganos e os judeus à condição de cidadãos de segunda classe. E Himmler emitiu decreto que chamou de “A luta contra a praga cigana”, que solicitava que toda informação sobre ciganos fossem mandadas para o Escritório Central do Reich. Se os judeus tiveram a Kristallnacht, com a quebra de centenas de negócios e a queima de Sinagogas, os roms tiveram a “semana de limpeza cigana” de 12 de junho e 18 de junho de 1938.Se os judeus foram sistematicamente perseguidos e mortos, aos milhões, calcula-se que, nos campos de extermínio e nas mãos dos “einzatsgruppen”, principalmente na Europa do leste, morreram um milhão e quinhentos mil roms.
O primeiro teste do gás Zyklon B, usado pelos alemães nas câmaras de gás, foi feito com 250 crianças ciganas, em janeiro de 1940, no campo de concentração de Buchenwald. Ao contrário dos hebreus, os ciganos, no entanto, nunca tiveram um Deus que lhes desse terra prometida. Os judeus fundaram Israel. Os roms continuam, sem pátria e sem destino, a ser discriminados, perseguidos e mortos – por doença e inanição.
O leitor preste atenção. Os meninos e as meninas ciganas são os únicas, na Europa, que vivem em guetos exclusivamente étnicos. Os dez irmãos de Maria Rusev dormem todas em um cômodo de chão batido em Nikolaev. Nos subúrbios de Bucarest, de Sofia, de Budapest, ou nas fotos e vídeos da internet, é fácil reconhecer as crianças ciganas. São as únicas (como mostra a foto que mostra dois dos irmãos de Maria) que trazem a barriga inchada por causa dos vermes, e sempre, na mão – devido à fome – um pedaço de pão.
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POLÍTICA - Os dilemas do PSDB e do PSB.

Pelo Ibope, candidatura Eduardo Campos não se mantém

 Pedro do Coutto
 
A pesquisa do IBOPE sobre a sucessão presidencial de 2014, objeto de reportagem de Gustavo Uribe, O Globo de sexta-feira, em matéria de intenções de hoje, confirma totalmente as tendências assinaladas pelo levantamento do Datafolha apontando vitória da atual presidente contra qualquer um dos adversários no segundo turno por margem muito ampla de votos. A diferença diminui apenas contra Marina Silva, quando Dilma alcança 42 a 29%. Bateria Aécio Neves por 47 a 9 pontos. Eduardo campos por 45 a 18. José Serra por 44% a 23. Sem Marina, Dilma vence no primeiro turno.
O que o IBOPE revela é que, no PSB, Marina Silva está muito mais forte do que Eduardo Campos. E no PSDB, José Serra situa-se à frente do senador mineiro. O ex-governador de São Paulo alcança 18 contra 14 de Aécio. Marina Silva atinge 21 contra apenas 10 pontos de Eduardo campos. Mais do que o dobro do governador de Pernambuco. Este cotejo deixa Eduardo Campos muito mal no levantamento. Com esses números, dificilmente Campos poderá sair candidato pelo PSB. Terá que liberar o partido para escolher Marina Silva.
Mesmo porque s for ele o escolhido, pois ocupa a presidência nacional da legenda, percebe-se, pela atmosfera de hoje, que Marina Silva lhe retirará o apoio e o deixará falando sozinho para a corrente minoritária da agremiação. Assim, a dependência de Eduardo Campos a Marina Silva, que já era grande antes, passou a ser total depois do IBOPE. Não há, em termos políticos, como pensar o contrário. Em política não se pode brigar com os fatos, tampouco esperar movimentos que forcem a realidade natural das situações. A lógica se impõe.
No caso do PSDB raciocínio semelhante pode se aplicar em relação a José Serra: ele está na frente de Aécio – 18 contra 14 pontos. Seu nome como candidato mais uma vez ao Planalto sai revigorado na disputa interna com Aécio Neves. Porém a diferença entre ambos é muito menor que a diferença de marina em relação a Eduardo campos. Entretanto, da mesma forma que, sem Marina, Campos nem sequer decola, tal é seu grau de dependência, no lado tucano sem o apoio de Serra, Aécio não avança. E sem a adesão do senador mineiro, o ex-governador paulista nãopode evoluir na estrada das urnas. O panorama geral, como se constata, é amplamente favorável à reeleição de Dilma Rousseff. Ela não só lidera as pesquisas do IBOPE e datafolha, como ainda tem a seu favor as divisões entre seus adversários.
O Globo de sexta-feira, reportagem de Juliana Castro e Paulo Celso Pereira, publica as divisões entre PT e PMDB em torno das sucessões estaduais, onde se localizam 68% do eleitorado do país. São dez unidades da Federação, incluindo os seis maiores colégios de votos: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Sul e Paraná. Mas isso não significa que tais divisões reflitam diretamente nas intenções de voto para a  presidência da República. Pois se refletissem, os resultados da pesquisa do IBOPE seriam muito diversos daqueles que foram agora assinalados.
Assim, os choques das correntes estaduais parecem formar a base de uma pirâmide levando ao topo federal. Mas não afetam as tendências dos votos para o plano alto do Planalto.
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POLÍTICA - Bastidores da queda de Zé Dirceu.

