* O Instituto Presidente João Goulart, através de João Vicente Goulart, recebe a denúncia do então Major do Exército Erimá Pinheiro Moreira, esclarecendo em detalhes os motivos que levaram o general Kruel, que era amigo do Presidente João Goulart, mudar de posição em menos de 12h. Mineiro de Alvinópolis, Erimá Pinheiro Moreira, hoje com 94 anos e anistiado como Tenente Coronel Farmacêutico, servia no Hospital Geral de São Paulo em 31 de março de 1964 sob as ordens do então comandante do II Exército, General Amaury Kruel. Paralelamente, Erimá era proprietário de um laboratório farmacêutico particular, próximo ao hospital e a sede da FIESP.
Para aqueles que ainda imaginam terem os golpistas civis e militares agido por idealismo, este corajoso depoimento revela em detalhes o que aconteceu naquele dia trágico para a democracia brasileira.
durante estes anos, desde a campanha presidencial de 2010 mantive p o site da Rede Liberdade, e outros companheiros mantiveram um blog, e outras mídias com o título de rede Liberdade.
A Rede Liberdade foi criada para apoiar a candidatura de Dilma e toda a aliança em torno dela para a governabilidade.
Foi criada e depois foi mantida pós eleição a partir de uma sugestão do Zé de Abreu, e serviu-nos em todos os momentos.
Poderia citar uma centena dos fundadores, aqueles que primeiro estiveram conosco.
Fato é que desta centena, ou mais, muitos deles afastaram-se por questões diversas, desde passados os momentos emocionais imediatos da luta até mesmo à luta diária pela sobrevivência que nos rouba o tempo.
Nunca me interessou que a Rede fosse chapa branca de governo, ou linha auxiliar de qualquer partido. O único quesito era ser de esquerda, não ser reacionário.
Este ano o quadro político mudou muito. A diversidade de posições é imensa. Um gigantesca salada de posições e partidos cada vez mais aguerridos.
Assim, não me sinto em condições, e nem tenho mais desejo de manter a Rede com a unidade de discussões na diversidade.
E outras ferramentas surgiram , como a Mídia Ninja por exemplo.
Não gostaria de ver a Rede Liberdade acabar, mas não desejo mais mantê-la sob meu nome e comando.
O site está registrado em meu nome e estou repassando a qualquer companheiro credenciado na luta para tal.
Assim, faço este chamamento público oferecendo ao coletivo a chance de continuar mantendo a Rede.
Se em certo espaço de tempo nenhum amigo, grupo, ou companheiro não se credenciar para isto eu desativarei o site. Considerarei que o não desejante em mante-la é mais forte e que ela já teria cumprido seu papel.
O que não impede o surgimento de outras redes liberdades nos momentos históricos das nossas lutas vindouras.
Ao tempo em que reafirmo os ideais democráticos e socialistas, libertários e populares que nos levaram a criá-la, aguardo quem lhe dê seguimento.
No final de 2011, um estudo da Escola Politécnica Federal de Zurique sacudiu o debate sobre a concentração do poder em nível mundial. A base de dados do estudo chegava até 2007, ou seja, até a fronteira da grande crise que sobreveio com a queda do Lehman Brothers, e quantificava pela primeira vez a ideia generalizada de que um punhado de empresas dominava a economia mundial.