Bastidores da queda de Zé Dirceu

Banner anula AP 470 stfO país foi surpreendido com a notícia de que um importante procurador da república, Rodrigo de Grandis, não atendeu ao Ministério Público da Suíça que já havia indiciado o lobista tucano José Amaro Pinto Ramos, que era muito próximo ao ex-ministro Sérgio Motta, homem forte do governo FHC.

“Eles foram indiciados por lavagem de dinheiro agravado assim como por corrupção de funcionários estrangeiros”, destaca o dossiê que a Suíça enviou ao Brasil em fevereiro de 2011 e que, durante anos, ficou engavetado no gabinete do procurador Rodrigo de Grandis; como nenhuma providência concreta foi tomada, a denúncia contra o lobista foi arquivada e as autoridades suíças reclamaram do "pouco caso" daqui.

DERRUBAR ZÉ DIRCEU ERA UM MISTÉRIO PRIVADO QUE AGORA É DESVENDADO

Vamos iniciar nossa explanação retrocedendo ao dia 30 de março de 2004, pois foi neste dia que o subprocurador da PGR/MPF José Roberto Santoro recebeu em seu gabinete, às três horas da madrugada, o bicheiro Carlinhos Cachoeira.

CURIOSIDADE: QUEM É JOSÉ ROBERTO SANTORO

Ele é amigo de longa data do Serra e foi Santoro quem comandou, em 2002, a operação Lunus que aniquilou com a candidatura de Roseane Sarney.

Santoro juntou-se a Mino Pedrosa, da Veja, e resolveu na calada da noite (às 3 da madrugada) tomar depoimento do bicheiro Cachoeira, na sede da PGR/MPF, sobre o caso Waldomiro Diniz e criar assim o início da derrubada de Zé Dirceu.

pgr Serra e CachoeiraNesta época a dobradinha revista Veja e Jornal Nacional era imbatível. Bastava a revista publicar e o JN construía a dramatização com ares de novela. E foi assim que ocorreu.

Hoje sabemos que na trama também tiveram participação, Demóstenes Torres e Policarpo da Veja (codinome caneta).

Importante lembrar que o caso Waldomiro nada teve a ver com o governo Lula, pois o envolvimento de Waldomiro com o bicheiro Cachoeira se deu na cidade do Rio de Janeiro bem antes do governo Lula, mas o que importava era queimar a imagem do Zé Dirceu e assim teve início o vale tudo midiático.

Registremos a atuação do procurador Santoro da PGR/MPF.

Agora se sabe que no caso do TRENSALÃO em SP o procurador Rodrigo de Grandis "esqueceu" em uma pasta errada o pedido do Ministério Público da Suíça.

Já o procurador Santoro tinha plano mais ambicioso: derrubar Zé Dirceu.

Santoro não conseguiu derrubar Zé Dirceu no episódio Waldomiro, mas ficou evidente que funcionava a estratégia, revista Veja publicar, JN novelizar.

Mas quando em 2005 Roberto Jefferson dá entrevista denunciando a existência de pagamentos mensais - NUNCA COMPROVADO - a diversos parlamentares e cria o termo mensalão, tem início efetivo a derrubada de Zé Dirceu.

Você sabia que em 2005 o procurador Santoro era o braço direito do então PGR Antonio Fernando e que por isso teve participação ativa na montagem da denúncia hoje encadernada na AP 470 ?

Foram Antonio Fernando e Santoro que criaram a tese do desvio de dinheiro público, para assim macular definitivamente a imagem do PT.

Antonio Fernando, hoje aposentado, presta serviço advocatício para empresa relacionada com Daniel Dantas, providencialmente acomodado no GAVETÃO, o inquérito 2474.

José Roberto Santoro não mais trabalha na PGR/MPF, pois foi exonerado do serviço público.

Ayres Britto, hoje aposentado, é diretor presidente da empresa/instituto INNOVARE do grupo Rede Globo.