A investigação de Stefania Vitali, James B, Glattfeldes e Stefano Battiston, “The network of global corporate control” (A rede do controle corporativo global), não se baseava em teorias econômicas ou políticas, mas sim no desenho de sistemas e demonstrava que 1318 empresas transnacionais possuíam direta ou indiretamente ações de sociedades que representavam 60% das receitas mundiais. Mostrava ainda que o núcleo duro desse grupo era formado por 147 empresas que concentravam 40% das receitas corporativas mundiais. Hoje, Stefania Vitali está pesquisando o que ocorreu de 2008 até nossos dias e maneja como hipótese provisória que essa concentração se intensificou ainda mais. Em entrevista á Carta Maior, Vitali fala de seu estudo e de seu impacto econômico e político. CM: Como avalia que evoluiu esta rede de 147 companhias? Stefania Vitali: Estas redes costumam ser estáveis, ou seja, não apresentam mudanças drásticas de um ano para o outro. Mas como desta vez temos a crise de 2008, calculamos que haverá mudanças. Sabemos já que vários bancos foram nacionalizados ou desapareceram ou enfrentam sérios problemas. Também calculamos que haverá uma maior presença da Ásia. Minha hipótese é que a concentração se aprofundará, mas até que não tenhamos os dados concretos não podemos corroborar tal ideia. Há uma coisa que está clara, porém. Os dois principais resultados de nosso trabalho anterior serão mantidos. O primeiro se refere ao nível de conectividade que há entre as grandes empresas e o segundo é o nível de concentração. Ou seja, as empresas estão muito mais conectadas do que se pode imaginar. Em particular, encontramos um centro, muito pequeno, composto por 1400 empresas que estão conectadas direta ou indiretamente. A outra face disso é a concentração. Descobrimos que 80% das ações dessa rede interconectada estavam em mãos de 0,6% dos acionistas. Assim, chegamos ao núcleo duro desta concentração e interatividade quando vimos que 147 empresas controlavam 40% do valor das multinacionais. De modo que, quanto mais nos aproximamos do centro da estrutura, mais aumenta a concentração. CM: Uma das críticas feitas ao seu estudo foi que as empresas financeiras estavam excessivamente representadas. Isso se deve ao que se passou a chamar de financeirização da economia, ou seja, que o setor financeiro tem uma importância cada vez maior na economia mundial, o que relegou a produção a um segundo plano na geração de lucros? Stefania Vitali: Os resultados sempre dependem dos dados. Nós dependemos do que nos forneceu Orbis que tem uma base de dados de cerca de 37 milhões de empresas e investidores de todo o mundo. Com base nesta fonte, fizemos uma primeira depuração e ficamos com umas 43 mil transnacionais vinculadas por participações acionárias. É possível que seja mais fácil recolher dados sobre as instituições financeiras e que isso tenham aumentado o seu peso. Também é possível que estas instituições tenham muita mais conectividade. As empresas do setor da manufatura costumam conectar-se mais com suas subsidiárias em uma estrutura piramidal enquanto que o setor financeiro tem uma estrutura muito mais complexa. CM: Que consequências têm na economia mundial este nível de concentração e conectividade? Stefania Vitali: Não investigamos isso diretamente, é algo que estamos fazendo agora, mas temos algumas hipóteses. Primeiro que isso gera um grande risco adicional de instabilidade no conjunto do sistema porque quando as empresas se diversificam muito aumentando enormemente sua interconectividade, é benéfico para as empresas, mas ao mesmo tempo as expõe a um impacto negativo sistêmico. Neste sentido, a crise de 2008 pode ser o resultado deste alto nível de conectividade. A segunda consequência é uma redução da competição no mercado. Se empresas que pertencem ao mesmo setor do mercado estão em mãos de um mesmo grupo de acionistas, elas não têm nenhum interesse em competir. Ao invés disso, têm uma tendência de se colocar em acordo para fixar preços ou lucros. CM: Outra das críticas feitas ao estudo é que ele confundia a propriedade e o controle de uma empresa. Segundo seus críticos, defensores do capitalismo, os donos das ações eram em muitos casos fundos de pensão que administravam a aposentadoria da população. Ou seja, o dono, segundo essa crítica, era o cidadão comum que coloca suas poupanças em mãos de fundos financeiros administradores. Stefania Vitali: Nós nunca falamos de controle, mas sim de controle potencial. Sempre se distingue entre o acionista e o que tem direito a tomar decisões nas reuniões de direção de uma empresa. Pode ter ações, mas não ter direito de voto nas decisões das empresas. Usamos três modelos distintos para unir a propriedade das ações e o controle concreto da conduta de uma companhia. Um modelo estabelece que aquele que detém mais de 20% do controle do pacote acionário de uma empresa tem um controle de 100%. Cabe dizer que, dada a amplitude da nossa base de dados – cerca de 37 milhões de empresas – não pudemos fazer uma análise específica de cada caso, mas a base de dados com a qual trabalhamos confirmava este vínculo entre propriedade e controle. CM: Com empresas tão fortes, qual o impacto disso sobre os governos e a democracia? Stefania Vitali: Quando há empresas tão grandes elas podem criar blocos de ação. Se não há uma regulação forte, é muito difícil proteger a democracia. No mínimo temos um problema de regulação. CM: Mas quando falamos da conectividade destas empresas, temos companhias do setor financeiro vinculadas ao setor industrial e também ao controle midiático. Quando há uma incidência direta sobre o setor midiático, o perigo é maior, algo sobre o que uma italiana como você deve ter muita experiência. Stefania Vitali: (…risos…) O perigo é real. É necessário ter regras que eliminem a possibilidade desse tipo de conectividade. Com o governo de Mario Monti se introduziram certas regras para reduzir essa interconectividade, por exemplo, para que uma pessoa tenha limites a respeito de quantas diretorias pode fazer parte porque, se está em diferentes setores estratégicos, pode terminar distorcendo a economia para adequá-la aos seus próprios interesses. O mercado busca o lucro. Esse é o seu interesse. De modo que o Estado é o único fator que pode exercer um contraponto. Muitas vezes, um Estado não pode fazer isso sozinho. É necessária uma ação combinada como a que podem exercer os estados da União Europeia. Isso é importante porque as multinacionais têm o poder para colonizar estados, em particular nos países mais pobres. Estão buscando seu próprio benefício, não o benefício social, coletivo. Tradução: Marco Aurélio Weissheimer Fonte: Blog Cidadão do Mundo.
Confesso que não sou dos melhores enxadristas, mas desconfio que Eduardo Campos moveu uma peça errada no tabuleiro
Já disse aqui, mais de uma vez, que a política assemelha-se ao xadrez e não ao jogo de damas ou ao dominó. A questão é saber quais os políticos que jogam damas e quais jogam xadrez, e destes aqueles que são bons enxadristas.
Eduardo Campos, por exemplo, joga xadrez ou damas? Se joga xadrez; é um bom enxadrista? Vai conseguir mobilizar seus peões e encurralar e derrubar a "rainha"?
E Marina Silva, que é, supostamente, uma dama dos "seringais" da política nacional, joga xadrez ou damas? Vai conseguir "derrubar" a "rainha"? Mas para isso terá que antes "derrubar" o "cavalo" que hoje lhe dá montaria e lhe propicia o trote – garboso para uns, infame para outros. Ou seria um galope desembestado, em pelo, de um autêntico pangaré, sem rumo, mata adentro, sem cela ou arreios?
Os dois, Campos e Marina, jogam xadrez? Se jogam, quem vai dar o xeque-mate? Quem vai assumir a missão de derrubar a "rainha", ou o rei, que a protege e lhe aufere o necessário apoio junto ao seu povo? Ou, melhor dizendo: quem vai derrubar quem nesse jogo?
Confesso que não sou dos melhores enxadristas, mas desconfio que Eduardo Campos moveu uma peça errada no tabuleiro.
Dava a entender àqueles que acompanham as coisas e o mundo da política, que o jovem e promissor político de Pernambuco estava, de modo estratégico, mantendo uma postura ponderada e coerente, e postergando a definição da sua candidatura para 2014. Com o intuito de, como dizem os meus (e dele) conterrâneos, "assuntar" para onde os ventos soprariam, para que rumo conduziriam as nuvens pardacentas e os barcos do PT, do PSB e demais partidos da chamada "base aliada".
A sua aliança recente com Marina Silva contraria radicalmente essa sua postura de experimentado matuto, pescador dos mares, infestados de tubarões, do Recife. Lançou-se ao mar, de peito aberto, em incerta e desmedida aventura. Receio que Campos poderá se espatifar nos arrecifes.
Parece, ao que tudo indica, ter contrariado ou negligenciado os conselhos de um velho amigo pescador, e perdido "de vez", ao menos por ora (em política, sabemos, nada é "de vez" ou "para sempre"), os laços e pontes que lhe unia aos amigos da sua praia.
Pode ter com esse lance, portanto, partido em mar aberto "para sempre" e destruído as pontes que o uniam às esquerdas, ao Lula e ao PT. Pode, de fato.
Os desdobramentos dessa sua jogada (Precipitada? Impensada? Intempestiva? Oportunista? Calculista? Genial?) no xadrez da política precipitou (e ainda está por causar) uma série de desdobramentos outros, mar adentro – quero dizer, Estados adentro.
Ou, talvez fosse mais apropriado dizer, consequências que só poderiam ser percebidas algumas jogadas mais lá na frente, muito difícil de prever no calor da hora, no exato momento em que se deu esse mais recente lance. Antevisão essa que só é possível aos grandes enxadristas, capazes de enxergar vários lances à frente. Por isso, insisto na pergunta: Eduardo Campos é um bom enxadrista?
Se for, parabéns pelo lance "espetacular" – para ele, para a direita brasileira e para o seu grupo político. Pois, além de resgatar para o palco principal o verdadeiro candidato do PSDB, José Serra, já tem a seu favor a grande mídia, os setores mais conservadores da sociedade e da política, um punhado de empresários, prontos a lhe(s) financiar uma campanha milionária – para ele ou para Marina –, dentre outras companhias.
Para ele ou para Marina?! Não importa. Não importa?!
E Lula? Não conta nesse tabuleiro? É jogador de damas ou dominó, por acaso? E Dilma?