É óbvio que o procurador Rodrigo de Grandis não "esqueceu" o documento em pasta errada, como também é evidente que o dinheiro da empresa privada Visanet jamais poderia ser classificado como dinheiro público e muito menos ter sido desviado, pois os patrocínios, eventos e peças publicitárias existiram de fato.

Rodrigo de Grandis e togadosEssa turma togada se vale de uma legislação leniente que lhes dá a condição de fazer o que bem entenderem sem dever satisfação a quem quer que seja, e quando são incluídos em uma investigação - vide o caso Demóstenes Torres - são acobertados pelo sigilo e se punidos, serão somente aposentados.

Observem que em todas as afirmações que foram feitas pelos ministros no STF, durante o julgamento da AP 470, sempre tinha a ressalva: "segundo a denúncia formulada pela PGR/MPF ..."

Ficamos assim, a denúncia da AP 470 formulada pela PGR/MPF , leia-se, procuradores Antonio Fernando e José Roberto Santoro, é "infalível", e Ayres Britto e Joaquim Barbosa deram-lhe a "roupagem processual" necessária.

O ALVO NÃO ERA SÓ ZÉ DIRCEU

Óbvio que derrubando Zé Dirceu imaginavam que iriam destruir qualquer chance de soerguimento do PT. A história mostrou que erraram feio.

O alvo ia além de derrubar o potencial candidato presidencial de 2010, que em 2003 já se sabia ter em Zé Dirceu um nome fortíssimo. Objetivavam destruir o PT e assim derrotar definitivamente o projeto de reformulações sociais identificado pela esquerda.

Você que lê esta postagem tem em suas mãos a possibilidade de protagonizar uma reviravolta no cenário político nacional.

Está nítida a construção que urdiram na AP 470, a saber:

* macular o PT como larápio de dinheiro público;

* impedir Pizzolato de recorrer aos embargos infringentes e assim consumar "legalmente" o desvio de dinheiro público;

* criminalizar expoentes do PT:

* utilizar midiaticamente estes fatos na eleição de 2014.

Se você crê que a denúncia da PGR/MPF construída por Antonio Fernando e Santoro e mantida por Gurgel, teve em Joaquim Barbosa um juiz relator isento, fique quietinho e nada faça.

Mas, se você tem a convicção de que a denúncia foi uma trama construída para obter vantagens político eleitorais, então é chegado o momento de um firme grito de cidadania.

NÃO ACEITAREMOS O RESULTADO DESTE JULGAMENTO QUE FOI NITIDAMENTE MANIPULADO



PARA MAIORES DETALHES ACESSE OS LINKS:
1) CACHOEIRA, CERRA E SANTORO. UNIDOS PELO JORNAL NACIONALhttp://www.conversaafiada.com.br/pig/2012/04/01/cachoeira-cerra-e-santoro-unidos-pelo-jornal-nacional/
2) SUÍÇA INDICIOU LOBISTA TUCANO. BRASIL ARQUIVOUhttp://www.brasil247.com/pt/247/poder/118994/Su%C3%AD%C3%A7a-indiciou-lobista-tucano-Brasil-arquivou.htm
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PETRÓLEO - As lições de Libra.



A mobilização de várias organizações, e a greve dos petroleiros, com a apresentação de dezenas de ações na justiça, não conseguiu impedir que o Leilão de Libra fosse realizado, com a vitória de duas estatais chinesas, duas multinacionais européias, e participação, em 40%, da Petrobras.

Obviamente, do ponto de vista do interesse nacional, o ideal seria que o negócio tivesse ficado totalmente com a Petrobras, ou melhor, com outra empresa, 100% estatal e brasileira (a PPSA não tem estrutura de produção  própria) que fosse encarregada de operar exclusivamente essas reservas.

Não podemos esquecer que a Petrobras – por obra e arte sabe-se muito bem de quem – não é mais uma empresa totalmente nacional. Os manifestantes que enfrentaram a polícia, nas ruas do Rio de Janeiro, ontem, estavam – infelizmente – e muitos nem sabem disso, defendendo não a Petrobras do “petróleo é nosso”, mas uma empresa que pertence, em mais de 40%, a capitais privados nacionais e estrangeiros, que irão lucrar, e muito, com o petróleo de Libra nos próximos anos.

De qualquer forma, a lei de partilha, da forma como foi aprovada, praticamente impedia que a Petrobras ficasse com 100% do negócio. Além disso, institucionalmente, a empresa tem sido sistematicamente sabotada, nos últimos anos, pelo lobby internacional do petróleo. E cometeram-se, no Brasil, diversos equívocos que a enfraqueceram empresarialmente, o mais grave deles, o incentivo dado à venda de automóveis, sem que se tivesse assegurado, primeiro, fontes alternativas – e, sobretudo nacionais – de combustível.

A questão geopolítica é, também, bastante delicada. O Brasil lançou-se, com determinação e talento, à pesquisa de petróleo na zona de projeção de nosso território no Atlântico Sul, antes de estar militarmente preparado para defendê-la.
O embate entre certos segmentos da reserva das Forças Armadas – principalmente aqueles que fazem lobby ou estão ligados a empresas de países ocidentais – e militares nacionalistas que propugnam que se busque tecnologia onde ela esteja disponível, como os BRICS, tem atrasado o efetivo rearme do país, que, embora necessário, deve ser conduzido com cautela, para não provocar nem atrair demasiadamente a  atenção de nossos adversários.

O mundo está mudando, e o Brasil com ele. Seria ideal se pudéssemos simplesmente virar as costas para os países ocidentais – que sempre exploraram nossas riquezas e tudo fizeram para tolher nosso  desenvolvimento – e nos integrarmos, de uma vez por todas, ao projeto BRICS, e a países como a China e a Índia, que estarão entre os maiores  mercados do mundo nas próximas décadas.

Esse movimento de aproximação com os maiores países emergentes –  lógico e inevitável, do ponto de vista histórico – terá que ser feito, no entanto, de forma paulatina e ponderada. Parte da sociedade ainda acredita – por ingenuidade, interesse próprio ou falta de brio, mesmo – que para sermos prósperos e felizes basta integrarmo-nos e sujeitarmo-nos plenamente à Europa e aos Estados Unidos. E que temos que abandonar toda veleidade de assumir um papel de importância no contexto geopolítico global, mesmo sendo a sexta maior economia e o quinto maior país do mundo em território e população.

É essa contradição e esse embate, que vivemos hoje, em vários aspectos da vida nacional, incluindo a defesa e a exploração de petróleo. É preciso explorar o petróleo do pré-sal e nos armar, para, se preciso for, defendê-lo.  Mas, nos dois casos, não podemos esperar para fazê-lo nas condições ideais.

O resultado do Leilão de Libra reflete, estrategicamente, essa contradição geopolítica. Mesmo que esse quadro não tenha sido ponderado para efeito da negociação, ele sugere que se buscou uma solução feita, na medida, para agradar a gregos e troianos. Sem deixar de mandar um recado aos norte-americanos.

Independente da questão de capital e de tecnologia – a da Petrobras é  superior à dos outros participantes do consórcio – poderíamos dizer que:

a) Os chineses entraram porque, como membros do BRICS, e parceiros antigos em outros projetos estratégicos, como o CBERS, não poderiam ficar de fora.
b) Os franceses foram contemplados porque são também parceiros estratégicos, no caso, na área bélica, por meio do PROSUB, na construção de nossos submarinos convencionais e atômico.

c)  Os anglo-holandeses da Shell – mais os ingleses que os holandeses – entraram não só para reforçar a postura de que o Brasil não estava fechando as portas ao “ocidente”, mas também para tapar a boca de quem, no país e no exterior, dizia que o leilão estaria fadado ao fracasso devido à ausência de capital privado.

O lobby internacional do petróleo, no entanto, não descansa. Antes e depois do resultado do leilão, já podia ser lido em dezenas de jornais, do Brasil e do exterior, que o modelo de partilha, do jeito que está, é insustentável e terá que ser mudado.

Apesar da declaração do Ministro de Minas e Energia de que o governo não pretende alterar nada – e da defesa dos resultados do leilão feita pela Presidente da República na televisão – já se fala na pele do urso e as favas se dão por contadas.

Os argumentos são de que não houve concorrência – interessante, será que o “mercado” pretendia que o governo ficasse com mais petróleo do que ficou? – que a Petrobras não tem escala para assumir os poços que serão licitados no futuro – uma “consultoria” estrangeira disse que a Petrobras já está com “as mãos cheias” com Libra, e as exigências de conteúdo local.

Isso tudo quer dizer o seguinte: a guerra pelo petróleo brasileiro não acaba com o leilão de Libra. Ela está apenas começando, e vai ficar cada vez pior. Já que não podemos ter o ideal, fiquemos com o possível. Os desafios para a Petrobras, daqui pra frente, serão tremendos, tanto do ponto de vista institucional, quanto do operacional, na formação e contratação de mão de obra, no gerenciamento de projetos, no endividamento, no conteúdo nacional.

É hora de cerrar fileiras em torno daquela que é – com todos os seus problemas – a nossa maior empresa de petróleo.

A sorte está lançada. A partir de agora, os adversários do Brasil, e da Petrobras, vão fazer de tudo para que ela se dê mal no pré-sal.
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