E os formuladores e articuladores do PT? Seriam estes meros diletantes ou neófitos da política, singelos jogadores de damas ou dominó? Estariam, por acaso, nesse momento, jogando dominó (ou damas) tranquilamente, curtindo as mornas tardes nas praças públicas, felizes da vida em ganhar de "lasquinê" ou de "buchada de sena" [ou "duplo-seis"(6X6)]? Estariam dormindo no ponto os petistas? Difícil acreditar.
Não à toa observe que tanto Eduardo Campos quanto Marina utilizam agora, como estratégia comum, a "não ruptura" formal com o ex-presidente Lula e seu inestimável cabedal político – afinal, a despeito de na prática "sabotarem" o seu projeto político, não pretendem cometer um precoce suicídio político. Ambos se pretendem "herdeiros" do chamado "lulismo".
Resta saber até quando Lula continuará passando a mão na cabeça de seus ex-ministros, sem deixar evidente aos eleitores que ambos já não estão ao seu lado.
Pois, sabem os grandes enxadristas da política, Lula ainda é o fiel da balança nessa eleição – notadamente para as populações do Norte e Nordeste, colégios eleitorais praticamente cativos do ex-presidente.
Apesar de nordestino e candidato, antes majoritário, Campos, ao oferecer a garupa a Marina Silva, sinaliza abrir mão de sua candidatura à Presidência, e quiçá de sua carreira política. Aposta todas as fichas na eleição de Marina para, ao fim e a cabo, por "acaso", por "acidente", com os votos do Sul e Sudeste, derrubar uma coligação de centro-esquerda do poder, colocando em seu lugar uma frente ampla de centro-direita.
Resta saber se ganhará essa aposta.
Como diz o pinguço que joga sinuca comigo, todas as noites, no boteco lá perto de casa: "O jogo é jogado, meu caro". Vamos ao jogo então! Ele está apenas começando.
Pesquisas a essa altura do jogo só revelam fugazes instantâneos de nuvens passageiras – que, como dizia a canção, com o tempo se vão.
Enganou-se o presidenciável Eduardo Campos ao prever que a sua aliança com Marina Silva provocaria um "terremoto" na campanha presidencial. Por enquanto, pelo menos, isso não aconteceu, como mostra a primeira pesquisa Datafolha, divulgada neste sábado, com os novos cenários para 2014.
Ao contrário, sem Marina no cenário mais provável, em que Eduardo é o candidato do PSB e, Aécio Neves, o do PSDB, os números só beneficiaram a presidente Dilma Rousseff, que ampliou sua vantagem para vencer já no primeiro turno.
Com o dobro das intenções de voto de Aécio ( 42% a 21%) e 27 pontos à frente de Eduardo, Dilma também venceria em qualquer simulação de segundo turno, quando são incluídos os nomes de Marina e do tucano José Serra, que ainda não desistiu da sua candidatura presidencial. Com 36%, Serra só lidera a tabela dos índices de rejeição.
É preciso lembrar que a pesquisa foi feita após o grande carnaval promovido na mídia com a inesperada aliança da Rede de Marina com o PSB de Eduardo, que ocuparam todos os espaços do noticiário político durante a última semana, e ainda tiveram os 10 minutos de um programa muito bem produzido, levado ao ar na última quinta-feira.
O governador pernambucano Eduardo Campos, que passou a semana administrando os primeiros atritos entre marineiros e socialistas, e adiou para 2014 a decisão sobre quem vai ser candidato a presidente pelo PSB, tem pelo menos um motivo para comemorar. Pela primeira vez, o ex-aliado de Lula aparece com dois dígitos na pesquisa, chegando a 15% em diferentes cenários.
O quadro é ainda mais favorável para o PT na tabela da intenção de voto espontânea, que não chegou a ser destacada na análise da Folha. Sem a apresentação de nomes dos candidatos, Dilma tem 17% e Lula 6%, enquanto Aécio e Marina empatam em 4%, e Serra e Eduardo aparecem com 2% cada um. Com Dilma e Lula (23%), o PT tem quase o dobro das intenções de voto nos demais candidatos (12%) nesta pesquisa. De toda forma, repito mais uma vez que é muito cedo para se fazer análises definitivas sobre a eleição de 2014, enquanto não forem divulgadas novas pesquisas e não se tiver uma visão mais clara sobre as projeções dos indicadores econômicos do país nos primeiros meses de 2014. Passada a euforia dos que estavam em busca de uma terceira via para enfrentar o favoritismo de Dilma, esta pesquisa do Datafolha recoloca a disputa presidencial praticamente no mesmo patamar daquelas que foram divulgadas no primeiro semestre, sem grandes novidades.